Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sexta-feira, novembro 30, 2007

Final, alegria e dor


O fim está chegando, finalmente.

Tanto demorou que vale redundar.

Já era tempo, vamos reconhecer.

Refiro-me, claro, ao Campeonato Brasileiro da Série A de 2007.

Domingo teremos a 38ª e última rodada, com dez jogos acontecendo no mesmo horário. Bonito, sem dúvida, mas desnecessário para todos. Pelo menos dois jogos – Náutico x Flamengo e Santos x Fluminense – poderiam ser realizados no sábado. Esses dois jogos interessam unicamente a Santos e Flamengo, pois um dos dois poderá ser vice-campeão, dependendo dos resultados. Mas, está bom assim, melhor seguir à risca que ficar mudando o que foi estabelecido com antecedência.

A grande questão, a grande pergunta, o grande mistério, tal e qual “quem matou Salomão Ayala” e “quem matou Odete Roitmann”, é quem vai cair para a Série B, a tenebrosa Segundona, que, sabemos hoje, de tenebrosa nada tem, só uma imagem distorcida.

Candidatos

Paraná

Corinthians

Goiás

Dois já foram, o América de Natal e o Juventude de Caxias, e agora faltam mais dois, que deverão sair desses três nomes. Parece que há uma remota chance para o Náutico, também, mas é tão remota que nem é considerada.

Com isso, o “chato e sem atrativo” campeonato por pontos corridos, com o campeão conhecido há dois meses e sacramentado há quatro rodadas ou algo assim, termina com estádios cheios e jogos interessantíssimos, sem nenhuma chatice, com o índice de tédio cravado no zero. A última rodada é emoção pura, com muito drama.

Ódios tolos e irracionais

Não conheço pessoalmente o Marcelo, que parece ser boa gente, médico, pai de dois garotos, corintianos como ele. Está triste o Marcelo, naturalmente, mais ainda porque seus filhos estão tristes e choraram ao ver a derrota do time do coração no Pacaembu, na noite dessa quarta-feira.

Hoje, à tristeza que ele já sentia juntou-se outro sentimento, a raiva, a indignação, dessa vez não com os dirigentes calhordas e canalhas que levaram o clube a essa situação, mas sim com torcedores de outros times e de outros estados da federação. Foram muitas as manifestações contra o clube, contra os dirigentes, contra o time e até contra os torcedores corintianos. Muitas delas passaram dos limites da rivalidade esportiva e denotaram sentimentos perigosos, mormente nesses tenebrosos dias em que vivemos, quando explosões de violência acontecem por motivos os mais fúteis, não só nessa periferia do globo, como também em seu centro.

Os motivos não são importantes, pois motivo nenhum justifica alguns ataques que eu mesmo presenciei. Velhas rixas e rivalidades regionais são transpostas para o futebol, numa mistura insana. Disputas políticas também, só aumentando o grau de insanidade. Sinceramente, o futebol não é para isso.

Futebol é uma diversão com resquícios de disputas, sem dúvida, mas deve ser encarado acima de tudo como entretenimento. É uma disputa esportiva, às vezes muito acirrada, e isso é compreensível, mas também com momentos de fair play. Para nós, torcedores, o melhor do futebol é simplesmente assistir, torcer, comentar e discutir, sem deixar que a discussão descambe para a briga, sem deixar que a torcida pelo time do coração transforme-se em ódio contra o outro time e contra os outros torcedores.

O futebol reproduz a vida, está carregado de símbolos, mas é diversão acima de tudo.

Vamos tentar deixá-lo assim, como algo que nos dá prazer, mesmo quando nos faz sofrer por uma derrota.

Que os filhos do Marcelo chorem de tristeza pela derrota, assim como eu já chorei, como todos choraram um dia ou muitos dias. É parte de nosso crescimento como seres humanos, é parte de nosso aprendizado sobre a vida e suas agruras. Mas que os filhos do Marcelo e de qualquer outro torcedor, corintiano ou não, jamais venham a chorar por medo da violência ou de dor por um ferimento ou coisa pior.

Porque o futebol não existe para isso.

Bom fim de semana a todos.

Se der, retomarei a série “Ouvindo Ferran Soriano” durante o final de semana.


