Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sábado, abril 05, 2008

Que canelada, Ricardo Teixeira!


Esse tópico ia entrar no post anterior, “Boladas & Caneladas”, mas achei melhor colocá-lo à parte. Algo me diz que esse assunto irá render muito, principalmente no futuro.

“Pensei que a Bolívia e algum outro país da área andina é que estavam aborrecidos com a posição de Teixeira [Ricardo, presidente da CBF], mas me surpreendi que outros estejam. Teixeira, como nosso representante no Comitê Executivo da Fifa, não nos representou", afirmou Carlos Chávez, presidente da federação boliviana.
Anteontem, na reunião do Executivo da Conmebol, todas as federações nacionais do continente, exceto a brasileira, ratificaram o apoio aos jogos em locais acima de 2.750 m de altitude, inclusive nas eliminatórias da Copa, como vetou a Fifa, entidade máxima do futebol.
Segundo Chávez, Teixeira anotou um ""gol contra" ao não assinar documento enviado à Fifa apoiando a decisão da Conmebol, que não vai vetar jogos na altitude em suas competições, como a Libertadores.
""É uma situação delicada. A atitude brasileira vai afetar o que sempre foi a Conmebol: unida, integrada e monolítica", afirmou o dirigente boliviano.
Teixeira agiu com base em resolução recente da Fifa.”

O trecho acima está transcrito da matéria a respeito publicada pela Folha de S.Paulo de hoje. O que a matéria não diz, mas eu me atrevo imaginar, é que essa decisão de R Teixeira será cobrada, e com juros, em futuro próximo.

Durante a maior parte de sua existência a Confederação Sul Americana de Futebol foi um local insalubre para o futebol brasileiro. Essa, por sinal, é tão somente a reprodução do que sempre aconteceu na vida real ou na vida geral. O Brasil sempre foi um estranho no ninho sul-americano, diferenciado, mas não isolado, pela língua e pela história. “Simon Bolívar” – Biografias Gandesa – México, 1960 (1ª edição), escrita por Gerhard Masur, a melhor biografia do grande ídolo de um certo coronel venezuelano, cita o Brasil em apenas 8 de suas 600 páginas. Pior ainda, nas menções significativas, o Brasil é o inimigo a ser temido e do qual se deve proteger. Em “Peixe na Água”, livro de memórias de Mario Vargas Llosa, intelectual de primeira grandeza com especial gosto pelo Brasil, inclusive com um livro de peso sobre Canudos, tampouco se encontra referências ao país e a seus intelectuais. Llosa só veio a descobrir o Brasil numa fase mais adiantada de sua vida e de sua carreira como escritor e intelectual combativo, além de político por algum tempo – foi candidato à presidência do Peru, derrotado por “El Chino” Fujimori.

Coincidindo com a maior abertura do Brasil para a América do Sul, a CBF também inseriu-se com jeito na CONMEBOL. Quando Teixeira pleiteou a Copa 2014 para o Brasil, em nenhum momento deixou de ter total apoio da Confederação, que ignorou simplesmente o desejo colombiano de organizá-la, curando-se do vexame de 1986, da mesma forma que jogou por terra quaisquer pretensões que grupos argentinos e chilenos chegaram a esboçar de apresentar uma candidatura conjunta – por sinal, estimulada abertamente por Blatter.

É esse castelo lenta e cuidadosamente construído que Ricardo Teixeira pode ter derrubado. Mais que defender a resolução da FIFA sobre os jogos na altitude, Teixeira defendeu a posição do Flamengo em campanha solitária a favor de não disputar jogos da Libertadores em cidades altas. Ao se posicionar contra a opinião majoritária dos demais países cometeu um erro político de peso, e que não pode ser chamado de acerto político no plano interno. A rigor, nenhum dos grandes clubes brasileiros, mesmo os que formalmente apoiaram o pedido de Marcio Braga, está empenhado em derrubar os jogos nas cidades elevadas, principalmente por nunca terem sido, de fato, prejudicados pelo fato de jogarem nesses locais. Mesmo quando derrotados, como no caso recente do Santos, tiveram amplas condições de superar os pontos perdidos e obter suas classificações. Como fez, por sinal, o próprio Flamengo em 2007.

Para complicar ainda mais esse quadro, dois dos presidentes dos paises afetados, o boliviano Evo Morales e Rafael Correa, do Equador, envolveram-se pessoalmente nessa disputa, contando com o apoio entusiasmado de Hugo Chávez, cujos tentáculos movidos a petrodólares vão muito longe da Venezuela.

Em minha opinião, errou o Flamengo com essa campanha, cuja motivação real desconheço. Muito mais que o Flamengo errou o presidente da CBF ao apoiar o pedido de seu filiado na reunião do Conselho Executivo da CONMEBOL e ao defender a recomendação da FIFA a respeito para jogos de seleções nacionais.

E voltou a deixar o Brasil isolado politicamente no seio de sua Confederação.

Essa fatura será cobrada do futebol brasileiro, estejam certos disso.

E não será barata.


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Boladas & Caneladas pós-1º de abril


Ciúme entre homens...

... dizem ser coisa séria, muito pior que o ciúme entre mulheres. É o que parece acontecer entre José Neves, R$ 19.200,00 mensais de salário como presidente da FBA – Futebol Brasil Associados – e Fábio Koff, R$ 43.800,00 mensais líquidos de salário como presidente do Clube dos 13.

Eu também estou com ciúme desse povo, mas ficaria contente ganhando os quebrados do Zé Neves somados aos quebrados do líquido do Fábio, alguma coisa como, digamos, R$ 8.000,00 mensais. Líquidos, é claro.



De grão em grão...

... a galinha enche o papo. Mesmo que demore 114,5 anos, que como sabem todos é o mesmo que 1.374 meses ou quase 7.500 jogos, a uma média de 65 partidas por ano. Esse é o tempo que demoraria para que grandes devedores pagassem suas dívidas apenas com o dinheirinho minguado desses tempos iniciais da Timemania. Haja paciência, hein?



O resgate da honra perdida

Desde que Ilsinho pulou o muro e mudou-se de CT, a direção do Palmeiras tem verdadeira obsessão por fazer algum são-paulino pular o muro no sentido contrário. Tentaram parte desse pulo com a contratação de Denílson, mas não pegou. Tampouco pegou a vinda de Kleber. A bola da vez, agora, é Sergio Motta. Não que ele vá pular o muro, mas Cipullo e companheiros estão comemorando antecipadamente a iminente assinatura de contrato entre Serginho e a Traffic Administração de Carreiras. Como é a Traffic que financia o clube e contrata seus principais jogadores, Cipullo está na base (mais que falsa, mera ilusão) de “o que é meu é teu”. Pelos lados do Morumbi sabe-se que quando o clube entra nesse tipo de disputa tem mais a perder que a ganhar. Breno assinou com os Sonda Brother’s, mesmo tendo sido alertado que estava fazendo um péssimo negócio. Mas que foi ótimo para o outro lado.



Time ou Carreira?

A Berlusconi não basta ser bilionário (em euros).

Tampouco lhe basta ser dono do Milan, Campeão Europeu e Mundial.

Assim como também não bastou já ter sido primeiro-ministro italiano.

