Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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quinta-feira, julho 27, 2006

Festejando...


No Rio de Janeiro

Muitos estão festejando de verdade, aliviados e satisfeitos. São torcedores do Flamengo, que conquistou a Copa do Brasil. A conquista em si não tem a importância e o peso de um Campeonato Brasileiro, mas ela garante vaga para a próxima Copa Libertadores de América.


É isso que conta.

Um detalhe curioso: os maiores heróis (numa avaliação simplória, como quase toda avaliação que destaca heróis e esquece do esforço coletivo) da conquista desse título, foram, justamente, os jogadores mais execrados, mais xingados, mais ofendidos pelos próprios torcedores no decorrer desse ano e mesmo no ano passado: Obina, Luisão, Juan, Fernando e Renato, jogador que é o verdadeiro símbolo desse time que chegou ao título.


Em São Paulo


Os festejos são-paulinos são menores e contidos. Apenas uma batalha foi vencida e, vencendo ou empatando a próxima, ainda restarão duas batalhas para a conquista de mais um título da Copa Libertadores de América.

Mas que batalha foi essa!

O Chivas Guadalajara nunca havia perdido em casa para times estrangeiros.

Ontem perdeu, para espanto e dor de mais de cinqüenta mil torcedores que lotaram o Estádio Jalisco, palco de maravilhosas atuações do Brasil.

O São Paulo surpreendeu o Chivas ao tomar conta dos espaços e do jogo em todo o 1º tempo. Marcou a saída de bola dos mexicanos e controlou ferreamente o meio, impedindo os contra-ataques do Chivas, mortíferos. Em 47 minutos de jogo, a única jogada de contra-ataque que chegou ao final, aconteceu já depois de 40 minutos de jogo. Apesar do controle, o único gol do São Paulo foi bem anulado, pois a bola bateu no braço de Ricardo Oliveira antes de pegar o rumo da rede.

O Guadalajara reagiu no 2º tempo, começou marcando forte e pressionou o São Paulo em seu próprio campo. Depois de uma forte pressão inicial o São Paulo equilibrou as ações e o controle do jogo. La Torre trocou 3 jogadores e reforçou o ataque, que passou a ter 3 jogadores. A defesa do São Paulo perdeu a sobra de um zagueiro e durante alguns minutos correu riscos. O equilíbrio veio com uma maior fixação de Mineiro e Josué. Muricy trocou Ricardo Oliveira por Aloísio, menos técnico, porém mais forte e de maior presença na área. Depois trocou um exausto Leandro por Lenilson, alto, forte, técnico, o jogo voltou a ficar equilibrado. Esparza pegou um rebote e desferiu chute violentíssiomo no travessão. Foi o único grande susto. Aos 39’ Aloísio entrou na área e foi derrubado. Pênalti. Apesar do salseiro de Osvaldo Sanches e dele ter ficado fora da linha desde antes da cobrança de Rogério, a cobrança foi perfeita. 1x0 e o 62º segundo gol de Rogério reconhecido pela FIFA, igualando-se a Chilavert.


Basta um empate, e com ele o São Paulo estará em sua sexta final de Libertadores.

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terça-feira, julho 25, 2006


O mundo mudou.

Disse um poeta há 500 anos:

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o mundo é composto de mudança.

Tomando sempre novas qualidades.”

Uma profética antevisão disso tudo que está aí. Aqui, sem aspas, já que nem um poeta como o autor desse verso poderia antecipar “isso tudo que está aí”.

O futebol, como não poderia deixar de ser, mudou.

Os jogadores estão mais velozes e mais fortes.

Por conta da maior velocidade e maior resistência física, os espaços ficaram reduzidos, em muitos jogos nem se vê algo como “espaço para criar”. Mas, móvel e fluido como é, o proprio jogo se encarrega de criar espaços. Entretanto, tão logo alguém se assenhore dessa avis rara, surge um, surgem dois ou mais oponentes a combate-lo, dividindo o espaço.