Ah, quem eu acho que vai cair?
Sinceramente, nem desconfio. Os jogadores estarão com toneladas sobre os ombros, a pressão é terrível, tanto faz que seja o Corinthians ou o Paraná ou o Goiás. Os nervos estarão à flor da pele.
Mais: os jogadores dos outros times, depois de todo o falatório da semana, estarão se sentindo, também, com a obrigação de vencer e mostrar que são profissionais, principalmente os jogadores do Inter que enfrentará o Goiás.

Apesar da rivalidade histórica, torço pela permanência do Corinthians.
Torço por amigos e parentes, pessoas de quem gosto muito e prefiro não ver tão tristes.
Torço, também, pela manutenção do Majestoso, o clássico que agita a cidade a cada vez que se realiza.

Tudo será decidido domingo, dentro de campo.


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quarta-feira, novembro 28, 2007

Ouvindo Ferran Soriano – Parte III - Salários


Um dos muitos pontos interessantes da palestra de Ferran disse respeito a um dos pontos nevrálgicos do futebol de hoje, talvez o mais sensível de todos: salários.

Inegavelmente, os salários dos futebolistas de alto nível atingiram valores estratosféricos, que escapam à compreensão dos mortais comuns. Não só dos jogadores de futebol, é bom que se diga, mas de todos os esportistas de alto nível, inclusive atletas olímpicos.

Lembro-me com clareza do assombro que foi tomar conhecimento dos valores envolvidos em lutas de Cassius Clay, depois Mohamed Alli. Mais adiante, vieram os valores astronômicos – para a época – pagos a Mike Tyson, quantias na ordem de vinte e cinco, trinta milhões de dólares por uma simples luta.

A bem da verdade, melhor dizer uma “simples” luta. Realmente, nunca consegui imaginar-me perante Tyson, creio que nem para um aperto de mão, quanto mais para lutar contra ele.

Valores assombrosos, teoricamente pagos a um negro americano pobre, nascido e criado num verdadeiro gueto, o oposto de um grande empresário branco, nascido em berço de ouro e geneticamente acostumado a lidar com valores até superiores a esses. Realmente, alguma coisa estava mudando, parte do grande dinheiro que circula pelo mundo começava a mudar das mãos que sempre foram exclusivas em sua posse.

Por trás desses valores, naturalmente, estava a televisão e a transformação do esporte em entretenimento de massa. Dois boxeadores deixavam de lutar para quinhentas pessoas num ginásio de periferia, e passavam a lutar numa arena com milhares de aficionados, pagando valores altíssimos pelo prazer – a meu ver muito estranho – de ver dois pesos-pesados trocando murros, tudo isso levado ao ar para cinqüenta, cem milhões de pessoas ao redor do mundo.

O futebol não demorou nada a entrar nessa nova órbita do esporte, assim como o tênis, a Formula 1 e os esportes americanos de massa: baseball, futebol americano, hóquei sobre o gelo e, sobretudo, o basquete da NBA.

Milionários nasceram do dia para a noite e toda uma nova cultura nasceu e começou a desenvolver-se em torno desses novos astros e – por que não? – seus ganhos astronômicos.

Ainda ontem, no jogo Lyon x Barcelona, válido pela UEFA Champions League, o melhor jogador em campo foi Bojan, um garoto de 17 anos de idade. Não imagino seu salário, mas lembro das palavras de Ferran mostrando seu espanto, admiração, indignação e preocupação, ao falar de garotos com 15 – isso mesmo, quinze – anos de idade e já ganhando um milhão de euros por ano.
Repito: um milhão de euros por ano.
Como ele mesmo disse, de que forma pode um pai exercer autoridade sobre esse jovem? Ou um professor, que, com muita sorte e competência, precisará trabalhar uns 20 anos ao menos para ganhar esse valor? Claro, refiro-me a um professor europeu, ganhando em euros, naturalmente. Um professor brasileiro não ganhará isso a menos que trabalhe por volta de 125 anos. Se pensarmos, porém, numa professora primária trabalhando no interior de um estado nordestino, ela precisará de uns 400 anos de trabalho para acumular a mesma quantia que o menino de 15 anos acumula em um simples ano de sua jovem vida. Pior ainda: se ele corresponder ao milhão em seu primeiro ano, o mais provável é que já ganhe mais que isso no segundo ano, digamos, com 16 anos de idade. Por aí vai...

São números escandalosos?

Com certeza são.

Então, de quem é a culpa?

Não se trata, a meu ver, de culpas e sim de méritos reconhecidos ou não.