Ele quer voltar ao cargo de executivo máximo da Bota. Sem deixar de querer seu time de futebol ainda mais forte.

Berlusconi quer Ronaldinho e poderá vir a tê-lo até com alguma facilidade.

Mas...

A Itália, hoje, vive uma crise política e um prenúncio de outra econômica. O atual salário médio italiano é o menor da Europa Ocidental, exceto Portugal. A insatisfação é enorme e não me parece que vá diminuir com a chegada do segundo maior salário do mundo do futebol a Milão. Será que mesmo o torcedor rossonero com a conta a descoberto e a prestação do Punto atrasada apoiará o partido de Berlusconi na eleição que será realizada daqui a alguns dias?

Assessores de Abramovich, outro bilionário em euros, vêm conversando com o irmão de Ronaldinho. Se querem tê-lo a bordo para a próxima temporada, o momento de negociar é agora, pois depois da eleição, ganhando ou perdendo, a força de Berlusconi ficará muito maior do que é hoje. E muito mais dinheiro terá que mudar de mãos para que Ronaldinho mude de time.

E Berlusconi? Vai esperar a eleição e correr o risco de ver Dinho em Londres ou vai à luta já e agora e corre o risco de ver um forte voto de protesto para seus oponentes políticos?



De minuto em minuto...

... o cofre ficará cheio.

Cada minuto de atraso no início ou reinício das partidas tem custado R$ 1.000,00 aos clubes lerdos ou espertos demais.

Creio que a Federação Paulista de Futebol fará bom caixa amanhã, na última rodada da fase de classificação, quando os dez jogos deverão começar no mesmo horário. Muito clube bom vai dar uma atrasadinha básica no início e outra muito mais básica no reinício.

Uma coisa é certa: o 13º dos burocratas da FPF está assegurado.



Recado dado

Adriano marcou aos 49’, deu a vitória mais que suada ao São Paulo, correu para as câmeras tirando a camisa e exibiu-se para o mundo.

Em perfeita forma física, não há como negar. O endereço do recado foi claro:

Via Camillo Sbarbaro 5/7 - 20161 Milano


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sexta-feira, abril 04, 2008

Patamar europeu II – uma realidade


Primeiro foi a renovação do patrocínio da Nike com o FC Porto (ver post “Patamar europeu”, de 06/11/2007) de julho de 2008 a julho de 2012, por um valor anual entre 2,8 e 3,7 milhões de euros, dependendo de desempenho esportivo.

Agora é a vez do holandês Ajax.

Na manhã de hoje a Adidas anunciou a renovação do patrocínio do time de Amsterdam por mais dez anos, a partir de 1º de julho de 2009 até 2019. O clube e a empresa manifestaram bastante entusiasmo com o novo acordo e a expectativa é que o clube receba um mínimo de 70 milhões de euros7 milhões de euros por temporada. Considerando o euro pelo câmbio de ontem, isso representa pouco menos de 19 milhões de reais por ano. nesse período, ou seja, um mínimo de

Ora, o contrato Reebok/São Paulo válido de 2008 a 2010 garante ao Tricolor um mínimo de 15 milhões de reais por ano, pouco mais de 5,5 milhões de euros. Nesse momento, Flamengo e Corinthians brigam acaloradamente com a Nike por um patrocínio maior, com números semelhantes aos do São Paulo. Consta que pelo menos o Flamengo já teria recebido uma proposta da Reebok com um valor cerca de 10% maior que o negociado com o São Paulo. Não duvido nem da informação e muito menos do valor.

Essas cifras colocam os três clubes, um já na realidade e outros dois prestes a entrar, no mesmo nível de ganhos com patrocínio de grandes clubes europeus. Aqui, com certeza, é o caso de deixar fora os top de praxe, como Real Madrid, Manchester, Barcelona, Milan, Bayern, Arsenal, Liverpool e Chelsea, mais Juventus e Internazionale. Esses já estão, principalmente os três primeiros, numa outra faixa, quase em outro universo, tanto em ganhos como em número de torcedores e fãs de maneira geral por todo o planeta.

Tampouco é desprezível o valor pago pelos direitos de TV, que nesse 2008 deverão girar em torno de 120 milhões de euros, indo para perto de 200 milhões em 2009. Mesmo sabendo que apenas as cotas do Real Madrid e do Barcelona – respectivamente 140 e 130 milhões de euros nessa temporada – já sejam maiores, individualmente, que o valor pago aos 20 clubes pelo campeonato inteiro. Se não dá para comparar com os valores pagos na Inglaterra, França, Alemanha, Espanha e Itália, dificilmente ficará atrás do que é pago pelos campeonatos das ligas da Holanda e Portugal, por exemplo, isso para não mencionar Rússia, Ucrânia e Turquia, destinos costumeiros de muitos de nossos bons jogadores.

Para pensar.


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Cale-se e renuncie!


Confesso que acho muito bizarro um sujeito se trancar num quarto com nada menos que cinco mulheres para a prática dos, digamos, esportes amorosos.

Por outro lado, quem sou eu para ficar julgando o que cada um faz entre sagradas quatro paredes? Tenho para mim que isso fica na linha do “o que se faz no campo, fica no campo” – uma linha que, óbvia e infelizmente, não pode ser absoluta.

Voltando ao citado lance dos esportes amorosos, ou sexuais, adjetivo que se casa muito melhor, a coisa começa a ficar mais do que bizarra quando as cinco mulheres são pagas para participarem dos tais jogos. Bom... É direito delas, desde que adultas conscientes e sãs, mentalmente principalmente.

Agora, quando uniformes de guardas nazistas de campos de concentração e pijamas de prisioneiros judeus que tiveram como destino o assassinato cruel e desumano, aí tudo muda de figura. Deixa de ser bizarro ou o que quer que considerem e passa a ser doentio. Ainda mais com toda a ação sendo filmada. Muito doentio.

Tudo isso fica muito pior quando o praticante principal dos tais jogos é uma figura pública. Muito pior. Permanece sendo doentio, mas precisa da punição mínima do afastamento de qualquer atividade pública, pois todo homem e mulher que tem tal honraria, deve, acima de tudo, servir como exemplo à sociedade.

Portanto, Mr. Mosley, cale-se e renuncie.

Nada mais há para ser dito pelo senhor, exceto, na minha opinião e aconselhamento, pedir para ser internado numa clínica ou num mosteiro para repensar sobre tudo isso. Pois a sociedade, nenhuma sociedade, precisa de exemplos como esse que o senhor proporcionou.


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quinta-feira, abril 03, 2008

Flamengo reconhece erro no planejamento de marketing

“O Flamengo aprendeu com os erros. Pelo menos na teoria. Depois da desastrada negociação para a renovação de contrato com a Petrobras, o clube rubro-negro divulgou nesta quinta-feira uma nota oficial avisando que iniciará os contatos para ampliação do contrato, que vence no fim de 2008, já na próxima semana.”

Assim começa a nota publicada há pouco pelo GloboEsporte.com sobre a intenção de Marcio Braga de renovar o patrocínio com a Petrobrás para 2009 o mais rapidamente possível, evitando os atrasos e o buraco do mês de dezembro (no mínimo esse buraco).