À maior velocidade dos atletas precisa-se contrapor a maior velocidade de raciocínio e execução. Essa velocidade, todavia, é elevada em poucos que, também por isso, são chamados de craques, e até de gênios. E mesmo eles gostariam, e geralmente precisam, de mais tempo para ver, enxergar, imaginar, processar e, só então, efetuar a jogada.

Temos, então, duas variáveis: espaço e tempo. A primeira variável é até mais complexa, pois ela ora ocorre aqui, ora ali. Vai depender do ritmo do jogo.

Ambas de difícil controle prévio. O ideal, portanto, é que o time – conjunto de atletas com, supostamente, um só objetivo – já saiba de antemão como se comportar espaço a espaço, segundo a segundo, no decorrer de um jogo de futebol.

É aqui que entra, ou deveria entrar, o papel do técnico. Um sujeito que vai pensar o jogo antes, antever as características e possibilidades de sua equipe e do adversário. Alguém que conhece os jogadores dos dois lados, sabe como atuam, o que podem render. De posse dessas informações, ele monta seu time a partir dos pontos e princípios que imaginou. E vai treinar e orientar esse time para que, no momento certo, seu jogador possa entregar a bola a um companheiro sem precisar parar, olhar, pensar. Pois entre uma vírgula e outra o adversário já tomou a bola ou apertou a marcação.

Comecei a ver futebol numa época maravilhosa, na transição entre o velho futebol jogado até o final dos anos sessenta, e o moderno futebol, apoiado em pesquisas científicas, em preparação física mais esmerada. Posso dizer que tive sorte.

Mais que sorte: tive a felicidade incomparável de ver Pelé jogar num estádio várias vezes. Vi Gerson, Rivelino, Pedro Rocha, Ademir da Guia e muitos outros, grandes astros, grandes jogadores, tanto brasileiros como estrangeiros.

Era um futebol em que o papel do técnico, tenho quase certeza, era menos importante que hoje. Os grandes jogadores, geralmente, resolviam os jogos. Mas, passou, vivemos novos tempos.

Mudou o futebol, mas continua belo e apaixonante, não perdeu nada, absolutamente, da emoção que sempre o cercou. A mídia global, a comunicação de massa instantânea, a globalização, nada disso afetou para pior o futebol. Pelo contrário, digo, sem medo, que tornou os jogos ainda mais emocionantes, apaixonantes.

E as mudanças continuam ocorrendo, e de novo me valho do antigo poeta maior:

“E, afora este mudar-se cada dia,

Outra mudança faz de mor espanto,

Que não se muda já como soía.”

Luiz de Camões - "Sonetos"

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segunda-feira, julho 24, 2006

Post-scriptum


Ok, ok, deixei-me levar pela emoção.

Como disse a um amigo, a realidade é essa, a mesa está posta.

Vamos ver qual será o menu.

Como será a qualidade dos ingredientes e da comida.

O gosto e a intensidade dos temperos.

Teremos a delícia e o prazer de uma sobremesa?



Pois bem, vamos de Dunga.

E eu, na dúvida, sentar-me-ei à mesa munido de bom estoque...

De anti-ácidos.


Post-scriptum do post-scriptum

À medida que a cabeça esfria, lembranças aparecem.
Dunga não é um jogador de boas lembranças na seleção.
Em 1990, participou daquela seleção estranha, de tristes lembranças,
desunida, que posou para a foto oficial com os jogadores cobrindo
o logotipo do patrocinador com a mão.

Em 1994, depois que Raí, "deformado" por Parreira, foi para a reserva, tornou-se
o capitão. Ergueu a taça, conquistada graças ao p ênalti perdido por Baggio, e aproveitou para xingar todos os críticos daquele time horroroso.

Em 1998 também participou de problemas na seleção. Foi criticado por vários jogadores por berrar demais. Participou ou liderou uma greve de silêncio dos
jogadores com a imprensa.

Não, eu não gostava de Dunga como jogador.
Não acredito que vá gostar dele como algo que não é.


Seja como for, encomendei mais anti-ácidos.

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Dunga? Que absurdo!

Eu não gosto da CBF, digo, de sua administração viciada, antiga, descompromissada com o mundo real do futebol brasileiro. Uma direção que se perpetua no poder desde a década de 50. