Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sábado, setembro 01, 2007

Setembrinas do dia 1o



Copa ou Contrato?


- Souza, se você tivesse que escolher entre ficar no Brasil e jogar a Copa ou ir para o exterior com um bom contrato de alguns anos, o que você escolheria?

- O contrato, claro. Eu tenho que pensar na minha família e jogar a Copa, defender a Seleção é um sonho, mas não adiantará nada se dez anos depois eu não tiver como sustentar meus filhos.

Cleber Machado perguntou e Souza, do São Paulo, respondeu, no Arena Sportv da última quinta-feira. Indo mais além, ele ainda citou o ex-jogador Peu, campeão do mundo pelo Flamengo, que vive em Maceió com algumas dificuldades.

Souza é bom de entrevistas, fala bastante, não foge de assunto, o entrevistado que todo jornalista gosta e que os dirigentes, em sua maioria, bem como muitos torcedores, detestam. Ele deixou claro que adora jogar no São Paulo, onde o dia 30 é o dia 30, sem erro, onde o clube faz tudo para o jogador sentir-se à vontade e só pensar em jogar bola, etc, etc, mas, mesmo assim, seu empresário está sempre de olho aberto para uma possível transferência. Como ele disse, rindo, “ele tem interesse em me ver transferindo pra poder ganhar, né?”. Mesmo com a renovação de seu contrato até 2010 – na verdade uma extensão e um prêmio da diretoria para ele, pois seu contrato só terminaria em 2009, Souza deixou tudo bem claro: se tiver uma proposta compensadora, ele vai para o exterior.

Ele sabe muito bem o que pode e o que não pode ser compensador. Não somente ele, mas a maioria dos boleiros, hoje, tem uma noção muito mais clara do que representam e do quanto valem.

Jogar no exterior representa a redenção financeira de toda uma família. Isso talvez seja difícil de ser entendido por pessoas que já nasceram em casa própria, e boa, sempre tiveram comida na mesa, carro na garagem, férias na praia ou nas montanhas, e outros luxos, pequenos, minúsculos, típicos da classe média de qualquer país decente, mas que no Brasil, ainda hoje, não estão ao alcance da vasta maioria da população.




O tamanho do nosso futebol

Deu na Folha desse sábado, o primeiro de setembro, quando entramos de vez no terço final do ano:

“O Clube dos 13 faz lobby em Brasília para aprovar mudança na lei que dá aos jogadores o direito de rescindir contrato após três meses de vencimentos atrasados. Quer uma tolerância de mais 15 dias para acertar pelo menos um dos meses.”

Ao brigar por essa benesse, o topo, a fina flor do nosso profissional está reconhecendo que times da 1ª divisão não são ou não serão capazes de manter em dia o pagamento de salários de seus atletas. Não satisfeitos com inacreditáveis 90 dias, ainda pedem mais 15! Um pedido que envergonha qualquer um com o mínimo de consciência e decência, mas que mostra, com exatidão crua e sem tempero, o tamanho do nosso futebol, ditado por seus dirigentes da idade da pedra.

Pagar o salário para quem trabalha é básico, elementar, essencial.

Quem vende sua força de trabalho no mercado, seja para varrer uma rua, seja para estrelar uma novela de televisão ou para defender uma equipe de futebol, faz isto em busca de uma quantia que garanta sua sobrevivência e a de seus familiares. Ao atrasar salários, ainda mais por tanto tempo, os dirigentes estão mandando seus funcionários (como assim “seus funcionários”? – palavras vazias) irem à luta, saírem à caça de outros meios de sobrevivência para si próprios e para os que dele dependem.

Como na pré-história: esgotado um território de caça, a tribo mudava-se para outro. Simples assim.

Que o Congresso não só não atenda a tal pedido, como ainda por cima reduza-o, é o que eu acho correto.

Todo ser humano deve ser livre para sair à caça de seu alimento.



Sucesso e Fracasso no Sub 17

Enquanto o time da CBF, também conhecido por Seleção Brasileira Sub 17 fracassou até grotescamente no Pan Americano disputado em pleno Rio de Janeiro e logo em seguida no Mundial da FIFA, o time sub 17 do São Paulo sagrou-se Campeão Mundial Interclubes na Espanha, derrotando o Partizans, de Belgrado, por 1x0. Isso depois de vencer o Real Madrid por 3x0 na semi-final.