A sociedade de consumo de massa reconhece seus ícones através do dinheiro. A sociedade e o estado brasileiro, e de todos os países subdesenvolvidos ou não desenvolvidos, nada reconhecem em seus professores, e até por isso não deixam de ser o que são: pobres e atrasados.

Voltando ao mundo da bola, um jogador que faça parte do grupo de profissionais de um time de ponta europeu, não ganha menos de um milhão de euros por ano. Esse valor é uma “bandeirada”, pode-se dizer, e é pago àqueles que jogam bem o bastante para fazer parte do grupo, mas são ainda muito novos e não serão astros de primeira grandeza. As grandes estrelas ganham por volta de dez milhões de euros por ano. Esse valor, porém, é o que é pago pelo clube. Uma estrela de primeira grandeza no futebol europeu, ganha outros vinte milhões de euros por ano graças aos contratos publicitários. Ou seja, temos aí nada menos que 30 milhões de euros/ano, a bagatela de setenta e cinco milhões de reais por ano. A megassena, por exemplo, nunca pagou valor tão elevado num sorteio.

Esses mesmos valores, por sinal, determinam um ponto importante, segundo Ferran: hoje, é quase inviável a transferência de uma grande estrela entre clubes, não pelos valores que um clube possa pagar, pois nesse ponto os grandes europeus mais ou menos se equivalem, mas sim porque a estrela precisa pensar com cuidado em seus ganhos publicitários. Sem dúvida são ganhos obtidos por serem estrelas globais, mas a maior parte deles está ligada ao próprio país em que atua e aos demais países grandes da Europa Ocidental. Uma transferência mal feita pode provocar uma queda sensível na popularidade e nos ganhos a ela associados.

Para o G 14, a poderosa associação dos 18 maiores clubes da Europa, a conta “salários” deve consumir entre 55 e 70% das receitas de um clube. Ficar dentro desse parâmetro equivale a dizer que o clube está saudável financeiramente, e ao mesmo tempo bem armado em campo. No momento, o Barça gasta 54% de suas receitas, num exemplo de vigorosa saúde financeira, sem perder qualidade ou competitividade em campo. Apenas para se ter uma idéia, o gasto anual do Barça, tomando essa temporada como parâmetro, é de
170 milhões de euros
, equivalentes a 430 milhões de reais.
Em termos comparativos, o clube brasileiro com maior receita em 2006 foi o São Paulo, com 123 milhões de reais (transferências incluídas). A massa salarial do FC Barcelona, portanto, sozinha, equivale a três vezes e meia toda a receita do São Paulo.

Os salários cresceram espetacularmente nos últimos 5 anos, disse Ferran, mas agora estabilizaram, aparentemente. Que bom!

Hoje, controlar custos é uma necessidade vital, sem, ao mesmo tempo, perder competitividade. Isso está levando os grandes clubes europeus a dar maior valor e importância à formação própria de jogadores – o Barça tem em Messi seu melhor exemplo, agora seguido por Bojan e Giovani. Essa formação própria inclui garotos trazidos de fora da Europa ainda muito novos, como os já citados Messi e Giovani, o primeiro argentino, e o segundo mexicano, filho de Zizinho, jogador formado na base do São Paulo e negociado, com meros 18 anos, com o Azteca do México, por indicação de Cláudio Coutinho, ainda. Na época, foi uma transação gigantesca – pela idade do jogador – que passou despercebida pela imprensa.
O valor? Meros quinhentos mil dólares.

Cada vez mais teremos Madrid, Barcelona, Manchester, Milan e outros, investindo e investigando por aqui, à caça de potenciais valores. Isso vai dar-se também, inclusive, através da criação de clubes-filiais, como o que o Barça está negociando na Argentina e, possivelmente, em breve no Brasil.

O pano de fundo para tão intensa disputa é a previsão descrita por Ferran que o mundo comportará apenas 5 a 7 grandes marcas globais. Nenhum dos atuais grandes quer ficar fora dessa pequena elite.

Lulinha renova

Finalmente, antes tarde do que nunca, a diretoria corintiana renovou o contrato de Lulinha em bases mais razoáveis. O garoto, com 17 anos, tem novo contrato até 2012, com multa rescisória de 50 milhões de dólares, e é detentor de 25% de seus direitos econômicos.

