Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sábado, junho 07, 2008

Uma noite, 29 e 19 anos depois de outras



(Esse post não é sobre futebol, trouxe-o do Olhar Crônico para cá por julgá-lo importante. Ao menos para mim.)


Quarta-feira, começo de junho, noite fria em São Paulo, mas não muito. Noite paulistana, daquelas que dão um prazer enorme por simplesmente poder sentir o frio gostoso e aconchegar mais a blusa ou a coberta. Essas noites são mais quietas, mais tranqüilas, a cidade que pulsa sem parar cada vez mais e mais depressa... relaxa.

Saímos do cinema no shopping na beira da Raposo Tavares e primeiro meu ouvido, depois meu olhar, foram atraídos pelo espoucar dos fogos e o brilho dos rojões estourando no céu e iluminando a noite sobre o Estádio do Morumbi, a uns três, talvez quatro quilômetros em linha reta. Naquele momento o time do Corinthians entrava em campo e a torcida fazia sua festa. Apesar da paixão pelo futebol, naquele momento meus pensamentos andavam distantes dali, muito distantes e divididos entre os ídolos que vi na tela e o mestre, guru, mentor, sei lá como definir, cujo último, derradeiro livro acabara de comprar.



Indiana Jones IV

Vou falar dos ídolos, primeiro. Spielberg, Lucas, Harrison Ford e, claro, mais importante que eles, Indiana Jones. Reparem não, dou-me o direito dessa liberdade, separando criatura de criadores e dando a ela importância maior do que a quem deu-lhe a vida.

Em outra noite, já perdida na memória, saía de um cinema fascinado por mais uma aventura de Indy, dessa vez ao lado de seu pai, e perguntava-me, perguntávamos todos uns aos outros e a nós mesmos, quando veríamos o Indiana Jones IV. Dependesse de nós, apenas, isso já ocorreria no dia seguinte, ou na semana, no mês, o mais tardar no ano seguinte.

Porém, não foi assim. Passaram-se nada menos que 19 anos, o tempo de uma vida, o tempo de uma geração, para que sonhássemos novamente, com mais uma aventura do professor de arqueologia que conquistou nossos corações e mentes.



Falar o que desse novo Indiana Jones?

O mínimo e o máximo que posso dizer é que é mais um Indiana, e isso, para quem conhece e gosta, já diz tudo.

Nesse episódio, cujo final deixa sutis sinais de um quinto – quem sabe? – episódio, Lucas, Spielberg e Ford não deixam passar em branco o que vive hoje a mais rica e poderosa nação do planeta. O Indy de quem o FBI de Hoover suspeita e do qual ele reclama acidamente, é a personificação da Lei Patriótica de Bush. Sua frase “estão enxergando comunistas por toda parte”, nada mais é que a transcrição da realidade presente, onde as forças de segurança enxergam terroristas onde outrora McCarthy e seus seguidores enxergavam comunistas. Eu gostei, afinal, cresci num tempo em que dissecávamos um pueril verso perdido numa música, procurando nele significados ocultos de crítica ao sistema, ao regime militar. Sou da geração dos caçadores de sinais perdidos que desafiavam a censura dos generais.

O filme tem vários outros sinais, ou referências, facilmente percebidas para quem assistiu os anteriores.

Dezenove anos depois... O tempo passou, mas para minha mente sonhadora parece que foi ontem que deixei o cinema feliz depois de ver o Indy III.



“Carne Viva”

Terminado o filme, não poderia ir embora sem passar pela livraria. Ando em falta com esses locais maravilhosos, tão importantes na minha vida. Carregado de culpas, venho comprando meus livros pela internet, todos eles. É barato, sobretudo, e prático, mas tremendamente sem graça, sem charme, quase sem prazer. Nessa noite de quarta mudei meu script e comprei um livro na livraria sem ser a do aeroporto. Uma compra que não poderia, jamais, deixar de fazer: o último livro de Paulo Francis, para mim, ídolo maior que os cinematográficos e, mais que ídolo, guru, qualquer coisa assim, como já disse.