Para os leitores desse Olhar Crônico Esportivo nada de novo nessa decisão, pois esse erro e essa necessidade já tinham sido apontados em posts publicados nos dias 1, 13 e 23 de fevereiro, a respeito da renovação do patrocínio Petrobrás para 2008.


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Entrega... Ética... E uma discussão vazia


Dia 2 de dezembro, domingão, Palmeiras e Cruzeiro disputam a última vaga para a Libertadores 2008. O Cruzeiro pega o América de Natal, há muito já rebaixado, em pleno Mineirão. O time caiu muito de produção e agora depende de uma derrota do Palmeiras, além de sua vitória, para ficar com a vaga. Mas... Há um problema à vista, ou melhor, mais um problema: o adversário do Palmeiras é, nada mais, nada menos, que o arqui-rival,eterno adversário, o Galo mineiro. A torcida atleticana é quase unânime: prefere a derrota a ver o rival classificado. A semana é tomada por discussões intermináveis. De um lado a turma radical: Entrega o jogo! Do outro, minoritária, uma turminha prega que o time jogue sério, mas nem esses conseguem ter força e convicção para exigir vitória sobre o Palmeiras. Há um limite para tudo, dizem.

O jogo do Parque Antártica, casa do Palmeiras, tem mais um tempero: o Galo é dirigido por ninguém menos que Emerson Leão. Contestado, criticado, pouco admirado, pouco elogiado, embora muitos reconheçam nele um grande treinador. Leão é cria do Palmeiras, onde começou como goleiro no distante ano de 1969. Ali consagrou-se não só como goleiro, mas também como dono de “coxas” muito apreciadas e elogiadas pelo público feminino da época. Como treinador, teve uma passagem recente pelo próprio Palmeiras, onde, com certeza, além de inimigos tem muitos amigos.

Bom, a eliminação do Cruzeiro, pode-se dizer, são favas contadas.

Como sabem todos, o Cruzeiro vem fazendo excelente campanha na Libertadores 2008. Sim, o time venceu o fraco América. Sim, o Galo venceu – e convenceu – o Palmeiras em sua própria casa por um sonoro 1x3.

Dia 6 de abril de 2008, domingão. Às 16:00 horas em ponto, como sonha a Federação Paulista, dez árbitros apitarão o começo de dez jogos e vinte times estarão disputando alguma coisa ou cumprindo tabela.

Em Bauru, o renovado Corinthians de Mano Meneses enfrentará o Noroeste, o Norusca, time “encardido” em qualquer campo e muito mais em sua própria casa. Para entrar no G4 e disputar as semi-finais e talvez a final do Paulista 08, o time da Rua São Jorge, 77 precisa vencer o Norusca a qualquer custo. O empate não serve, só a vitória. Mas, não apenas isso: precisa que, na Vila Belmiro, o Peixe derrote a Macaca ou, ao menos, consiga um empate. Eis que surge um grande problema: no Campeonato Paulista o Santos já não tem chance alguma, está fora do G4. Ao mesmo tempo o time vai bem na Libertadores e tem um jogo decisivo, fundamental para sua classificação para a próxima fase, em Guadalajara, contra o poderoso Chivas.

Ir para Guadalajara, cidade mexicana importante, deveria ser fácil, mas não é. Não para quem sai do Brasil, pelo menos. Se a viagem é em vôo comercial e não fretado, é complicada. Dependendo da urgência, muitas vezes é necessário ir para Miami e de lá para a Cidade do México, para nova conexão para Guadalajara. Horas e horas de vôos e aeroportos. Se o clube tem tempo, a delegação pega um vôo direto para a Cidade do México e de lá uma conexão para Guadalajara. Mas um time que joga na tarde de domingo e viaja em seguida, tem que ir via Miami.

Sem mais chances no Paulista o Santos optou por mandar o time titular no sábado para o México. No domingo, uma equipe formada por reservas enfrentará a Ponte Preta.

Essa decisão foi o sinal verde para deflagrar a chiadeira contra a decisão do Santos.

“Estão entregando o jogo!” – foi uma das frases menos ofensivas ouvidas de torcedores. Há quem diga que o Santos tem obrigação de vencer em nome de uma ética, digamos, curiosa. Quer dizer que ao fim de um torneio com 19 jogos, um adversário tem obrigação de ganhar um jogo para classificar outra equipe?

Ora, mas que coisa mais estranha.

Estamos falando de uma competição e nela cada um joga o melhor possível para si próprio e não para outros. Ética é entrar em campo e jogar com seriedade e respeito, usando para isso jogadores regularmente inscritos para a disputa da mesma. Fora isso é conversa fiada e o Santos está não no seu direito, mas com a obrigação de fazer o máximo possível para vencer o Chivas e classificar-se sem sustos para a próxima fase da competição continental.

Independentemente disso tudo, há quatro considerações importantes.

Primeira: o time titular da Ponte Preta jogará mais pressionado que o normal por enfrentar um time reserva do adversário, não importa o seu nome. Time titular, na filosofia de botequim, tem obrigação de vencer time reserva.

Segunda: os reservas do Santos entrarão em campo motivadíssimos para mostrar serviço, cada um querendo mostrar que deveria estar no México saboreando uma pimentinha (e um salário mais gordo na conta bancária).

Terceiro: se os titulares fossem mantidos no Brasil e entrassem em campo contra a Ponte Preta, tendo um jogo fundamental na quarta-feira pela competição mais importante do ano, antecedido por viagem desgastante, alguém em sã consciência acredita que eles dedicar-se-iam ao jogo com a mesma gana, a mesma garra, a mesma entrega de outras partidas?

Na minha opinião, essas três considerações deixam claro que o melhor negócio para o Corinthians e o pior para a Ponte, é justamente enfrentar o time reserva do Santos.

Ah, sim, a quarta consideração...

Lembra do começo desse texto?

A vitória não esperada do Atlético sobre o Palmeiras?

Ah, certo, lembrou.

Então, lembre-se quem estava no banco do Galo.

É o mesmo cara que estará no banco do Santos.

Porque ele não foi para o México com seus titulares.

Ele ficou para dirigir os reservas.

Sei não, temo pela Ponte.

O Corinthians que faça sua parte diante do Norusca, porque, em Santos...

A menos que a Ponte Preta se supere, os reservas do Santos vão fazer bonito.

E, por mim, fim dessa discussão tola sobre entregar, caráter, ética e não sei que mais.


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O “Circo” se move


Dando um refresco ao futebol, um pouquinho de F1, mais para demonstrar como o Circo se move atrás do dinheiro, que vem, naturalmente, de onde o mercado está em expansão ou nascendo. Quero dizer, move-se atrás de dinheiro novo, uma vez que ninguém abre mão de continuar ganhando muito dinheiro “velho” dos mercados tradicionais.

“O equilíbrio entre os circuitos tradicionais da Europa e os novos circuitos em outros continentes e regiões é vital. A Formula 1 precisa estar onde o mercado comercial está e esse mercado está se movendo da Europa para a América do Norte, Oriente Médio e Ásia”, disse o diretor da Honda, Nick Fry, a respeito do projetado aumento de 18 para 20 corridas talvez já na próxima temporada.