O volante Bruno Formigoni foi eleito o melhor jogador da competição.

Esse garoto teve seu contrato renegociado até 2010 poucos dias atrás. Manter a rapaziada livre do assédio de empresários é um dos maiores problemas que apresentam as competições fora do Brasil. Aliás, no Brasil também, mas é menos difícil manter o pessoal à distância. Para evitar esse tipo de assédio, os times da base do São Paulo saem do Brasil com seguranças próprios.

A disputa é cada vez mais dura tanto dentro como fora do campo.


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sexta-feira, agosto 31, 2007

Rivalidade e História



Quarta-feira à noite no Parque Antártica tivemos mais um embate entre Palmeiras e São Paulo. Frequentemente é um jogo que gera discussões, polêmicas e até eventos menos agradáveis, como alguns de anteontem.

Muitos palmeiristas (uma das antigas denominações) da velha guarda dizem que "o Corinthians é nosso adversário, o São Paulo é nosso inimigo", o que dá bem uma idéia da rivalidade antiga entre os dois clubes.

Mas, como começou, por que é assim?

Não vou explicar tudo, longe disso, vou apenas relatar um episódio que foi bastante significativo, tentando encaixá-lo (linguagem de boleiro moderno, né?) no clima de uma época da qual não temos a mais remota idéia de como foi, realmente.



A história remonta a 1942.

Governado pelo ditador Getúlio Vargas, fascista de carteirinha, o Brasil mantinha-se neutro em relação à II Guerra, apesar da maioria do povo ser a favor dos aliados.

Mesmo com nossa neutralidade, submarinos alemães atacavam navios brasileiros. Mais de uma dezena deles já tinham sido torpedeados e afundados, com muitas mortes de marinheiros e passageiros.

Na noite de 15 de agosto, o U-507 torpedeou e afundou o cargueiro misto Baependi, a 30 km do litoral nordestino. Indo do Rio para Recife, o navio transportava 306 pessoas, entre elas muitas crianças. Apenas 36 conseguiram salvar-se, nenhuma criança, e o navio afundou em 3 minutos.

Na mesma noite, esse mesmo submarino afundou o cargueiro Araraquara.
De 142 pessoas a bordo, apenas 11 conseguiram salvar-se.

Antes do dia raiar, uma nova vítima: o Aníbal Benévolo, outro cargueiro misto, a menos de 10 km da costa. Todos os 150 passageiros (16 crianças) e tripulantes morreram.

Numa só noite o U-507 matou 551 brasileiros de forma covarde e assassina.

As reações populares foram intensas e até brutais em muitos casos, com reações contra alemães, italianos e japoneses. Parte de minha própria família materna, de origem Brassaroto, da Calábria, e que trabalhava na roça em fazendas de café no interior de São Paulo, sofreu com perseguições, ofensas, olhares atravessados...

Dez dias depois, a ditadura fascistóide de Vargas declarou guerra ao Eixo – Alemanha, Itália e Japão.

O Brasil entrava na guerra.

Nas cidades, a gritaria contra os alemães, italianos e japoneses era enorme.
Acho que hoje não podemos aquilatar com toda a intensidade o choque daqueles tempos, lembrando, ainda, no caso paulista, que São Paulo sofrera uma derrota em 1932, na Revolução Constitucionalista, para o mesmo ditador, cuja imagem era associada aos nazistas e fascistas. O clima era pesado. Tínhamos a conjunção dos ataques covardes na calada da noite contra navios neutros, as mortes, a repressão e a ojeriza crescente à ditadura Vargas, enfim, era um caldo complexo, movido a paixões intensas e temperado por uma guerra mundial.

No futebol, os times do Palestra Itália de São Paulo e Belo Horizonte mudaram seus nomes para Palmeiras e Cruzeiro. Foram forçados a isso pela pressão popular cada vez mais forte e ameaçadora.

O primeiro jogo do Palmeiras foi contra o São Paulo, no Pacaembu, dia 20 de setembro. Foi nesse jogo que os palestrinos entraram em campo com a bandeira do Brasil, afirmando-se como brasileiros e buscando cativar a platéia.

Deram uma surra no São Paulo e venceram por 3x1.

Pior: o São Paulo saiu de campo antes do final e foi eliminado daquele campeonato paulista.