Comecei a ler Paulo Francis no Pasquim, uma coisa ou outra. Também li no Opinião, antes de começar a lê-lo na Folha, que só comprava nos dois dias da semana em que ele escrevia. Isso foi no começo dos anos setenta e eu nada, ou quase nada, sabia do mundo d’além Brasil. Ou d’além São Paulo e Minas Gerais, que era tudo que conhecia. No final daquela década, mais vivido, mais lido, mais sabido, na minha opinião, e já um quadro partidário, ainda militando numa clandestinidade mais light, por força da distensão lenta, gradual e segura de Geisel, li seu primeiro romance, “Cabeça de Papel”.

Marcou-me.

Antes que os 70 terminassem, veio o segundo, “Cabeça de Negro”, outra cacetada. Na noite de seu lançamento em São Paulo, vi Paulo Francis ao vivo pela única vez na vida. Trocamos meia dúzia de palavras protocolares, enquanto ele punha singela dedicatória e assinava meu exemplar, que conservo com carinho e ciúmes extremos até hoje.

Os dois “Cabeças” fizeram minha cabeça, abriram-na até sem grande dificuldade, pois ela já estava preparada, já percebia ou intuía que muitas de minhas fracas crenças eram mortas e sepultadas, como Inês.

O papel, a ação e a importância das esquerdas, que eu já revia a duras penas, sozinho, ressabiado, inseguro, ganharam novos contornos e certezas com essas leituras.

Descobri que a visão que eu tinha do Brasil, meio bagunçada e com vergonha de expor e comentar, não era coisa unicamente minha. Paradoxalmente, até melhorei minha visão e consolidei minha visão da Revolução de Outubro. Paulo Hesse e Hugo Mann, os protagonistas, fizeram mesmo minha cabeça.

Desde aquela noite ainda mais distante, vivida num outro país, num outro mundo, numa era em tudo diferente dessa e em tudo semelhante, sem tirar nem pôr, esperamos pelo terceiro e prometido “Cabeça”, talvez nunca escrito, talvez rascunhado, o livro que dar-nos-ia a chave para fechar nossa compreensão sobre o Brasil.

“Carne Viva” não é o fechamento da trilogia, é somente o último romance de Francis. Pena que não seja o final da trilogia, mas não importa, Paulo Francis está nele e isso basta.

Comecei a leitura, ainda não acabei.

Vários compromissos tiram o tempo que deveria ser da leitura. Ele terminou de escrever “Carne Viva” talvez um ano ou pouco mais antes de morrer, em 1997, mas já deu para perceber que o olhar de Francis continua arguto e, vá lá, usarei a palavra que queria evitar, premonitório, tal como em “Cabeça de Negro”, principalmente.

A noite dessa quarta-feira ficará em minhas lembranças. Não pelo futebol de Corinthians aqui e Fluminense no Rio, mas por esses reencontros tão ansiados, tão sonhados e enfim realizados.

Assistam o filme e, principalmente, leiam Paulo Francis. Ele, melhor que qualquer outro, ajuda muito a entender o Brasil.


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sexta-feira, junho 06, 2008

Idas & Vindas em São Paulo

Por enquanto é mais “idas” do que vindas.

O habitual desmanche de inverno tupiniquim e verão europeu, promete ser dos mais razoáveis nesse Ano da Graça de 2008.

Corinthians

Dele não escapará nem mesmo o Corinthians, com nada menos que quatro jogadores tidos como na alça de mira de diversos clubes europeus: Felipe, André Santos, Dentinho e, pasmem, Douglas, que, acredito, nem meia dúzia de jogos fez ainda pelo time do Parque São Jorge. Em seu caso, diga-se, as sondagens para transferir-se para o exterior já vinham de longa data. Outro nome que poderá usar o passaporte é Lulinha. Apesar do desejo de Wagner Ribeiro, seu empresário, e de Andrés Sanches, de que ele ganhasse projeção maior antes de ser negociado, a dura realidade das contas a pagar poderá antecipar essa saída.

Apesar dos desmentidos e da palavra do presidente que disse várias vezes que irá tentar segurar todo mundo até dezembro, a realidade é bem outra, como exposto no post de ontem – “Clube dos 13, TV, 10+3 e outras atualizações”.