Nesse ano serão 18 provas no total, depois de 17 em 2007 e do número recorde de 19 em 2005. “Eu creio que 20 corridas é um número elevado, mas possível. Representa um tremendo desafio de logística, mas a forma como as equipes têm trabalhado umas com as outras regulamentando os testes, por exemplo, mostra que é possível trabalhar com esse número de provas”, disse Christian Horner, principal executivo da Red Bull Racing.

Nesse ano, entram no circuito Valencia, na Espanha, e Singapura terá a primeira corrida noturna da história da F1. Possíveis locais para mais duas provas não foram fechados, ainda, mas acredita-se que Moscou possa ser um deles.

Embora seja um nome ausente do noticiário mais recente, esse Olhar Crônico Esportivo acredita que a F1 voltará a correr no México, inclusive para viabilizar melhor o pacote “North América”.


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quarta-feira, abril 02, 2008

Pesquisa Datafolha – novos comentários



Uma leitora desse Olhar Crônico Esportivo solicitou-me por e-mail algumas informações complementares sobre números da pesquisa Datafolha sobre as torcidas de futebol. Basicamente, ela queria saber a composição por classe sócio-econômica de algumas torcidas. Esse post é, portanto, a resposta à consulta que ela fez. Como acabou ficando um pouco maior e o tema é interessante, resolvi aproveitá-lo como um novo post a respeito da pesquisa.

A tabela abaixo, tomando o Brasil como um todo, mostra o percentual de pessoas de cada classe sócio-econômica que torce para cada um dos times citados no e-mail da leitora.

Ou seja, 14% dos brasileiros de classe A/B são torcedores rubronegros, enquanto 6% dos brasileiros D/E são torcedores do São Paulo, por exemplo.

Clube __________ % Classe A/B__ % Classe C_____ % Classe D/E

Flamengo

14

17

19

Corinthians

14

13

8

São Paulo

10

9

6

Vasco

5

6

5

Fluminense

3

1

1

Tomando esses números como base – mas é uma base com margem de erro um pouco maior que a da pesquisa como um todo, ok? – temos a seguinte distribuição com o percentual de cada classe sócio-econômica e o percentual dessa classe sobre a torcida do clube.

Clube__________ Classe A/B____ Classe C_______ Classe D/E

Flamengo

14 – 28%

17 – 34%

19 – 38%

Corinthians

14 – 40%

13 – 37%

8 – 23%

São Paulo

10 – 40%

9 – 36%

6 – 24%

Vasco

5 – 31%

6 – 38%

5 – 31%

Fluminense

3 – 60%

1 – 20%

1 – 20%

Como se pode ver, o Flamengo tem uma concentração maior de torcedores CDE – 72% - que Corinthians e São Paulo, ambos com 60%, e bem maior que Fluminense com 40%, ficando muito próximo do percentual do Vasco – 69%.

Pelo outro lado, ABC, temos o CRF com 62% da torcida composta por membros dessas classes, enquanto Corinthians tem 77%, São Paulo tem 76%, Vasco tem 69% e Fluminense tem 80%.

Projetando esses números sobre o universo de torcedores de futebol, de ambos os sexos, com idade acima de 16 anos em janeiro de 2008, pelos números dessa pesquisa, teremos a seguinte composição em milhões de torcedores (milhões de torcedores e não milhões de habitantes, como fazem os dirigentes):

Clube_______ Total_______ Total A/B ___ Total C____ Total D/E

Flamengo

17

4,8

5,8

6,4

Corinthians

12

4,8

4,4

2,8

São Paulo

8

3,2

2,9

1,9

Vasco

6

1,9

2,2

1,9

Fluminense

1

0,6

0,2

0,2

Deixando claro, uma vez mais, que esses números são o resultado da pesquisa Datafolha, sem invenções, eliminando os brasileiros que não gostam de futebol e os brasileiros que, gostando de futebol, declararam não torcer para nenhum time em particular. Lembrando, uma vez mais, que foram considerados apenas os brasileiros acima de 16 anos de idade.

O post de 15 de janeiro desse ano – “Pesquisa Datafolha – alguns comentários” – tem a base sobre a qual escrevi esse novo comentário.

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Ouvindo Eurico Miranda


Já passa um bocadinho de uma da manhã.

Acabei de assistir à entrevista, melhor dizendo, acabei de assistir às declarações do Sr. Eurico Miranda no Arena Sportv. O dia foi longo, começou muito cedo, mas não queria ir dormir sem ver ao programa que gravei e, claro, comentar aqui a respeito do mesmo.

Bom, lamento, mas não farei isso. Não por cansaço, que existe, mas porque, ao fim e ao cabo, é muito pouco o que posso extrair de suas declarações fora da briga Vasco x Flamengo e vice-versa, fora da briga Eurico Miranda x Márcio Braga e vice-versa.

Entretanto, como tenho 5 páginas de anotações e sinto-me no dever de ao menos tentar, vamos lá, em respeito, particularmente, aos leitores vascaínos desse Olhar Crônico Esportivo.

Da mesma forma que passei batido pelas declarações auto-elogiosas de Márcio Braga ao seu clube, farei o mesmo com Eurico Miranda. Ao contrário do outro programa, não houve um debate, uma exposição de propostas que sejam interessantes para o torcedor do Sport e do Internacional, do Corinthians e do Ipatinga. Temas como a função do Clube dos 13, o papel cada vez maior da TV, a própria Lei Pelé, entre outros, não foram discutidos ou receberam breves menções com o que EM pensa a respeito. Para que vocês tenham idéia, Cláudio Carsughi, a quem eu reputo como um comentarista brilhante de futebol – e que só gosta de falar do futebol dentro das quatro linhas – entrou mudo e, para não sair calado, fez uma pergunta a EM no último minuto do programa, já nos acréscimos. Marco Antonio Rodrigues, Mario Jorge Guimarães e Paulo César Vasconcellos, um senhor time de entrevistadores, saíram de campo com os uniformes limpos, não foram exigidos, praticamente não participaram do jogo.
Por força até da posição, Cleber Machado participou mais, mas não muito mais.

O que segue, portanto, trata-se de opiniões e frases emitidas pelo presidente do Clube de Regatas Vasco da Gama.

Currículo

EM está no Vasco há 41 anos, desde que foi nomeado Diretor de Cadastro. Está no Clube dos 13 há 22 anos, desde sua fundação. Está à frente do futebol do Vasco há 20 anos. Baseado nessa experiência, ele diz que dirigente de futebol tem que vivenciar o clube, não tem como delegar, e não se dirige futebol com diploma.

Futebol

No Brasil, cada um tem sua própria visão do futebol, todos entendem de futebol, mas os que realmente entendem são poucos.

O normal é um time que joga junto há muito tempo ganhar muito.

Quando ganha muito, mas com um time diferente a cada vez, é trabalho do técnico.

Não fosse a TV o futebol no Brasil estaria morto.

Em 2000 montou um super-time para vencer tudo, principalmente o Mundial. Como não ganhou, está pagando por isso até hoje, pois foi preciso apertar o cinto, economizar de todo lado para pagar os investimentos feitos na montagem da equipe.

O Vasco tem uma política salarial e paga de acordo com ela. Outros clubes, porém, e citou o Palmeiras e o Fluminense, tem seus jogadores recebendo 90% de seus ganhos diretamente dos patrocinadores.

