Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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quinta-feira, outubro 30, 2008

Rolando pelo mundo




Asian Champions League


A Confederação Asiática de Futebol – AFC (Asian Football Confederation) – irá relançar a Asian Champions League nesse final de ano, dando sequência a um seminário que terminou hoje em Kuala Lumpur, e destinado a dirigentes esportivos dos times do continente.

No seminário, além de aspectos técnicos ligados ao que acontece dentro dos gramados, a tônica foi mesmo o futebol como business. Numa de suas primeiras palestras, o Professor Mikkel Draebye perguntou a mais de 150 dirigentes esportivos quantos deles faziam planejamento estratégico visando o crescimento de seus clubes. Menos de dez participantes levantaram as mãos. Já próximo do encerramento do seminário a situação era diferente, e praticamente todos já falavam e pensavam em como aumentar receitas, investir na formação de jogadores e atrair mais torcedores/consumidores, como parte do planejamento estratégico imaginado para seus clubes. Segundo ele, a reação dos asiáticos é similar à de dirigentes de pequenos clubes europeus.

Draebye viaja por todo o mundo e diz-se surpreso, ainda, pela grande quantidade de clubes que ignoram o marketing e o planejamento para crescerem e se sustentarem em seus mercados. Ou seja, trocando em miúdos, não são tratados como um negócio por seus dirigentes.

Disse Mr Mohamed Bin Hammam, presidente da AFC: “Este seminário é um importante passo para o relançamento da AFC Champions League. Educação e aprendizado são prioridades da AFC e nós queremos aprimorar e assegurar que os dirigentes dos clubes trabalhem de forma profissional, para que o futebol da Ásia continue a crescer.”

O Seminário foi organizado pela International Center for Sport Studies (CIES) e contou com o suporte da FIFA, também.

O relançamento da AFC Champions League visa reposicionar essa competição como a mais importante do futebol asiático, e será acompanhado por ações promocionais em todo o continente. A estratégia de marketing vai focar a competição como a chegada de uma nova era para o futebol asiático, prometendo mais disputa e emoção, dentro e fora dos campos.


Comentário do Olhar Crônico Esportivo: o futebol consolida-se em velocidade impressionante como o esporte universal, o mais popular do planeta. Essa iniciativa da AFC é interessante e deve, ou deveria, fazer os dirigentes da CONMEBOL e CONCACAF pensarem a respeito cuidadosamente. É mais que chegado o momento de fazer da Copa Libertadores de America um torneio classe mundial, de fato, ampliando sua cobertura e penetração em outros continentes.






Crise? Que crise? – Parte I


Nesse momento é o que devem estar se perguntando dirigentes e torcedores do
Manchester United, que fechou um contrato de patrocínio com a suíça Hublot, fabricante de relógios e uma das patrocinadoras da EuroCopa 2008.

O valor do contrato, segundo fontes, é de 10 milhões de libras por 4 anos, equivalentes hoje a quase 13 milhões de euros ou, ainda, 35 milhões de reais.

A Hublot investe no futebol há dois anos e é, também, o relógio oficial da Premier League. O anúncio foi feito pelo presidente do Manchester United, David Gill, ao lado de Sir Alex Ferguson e diversos jogadores. Depois de elogiar o novo patrocinador e falar da satisfação em recebê-lo no Manchester, Gill deu uma amostra do humor britânico, referindo-se ao veterano treinador e diretor da equipe:

“Alex é conhecido por ser fanático pela marcação de tempo, dentro e fora do gramado. Agora nós temos um parceiro para dividir com ele essa paixão.”

Esse é o quarto patrocínio novo ou renovado nessa temporada. Os outros são a Budweiser, que renovou seu contrato, e os novos patrocinadores Saudi Telecom e Governo Metropolitano de Seul. Árabes e sul-coreanos mostram que investir na Ásia não rende somente torcedores e verbas de licensing, mas também patrocínios.
Outros patrocinadores da equipe são a seguradora AIG, principal patrocinadora da camisa e que está sob intervenção do FED, o banco central americano, por conta do Crash 2008 que afetou-a profundamente, e também a Nike como fornecedora de material esportivo e a agência de apostas Betfred.