A saída desses jogadores pode ser a salvação da lavoura corintiana, principalmente se a equipe conquistar o título da Copa do Brasil na próxima semana. Nesse caso, vencendo a Copa do Brasil, Andrés Sanches viverá um 2008 de doces sonhos, pois conseguirá (com o apoio da antecipação de verbas de TV – ver post citado – e mais o dinheiro dessas transferências) saldar os 40 milhões de reais que impactam negativamente a vida do clube, já tendo um título importante no bolso e disputará um retorno para a Série A em excelentes condições, mesmo com um elenco desfalcado de jogadores importantes.

Depois... Bom, depois será outra história, e muito cuidado terá que ser tomado, pois a recuperação financeira do clube é tarefa para três anos normais extremamente duros, ou para dois anos fantásticos, mas, convenhamos, não muito prováveis.

São Paulo

No São Paulo, os comentários continuam sobre os mesmos de sempre: Hernanes, Miranda e Alex Silva.

Fora esses, a saída de Richarlyson se não é provável, é bem possível. Por sinal, na avaliação desse Olhar Crônico Esportivo, essa medida seria a mais benéfica e indicada para o próprio atleta, que continua sendo atacado pela torcida tricolor – que reincide no erro, como faz toda torcida – de atacar gratuita e covardemente um atleta importante. As lições com Kaká e Luiz Fabiano foram solenemente ignoradas, assim como no caso de Danilo, Leandro e Souza. A obtusidade associada ao radicalismo cegam as pessoas.

Fala-se muito e parece ganhar força, a vinda de Ibson, ainda no Flamengo, mas com seus direitos federativos retornando ao Porto em breve.

Nos últimos dias ganhou força o nome de Anderson, em recuperação no Corinthians e, ao que tudo indica, sem chances no Lyon.

E Rodrigo voltou a ser a bola da vez. O jogador teria conseguido a liberação do Dínamo Kiev e só depende de novos exames na fratura do braço.

Santos

No Santos, de forma até paradoxal em comparação com tempos recentes, o clima anda calmo no setor “saídas”. Mas atletas como Kleber, Rodrigo Souto – que foi, mas não foi – e talvez até o artilheiro Kleber Pereira, além da sensação Molina, poderão ser jogados no olho do furacão a qualquer momento.

Cuca tem mais de trinta jogadores no elenco. O mais provável é que meia dúzia ou mais sejam dispensados e ele indique pelo menos dois ou três jogadores de sua predileção.

Palmeiras

No Palmeiras a fila de vistos de viagem pode ser encabeçada por ninguém menos que Vanderlei Luxemburgo. O interesse do Lyon por ele é oficial e, ao que parece, tem o tamanho de 4 milhões de euros por temporada. É bem verdade que o fisco francês é guloso com altas rendas, mas também o é o tupiniquim. Ao mesmo tempo, instalado em terras d’além-mar, Luxemburgo daria maior visibilidade e importância ao seu Instituto, sua atual menina-dos-olhos. Eu, particularmente, acredito que ele deixe o Palmeiras, no caso do Lyon confirmar os 4 milhões e, importante, haver um acerto com Juninho Pernambucano, estrela maior e líder da equipe francesa. Para quem não lembra, Luxemburgo criticou o choro de Juninho no jogo contra a França, na Copa 2006, e recebeu uma resposta dura e sem meias-palavras.

Na fila, atrás dele, Diego Cavalieri e Valdívia, entre outros menos votados e comentados.


Essa é a situação apenas entre os quatro grandes de São Paulo.

O campeonato, para valer, para definir quem será quem, começará em 1º de setembro.


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quinta-feira, junho 05, 2008

Naming rights - em primeira mão

Naming rights em alta - Na Espanha


E no Brasil - Em primeira mão para o leitor do OCE



Para quem ainda achava estranha a compra dos naming rights da Libertadores pelo Banco Santander: o Banco Bilbao Vizcaya – BBVA – maior concorrente do Santander na Espanha e em muitos outros países, comprou os naming rights dos campeonatos da Primeira e Segunda Divisões da Liga Espanhola. Uma prova a mais, como se fosse necessário, da importância crescente desse tipo de comunicação.