Paixão pelo futebol

EM acredita que o clube-empresa não tem como dar certo no Brasil porque somos diferentes dos ingleses, por exemplo. Para ele, o torcedor inglês só quer que seu time ganhe, tudo se resume ao time. No Brasil, o torcedor tem orgulho do clube, do time, e a paixão é maior.

Sim, é meio confuso e não bate com a realidade. Europeus diversos têm verdadeiro fanatismo por seus clubes e dedicam muito mais tempo e recursos a eles do que os brasileiros.

Dívidas e aprendizado

O Brasil nada tem a aprender sobre futebol.

O Vasco não tem dívidas, pois dívida composta, negociada, ajustada, não é dívida. Bom, eu modestamente discordo, pois tem que ser paga do mesmo jeito.

Segundo ele disse, o clube estava em dia com suas obrigações fiscais e pagando o REFIS. Como a Timemania é mais vantajosa, mudou e transportou as dívidas para o novo acordo. Mas critica, em parte, a loteria, pensada e criada para o benefício de 3 ou 4 clubes com dívidas gigantescas.

Clube e Empresa

Para ele, clubes que são apenas um time, como o São Caetano e o Malucelli, tem mesmo que ser sociedades empresariais. Os grandes clubes, porém, que são muito mais que um time, não devem virar empresa. Para ele, os grandes clubes agregam torcedores pelo todo e não só pelo time.

Campeonato Carioca

Em sua opinião, é o melhor do Brasil. Considera o número de clubes ideal, e o campeonato é um sucesso financeiro. Apenas considerando a Taça Guanabara, em 2007 foram 317.000 torcedores e em 2008 foram 521.000. Apenas os números totais foram citados, sem a média de público por jogo. O resultado financeiro de todo o campeonato em 2007 foi de 11,7 milhões de reais, ao passo que em 2008 o valor já atinge 12,5 milhões, sem as finais da Taça Rio e do Campeonato. O aumento no preço dos ingressos não deve ser levado em consideração, pois mais de 90% dos ingressos são meias-entradas (mas que mesmo assim são mais caras que em 2007, além do número maior de jogos).

Ele reconhece o desequilíbrio técnico provocado pelos jogos apenas no Maracanã,
São Januário e Engenhão, mas ainda assim é a melhor fórmula para o Carioca.

Flamengo e São Paulo

Segundo Eurico, em 26 de outubro de 2007 o Flamengo pediu adiantados 4 milhões da cota de 2008 para pagar salários atrasados.

A cota de cada grande pelo Campeonato Carioca é de R$ 6.650.000,00.

Eurico Miranda diz que pensa no coletivo em sua atuação no Clube dos 13 e na FERJ, mas que o Flamengo e o São Paulo só pensam individualmente em todos os fóruns e reuniões a que comparecem.

Lei Pelé e o Passe

Famigerada, escraviza o jogador ao empresário, cortou os investimentos na base de inúmeros times e permitiu o tráfico de jogadores para a Europa.

Era o passe que segurava as finanças dos clubes.

Este é um apanhado de suas opiniões e um ou outro fato. Como eu disse, no mais tratou-se de história e pendengas rubronegras ou disputas Vasco x Flamengo.

Bom dia a todos.


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terça-feira, abril 01, 2008

A Agenda Positiva e seus frutos

Na noite de 2 de dezembro, encerrado o último jogo do Brasileiro 2007 e o Corinthians rebaixado, postei nesse Olhar Crônico Esportivo:

“...mesmo rebaixado o time é uma grande atração, sem a menor dúvida, e isso fará com que Andrés Sanches negocie seus direitos de transmissão à parte dos demais clubes que disputarão a Série B, o que, inegavelmente, é justo. Dependendo, portanto, de como se der essa negociação e da expectativa do mercado anunciante para os jogos do Corinthians, não será de espantar se, de repente, ele ganhar o mesmo valor ou até, paradoxalmente, mais dinheiro que seus ex-companheiros de Grupo I na Série A.”

Sobre os patrocínios:

“Os contratos de patrocínio não serão afetados em seus valores básicos, já negociados. Ao anunciante, ou seja, o patrocinador, o que importa é a exposição de sua marca, que é negativa nesse momento, o que afeta parcialmente o valor da exposição, mas que, tudo indica, será muito grande e positiva no decorrer de 2008. Portanto, por esse lado não há muito a temer relativamente a perdas financeiras.”

Há mais, basta consultar o arquivo Dezembro 2007 – é o primeiro texto do arquivo – e conferir que os pontos principais que esse blog previu estão tornando-se realidades. Ontem, Sport Club Corinthians Paulista e FBA – Futebol Brasil Associados – assinaram o acordo referente ao direito de transmissão dos jogos do clube pela Série B. Por esse contrato, o Corinthians receberá da entidade 4 milhões de reais, valor ao qual. Somado esse valor ao que já recebe do Clube dos 13, o total ultrapassa 16 milhões de reais, e poderá crescer ainda mais, dependendo dos bônus por audiência que Andrés Sanches e Luiz Paulo Rosemberg negociaram com as emissoras e mais dois patrocínios da transmissão. Está próxima, portanto, a previsão desse blog feita no calor dos acontecimentos de dezembro. Com mais seis milhões (bastante prováveis hoje) o clube empatará sua receita de TV com os companheiros de Grupo I da Série A, tendo, apesar dos investimentos, despesas menores que os demais.

Nesse ponto, e apesar da rateada sofrível com o episódio da camisa roxa, é de destacar o excelente papel desempenhado pelo presidente Andrés Sanches e sua boa administração.

Divido a avaliação em duas partes porque essa é a realidade.

De um lado, AS foi impecável animador, ator e motivador – e todo líder não é um pouco ou muito tudo isso? – com atuação excelente, desempenho digno de um Oscar empresarial. Desde o primeiro momento – e esse blog registrou isso ainda naquele mês de dezembro – o presidente corintiano começou a tirar da cabeça e do coração de sua torcida o espectro da 2ª divisão. Não poupou esforços e proferiu alguns exageros, todos, digamos, perdoáveis. Certo ou errado, é do jogo. Encerrou a briga com Samsung e conseguiu um patrocínio com valor de mercado semelhante ao do São Paulo e do Flamengo, entre outras ações. Bateu no peito e proclamou independência do Clube dos 13, dizendo que iria negociar sozinho os direitos de TV corintianos dali para a frente. Embora promessa vazia e fadada ao esquecimento, essa declaração fez parte do “pacote motivacional”, fez parte do que esse blog chamou e ainda chama de “Agenda Positiva” do Corinthians. Nesse ponto, por sinal, não só o clube continua atuando no Clube dos 13, como representa no mesmo as posições do São Paulo e também do Flamengo e Botafogo, afastados da atual direção da entidade.

Na vida real e concreta sua gestão – e isso já é um elogio, pois gestão é vocábulo moderno e nobre – é boa, mas não excelente, tanto na área política como na administrativa e, sobretudo, no futebol.