Aparentemente, essa movimentação tende a confirmar o que foi dito por especialistas há dias, de que a crise afetaria mais aos pequenos que aos grandes times. Ver a respeito o post “Clubes europeus sofrem com “crash”, de 25 de setembro, que também fala do valor do patrocínio da AIG.





Crise? Que crise? – Parte II


Nesse momento é o que devem estar se perguntando dirigentes e torcedores do
Tottenham, que anunciou a intenção de construir um novo estádio em Londres, com capacidade para 60.000 torcedores. Seu atual e antigo estádio, o White Hart, tem capacidade para 36.200 espectadores sentados, mas em 1938 recebeu 75.038 pessoas para o jogo Tottenham x Sunderland.

Segundo o presidente do clube, Daniel Levy, o clube tem hoje 22.000 torcedores em lista de espera para a compra de carnês para a temporada e conta com mais de 70.000 sócios, todos eles potenciais compradores. O novo estádio, com um novo museu, lojas e todos os ingredientes das modernas arenas e também com um novo centro de treinamento anexo, será construído perto do atual, mantendo todos os vínculos históricos do clube com a comunidade.

No mesmo evento, Levy comunicou os resultados do último ano, fechado em 30 de junho. O clube teve um aumento de suas receitas, que passaram de 103 para 114.8 milhões de libras – o equivalente a 400 milhões de reais ou 146 milhões de euros.

É... 400 milhões de reais no período 1º de julho de 2007 a 30 de junho de 2008, nada mau, nada mau mesmo. Meramente para efeito comparativo, nesse mesmo período as receitas do São Paulo, clube que tem a maior receita no Brasil, deve ter atingido algo como 200 milhões de reais, hipoteticamente, considerando um mix entre 2007 e 2008.

Ou seja, nossa realidade ainda está muito distante da deles.
Já estivemos menos distantes, antes do Crash.


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quarta-feira, outubro 29, 2008

Mixto, um time de futebol do Brasil




Vamos falar de futebol brasileiro?

Futebol brasileiro, e não G5, ou G4, ou Clube dos 13 ou mesmo FBA.

Vamos? Ótimo, vamos lá.



Com uma semana tranqüila, o Corinthians foi disputar um amistoso em Cuiabá, contra o Mixto.

Amistoso? Ah, você esqueceu o que é. Bom, vamos lá: no linguajar do futebol, amistoso é o nome genérico dado a partidas que não envolvem a disputa de uma competição oficial. É uma forma do clube convidado ganhar algum dinheiro e também, dependendo da época do ano, testar e treinar a equipe. Jogos amistosos eram muito comuns no Brasil, antigamente, antes da CBF e das Federações se assenhorearem do calendário em sua totalidade.
Não é à toa que quase ninguém mais lembre o que seja um amistoso.

Voltando ao tema deste post, lá foi o Corinthians para um jogo sem televisão. Os jornais e sites pouco noticiaram, mas, alvíssaras, estamos na era da internet, e graças a ela e ao velho e confiável rádio, temos acesso a esse excelente post da Larissa Beppler, torcedora do Corinthians e responsável pelo blog Preto no Branco – recomendo a leitura, mesmo para quem não torce para o Corinthians. Transcrevo parte dele, assim como de comentário de um jornalista cuiabano e leitor da Larissa. A íntegra e demais comentários vocês podem ler no blog da Larissa, basta clicar ali atrás ou aqui.


...os destaques da partida, surpreendentemente, não foram os jogadores alvinegros, mas os acontecimentos extra-campo. Pra não dizer que não houveram jogadores em destaque, Elias ex-lateral esquerdo do time de 1993 do Corinthians foi o homenageado da noite, mas só permaneceu em campo durante os 20 minutos iniciais e o meia Beto que era a novidade do time do Mixto, contratado especialmente para o amistoso. Beto que no intervalo do jogo, trocou a camisa com o lateral corinthiano Alessandro e depois acabou ficando sem uniforme. Dá pra acreditar?