O negócio foi fechado para as temporadas de 2009/2010 até a de 2011/2012, e ficou em 20 milhões de euros por temporada – cerca de 50 milhões de reais – totalizando, em três anos, 151 milhões de reais, ao câmbio de hoje.

Portanto, a partir de setembro já teremos a Liga BBVA na Espanha e, por aqui, a Copa Santander Libertadores.
O campeonato da Segunda Divisão, hoje denominado Liga BBVA, passará a chamar-se Liga Adelante.

(Mais informações no post scriptum.)



Em primeira mão - Naming Rights do Brasileiro 2009


Enquanto isso, a CBF e o Clube dos 13 continuam negociando os naming rights do Campeonato Brasileiro de 2009 em diante.

Segundo fontes desse Olhar Crônico Esportivo, o valor desejado está na casa dos 20 milhões de reais por temporada – para manter uma proporção nas duas moedas: 8 milhões de euros – e o acordo não está distante, a diferença percentual entre o desejado e o oferecido é pequena.

Num primeiro momento, algumas publicações divulgaram essa negociação citando o Banco do Brasil como o parceiro interessado e que essas negociações estariam sendo feitas pela CBF sem a participação do Clube dos 13.

Entretanto, esse Olhar Crônico Esportivo apurou e publicou na época, não só que o Clube dos 13 era ou deveria ser parte integrante de qualquer negociação, como também que a negociação com o Banco do Brasil ou qualquer outro banco (o que afasta, igualmente, o Santander) era impossibilitada pela presença do Banco Itaú como um dos patrocinadores do Brasileiro na Globo.

As negociações em curso nesse momento e que, ao que tudo indica, chegarão a final feliz, são feitas com a Ipiranga, mais precisamente a Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga, aquela que diz que brasileiro é louco por carro, em comerciais bem divertidos (já foram mais divertidos que a safra atual, na minha opinião – como aqueles do motorista que lembra as placas até do Gordini e esquece o nome da Leda e o do bebê que só dorme no carro... impagáveis!).

Infelizmente, ao tentar ouvir a Ipiranga a respeito, esse blogueiro descobriu que falar com a empresa é tarefa reservada a poucos privilegiados. Seu site só traz alguns 0800, nenhum dos quais com operadores que tenham permissão para dar os telefones da área de imprensa da empresa, apenas orientam a enviar um e-mail. Certas coisas, porém, precisam ser resolvidas no ato, pela antiga via telefônica mesmo.

Pelo “auxílio à lista” da Telefônica, nenhum dos números fornecidos atende.

Portanto, essa informação é divulgada com base apenas nas fontes do Olhar Crônico Esportivo, nenhuma das quais da própria empresa, como ficou claro.


Qual será o nome do Campeonato?

Campeonato Brasileiro Ipiranga da Série A?

Campeonato Ipiranga Brasileiro da Série A?

Qualquer que seja, como bom ipiranguista, que veio ao mundo na Maternidade Cruz Azul, uns 1.500 metros a cavaleiro do Riacho e do Monumento, ficarei satisfeito.
O Ipiranga e o Ypiranga são partes da minha vida.




Post scriptum

A newsletter de hoje do Sport Business, normalmente uma excelente fonte de informações sobre o que rola entre esportes e marketing/finanças, noticia a assinatura do contrato de naming rights entre o BBVA e a Liga Espanhola.

Segundo a SB, cada clube da primeira divisão receberá 750.000 euros por ano, e cada clube da segunda receberá 250.000 euros. Como são 20 clubes em cada divisão, temos o total de 20 milhões de euros por ano, como noticiado. Entretanto, a notícia da SB diz que o acordo tem o valor de 32 milhões de euros por temporada, dos quais 20 milhões é a parte a ser paga diretamente aos clubes. Curiosamente, nada consta a respeito em nenhum outro local, inclusive nos sites da Liga e do BBVA.

Boa parte do foco desse negócio não está no território espanhol, e sim na penetração mundial da Liga Espanhola. Isso já era meio óbvio a uma primeira olhada, mas foi bem destacado pelos presidentes do Banco e da Liga, na assinatura do contrato.