Lulinha ganhava três mil reais por mês e, obviamente, terá esse valor multiplicado, mas ninguém pronunciou-se a respeito. Pelos números envolvidos, entretanto, pode-se inferir que seu novo salário estará por entre sessenta e oitenta mil reais mensais no primeiro ano de contrato, pelo menos.

Foi uma medida inteligente da nova direção alvinegra. Se nada fosse feito, o jogador cumpriria seu contrato até o final, em dezembro do próximo ano, e sairia do clube sem custo algum de transferência. Com o novo contrato, ganham todas as partes envolvidas, principalmente o clube, que poderá fazer bom dinheiro com seu jogador a qualquer momento a partir de agora. O jogador e sua família, por outro lado, ficam mais tranqüilos e já começam a auferir, de verdade, os ganhos proporcionados pela habilidade do garoto no jogo da bola.


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segunda-feira, novembro 26, 2007

Ouvindo Ferran Soriano - Parte II



Quem?

Ferran Soriano, Vice-Presidente Econômico do FC Barcelona.

Um dos homens por trás do reerguimento do Barça a partir de 2003, quando a administração Joan Laporta tomou posse do clube.

Ferran esteve no Brasil a convite da Cámara Oficial Española de Comercio en Brasil e proferiu, em auditório da Universidade Anhembi-Morumbi a palestra

A Indústria do Futebol e a Estratégia de Negócios no Mercado Esportivo”.

Foi, sem dúvida uma oportunidade única para ouvir alguém com muito para mostrar, baseado em um trabalho cuja melhor definição é, simplesmente, brilhante.

Ao invés de escrever sobre a palestra, farei um pouco diferente, vou tentar, simplesmente, transmitir informações, conceitos e opiniões expressados pelo Ferran. Sua palestra teve como base a apresentação “A Vision of the Football Industry and the Case of FC Barcelona”, recheada com muitos números, tantos que não foi possível tomar nota de todos.



Ferran Soriano - Um pouco sobre ele

O dirigente do Barça construiu sua carreira trabalhando no mercado de bens de consumo, marketing e estratégia de negócios, com muito sucesso. No Barcelona, Ferran, que subiu junto com Laporta em 2003, é um dos grandes responsáveis pela estratégia de globalização do clube, que levou o Barcelona a se tornar uma verdadeira multinacional que fatura, hoje, mais do que todos os grandes clubes brasileiros juntos.

Os números realmente impressionam. Segundo estudo da Casual Auditores Independentes, o faturamento em 2005 do Real Madrid e do Barcelona, os dois maiores clubes da Espanha, atingiu 484 milhões de euros, o equivalente a meio por cento do PIB da Espanha no ano (904 bilhões de euros).

A receita do Barcelona na temporada 2006/2007 foi de 290 milhões de euros, e a previsão para essa temporada em curso, que terminará em junho de 2008, é de alcançar uma receita de 315 milhões de euros.

Vamos, então, aos tópicos da palestra.



A Indústria do Futebol, o “Matchday” e os Estádios


Sob essa rubrica “matchday” nos balanços dos clubes europeus, principalmente os grandes, vemos sempre números sonoros, bonitos, grandiosos. O “matchday” significa mais que simplesmente ir ao estádio ver o time jogar. Significa comer – bem – no estádio, fazer compras, passear, significa, enfim, em fazer do jogo um programa de lazer que envolve familiares ou amigos. Todos, naturalmente, gastando alguma coisa, e dessa alguma coisa, “alguma coisa” vai para os cofres do clube.


No Brasil não temos a rubrica “matchday” nos balanços e planilhas, temos, simplesmente, a rubrica “bilheteria”. Tal e qual os circos de nossa infância, nos bairros e cidades periféricas, que viviam, alguns sobreviventes ainda o fazem, da renda da bilheteria, a única à qual tinham acesso.

Na Europa e na Espanha, em particular, há trinta anos 90% das receitas dos clubes vinham da bilheteria. Ou seja, os clubes, tal como os circos, dependiam de um espetáculo realizado ao vivo e de alcance local. Isso mudou de forma radical, e o futebol passou a ser uma grande indústria na área de entretenimento global. Tal como são, por exemplo, a Disney e a Warner.