Como se não bastasse a falta de estrutura do clube e a queda de iluminação no estádio, os jogadores mixtenses aproveitaram a repercussão da partida para protestarem contra os salários atrasados, no intervalo, ameaçaram não retornar para o gramado, caso não houvesse pagamento e foi preciso intervenção dos organizadores do evento para solucionar a situação. A Rádio Cultura noticiou que a diretoria do Mixto mal aparece pelo clube. É, a crise está grande nos times do Mato Grosso!

E teve até jogador chorando por não poder entrar em campo. Enquanto Mano Menezes aproveitou para trocar praticamente o time inteiro no decorrer do jogo, o técnico Fumanchu realizou apenas uma alteração, Elias por Ronny, que foi alvo da atenção do comandante corinthiano. E os jogadores do Mixto, sem chance de mostrar seus talentos na grande partida do ano, saíram decepcionados. O reserva Janse, visivelmente desapontado, reclamou: “É triste isso. A gente vem para cá com esperança, com o sonho de jogar contra um grande time, mas vê tudo isso destruído. Dá até vontade de parar.”

E como é triste ver qualquer clube brasileiro nessa situação. Não há dúvidas que o Mato Grosso tem capacidade de formar elencos competitivos, bem como qualquer outro estado do país. Assim como o Mixto já disputou a Série A no passado e o Operário (do Mato Grosso do Sul) já alcançou até a 3ª colocação no Campeonato Brasileiro. Basta que haja interesse dos gestores em administrar o clube corretamente, somando parcerias equilibradas, realizando um bom trabalho de marketing e se preocupando de fato com o clube, buscando atrair associados, renegociando o preço da mensalidade, etc. Não é difícil, mas precisa de gente trabalhando lá e não apenas realizando amistosos para constranger jogadores e torcida.




Cuiabá apresenta o 37º maior IPC do Brasil (veja neste Olhar Crônico Esportivo o post “Cidades, IPCs e os clubes de futebol”, de 24 de setembro desse ano), o que a deixa em posição bem acima de Caxias do Sul, a 41ª, e São Caetano do Sul, a 91ª, ou, ainda, de Ipatinga, a 110ª no ranking brasileiro. O Mato Grosso desenvolveu-se de forma extraordinária nos últimos 25 anos – e isso falo de cátedra e boca cheia, pois desde 77 acompanho com razoável intimidade e presença o que se passa nesse estado, em todas as suas regiões. Sinceramente, não dá para usar o discurso batido, chato e ultrapassado da “falta de dinheiro”. Melhor assumir de vez a “falta de gestão”, sempre dizendo o mínimo, para não correr o risco de falar demais.

Bem a propósito, a Larissa teve um leitor e comentarista de primeira, o jornalista cuiabano Leonardo Miranda, que escreveu esse trecho em seu comentário: “
Quanto ao que disseste sobre o futebol daqui, é realmente lamentável… os dirigentes locais ainda administram o futebol como na década de 70… é triste ver a tradição de times como Mixto, Operário e Dom Bosco se esfarelarem com o tempo…

Ao fim e ao cabo voltamos ao mesmo ponto: gestão, administração, competência, seriedade, honestidade, inteligência.

Preocupado com o Cruzeiro x Grêmio de logo mais? Ou, quem sabe, com Palmeiras x Goiás? Talvez, como eu, ligado no Botafogo x São Paulo, no Engenhão? Ah, teu negócio é o Barradão e o encontro dos dois rubro-negros?

Opa, e temos ainda os novos torcedores, a turma que já não dá muita bola para o que rola por aqui, nem mesmo entre essa turma da elite, esse pessoal do Clube dos 13, G5, G4 e outros. É a turma que acompanha e torce por times d’além-mar. É, parece incrível, mas essa turma existe e está em viés de alta.

Ótimo, muito bom. Saiba, porém, que, mesmo que representem um grande percentual da torcida brasileira, esses jogos reúnem times que não representam o futebol brasileiro. Nesse ponto, o da representatividade, o Mixto é muito mais representativo de nossa realidade.