Se a equipe vai ou não classificar-se no G4 do Paulista chega a ser irrelevante para seu julgamento. Para quem esperava um time cabisbaixo, arrastando-se em campo, sendo derrotado pelos adversários mais fortes, a surpresa deve ter sido grande. Mano Menezes, a melhor contratação do clube, em pouco tempo montou um time de custo compatível com a Série B, mas que demonstra qualidade bastante para fazer boa figura até mesmo na Série A.

Na arena política, acertos e desacertos. O maior acerto: transparência administrativa e a modificação do estatuto, o que é bom, mas o clube aceitou a pressão espúria e perigosa de grupos organizados de torcedores. A limpeza do lixo acumulado por Dualib prossegue.

No marketing, sem dúvida, estão as melhores iniciativas dessa gestão, ao lado do futebol. Com alguns momentos de pura representação, como a construção do estádio, o que ocupou as manchetes durante algumas semanas até refluir, uma vez mais, embora siga em discussão entre quatro paredes. É inegável, porém, que o clube nunca fez tanto nessa área como agora, com resultados financeiros condizentes.

Tudo isso que vem ocorrendo com o Corinthians é um bom exemplo de como uma administração pode e deve influir na vida de um clube. Há muito para melhorar, claro, mas uma simples comparação desses poucos meses de gestão Sanches com velhas e esclerosadas administrações da maioria dos clubes brasileiros já mostra as enormes diferenças e, principalmente, escancara para quem quer ver as grandes possibilidades que o mundo do futebol brasileiro oferece.


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Marketeiras de 1º de Abril


O 1º de abril no título é somente uma menção à data, nada mais.

Marketing está na crista da onda, em todas as praias, da Azenha à Boa Viagem, essa última uma praia-praia mesmo. Estivéssemos ainda no verão e ele seria o tema da moda nos points da rapaziada, principalmente a mais descolada. Ou não, afinal, se há algo que não entendo é de rapaziada descolada.

A arena do Grêmio

O Grêmio de Futebol Portoalegrense anunciou hoje a construção de sua arena. Há algum tempo venho querendo escrever sobre algumas ações de marketing gremistas, como a TV e agora a rádio, mas é difícil encontrar informações. Só encontro propaganda, coisa que nem sempre bate com informação. Aliás, quase nunca, e na melhor das hipóteses guarda apenas remotas semelhanças. Fui atrás de informações sobre a Arena e... Nada. A foto de uma maquete, e pouco mais que isso:

Custo Estimado: R$ 270 milhões

Prazo de Construção: 2 anos, no regime turn key

Prazo de Exploração: 20 anos

Previsão de Retorno do Capital Investido (TIR): 15%

Composição Societária da SPE Arena: Grêmio Empreendimentos 65% e TBZ 35%

Receita anual estimada da SPE Arena: R$ 56 milhões

Financiamento: Quem toma o financiamento para a construção é a SPE Promotora, da qual o Grêmio não participa, não restando obrigação da SPE Arena com qualquer tipo de ônus decorrente do financiamento.

Componentes do empreendimento:


Shopping Center com 295.433 m2;
Escritórios com 214.700 m2;
Hotel com 35.000 m2;
Centro de Convenções com 21.075 m2;
Habitação com 155.540 m2;
Estacionamento com 66.500 m2.

Fica difícil pensar com mais profundidade a partir de tão pouca coisa. Parece muito, mas é quase nada. Apenas os números são muito grandes. De acordo com essas informações, a Arena custará 270 milhões de reais e o Grêmio nada pagará por ela, recebendo, ainda, 65% de sua propriedade. Os construtores estimam uma receita anual de 56 milhões de reais e um retorno de 15% sobre o investimento.

O regime turn key significa que o comprador, ou contratante, da obra vai recebê-la pronta, acabada e operacional. É um pacote fechado, em tese muito atraente, muito bonito, mas estamos no Brasil, onde vimos um estádio orçado em 80 milhões terminar custando – pelo menos – a bagatela de 400 milhões, ficando tudo por isso mesmo e não se fala mais no assunto.

Eu me pergunto como pode uma arena gerar uma receita anual de 56 milhões de reais – algo como 33 milhões de dólares ou 22 milhões de euros – e trazendo ainda um retorno de 40 milhões? Essa é a pergunta difícil de ser respondida.

“Aquilo” roxo

Há alguns anos, breve serão muitos, um ex-presidente disse que tinha “aquilo” roxo e não toleraria desaforo. Foi devidamente ridicularizado e a história encarregou-se de colocá-lo em lugar de acordo, embora tenha voltado à ativa por força do voto.

Ah, o voto...

Santo e abençoado voto...

Recentemente, o Sport Club Corinthians Paulista lançou sua camisa número 3, na cor roxa. Há várias conotações para a escolha dessa cor, pelo menos aqui em São Paulo, onde dizemos que fulano é torcedor roxo de um time qualquer, grande ou pequeno, da cidade ou de fora. Na minha família, sempre dissemos que alguém era são-paulino roxo ou corintiano roxo. Minha mãe diz que meu irmão é santista roxo, assim como meu falecido tio Silvio Menossi era palmeirense roxo. Então, o Corinthians adotar o roxo como a cor de seu terceiro uniforme é uma ação bem bolada, pode-se dizer.

O presidente Andrés Sanches, movimentando sua impressionante “agenda positiva” inaugurada no dia seguinte ao rebaixamento para a 2ª divisão, sacramentou o uniforme, decidindo que o time jogaria com ele contra o Marília. Na última hora, porém, refugou. Pressionado por membros de uma torcida organizada mandou o time jogar com o tradicional uniforme número 1, mas entrar em campo com o roxo por cima e jogar as camisas roxas para os torcedores antes do jogo começar.

Assim foi feito. O time entrou em campo, a torcida gostou, aplaudiu a entrega das camisas, mas, a grande e triste verdade é que o presidente do clube curvou-se ao desejo de um grupo que está muito longe de representar o pensamento da grande torcida corintiana. O presidente teve a camisa roxa, mas não teve “aquilo” roxo para sustentar sua decisão.

Tudo isso pode parecer engraçado, a menção àquilo do ex-presidente pode ser vista como divertida, chula ou inconveniente, deixo a critério de cada leitor, mas essa intromissão indevida na administração do clube significa a abertura de um precedente muito perigoso. É bom lembrar que, apenas há alguns dias, os conselheiros mudaram o estatuto do clube em votação aberta, contrariando a velha prática do voto fechado, secreto. Sem entrar no mérito da decisão, o que saltou à vista nessa eleição foram as ameaças truculentas feitas por membros do mesmo grupo organizado, entoando cantos com ameaças físicas contra os conselheiros que não votassem de acordo com sua vontade. A mesma coisa aconteceu com a camisa roxa.

Uma presidência de um clube de futebol não pode ceder a ameaças de quem quer que seja, muito menos de seus próprios torcedores. Há quem diga que por trás da decisão de Sanches há favores políticos a serem pagos. Pior ainda se isso for verdade.

Apego às tradições?

Os torcedores corintianos que impediram o uso da camisa roxa e picharam os muros do Parque São Jorge batem no peito e dizem que estão defendendo a tradição do clube.

Preciosa tradição, que para eles personifica-se na camisa e não na história, na paixão, no amor.