Pior ainda: diretores e torcedores do São Paulo tinham feito campanha contra o Palestra, pedindo até o fim do clube e queriam, com o seu fechamento, tomar posse das instalações esportivas palestrinas. Não eram todos, apenas uma parte, ou facção, mas que ocupava a mídia e falava bastante. Em épocas como aquela todo discurso radical pega fácil e inflama as massas.

Foi uma pena ter perdido o jogo. Tirando a vontade de ter o patrimônio palmeirista e de personificar a luta anti-fascista no time verde, a história e a razão estavam com os torcedores na luta anti-fascista e anti-nazista.


Esse foi o começo dessa rivalidade que perdura até hoje, esmaecida ou desconhecida pelas novas gerações de torcedores. Acho que é bom que assim seja.

(Dias atrás a Veja publicou excelente resenha de um livro que foi lançado agora,
"O Brasil na Mira de Hitler", do Roberto Sander, que conta as histórias dos afundamentos de nossos navios e a entrada do Brasil na guerra. Foi a minha fonte de consultas, além, é claro, do Almanaque do São Paulo e a memória tomada pela leitura de um monte de coisas a respeito em outros tempos.)


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quarta-feira, agosto 29, 2007

Sub 17 eliminada – alguma novidade?


Final de jogo, Brasil perde para Gana por 1x0 no Mundial Sub17 e é eliminado.

Lédio Carmona, comentando o jogo, aponta como causa da derrota a falta de jogo coletivo e a dependência de jogadas individuais do time do Brasil.

E Gana teve mais time em campo, time organizado, consciente do que fazer e porque fazer.

Gana jogou desde os 42’ do 1º tempo com um jogador a menos.

No final, o árbitro ainda deu 6’ de acréscimo.

E nada.

Aos 50’15” uma falta sobre Lulinha na lateral da área ganesa. Um jogador brasileiro de nome Felipe dirige-se com calma, não, aquilo não é calma, é um misto de conformismo com displicência. Olho pra área e só conto sete jogadores por ali. Ora, o que ficaram fazendo fora da área o goleiro (que falhou grotescamente, coitado) e mais dois ou três jogadores? Já estávamos no sexto minuto dos acréscimos e uma falta sob medida para uma cabeçada ou um salseiro qualquer, do qual sempre pode resultar um pé salvador que manda a bola pro gol! E Felipe cobra fraco e rasteiro. Inacreditável! A defesa, generosa, ainda rebate, um amarelinho pega o rebote e manda pro espaço.

Fim.

Ah, como chama o técnico dessa seleção?

Como? Ninguém sabe?

Ah, tá, é como os outros, um subtécnico.

Tá explicado.




Post scriptum - Campeonato Mundial de Clubes Sub 17


O São Paulo está na Espanha, disputando o Campeonato Mundial de Clubes Sub 17.

Venceu hoje o Real Madrid, por 3x0, já pela semifinal, e ficou esperando a definição do adversário entre o Partizan, de Belgrado, e o Sevilla. Devido à morte do lateral Puerta, o time do Sevilla retirou-se da competição e foi acompanhar o enterro do companheiro.
Com isso, o adversário do São Paulo na final será o Partizan, mesmo.


Campanha

O São Paulo começou a competição no Grupo 4, onde estavam os romenos do Steaua Bucareste, os espanhóis do Albacete e os escoceses do Glasgow Rangers.

Na primeira fase, três vitórias belas vitórias. No dia 21 de agosto, 3 a 0 sobre o Steaua Bucareste. Dois dias depois, 3 a 2 sobre o Albacete e no dia 25, vitória por 2 a 0 sobre o Glasgow Rangers.

Nas quartas-de-final foi a vez de enfrentar uma equipe sul-americana. O rival era o tradicional Peñarol, do Uruguai. Em jogo bastante disputado, vitória por 3 a 2 e classificação para as semifinais.

Nesta quarta-feira foi a vez da equipe encarar o poderoso Real Madrid. Grande vitória por 3 a 0 e classificação para a decisão do torneio.




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Sucesso e boa viagem!


Ufa!

Mais dois dias e fecha a janela de verão para transferências.

(Verão? Com essa frente fria?... Verão europeu, cara-pálida, verão europeu.)

Segunda-feira será o dia de contabilizar as perdas.

Mas... Terão sido mesmo perdas?

Se foram perdas, quem perdeu?

Ah, o futebol brasileiro perdeu...

Certo, certo, é verdade, o futebol brasileiro perdeu.

Perdeu quem, mesmo?

Ora, minhas senhoras (poucas) e meus senhores (muitos), lamento discordar, mas nada perdeu o futebol brasileiro e tampouco perderam os clubes. Quando um executivo sai do Brasil e vai para outro país ninguém grita que “o Brasil perdeu” ou que as empresas perderam. Simplesmente aceita-se o fato, assim como se aceita sem maiores críticas a debandada anual de muitos milhares de jovens que deixam a aprazível Terra de Vera Cruz em busca de trabalho e salário em outros países. Austrália, Estados Unidos, Inglaterra, Japão e Portugal, entre muitos outros, são os destinos dessa turminha que parte em busca de uma vida melhor ou, simplesmente, de uma vivência no exterior que permita-lhes adquirir conhecimento e, eventualmente, algum dinheiro também.

Antes de mais nada é muita hipocrisia toda a gritaria levantada em torno dessa diáspora futebolística. Cerca de mil jogadores deixam o Brasil ano após ano. Desses, a quase totalidade é formada por jovens sem emprego ou com um empreguinho que mal e mal atinge o salário mínimo ou passa um pouco dele. Pior: a maioria passa longos períodos sem ver a cor da bola remunerada, até porque a maioria dos times brasileiros vive durante 4 a 7 meses por ano, e nos demais hiberna.

Os holofotes voltam-se para Pato, Ilsinho, Josué, Carlos Eduardo...

Muito justo, são nomes como esses que chamam a atenção de leitores e telespectadores, mas esses são quatro, às vezes seis, nunca passam de dez. Os demais, os outros “990”, são nomes como Esrael, Abdias, Valter, Inácio e outros que nunca chegaram a ter seus nomes impressos num jornal qualquer. São tão desconhecidos como o amigo do meu filho que foi pra Inglaterra e de lá para a Itália, em busca de trabalho, salário e futuro. Seu nome só é conhecido da família e dos amigos, assim como os nomes de 996 jogadores de futebol que se mandaram.

Se ficassem aqui não trabalhariam. Ou trabalhariam em alguma atividade distante daquela com que sempre sonharam. Ao invés de jogar bola, assentar tijolos numa obra eventual, arrumar uma moto e fazer entregas malucas, morrendo numa rua qualquer aos 21 anos de idade, ou, tão provável quanto, ganhar uma grana “trabalhando” com pó ou pico ou fumo, e morrendo por uma bala aos dezenove, vinte, vinte e um ou menos ainda. Estatisticamente, o assassinato é a maior causa mortis na faixa etária de 16 a 24 anos.

Fica acertado, então, que a rapaziada deixa a doce e quente Terra de Vera Cruz em busca de trabalho e das coisas que associamos ao trabalho: salário e uma vida digna e decente. Ops, isso é teoria no Brasil, só é realidade em outros países. Um ponto a mais, então, para “sair do Brasil”.

E os pobres clubes?

Ora, ora, ora, os clubes nada têm de pobres. Se estão se arrastando pela hora da morte é por obra e graça de seus próprios dirigentes, gente, por sinal, sempre muito bem de vida em sua imensa maioria, quase totalidade.

Dizer que os clubes investem num jogador é uma verdade muito relativa, pois isso só acontece, de fato, com poucos clubes. E esses, bem ou mal e geralmente bem, sempre são remunerados quando um de seus “formados” vai para o exterior.

Outra coisa: ao investir num jovem jogador, o clube está fazendo o que lhe compete numa economia capitalista. Investe, sim, mas visando o lucro futuro. Não o faz por idealismo e sim por interesse. Tanto é verdade que para cada “formando”, sete, oito, dez outros garotos foram dispensados. Todo investimento pressupõe o risco como contrapartida ao possível ganho. Risco quer dizer que o clube pode ser dar bem, muito bem ou nada conseguir.

É assim o jogo em qualquer economia capitalista, sendo o lucro a recompensa pelo risco. Dessa forma, na minha visão, nada há para os clubes reclamarem.

O futebol brasileiro não está nem um pouco preocupado com essa garotada que sai daqui. Até pelo contrário, pois ao tê-los lá fora fica mais fácil olhar e convocar. Para o futebol brasileiro, essa diáspora é, na verdade, muito salutar, pois permite um giro mais rápido da rapaziada e o surgimento de muitos novos valores a cada ano.