E acredite: há situações muito piores que a do time cuiabano.


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terça-feira, outubro 28, 2008

Haja dinheiro, haja loucura



Segundo matéria da Folha de S.Paulo, no decorrer de 2008
Mano Menezes ganhou e ganhará, em média, 305.000 reais por mês do Corinthians.

Dinheirão, não?

Por tudo que se sabe e sem nunca haver um desmentido categórico, digno de confiança,
Vanderlei Luxemburgo ganha 500.000 mensais no Palmeiras, mesmo valor que já ganhara no Santos.

Dinheirão, não?

Nesse cenário, o São Paulo destoa. Juvenal paga a
Muricy algo entre 200 e 250 mil mensais, com maiores probabilidades de 200 que de 250.

Dinheiro mais que razoável, não?

Os 305 mil de Mano já incluem, segundo a matéria, férias e 13º. Incluem, também, luvas de 1 milhão de reais, que deveriam ter sido pagas em duas parcelas, mas acabaram divididas em parcelas mensais no decorrer do ano, pois o clube teve problemas de caixa em todo o período.

Por sinal, ainda tem e continuará a ter em 2009.

Esse valor de 305 mil não inclui os
encargos sociais.
Estes, com toda a certeza, são pagos sobre parte desse valor, como é praxe no mercado brasileiro (já adianto que acho corretíssima; ninguém agüenta a carga fiscal do estado tupiniquim).

Tudo isto significa um desembolso anual da ordem de aproximadamente 4.200.000 reais.
Arredondemos tudo para
4 milhões.

Vanderlei custa pouco menos de
7 milhões ao Palmeiras.

Muricy custa pouco menos de
3 milhões ao São Paulo, um pouco menos do que custa ao clube Rogério Ceni.

Para renovar seu contrato, Mano quer pelo menos
350.000 mensais, o que elevaria seu custo anual para cerca de
5 milhões
de reais.

Há anos Marcelo Portugal Gouvêa e depois Juvenal Juvêncio, vêm reclamando dos valores estratosféricos pagos a treinadores.

Estamos em meio a uma crise econômico-financeira que tudo indica ser sem precedentes.
A NBA já mandou embora 9% de sua força de trabalho e reduziu o preço dos ingressos para a temporada em 50%.
Os primeiros sinais de uma crise profunda começam a pipocar por toda parte.
Agora, nos últimos dias, até jornalistas e cronistas esportivos que pouca importância davam a esse tema já falam em crise e começam a pensar em seus possíveis efeitos por aqui.

Nessa altura do campeonato, cabe uma indagação que já foi feita mais de uma vez e que vale a pena ser repetida: esse pessoal vale mesmo tudo isso?

Na opinião deste Olhar Crônico Esportivo o limite do razoável é ditado por Muricy Ramalho.


Em tempo: Carlos Leite, agente de Mano Menezes, disse que o treinador tem várias ofertas de trabalho, que serão analisadas caso o Corinthians não concorde com o valor pedido.

Pois é...


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segunda-feira, outubro 27, 2008

Rolando por aqui e ali





Eleição nos USA – o efeito “Márcio Braga”


Mais que depressa, a direção da campanha do candidato democrata Barack Obama, desmentiu categoricamente que já tivesse pronto o discurso de posse, respondendo à acusação feita pelo candidato republicano, John McCain. A denúncia do republicano foi feita a partir de matéria veiculada no New York Times.

É grande a preocupação entre os dirigentes da campanha democrata em evitar toda e qualquer coisa que passe uma imagem ou, ainda pior, um sentimento de “já ganhou”.

Segundo fontes ouvidas pela sucursal deste Olhar Crônico Esportivo em Washington, DC, o próprio candidato, Barack Obina, ops, desculpem, Barack Obama, fez esta recomendação aos seus assessores, preocupado com o efeito das palavras do presidente Márcio Braga antes do jogo contra o Clube Atlético Mineiro.

Cá como lá, no futebol e na política, e na verdade em qualquer outra coisa, pode-se cantar vitória antes do tempo.

