Nilmar 0 x Ultimatum 4
Se não perdi a conta, esse é o placar, ou placard, ou score, na disputa entre Nilmar e as tentativas para mantê-lo no Corinthians. Esse placar não inclui o resultado da disputa anterior, com os muitos ultimatos do Lyon para o conglomerado MSI/Corinthians, que no caso deve ter sido algo como Lyon 7 x 0 Ultimátum...
Bom, pensando bem, acho que foi o inverso: Lyon 0 x 7 Ultimatum. Sim, porque, ao fim e ao cabo, o Lyon dava ultimato pra receber o dinheiro da negociação envolvendo Nilmar e o combinado MSI/Corinthians não pagava e empurrava. Nesse caso, portanto, tenho a impressão que o vencedor da contenda foi o Ultimato.
Seguindo com os pensamentos e raciocínios em alta rotação – o que provocou a subida rápida e assustada da Rosa com um balde d’água, crente que havia fogo em algum lugar aqui em cima – chego à conclusão que esse placar é capaz de ficar em Lyon -10 x -10 Corinthians. Os tracinhos significam “menos” e o clube brasileiro não está acompanhado da sigla MSI. E, nessa altura do campeonato, o Ultimátum ou Ultimatum ou, ainda, Ultimato, terá sido eliminado da competição por absoluta inutilidade, mergulhando em profunda crise existencial, enquanto vocábulo que se pretende sério, seriíssimo, gravíssimo. E aqui, nessa doce e malemolente Terra de Vera Cruz, ainda que em sua porção, digamos, mais agitada, brasileiros, supostos russos e um iraniano terão reduzido o pobre vocábulo ao nada. Um ultimato e nada é a mesma coisa.
Pelo andar dessa carruagem, o Corinthians herdará uma dívida de 8 milhões de euros para com o Lyon, por um jogador que estará longe do gramado da Fazendinha. E o Lyon herdará um crédito não-recebível de igual valor, ficando, também, sem o seu ex-jogador. Minha bola de cristal boêmio legítimo, adquirida no “25 de Março’s Shopping & Mall”, mostra-me que a MSI estará a salvo de maiores empecilhos e dores de cabeça por conta desses probleminhas. Como não tem time, não poderá ser punida pela FIFA. Como seus sócios são invisíveis, totalmente secretos, não poderão ser processados por quem quer que seja. Restará Kia Joorabchian, mas esse, fiquei sabendo por fonte segura, é apenas uma lenda, não tem existência real, apesar do que possa apregoar sua namorada brasileira.
Então, voltando ao começo de onde não deveria ter saído, temos o novo ultimato de Nilmar dirigido ao Corinthians sem a sigla. Ele quer uma definição de sua situação até terça-feira, caso contrário limpa seu armário no Parque São Jorge e vai em busca de novos ares para terminar sua fisioterapia e aguardar pelo retorno aos gramados.
As coisas todas agora estão às claras. Nilmar não é de ninguém, irá com quem mais oferecer-lhe, tanto em dinheiro como
Repetindo: mesmo a proposta que eventualmente venha a ser feita pelo Corinthians não significará aprovação imediata e seu retorno à equipe.
A menos que o Corinthians simplesmente aceite os valores já passados por Orlando da Hora – que, comenta-se, são muito altos – e, ainda pior, por apenas um ano. E mais: valendo desde já.
Valendo desde já?
Nilmar é e será um jogador caro. Very, very expensive. Em qualquer língua do mundo da bola, ele é e será caro. E está parado, quebrado, em processo de recuperação de uma cirurgia delicada. Se o Corinthians ceder ao ultimatum de Nilmar, terá de pagar-lhe salários e luvas desde já... Outubro, novembro, dezembro. Três meses, um quarto de um contrato a troco de “nada”. Três meses caríssimos, em qualquer língua. E depois da alta, vem a volta. E a volta não é imediata, é demorada. Às vezes mais, às vezes menos tempo. Depende do organismo, da cirurgia, da fisioterapia, da vontade e da cabeça do atleta... Juntando a tudo isso os 8 dias da “pré-temporada” tupiniquim, temos alguma coisa ao redor de cinco meses de um contrato de doze... vazios. Nulos. Uma montanha de dinheiro a troco de muito nada (esse não é meu pensamento, estou aqui apenas reproduzindo supostos processos mentais de terceiros).
Esse caso é tão esdrúxulo que obriga o escrevinhador a digitar “muito nada” ou “um monte de nadas”.
Resumo da ópera...
... tal como eu a enxergo: Nilmar não ficará no Corinthians. Nilmar ficará no Brasil, mas terá que abaixar sua pedida salarial e luvas. Como o Santos já gastou tudo que tinha – e o que não tinha, talvez – com Zé Roberto, não terá como re-gastar com Nilmar. São Paulo e Inter têm políticas salariais definidas e rígidas. Fora esses três, não vejo outro time no Brasil capacitado a receber e pagar o que quer Nilmar do conglomerado MSI/Corinthians.
Caso ele não aceite nossa pobre realidade, terá de voltar à Europa com uma mão na frente e outra atrás. Para jogar num time de pouco destaque por meia dúzia de euros.
O cerne do abacaxi
É a vontade do jogador em assinar já versus a resistência do clube em assinar já. O primeiro por motivos óbvios, já que ninguém gosta de ficar sem nada para receber no fim de cada mês. O segundo porque, obviamente, também, não quer gastar toneladas de dinheiro com um jogador sem condições físicas para entrar em campo de forma eficiente por cinco meses. Pelo menos. Portanto, o ideal seria cozinhar o galo, empurrar com a barriga, esse imbróglio por mais dois meses ou, de preferência, três meses. Nesse caso, mesmo assinando por apenas um ano como quer o jogador, a despesa de doze meses teria uso real em nove, quase dez meses.
Observação assaz importante
Para evitar mal-entendidos: essa é uma avaliação que eu faço. De repente, o Corinthians e a própria MSI podem estar totalmente interessados em contar com o jogador e assinar um novo contrato desde já. Não escrevi essa conclusão baseado em conversas ou leituras. É, tão somente, minha interpretação.
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