Finalmente, mas não menos importante: dizem que os jogadores deveriam ficar mais tempo no Brasil, conquistar uma ligação maior com a camisa do clube que defendem, etc e tal. Sentimento bonito, não resta dúvida, mas o que deve fazer um garoto, quase sempre vindo da base da sociedade, onde tudo é necessidade e o supérfluo e boa parte do essencial não existem, quando surge uma proposta milionária em sua vida? Uma proposta que significará acertar a vida dele mesmo e de toda sua família? Vamos supor que ele fique, sensibilizado pelos pedidos dos dirigentes, mídia e torcedores...

De repente, num lance isolado e sem perigo algum, perdido num canto qualquer do campo, lá está nosso jovem valor de frente para a bola e de costas para um adversário que o acerta. Com ou sem intenção, criminoso ou não, a verdade é que lá vai nosso jovem valor para o hospital. Fraturas, recuperação, fisioterapia e a dúvida: voltará a ser tudo que era?

Não, minhas senhoras e meus senhores, nada disso, nada da molecada dar ouvidos a jornalistas, dirigentes e torcedores. Eles devem ouvir suas famílias e seus bolsos. Pois, em caso contrário, correm o risco real, verdadeiro, de serem perdedores, os únicos perdedores, como sempre foram.

Portanto, rapaziada boa de bola, boa viagem, façam sucesso e sejam felizes nas terras d’além-mar.

Por aqui, tentaremos ser felizes até a janela de inverno.


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terça-feira, agosto 28, 2007

Brasilianas de final de agosto


Parece que nem tudo está perdido nessa Terra de Vera Cruz.

O ex-primeiro-ministro Zé Dirceu e seus 39 companheiros de Mensalão, serão julgados pelo STF.

Muito bom.


No mundo do futebol, todavia...

Roger e Vampeta foram julgados hoje e ambos pegaram um jogo de suspensão cada um. O crime? Simulação.

É, nada como um tribunal duro, inflexível, não é mesmo?


Amanhã serão julgados Túlio e Luciano Almeida. Ambos estarão ausentes, defendendo seu time contra o time de... Roger.

Ah, essas coincidências.

O interessante nisso tudo é que os dois foram denunciados por suas atuações num jogo que ocorreu sete e oito dias antes dos jogos de Roger e Vampeta.

É...

Um dos auditores do tribunal disse em off que achou estranho esse fato e que em casos que chamam muito a atenção como os de Luciano Almeida e Túlio, o normal é o tribunal julgar com rapidez para evitar maiores polêmicas. Apesar disso, o relator do processo atrasou demais o encaminhamento.


Definitivamente, abriu-se uma ensandecida temporada de caça aos árbitros no Brasil. Não há tolerância e muito menos compreensão do que ocorre num gramado. Todos exigem, no mínimo, a perfeição, melhor ainda se a favor de seu próprio time.

Atribuo o excesso de erros de arbitragem a uma vontade exagerada em apitar “certo” por parte dos árbitros e auxiliares, uma tentativa de evitar o massacre que se sucede após cada rodada do BR. O pessoal entra pressionado em campo e acaba não marcando com naturalidade.

O cúmulo desse processo foi atingido no episódio “Ana Paula”, punida por duas marcações polêmicas. Uma, com certeza, não foi um erro e sim um acerto. Já a outra foi um erro, conforme atestaram as ilhas de edições, com suas imagens em slow motion e também congeladas quando necessário, além de mil vezes repetida.

Ora, em casos assim nenhuma marcação pode ser considerada como errada.



Leia em voz alta, sem pausa entre uma linha e outra:


Um Mississipi...

Dois Mississipi...

Três Mississipi...

Quatro Mississipi...

Cinco Mississipi...


Leu? Ótimo!

Agora leia essa linha:


Um Mississipi...


Pronto, vamos à explicação. A leitura das cinco linhas iniciais consumiu 5 segundos de sua vida. Cinco longos e tenebrosos segundos.

Já a leitura da linha única consumiu um único segundo.

Um árbitro ou um auxiliar, tem esse tempo, ou menos, para marcar uma falta, um impedimento, um pênalti, ou deixar uma jogada prosseguir.

Um segundo ou menos!