Minha avó dizia que não se podia contar com o ovo... na galinha.



Euforia desmedida


Dizem que o presidente corintiano Andrés Sanches irá para a Europa nos próximos dias, em busca de reforços para o time em 2009.

O primeiro nome é Deivid, o centroavante que joga no Fenerbahce e está em recuperação de cirurgia.
Deivid tem contrato com o time turco até 2010 ou 2011, e ganha um salário muito elevado para os padrões brasileiros.

Creio que o melhor a fazer nesse momento seria fechar o Campeonato da melhor forma possível, ou seja, com o título, sem dispersar esforços e muito menos criando ou dando margens à criação de fatos e fofocas que possam desestimular a equipe.

Tomando o anti-exemplo de treinador famoso, o Corinthians não pode brincar no Brasileiro da Série B nesse momento. Conquistar o título é uma meta importante para terminar a temporada ainda melhor, e uma coisa é certa: os adversários do time do Parque São Jorge vão entrar em campo com a faca nos dentes, em busca de pontos preciosos para subir ou para não cair.



NASCAR ameaçada


Os tentáculos venenosos do Crash de 2008 atingiram a mais popular categoria automobilística dos Estados Unidos.

Ao contrário de outras categorias pelo resto do mundo, dentro do mais legítimo espírito americano e parte integrante do american way of life, a NASCAR cresceu e manteve-se intimamente ligada à indústria automobilística americana.

“O que ganha no domingo, vende na segunda.”

Uma relação direta, umbilical, mais explícita e ativa que na Europa, por exemplo.
Chrysler, Ford e GM sustentaram regiamente a NASCAR por décadas. A categoria que nasceu nas estradas de terra, no meio de fazendas de algodão no Sul dos Estados Unidos, onde a rapaziada apostava para ver se o mais veloz era um Buick ou um Chevrolet, integrou-se ao sonho americano e tornou-se, mais que uma competição, uma referência.

Agora porém, The Big Three passa por dificuldades. Os problemas já sentidos há muito tempo, desde a invasão japonesa nos anos 70 e o aumento no preço do petróleo, encarecendo a manutenção dos carrões, estão muito mais sérios. As outrora poderosíssimas indústrias lutam para sobreviver. O dinheiro para a NASCAR está curto e as equipes sentem o baque.

A NBA atravessa um momento ruim (há poucos dias este Olhar Crônico Esportivo falou da saída de atletas para a Europa e da recusa de outros que estão jogando na Espanha, por exemplo, de se transferirem para times da NBA), inclusive com cortes de pessoas e despesas, devido ao declínio no número de assinaturas para a temporada. Alguns patrocinadores de times passam por dificuldades financeiras e o banco que dá nome à arena de Filadélfia foi incorporado por outro para não fechar. Breve, a arena terá novo nome. Ou não.

O Comitê Olímpico americano perdeu o patrocínio da GM, no valor total de 1 bilhão de dólares para alguns anos. E a Divisão Cadillac cancelou seu tradicional patrocínio no tradicional e miliardário Másters de Golfe.

Sintomas de um mal maior que chegou com força à NASCAR, cujas equipes dependem integralmente de patrocinadores. Cada carro dessa categoria é um out door ambulante, com marcas diversas lutando por espaço e visibilidade. Esses autênticos anúncios móveis respondem por 80% do orçamento das equipes. Em outros esportes, como o já citado basquete, um baque desse tipo é sentido com menor intensidade, graças às receitas vindas dos direitos de transmissão. Nesse momento, duas equipes, que previam colocar seis carros nas pistas, estão correndo atrás de patrocinadores. Ainda não conseguiram e a próxima temporada começará pouco antes do final do inverno, em quatro meses.

O Crash colocou a NASCAR numa baita fria.
Não só ela, como já deu para ver.

E o soccer nosso de cada dia?


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domingo, outubro 26, 2008

Que final de semana!





Fortes emoções


O final de semana que ora termina enquanto escrevo trouxe fortes emoções.
Digamos, numa licença do cronista, que ele começou na quarta-feira, quando o que não era pensado, era tão somente sonhado pelos mais otimistas e esperançosos torcedores vascaínos, aconteceu. Em pleno Serra Dourada o Vasco não só venceu, como o fez de forma contundente, ao Goiás.

