Setembrinas do dia 1o
Copa ou Contrato?
- Souza, se você tivesse que escolher entre ficar no Brasil e jogar a Copa ou ir para o exterior com um bom contrato de alguns anos, o que você escolheria?
- O contrato, claro. Eu tenho que pensar na minha família e jogar a Copa, defender a Seleção é um sonho, mas não adiantará nada se dez anos depois eu não tiver como sustentar meus filhos.
Cleber Machado perguntou e Souza, do São Paulo, respondeu, no Arena Sportv da última quinta-feira. Indo mais além, ele ainda citou o ex-jogador Peu, campeão do mundo pelo Flamengo, que vive em Maceió com algumas dificuldades.
Souza é bom de entrevistas, fala bastante, não foge de assunto, o entrevistado que todo jornalista gosta e que os dirigentes, em sua maioria, bem como muitos torcedores, detestam. Ele deixou claro que adora jogar no São Paulo, onde o dia 30 é o dia 30, sem erro, onde o clube faz tudo para o jogador sentir-se à vontade e só pensar em jogar bola, etc, etc, mas, mesmo assim, seu empresário está sempre de olho aberto para uma possível transferência. Como ele disse, rindo, “ele tem interesse em me ver transferindo pra poder ganhar, né?”. Mesmo com a renovação de seu contrato até 2010 – na verdade uma extensão e um prêmio da diretoria para ele, pois seu contrato só terminaria em 2009, Souza deixou tudo bem claro: se tiver uma proposta compensadora, ele vai para o exterior.
Ele sabe muito bem o que pode e o que não pode ser compensador. Não somente ele, mas a maioria dos boleiros, hoje, tem uma noção muito mais clara do que representam e do quanto valem.
Jogar no exterior representa a redenção financeira de toda uma família. Isso talvez seja difícil de ser entendido por pessoas que já nasceram em casa própria, e boa, sempre tiveram comida na mesa, carro na garagem, férias na praia ou nas montanhas, e outros luxos, pequenos, minúsculos, típicos da classe média de qualquer país decente, mas que no Brasil, ainda hoje, não estão ao alcance da vasta maioria da população.
O tamanho do nosso futebol
Deu na Folha desse sábado, o primeiro de setembro, quando entramos de vez no terço final do ano:
“O Clube dos 13 faz lobby em Brasília para aprovar mudança na lei que dá aos jogadores o direito de rescindir contrato após três meses de vencimentos atrasados. Quer uma tolerância de mais 15 dias para acertar pelo menos um dos meses.”
Ao brigar por essa benesse, o topo, a fina flor do nosso profissional está reconhecendo que times da 1ª divisão não são ou não serão capazes de manter em dia o pagamento de salários de seus atletas. Não satisfeitos com inacreditáveis 90 dias, ainda pedem mais 15! Um pedido que envergonha qualquer um com o mínimo de consciência e decência, mas que mostra, com exatidão crua e sem tempero, o tamanho do nosso futebol, ditado por seus dirigentes da idade da pedra.
Pagar o salário para quem trabalha é básico, elementar, essencial.
Quem vende sua força de trabalho no mercado, seja para varrer uma rua, seja para estrelar uma novela de televisão ou para defender uma equipe de futebol, faz isto em busca de uma quantia que garanta sua sobrevivência e a de seus familiares. Ao atrasar salários, ainda mais por tanto tempo, os dirigentes estão mandando seus funcionários (como assim “seus funcionários”? – palavras vazias) irem à luta, saírem à caça de outros meios de sobrevivência para si próprios e para os que dele dependem.
Como na pré-história: esgotado um território de caça, a tribo mudava-se para outro. Simples assim.
Que o Congresso não só não atenda a tal pedido, como ainda por cima reduza-o, é o que eu acho correto.
Todo ser humano deve ser livre para sair à caça de seu alimento.
Sucesso e Fracasso no Sub 17
Enquanto o time da CBF, também conhecido por Seleção Brasileira Sub 17 fracassou até grotescamente no Pan Americano disputado
O volante Bruno Formigoni foi eleito o melhor jogador da competição.
Esse garoto teve seu contrato renegociado até 2010 poucos dias atrás. Manter a rapaziada livre do assédio de empresários é um dos maiores problemas que apresentam as competições fora do Brasil. Aliás, no Brasil também, mas é menos difícil manter o pessoal à distância. Para evitar esse tipo de assédio, os times da base do São Paulo saem do Brasil com seguranças próprios.
A disputa é cada vez mais dura tanto dentro como fora do campo.
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