Essa é uma atividade naturalmente sujeita a erros e com eles o futebol conviveu desde seu primeiro berço. Essa sanha pela perfeição é anti-futebol, acima de tudo.



E o clima nos blogs está tenebroso, ou melhor, continua.

Melhor descansar os dedos.


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domingo, agosto 26, 2007

Crises histéricas


Somente agora assisti à patética entrevista do presidente do Fluminense.

Simplesmente patético ao reclamar da arbitragem e, muito pior, principalmente partindo de alguém que tem o cargo que ele tem, ao dizer, batendo apopleticamente na mesa, que seu time é costumeiramente prejudicado por árbitros paulistas.

Histeria pura, bairrista e cretina, acima de tudo.

Mesmo porque o lance permite a conclusão de que a mão do jogador do Grêmio bate na bola sem querer, principalmente porque Marcel já está adiante do goleiro Fernando Henrique e de costas para a ação, desenvolvida em alta velocidade e adrenalina.

O árbitro disse que nada houve de intencional, e o mesmo disse o responsável pela Comissão de Arbitragem. Fica pela interpretação, o que é possível no futebol, mas só aceito quando a favor.


Os erros, ou supostos erros, se sucedem normalmente.

Não acredito que se erre mais do que antes, e sim que hoje os erros são mais percebidos graças aos recursos eletrônicos.

O que complica ainda mais é a mistura de erros com bairrismo.

Ora, o bairrista só enxerga o próprio umbigo e nada vê dos outros. Logo, é incapaz de perceber quando erros acontecem a seu favor. Isso não existe, simplesmente, para as mentes simplórias que dividem o mundo em apenas dois lados, apenas duas cores, apenas dois conceitos.

E quando um sujeito com formação científica de alto nível, como é o caso do presidente do Fluminense, berra bairristamente que seu time é prejudicado por árbitros paulistas, tudo fica mais complicado.

O nível de discussão nos blogs está cada vez pior, cada vez mais baixo. Ofensas e agressões se sucedem, e na grande maioria delas o bairrismo está na base, na origem das patacoadas.

Todo torcedor tem seus motivos para reclamações, essa é a única certeza a respeito disso. Todo time é prejudicado e beneficiado, ora num jogo, ora em outro. Negar isso é negar o óbvio.


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A Turquia é Brasil

No Estadão de hoje matéria sobre o Fenerbhace, o time mais brasileiro da Turquia. Ao lado do Milan, o mais brasileiro da Europa. E da Ásia, ao mesmo tempo, já que a Turquia está nos dois continentes.

Ler essa matéria foi um bom começo de dia, prenúncio do que viria a seguir na Formula 1.


Felipe Massa de ponta a ponta, simplesmente.




O baixinho que não leva desaforo largou muito bem e manteve a posição que já era sua no grid.

E assim se manteve, com Raikkonen e Hamilton atrás.

O mais importante foi ter conseguido manter a posição depois dos dois pit stops, principalmente o segundo, pois seu carro parecia pior que o de seu companheiro antes da parada. Mas voltou bem à pista e manteve o campeonato ainda mais animado e aberto. Mesmo porque Hamilton teve um pneu dechapado, parou, perdeu tempo e só chegou em 5º lugar.

Ruim para ele, excelente para o campeonato.

É bom destacar que a vitória de Felipe começou ontem, ao fazer a pole mesmo com um carro mais pesado que o de Raikkonen. Hamilton largou em segundo, mas nessa pista é melhor ser terceiro que segundo, devido à sujeira que se acumula fora do trilho usado pelos pilotos, o que se confirmou com a fácil ocupação do segundo lugar pelo finlandês logo na largada. Afonso largou mais atrás e mal, caiu para sexto, recuperou-se e terminou em terceiro.

Felipe tem com Kimi uma relação protocolar e fria.

Com Fernando um pouco menos que isso.

O oposto se dá com Lewis, com brincadeiras, sorrisos e simpatia de parte a parte o tempo todo. E os dois fazem muito bem à Formula 1. São simpáticos, alegres, interagem com torcedores e equipes, são vibrantes e, sobretudo, são queridos pelo público.

Quatro grandes pilotos brigando corrida a corrida fazia falta à F1.

Ter dois pilotos carismáticos e simpáticos também fazia muita falta.

Agora temos tudo, menos as velhas disputas por posições nas pistas.

Parece que não se pode ter tudo, mas tá bom assim.

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