Na noite de quinta-feira, novas emoções, mas sem surpresas: três das cinco equipes instaladas no G5 venceram seus jogos, todos em suas próprias casas: Grêmio, São Paulo e Flamengo. Na coletiva, um repórter perguntou a Muricy se essas vitórias jogavam pressão sobre os outros dois membros do grupo que jogariam no sábado, Palmeiras e Cruzeiro.

“Claro que joga, joga bastante, e o cara jogando com mais pressão atua no limite. É complicado.”

Sem dúvida, Muricy, sem dúvida, bota complicado nisso. No primeiro dia do final de semana propriamente dito, o Palmeiras foi derrotado pelo Fluminense pelo clássico e categórico placar de 3x0. Na sequência, passando do Maracanã para a Arena da Baixada, outro clube do grupo instalado no “G4 do mal”, como disse Lédio Carmona, venceu um dos líderes: Atlético Paranaense 1x0 Cruzeiro.

O sábado terminou com mudanças no G5: o Palmeiras na quinta colocação, o Flamengo na quarta e o São Paulo na vice-liderança.

Emoções não faltaram para quem torceu e para quem secou.

Enquanto tudo isto se desenrolava nos gramados visitados pela Série A, no Pacaembu víamos um retorno.





Ele voltou



O Sport Club Corinthians Paulista enfiava 2x0 no Ceará e garantia seu retorno à primeira divisão do futebol brasileiro com larga antecipação, graças à derrota do Barueri para o Paraná. Se o time não ganhar um único ponto até o final do campeonato, terminará na quarta colocação, com acesso garantido. Mas vencerá e ganhará pontos, naturalmente, e salvo um grande desmonte emocional, técnico e físico, o Corinthians conquistará o título de Campeão da Série B.

Parabéns aos torcedores, que lotaram estádios e muito contribuíram para essa campanha, que não foi brilhante, mas foi correta, aplicada, tratada com seriedade e dedicação. Uma campanha vencedora. Parabéns aos jogadores e à Comissão Técnica mosqueteira, também.

Parabéns à direção corintiana, particularmente ao presidente Andrés Sanches e ao vice Luiz Paulo Rosemberg, o ‘homem do marketing’.

Sanches e Rosemberg enxergaram bem o futuro que se desenhava imediatamente após o rebaixamento e trataram de trabalhar para fazer o torcedor acreditar no time, e trabalhar para não deixar sua auto-estima desmoronar.

Ainda nos últimos de 2007, em meio à verdadeira convulsão que foi o período marcado pela queda de Dualib e seus diretores mais próximos, o clube começou a se mexer. Contratou um treinador de nome, de extrema competência, vice-campeão da Libertadores há poucos meses, o mesmo que há dois anos tinha levado o Grêmio a conquistar o acesso para a primeira divisão de nosso futebol.

Conquistou um novo patrocinador, que chegou pagando mais alto que o patrocínio do grande rival, o São Paulo, e mais do que recebia o outro grande clube de massa, o Flamengo. Passamos a presenciar, desde então, uma verdadeira campanha de marketing, bombardeando o torcedor alvinegro toda semana, até por duas vezes, com fatos e factóides. Como comentei à época, se fato ou factóide não era importante, o importante era ocupar as cabeças e manter quentes os corações dos torcedores.

Um novo time foi montado com as contratações possíveis.
O Paulista foi bem disputado e a equipe saiu-se bem, não tão bem como as ações de marketing, mas bem o bastante para tranqüilizar a todos pelo futuro imediato.
Por pouco, e felizmente, na visão deste blogueiro, o time não ganhou a Copa do Brasil e uma vaga para a Libertadores 2009. Digo felizmente porque, e esse é outro assunto, a situação das finanças corintianas não é catastrófica, mas é péssima, realmente péssima, e uma vaga na Libertadores geraria demandas às quais o clube e seus dirigentes em sã consciência não poderiam ceder sob nenhuma hipótese.

O Brasileiro da Série B foi tranqüilo, tirando alguns dias logo no início.
Não vale a pena repisar o já sabido.

No decorrer do ano o marketing corintiano continuou a pleno vapor. Em muitos momentos o Parque São Jorge mais parecia ser a sede de uma agência de promoções e não de um time de futebol. Como resultado disso, e eu presenciei esse fato em parentes e amigos, o torcedor não estava ‘ligado’ na realidade B do seu time.

Nem tudo foram flores.
Foi criada uma camisa roxa, sucesso de vendas entre os torcedores, mas demonizada por uma torcida organizada. Com acesso direto ao presidente, um erro lamentável e que um dia poderá custar-lhe caro, o grupo tanto pressionou que o clube optou por encerrar sua produção e vendas, depois de mais de 150.000 terem sido vendidas. Nesse ponto, nesse momento, Andrés Sanches errou, curvando-se aos ditames do jogo político interno.

A nova direção instituiu uma política de Transparência. Gosto dela, facilita a vida de quem quer se informar sobre o clube, seja torcedor, jornalista ou um blogueiro. Não chega a ser uma transparência 100%, está mais para a transparência de um vidro com algum ‘fumée”, digamos então que a transparência aparenta ser de 70, 75%.
Não importa, foi um avanço, foi um compromisso.

O estatuto foi modificado e foi votado. Há mudanças potencialmente perigosas, embora bonitas no papel, como o alargamento da base de eleitores e a eleição direta para a presidência.

O sucesso ou o desejo pelo poder atrai as pessoas. Grupos de oposição, algo necessário e salutar em toda instituição, são criados ou fortalecidos e passam a viver intensas disputas políticas. Não faz mal, pode fazer bem. Sobre isso, há muito o que falar e muito está se falando, mas no momento não vem ao caso.

Tudo que vem ao caso é que o time mereceu essa conquista e está de parabéns.

Para mim, essa campanha foi uma demonstração cabal da importância, do valor de uma administração que, se não é brilhante e que tem vários problemas, pode e deve ser chamada no mínimo de boa ou muito boa.

Se o fracasso é órfão e o sucesso tem muitos pais, estou apenas nomeando um dos pais dessa criança: a boa gestão.

A trilha sonora desse post é “O Portão”. Numa grande, inteligente e emocionante ação, o clube obteve autorização de Roberto Carlos e tornou os versos “Eu voltei, agora pra ficar/Porque aqui, aqui é o meu lugar” no hino do retorno à Série A.

Aqui aplica-se, com total cabimento, a velha expressão das salas de aula:

CQD – Como queríamos demonstrar.





Voto consciente


Finalmente, por último mas não menos importante, pelo contrário, até, o paulistano voltou às urnas hoje e reelegeu o prefeito Gilberto Kassab com acachapantes 60,72% dos votos válidos. Marta Suplicy, apesar do apoio da tropa de choque federal que pousou em São Paulo nos últimos dias, recebeu apenas 39,28% dos votos. Algo impensável há pouco mais de um mês.

Mesmo parado por horas e horas nos congestionamentos, sob um calor sufocante, o paulistano teve discernimento bastante para enxergar e separar as coisas. O trânsito dessa cidade é algo que vai muito além do simples raio de ação de seu prefeito. Consciente, o cidadão não descarregou sua ira e seu desconforto e prejuízo no prefeito. Poucas vezes, se é que alguma, vi uma votação tão consciente, em tão larga escala.

E assim termina o domingo e com ele esse final de semana prolongado, que vem desde a quarta-feira.

Como nem tudo são flores, como já disse, no estado do Rio de Janeiro o final de semana terminará somente na noite de amanhã. Os governos federal e estadual decretaram um feriado para os funcionários públicos ou coisa parecida com um feriado. Centenas de milhares de cariocas deixaram a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Por meros 50.000 votos, num pleito com 1 milhão de abstenções ou ausências, Fernando Gabeira perdeu a prefeitura.

Como disse, nem tudo foram flores nesse final de semana.


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