Do outro lado da cidade, no Morumbi, também em nome da tradição os “velhinhos” do Conselho Deliberativo do São Paulo vetam a criação de um terceiro uniforme para o clube. Assinar um contrato de naming rights, então, tendo o Estádio do Morumbi como alvo, nem pensar. Para essas pessoas, honrar a tradição significa não mexer em nenhum dos símbolos do clube.

Em ambos os casos o que vemos são pessoas distanciadas da realidade do futebol praticado hoje e das necessidades dos grandes clubes. Aumentar e diversificar as rendas geradas por ações de marketing é uma necessidade vital para sobreviver e fazer sucesso no ambiente ultra-competitivo do futebol. um terceiro uniforme é mais um item de consumo anual, ou bienal, no qual o fator “novidade” vai estimular a compra por parte de pessoas que já têm os uniformes tradicionais, além de agregar novos consumidores para a marca.

A tradição é fundamental para um clube e para seus torcedores. O apego dos “velhinhos” do Morumbi às tradições do São Paulo foi responsável pela construção de um grande clube e ajudou o clube a passar ao largo da febre de “parcerias” milionárias, cujo único resultado concreto foi a quase falência de muitos grandes clubes, em alguns casos amenizada por alguns títulos. Mas essa mesma tradição, esse mesmo apego a ela, não pode servir para deixar o clube imobilizado.


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domingo, março 30, 2008

Tchau, Pedrão, boa sorte


Pedrão joga aqui perto de casa, é centroavante. Com esse nome só poderia ser isso mesmo, ou zagueiro. Outro dia, num jogo-treino contra um time de várzea daqui do município, ele fez 3 gols e encantou o Fabrício, jovem boleiro que está tentando começar a vida num time da Capital. Já avançou no processo de peneira, quem sabe...

Esse Pedrão de quem estou falando é o artilheiro do Campeonato Paulista, ao lado do Kleber Pereira, ambos com 11 gols (esse texto foi escrito na noite de sexta-feira, antes do início da 18ª rodada do Paulista). Kleber é famoso, já jogou no exterior, parece ter ganho um bom dinheirinho e estar com a vida arrumada. Pedrão, bom, para dizer o mínimo, não é o mesmo caso. Seu nome era desconhecido há apenas 60 dias. Hoje, já freqüenta as páginas dos grandes jornais, está presente em todos os sites, até mesmo nesse modesto Olhar Crônico Esportivo.

Pedrão precisa ganhar dinheiro e assentar a vida, preparar o futuro, ajudar a família. História velha e repetida, tão verdadeira como todas as outras.

Pedrão, centroavante do Barueri e artilheiro do Paulista deu tchau ao time, à Barueri, à São Paulo e ao Brasil. Bateu asas e foi para Seul, a bordo de um Boeing da KAL, a popular, no mundo da bola, Korean Air Lines.

Não sei por quanto ele foi negociado pelo Barueri, tampouco sei quanto irá ganhar em terras coreanas, só sei que ele foi correndo, tão depressa que nem esperou o Barueri disputar suas duas últimas partidas no Campeonato. Foi-se.

Como ele, outros 999 boleiros já foram ou ainda irão para o exterior no decorrer desse Ano da Graça de 2008. Pelo menos uns 996 irão pelos mesmos motivos e histórias de Pedrão, afinal, isso é Brasil. Críticas choverão sobre esse moderno êxodo em busca outras terras prometidas. Todas injustas, disso não tenho a menor dúvida.

O que é um boleiro?

Recentemente, encontrei um ex-jogador e que agora trabalha na mídia, na área de esportes, num evento. Tivemos oportunidade de conversar bastante, o que foi, além de agradável, bastante útil para que eu percebesse melhor um aspecto da carreira de boleiro. Falávamos sobre um curso de gestão esportiva que eu às vezes penso em fazer, e ele fazia. Parou porque a atividade esportiva, mesmo fora do campo, não lhe permite o luxo de estar disponível toda noite para ir a uma escola. Tampouco permite isso durante as manhãs, não só em função das viagens como, também, do horário avançado em que termina o trabalho de quem cobre esportes. Uma pausa de alguns segundos e ele disse “Mas eu preciso terminar o curso, preciso de um diploma.”

Fiquei surpreso e manifestei-me a respeito. Sua explicação foi simples: enquanto era adolescente estudava direito e em boas escolas. Mas aos 19 anos foi negociado para o exterior, justamente quando prestava vestibular. Daí para a frente sua vida foi uma roda-viva, tanto fora do Brasil como aqui, de volta. Começou a fazer o curso de gestão esportiva e precisou parar. Não tem um diploma universitário. Para sua sorte, por ser inteligente, estudioso e bem articulado e ter feito um bom curso básico e segundo grau, está se saindo bem na nova profissão. Além disso, amealhou um bom pé-de-meia ao longo da carreira. Porém, mesmo assim, ele lamenta e sente a falta do diploma, não pelo diploma em si, mas pelo que representa esse simples pedaço de papel: alguns anos de estudo que, em tese, preparam a pessoa para vir a ser um profissional, exercer alguma atividade que permita sua sobrevivência e a de sua família.

Esse boleiro, contudo, está muito longe de ter o perfil básico do boleiro brasileiro.

Que vem de família muito pobre, muitas vezes até mesmo desestruturada.

É um jovem que não tem estudo. Muitos, inclusive, tem enormes dificuldades para ler coisas tão simples como um gibi ou um artigo de jornal falando a seu respeito.

Rigorosamente, a quase totalidade deles não têm uma profissão que não seja “correr atrás de bola”, como diziam, criticamente, meus familiares há muitos anos em relação a alguns conhecidos.

Esse boleiro, com sorte, começa a ganhar algo trezentos a quinhentos reais por mês quando está com 20, 21 anos de idade. Muitos nem isso ganham. Salários acima de dois ou três mil reais, só existem para os que têm algum nome e para os que estão em grandes clubes. No Brasil, clubes que pagam salários desse porte para cima, existem uns sessenta a oitenta. Estou sendo otimista, muito otimista.

Esse boleiro, tendo sorte na profissão, vai jogar até os 30 anos de idade, se tanto.

Ou seja, sua vida profissional plena não chega a durar dez anos. Geralmente dura muito menos. Esse é o tempo que ele tem para ganhar dinheiro. Raramente consegue, no máximo sobrevive, cuidando de si próprio e da própria família mais próxima: mulher, filhos, pai ou mãe, e olhe lá. Não consegue parar em parte alguma, está sempre correndo atrás de outro time, outro “professor”, outra proposta tão ruim ou pior do que tinha. Mas é a vida. Não compra casa, tem que alugar uma em cada cidade, geralmente como “favor” de algum diretor. Os mais previdentes, compram um terreninho na terra natal em algum sertão, constroem uma casinha e tem o que se chama de “onde cair morto”.

O Brasil lança no mercado, anualmente, pelo menos quatro a cinco mil novos jogadores de futebol. Melhor dizendo, jovens que querem e tentam fazer do “correr atrás da bola” a sua profissão. Não temos mercado de trabalho para essa rapaziada. Mesmo porque, atrás dessa leva tem um número muitas vezes maior dos que nem sequer tentam se lançar na carreira.

Não existe emprego para eles.