Pegando o Barça como exemplo, o time é o grande produto e tem suas grandes estrelas, tal como os personagens Disney e os atores de Hollywood. Tem até seu próprio parque temático, pois é isso que é o Camp Nou. Aliás, o estádio rende por ano nada menos que 20 milhões de euros apenas com visitação a suas dependências, entre elas o museu e o próprio gramado.

Isso é receita obtida fora dos dias de jogo, quando o estádio, em condições normais, estaria vazio, deserto, apenas gerando despesas de manutenção. Com a nova mentalidade, mesmo “vazio” gera receitas.

Voltando ao tema estádio, foi importante investir forte em condições que permitissem a chegada ao futebol de camadas da população que não tinham por hábito freqüentá-los. Conforto, segurança e atrações diversas foram fundamentais e o público freqüentador foi segmentado.

Hoje, há ingressos a 30 euros ou a 200, depende do poder aquisitivo do interessado. O importante é que o ingresso, seja for seu preço, vale pelo que é oferecido, não só fora do campo, mas também no gramado, não se pode perder isso de vista.


No gráfico abaixo podemos ver alguns números interessantes.
Os times, em ordem da esquerda para a direita são Manchester United e Chelsea, Milan e Juventus, Real Madrid e Barcelona. Reparem que a menor participação do “matchday” se dá nos clubes italianos, não por acaso o país onde muitos estádios estão com problemas sérios de manutenção e segurança e onde, e isso não é coincidência, tem
havido maior número de problemas extra-campo na área da segurança.


MU / CHE MIL / JUV MAD / BARC

Os percentuais de participação do “matchday” sobre a receita total, são:

Manchester – 42,5%

Chelsea – 37,8%

Milan – 12,9%

Juventus – 6,6%

Real Madrid – 25,7%

Barcelona – 29,6%




(Comentário à parte, extra-palestra)

Estádio corintiano

Ferran Soriano e um companheiro de diretoria estiveram no Parque São Jorge, onde conversaram com os dirigentes corintianos. Curiosamente, ou nem tanto, essa visita teve mais cobertura na imprensa que a palestra. Andrés Sanches, depois da conversa, veio a público dizer que o Corinthians vai construir uma arena multiuso, talvez para 77.000 pessoas, homenageando o título de 77. Disse mais: o estádio será voltado para os ricos, que possam pagar 200 reais por um ingresso, e que haverá poucos lugares para as pessoas de baixa renda.

Pelo visto, além de meter os pés pelas mãos ao se referir a uma parcela da população com um forte peso histórico na história do clube, Andrés deixa claro que nada entendeu da conversa com os catalães, isso apesar do Ferran falar português “brasileiro” de excelente qualidade. Ficou claro que ele não entendeu o conceito de segmentação.



À guisa de post scriptum

O que dói é ouvir uma palestra sobre os estádios europeus e o que oferecem a seus freqüentadores, e dois dias depois ler a notícia e ver as fotos de mais uma tragédia num estádio brasileiro. Pior: como já disse no post anterior, uma tragédia anunciada, previsível, tanto que até esse blogueiro – que nem engenheiro é e nunca foi à Fonte Nova – pôde antecipar o que ocorreu.


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Tragédia há muito anunciada...


Apenas mais uma, entre as muitas tragédias anunciadas de que os brasileiros têm sido vítimas. Como o acidente com o Airbus da TAM, em Congonhas, ainda tão recente.

Dessa vez foi no Estádio da Fonte Nova, em Salvador, onde parte da arquibancada simplesmente ruiu, provocando a morte de nove felizes torcedores do Bahia e ferimentos em dezenas de outros.

O leitor desse Um Olhar Crônico Esportivo deve recordar do post de começo de novembro, “Estádios brasileiros para 2014”, a respeito da vistoria feita por uma comissão do SINAENCO. Vou reproduzir um trecho do post:

"...muitos desses estádios estão em elevado estágio de deterioração, como a Fonte Nova, em Salvador, estádio onde o Bahia manda seus jogos e que recebe públicos altíssimos, frequentemente superiores a 50.000 pessoas. Arquibancadas em ruínas, entre outros problemas levantados pelo SINAENCO, inclusive com ameaças à segurança de torcedores e até mesmo de jogadores. Embora já descartado para a Copa, pois o governo da Bahia acena com a construção de uma nova arena, esse estádio é um verdadeiro atentado à segurança das dezenas de milhares de torcedores que o freqüentam, semanalmente, e que deixam centenas de milhares de reais nas bilheterias a cada partida."