Destaco duas frases dos discursos pronunciados no evento:

“El fútbol representa unos valores universales de esfuerzo, trabajo en equipo, superación y juego limpio que están perfectamente alineados con los valores que defiende nuestro Banco” – disse Francisco Gonzáles, presidente do banco espanhol.

“El Fútbol Profesional es un producto único y exclusivo, es un producto español …con dimensión internacional y visión global, y eso lo ha sabido captar el BBVA”, disse o presidente da Liga, José Luis Astiazarán.



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Clube dos 13, TV, 10+3 e outras atualizações




Prossegue a batalha travada nos bastidores em torno dos valores dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro de 2009.

Já há quem se refira ao Clube dos 13 como Clube dos 10+3, devido ao enfrentamento promovido por São Paulo, Flamengo e Corinthians, que querem uma outra divisão dos valores acrescidos aos patamares anteriores.

Em síntese, os três clubes querem que 40% (ou algo próximo disso) sejam distribuídos entre os cinco clubes de maiores torcidas e audiências, com os demais dividindo os 60% restantes.

Essa divisão, porém, dar-se-ia somente, como já foi dito, sobre os valores acrescidos aos anteriores, ou seja, se a TV aberta pagou 180 milhões em 2008 e vai pagar 220 milhões em 2009, essa nova divisão seria aplicada somente sobre a diferença entre um contrato e outro – 40 milhões de reais.

Trocando em miúdos, isso significaria 3,2 milhões para cada um dos cinco clubes (Palmeiras e Vasco completam o quinteto) e 1,6 milhão de reais para cada um dos outros quinze clubes, no caso da diferença da TV aberta. No bolo total, os números crescem um bom bocado.



Será?


Muita gente duvida que essa disputa travada pelos três clubes seja levada adiante, mas é bom lembrar que, em 2003 quando era presidente do São Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa adotou postura semelhante, isoladamente, sem nenhum outro clube apoiando, e conseguiu uma bela revisão no contrato do Clube dos Treze com a Globo e na distribuição dos direitos entre os clubes.

Marcelo, não por acaso, faz parte da diretoria são-paulina, a pedido do presidente Juvenal Juvêncio, no cargo de Diretor de Planejamento.

E a situação do São Paulo hoje, inclusive a financeira, é muito mais forte do que era em 2003, não sendo de estranhar se o clube levar essa reivindicação a ferro e fogo para a frente.
Portanto, pode até ser que a proposta dos três clubes não seja vitoriosa, mas daí a dizer, como o fazem alguns dirigentes do Clube dos 13, que tudo não passa de fogo de palha, vai uma grande distância.




Uma vista d’olhos sobre o Corinthians

Comenta-se que o Corinthians, que durante alguns meses hesitou em aliar-se ao Flamengo e São Paulo no Clube dos 13, pode abandonar a oposição e fechar com os demais clubes pela aprovação do contrato tal como proposto pela Globo.
Na avaliação desse blog isso não é impossível, nem mesmo improvável.

Convém lembrar que Andrés Sanches tem ido e vindo em vários pontos, jogando muito mais taticamente, visando a sobrevivência no curto prazo, do que estrategicamente, pensando no crescimento e sustentabilidade a médio e longo prazos.

E o curto prazo do Sport Club Corinthians Paulista tem nomes (como o Lyon, o maior credor) e valor: 40 milhões de reais que precisarão ser pagos, chova ou faça sol, nos próximos 90 ou 120 dias.

Não há caixa para isso no Parque São Jorge.

A menos que Lulinha e Dentinho sejam negociados na janela de verão, possibilidade remota para o primeiro.

Claro que isso seria um balde d’água fria no ânimo da torcida, que vem fazendo sua parte com brilhantismo na recuperação do clube, mas, as velhas e famosas “razões de estado” sobrepor-se-iam às razões do coração e do esporte.

Outra possibilidade que esse Olhar Crônico Esportivo levanta: o Corinthians já recebeu e gastou toda a verba de 2008 a que tinha direito receber do Clube dos 13 – dez e meio milhões de reais.

Com o seu mais que provável retorno à Série A em 2009, teria direito a uma cota total superior a trinta milhões de reais.
Não é praxe da Globo adiantar valores do ano seguinte antes de dezembro, mas eu não ficaria nem um pouco surpreso se isso acontecesse em, digamos, outubro.
Talvez não a totalidade do contrato, mas – por que não? – uns vinte milhões, pelo menos, é algo muito possível. Para conseguir essa benesse, o clube, com certeza, não poderia estar fazendo oposição ao acordo.
É esperar para ver.


A questão das placas de publicidade


A comercialização das placas nos estádios rende um bom dinheiro. A Globo colocou no papel algo entre 40 e 45 milhões pelas placas. Os três “dissidentes” foram à luta e conseguiram 60 milhões, pelo menos, de uma empresa chamada Smart Vision.

Aqui o bicho começa a pegar, porque o Clube dos 13 pediu garantias bancárias para esse valor. É bem provável que a empresa consiga as garantias, mas nunca é demais destacar que o próprio Clube e os demais associados poderiam e deveriam estar mais interessados numa mudança desse tipo, que, se aprovada, será benéfica para todos.


Próximos passos

Na próxima semana a Comissão de TV do Clube dos 13 se reúne novamente. Na pauta, alguns pequenos acertos na negociação do bloco TV Paga – Sinal Fechado e pay-per-view. Provavelmente, teremos outro embate aqui. Eu mesmo estranhei a proposta da Sportv pelos direitos, achando-a muito baixa em comparação com o crescimento da base de assinantes e comentei aqui no Olhar Crônico Esportivo.

Outro ponto em discussão diz respeito à distribuição da verba pay-per-view de acordo com o clube do comprador, a fidelização.

Aqui há um problema: para a emissora é péssimo negócio segmentar a venda clube por clube, mesmo cobrando mais caro. Para o consumidor é igualmente ruim, pois ele acabaria pagando muito caro para ter apenas os jogos de seu time, e a realidade mostra que, não poucas vezes, é mais interessante acompanhar outro jogo do que o do próprio time, principalmente se o outro resultado puder impactar positiva ou negativamente o time do coração.

Além desses dois senões, há outro: como aferir o clube de cada um? Somente aferindo os documentos das emissoras que comercializam os jogos pagos. Mas, concordariam essas empresas com essa auditoria dos clubes? Pelo que conheço do mercado, duvido. Duvido muito. Por tudo isso não vejo grande futuro nessa reivindicação.

Apesar de ser um avanço mercadológico, muitos clubes têm pedido o fim da numeração fixa e dos nomes nas camisas. Alegam prejuízos com as camisas de jogadores que deixam os clubes no meio da temporada. Parece que a TV concordará com o pedido, mas não abrirã mão dos nomes nas camisas.

Também estarão em discussão a transmissão pela internet e a transmissão para os telefones celulares. A internet está vinculada ao contrato da TV aberta e, embora seja dada como certa sua transferência para a emissora, eu cá tenho minhas dúvidas. Esse é um filão potencialmente rico para os próximos anos, e os departamentos de marketing dos três dissidentes devem estar de olho nesse mercado. A transmissão para os celulares talvez demore mais, a demanda é pouca e o custo de implantação dos sistemas de transmissão é alto.


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quarta-feira, junho 04, 2008

Fala sério...

Leio, bestificado, que a Assembléia Legislativa de Pernambuco vai condecorar Lucia Helena, a estrela do momento (já foi convidada pela Playboy?), e o capitão que comandou o destacamento policial que estava dentro do gramado do Estádio dos Aflitos.

Beleza, é isso aí mesmo!

Tem que condecorar mesmo!

Lucia Helena, deputada estadual, quiçá federal, na próxima legislatura. Maior barbada!

Já tenho até seu lema de campanha:

Vote Lucia Helena

Firmeza e Autoridade com carinho feminino


É justo.

É muito justo.

É justíssimo.

Enquanto isso, aqui no Sudeste “maravilha” a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro vota em regime de velocidade da luz uma nova lei. Menos de uma hora depois de aprovada, um deputado que foi preso por boa lista de crimes, ele mesmo ex-policial, é libertado e deixa para trás seus curtos minutos de cadeia.

Voltando a Pernambuco, não vale mais a pena tocar nesse assunto. Primeiro, porque quanto mais mexe, mais a trogloditinha uniformizada galgará degraus. Se bobear, vira senadora, ministra da defesa e...

Segundo, porque transformaram essa questão numa briga de Pernambuco contra o resto do país, aliás, contra o sul e sudeste. Se bobear, o governador declara independência e chama forças de paz da ONU para manter a ordem e o território.

Então, pelo bem do Brasil, bocas fechadas, dedos im0bilizados e Lucia Helena para Presidente.

Até que seria bom pro futebol pernambucano, pensando bem: Sport, Náutico e Santa Cruz estariam todo ano disputando a Copa Libertadores.


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terça-feira, junho 03, 2008

Dias interessantes

Assim foram os últimos dias: interessantes.

Não diria, porém, que tenham sido positivamente interessantes, pelo contrário, foram interessantes com claro viés negativo.

“Que seus descendentes e os descendentes de seus descendentes vivam tempos interessantes.”

Essa frase tão polida quanto formal em sua aparência, nada mais era que uma maldição trocada entre dois chineses de outros tempos, muito antes da chegada dos “bárbaros” (os europeus) e, mais tarde, a Grande Marcha e a aparição do Presidente Mao Tse Tung. Tudo que é interessante é, por definição, algo fora da rotina, e, como mostra a sabedoria adquirida com o tempo, nos humanos, mas inata nos animais, a felicidade reside na rotina.

Filosofices à parte, esses dias estão dominados pelos acontecimentos de Recife, por um lado, e a dança macabra dos treinadores por outro. Nas raízes desses eventos, com um mínimo de esforço, encontramos o mesmo e perigoso germe, a intolerância e suas filhas diletas, como a impaciência e seu irmão de sangue, o imediatismo, o fundamentalismo, a prepotência e, como não poderia deixar de ser, a violência. Sobre os treinadores e a impaciência que os cerca falarei em outra hora.

O ser humano não deve, mas pode ser violento. É, de certa forma, de sua natureza. Justamente para coibir isso, para proteger outros seres humanos, o estado, desde seus primórdios, criou as forças de segurança, tanto as militares, com a função primeira de defesa do território e do estado, como as policiais, que, em última análise, devem garantir a todos a vida em sociedade sob a regência do direito de momento.

Justamente em função de sua força, seu poderio, o aparato de segurança estatal deve ser rigidamente controlado pela sociedade, obedecendo a normas e regulamentos que tenham, como primeira e mais importante postura, o respeito ao ser humano.

Esse respeito e essa postura inexistem entre as forças policiais brasileiras. São ignorados, com a maior desfaçatez possível. Isso é visível no tratamento dispensado aos suspeitos de cometer um crime, a menos que se trate de pessoas de posse, quando, então, as forças policiais lembram-se, como que por milagre, de sua mais importante e nobre atribuição, a defesa do cidadão. O estado é poderoso, o indivíduo é fraco. Por isso mesmo, tudo deve ser feito em prol da proteção do indivíduo contra o poder supremo do estado. Por “estado”, em boa parte das vezes, leia-se “forças de segurança”. Foi aqui que os policiais pernambucanos erraram.

A seqüência de erros já foi muito mostrada, não vale a pena repeti-la, portanto, vou ater-me ao que considero o foco da questão e já coloquei acima: os policiais erraram ao abusar de sua força, ao intervir, sem necessidade, numa situação esportiva, erraram ao retirar o atleta por local perigoso, pois exposto à ira de torcedores enfurecidos. Repetiram seus erros contra o presidente do clube. Não deram ao clube visitante o requisito mínimo necessário à realização de uma atividade esportiva: segurança.

Completando esse quadro já por si lamentável, o Estado, por meio de seu órgão máximo no setor de segurança, a Secretaria de Defesa Social, emitiu nota oficial cuja melhor e também única descrição é: mentirosa. Os fatos, vistos por milhões pelas telas das televisões, foram distorcidos ou invertidos. A nota é um atentado à inteligência de qualquer pessoa que acompanhou os fatos.

Agora, é esperar para ver quantas mangas serão feitas com o pano que esse imbróglio vai gerar.

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