Um Olhar Crônico Esportivo

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quinta-feira, março 08, 2007

Custos de um estádio



Morumbi: faturamento em 2005

Em 2005 o São Paulo foi Campeão da Libertadores. Isso significou que o time jogou sete vezes no Morumbi, todas com grandes lotações e com valores mais altos para os ingressos. Na final, o ingresso mais barato custava cinqüenta reais, e a metade disso para estudante (ou portador de uma “carteirinha de”).

Esse excelente desempenho esportivo da equipe influiu fortemente na receita de bilheteria, que atingiu o total de R$ 13.651.000,00.

Além dessa receita, o Estádio Cícero Pompeu de Toledo gerou, também, outros R$ 7.930.000 na forma de receitas com publicidade, franquias, aluguel para eventos e cadeiras cativas e camarotes, atingindo uma receita total no ano de R$ 21.581.000,00.

As despesas geradas com o estádio chegaram ao total de R$ 4.754.000,00. Deduzidas essas últimas, teríamos uma receita líquida mensal média na faixa de R$ 1.400.000,00.

Convém ressaltar que isso é receita líquida, não lucro, pois sobre esse valor ainda incidem alguns impostos.

Todos esses números foram tirados ou deduzidos do balanço de 2005. Como o balanço de 2006 está prestes a sair, provavelmente atualizarei esses números, que, graças à presença em mais uma final de Libertadores, shows musicais e às boas rendas finais do Brasileiro, deverão ser bem maiores e, portanto, mais atraentes. Mas, de momento, esses números já se prestam muito bem para o que pretendo mostrar.



Projeto MSI/Corinthians


Ou Projeto Berezovski/Corinthians, que é o mais provável.

Há alguns dias o presidente corintiano foi recebido pelo presidente Lula da Silva. Além dos salamaleques de praxe, Alberto Dualib sondou o presidente sobre um possível empréstimo do BNDES para a construção de uma arena multiuso em São Paulo, e que seria, ou será, o estádio corintiano.

Essa pretendida arena teria capacidade para 60.000 pessoas e um custo de 500 milhões de reais para sua construção, o que equivale a pouco mais de 180 milhões de euros.

Um valor condizente, inicialmente, com o que foi gasto na construção de outros estádios pelo mundo.

Ignorando o período das obras – quando o dinheiro vem de fora e nenhum é gerado internamente – e supondo uma taxa de juros igual a zero, inclusive no período de carência, teríamos, numa conta simples, um desembolso mensal da ordem de 2,8 milhões de reais durante 180 meses.

Na vida real, porém, os juros existem, e eles elevariam o valor da fatura mensal para alguma coisa ao redor de 3,2 milhões no mínimo.

Uma vez pronto o estádio, e partindo do pressuposto que por ser moderno e novo requereria menos manutenção, ainda assim teríamos uma despesa mensal na faixa – hipotética e benevolente – de trezentos mil reais mensais.

Somando tudo, a cada primeiro dia de cada mês a parceria MSI/Corinthians estaria devendo a bagatela de algo ao redor de 3,5 milhões de reais.

Todavia, se pensarmos que renda de bilheteria deve ser do time (ou seja, do centro de custo “futebol profissional”), que também precisa manter-se e renovar-se, e não do centro de custo “estádio”, esses valores tornam-se quase impensáveis.

No caso do Morumbi, ainda em 2005, tivemos, em números arredondados, oito milhões de receitas do estádio propriamente dito (bilheteria fora), contra cinco milhões de despesas. Ou seja, uma receita líquida de apenas três milhões de reais, ou 250.000 reais por mês, equivalente a apenas 8% – oito por cento! – da faturinha sagrada de todo mês para pagar o empréstimo.

Um clube com um time de futebol não tem fins lucrativos, mas um empresário tem, e isso significa que Berezovski quer fazer um estádio para ganhar dinheiro. Além de pagar os custos da construção, o estádio teria que gerar receita para remunerar o investimento, o trabalho, a administração do milionário russo e seus associados.

Como?

Eu não sei. Mas que é suspeito, ah, isso é!

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