Nosso mercado futebolístico não consegue absorver a maior parte desse exército de reserva, uma espécie de “lumpen proletariado” do futebol, buscando auxílio nas velhas leituras das teorias marxistas.

Para essa massa, resta trabalhar na construção civil, na prestação de serviços, ou o trabalho na roça.

Não há lugar para eles no mundo da bola, exceto como massa de pressão sobre os que nele já estão trabalhando.

Esse é o cenário básico, esse é o grande padrão.

Para esses brasileiros, jogar no Vietnã ou na Islândia, na Ucrânia ou no Usbequistão, significa sobreviver, ganhar algum dinheirinho, vir a ser alguém na vida que tenha, ao menos, onde cair morto. Então...

Enquanto os torcedores xingam o “mercenarismo” dos jogadores...

Enquanto jornalistas criticam sua saída em massa...

Enquanto cartolas engravatados e endinheirados bolam meios para prendê-los...

Enquanto nobres parlamentares movem-se nas sombras do Planalto Central criando leis restritivas...

Pedrão embarca em algum vôo KAL em Cumbica e vai tratar de cuidar de sua própria vida. Porque, se ele não fizer isso, agora, ninguém fará por ele nem agora, muito menos no futuro.

Boa sorte, Pedrão, felicidades na Coréia.


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Tarde agradável na 3ª divisão

Fui ao estádio “Nicolau Alayon”, do tradicional Nacional Atlético Clube, assistir ao jogo do time da casa contra o São Carlos, pelo Campeonato Paulista da Série A 3.

Essa divisão conta com 20 clubes, entre os quais a Francana, o Linense, o Taubaté e o XV de Piracicaba, que já foram membros da 1ª divisão com bastante história. Alguns clubes, como o próprio São Carlos e mais o São Bernardo e o Votoraty, apresentam um “Ltda.” no final do nome, tal como o líder da 1ª, o Guaratinguetá – mas, ao menos por enquanto, sem o mesmo sucesso.


Deixei meu carro no estacionamento do próprio estádio – baita conforto – com toda segurança e comodidade, por módicos dez reais. Justíssimo. Esse, por sinal, é também o preço da arquibancada (e a “meia” sai por cinco reais, claro). Outro conforto do estádio é a localização, numa via paralela à Marginal Tietê, portanto, com acesso fácil de qualquer lugar de São Paulo.


Tarde de outono perfeita para a prática do esporte bretão que consagrou Dodô, o “artilheiro dos gols bonitos”, que começou no Naça, atravessou a Marquês de São Vicente para o CT do São Paulo e ali consagrou-se. No estádio, com capacidade para 11.000 pessoas, apenas uns 500 torcedores – aliás, menos, menos... Ao meu lado sentou-se um cara que, no meio do 1º tempo atendeu a uma chamada no celular. Pela conversa percebi, muito facilmente, que estava ao lado de um empresário. Tinha outro a uns dois metros de onde eu estava. E vi outros dois ou três quando mudei de lugar no 2º tempo.
O primeiro que citei, que falava ao celular, estará assistindo hoje ao jogo Flamengo (Guarulhos) x Linense, em companhia de outro empresário.

Na noite de quinta-feira estava no Morumbi vendo São Paulo x Sertãozinho, bem diferente do jogo de ontem. No Morumbi, a distância para o campo é grande e o estádio imenso torna tudo ainda menor. No Alayon, pelo contrário, tudo parece e está mesmo muito perto. É outro futebol. Aliás, a diferença está também nos jogadores. Jogar na 1ª divisão e, principalmente, num time que disputa a Libertadores, requer jogadores com maior massa muscular, maior resistência, mais força, por exigência mesmo das competições e do ritmo de disputa. Ver um jogo como esse de ontem nos leva para mais perto do futebol real, o que é, também, muito gostoso.

O jogo em si foi agradável como a tarde fresca, nuvens cobrindo o sol, promessa de chuva para a noite. O Naça dominou o começo do jogo, ameaçou, mas não conseguiu marcar.
O São Carlos, a “Águia da Central” como informou o amigo Vinícius, equilibrou e ameaçou até sair na frente.


Primeiro gol, a bola entrando


Rogério, centroavante do Nacional, disparou um petardo que explodiu na trave. Petardo e explodiu são duas palavras bem aplicadas ao chute.

Cometendo uma heresia, o choque violento contra a trave chegou a ser mais bonito do que se a bola tivesse entrado. O São Carlos devolveu com uma cabeçada de seu 10 também na trave.

O segundo tempo começou quente, mas só teve gol aos 13’, marcado pelo mesmo Rogério, em boa cabeçada em bola muito bem cruzada pelo lateral-direito, depois de uma jogada rápida e bonita. Ele mesmo também marcou o segundo gol em outra cabeçada, dessa vez em bola cruzada da esquerda.

Segundo gol, segundo de Rogério


Entre um gol e outro, o São Carlos cresceu muito, graças, em parte, a um recuo do Naça, e esteve muito próximo do empate. Que só não saiu, acredito, porque Rogério se encarregou de jogar um balde d’água fria com seu segundo gol. E graças,

também, às boas defesas do goleiro (cujo nome, lamentavelmente, não registrei), para mim uma boa surpresa, pois, como estou acostumado aos goleiros da nova geração, quase todos muito altos, duvidei de sua qualidade ao vê-lo em algumas defesas no começo do jogo.

Com essa vitória, o Nacional alcançou, pelo menos até o

final da rodada, hoje, a quarta colocação no campeonato. Das 20 equipes, as quatro últimas nessa fase serão rebaixadas e oito serão classificadas para a segunda fase divididas em dois grupos com quatro equipes cada. Dessas oito, as duas primeiras de cada grupo serão promovidas para a Série A 2 e as primeiras colocadas de cada grupo disputarão o título estadual da série. O Naça está bem próximo de se garantir entre os oito.

Quem sabe...

O médico do Nacional, o Dr. Giulio, teve dupla jornada nessa partida e correu para atender os jogadores do São Carlos algumas vezes. É praxe nessa divisão o time visitante não levar seu médico, ficando assim, o médico da casa, como responsável pelos dois times.

Uma excelente maneira de pôr em prática o juramento feito a Hipócrates na formatura e algo bonito de se ver, muito simpático, principalmente nesses tempos de disputas e rivalidades exacerbadas. Mais tarde, o Dr. Giulio disse-me que nas fases decisivas ou em jogos idem, com rebaixamento ou classificação em jogo, a situação muda e cada um leva seu próprio médico.

Dessa forma, lá se foi uma tarde gostosa, com bom futebol, divertida, com índice zero de estresse ou stress, somente lazer de boa qualidade. Compartilhado por pouquíssimas pessoas, o que me leva, uma vez mais, a duvidar da tal paixão do brasileiro por futebol. Hoje, na verdade, estou certo que ela é tão verdadeira como uma nota de sete reais. Já na Inglaterra ou Alemanha ou França, um jogo como esse teria mais de dez mil torcedores, talvez vinte mil, na Inglaterra, onde a média de público nos jogos da 5ª – quinta! – divisão é de 8.500 pessoas.

Terceira, Segunda, Quarta divisões: recomendo seus jogos a todos.

Acreditem, vale a pena assistir.


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