Agora, como de hábito e bom tom, todas as “otoridades” estão se solidarizando com as famílias das vítimas. Nada mais hipócrita, nada mais cretino.

E uma procuradora do MP baiano há dois anos vem pedindo a interdição do estádio e a justiça, sistematicamente, vem negando. Ao mesmo tempo, os responsáveis pela Fonte Nova nada fizeram nesse período em prol da segurança.

Isso não foi um acidente, não mesmo.

Caberia um processo por homicídio culposo (sendo bonzinho) para cada um dos responsáveis. Essas mortes precisam ser penalizadas.

Beira-Rio

Todos sabemos que o Beira-Rio não é a Fonte Nova, muito pelo contrário, mas com a tragédia no estádio baiano e toda repercussão que isso já está trazendo ao levantamento do SINAENCO e a realização nessa semana do ENACON, vai ficar mais estranha ainda a negativa da direção do Internacional para a realização da vistoria em seu estádio.


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domingo, novembro 25, 2007

50 jovens jogadores mais promissores


A revista World Soccer divulgou sua lista com os 50 jovens jogadores mais promissores, hoje, em todo o mundo. Mais uma lista e, como toda lista, boa pelas presenças e ruim pelas ausências, mas tem lá seu valor, inegavelmente.

Dos 50, 8 são brasileiros: Alexandre Pato, Anderson, Breno, Fábio, Guilherme, Kerlon, Lulinha e Renato Augusto. De cara, numa primeira olhada, percebo a ausência do volante Denílson, do Arsenal, formado pelo São Paulo que negociou-o com os ingleses, em 2006, por 6,5 milhões de dólares. A Argentina tem 6 jogadores nessa lista, dos quais somente 2 jogam no país, ainda.


Vamos à lista completa:

Aaron Niguez, Valência (Espanha)
Abdou Traore, Rosenborg (Burkina Faso)
Alexandre Pato, AC Milan (Brasil)
Alexis Sanchez, River Plate (Chile)
Anderson, Man. Utd. (Brasil)
Andrea Russotto, Treviso (Itália)
Angel Di María, Benfica (Argentina)
Bojan Krkic, Barcelona (Espanha)
Breno, São Paulo (Brasil)
Carlos Vela, Arsenal (México)
Cristian Nazarith, America Cali (Colômbia)
Damian Ismodes, Sporting Cristal (Peru)
Daniel Opare, Ashanti (Gana)
Diego Buonanotte, River Plate (Argentina)
Dumitru Copil, Hearts (Roménia)
Ever Banega, Boca Juniors (Argentina)
Fábio Coentrão, Benfica (Portugal)
Fábio, Fluminense (Brasil)
Fran Merida, Arsenal (Espanha)
Franco di Santo, Audax (Argentina)
Gareth Bale, Tottenham (Inglaterra)
Gerardo Bruna, Liverpool (Argentina)
Giovani dos Santos, Barcelona (México)
Gregory van der Wiel, Ajax (Holanda)
Guilherme, Cruzeiro (Brasil)
Henri Saivet, Bordéus (França)
Ibrahim Rabiu, Sporting (Nigéria)
Ismail Aissati, PSV (Holanda)
Ivan Rakitic, Schalke (Croácia)
Juan Manuel Mata, Valência (Espanha)
Karim Benzema, Lyon (França)
Kerlon, Cruzeiro (Brasil)
Kermit Erasmus, Sundown Utd. (África do Sul)
Lorenzo de Silvestri, Lazio (Itália)
Lulinha, Corinthians (Brasil)
Macauley Chrisantus, Abuja (Nigéria)
Marek Suchy, Slavia Praga (Rep. Checa)
Marouane Fellaini, Standard Liège (Bélgica)
Mesut Ozil, Schalke (Alemanha)
Micah Richards, Manchester City (Inglaterra)
Nikolay Mihaylov, Liverpool (Bulgária)
Nour Hadhria, Club Africain (Tunísia)
Ransford Osei, Kesseben (Gana)
Renato Agusto, Flamengo (Brasil)
Sadick Adams, Ashanti (Gana)
Sapol Mani, Maranatha (Togo)
Sergio Aguero, Atl. Madrid (Argentina)
Sergio Tejera, Chelsea (Espanha)
Theo Walcott, Arsenal (Inglaterra)
Toni Kroos, Bayern Munique (Alemanha)


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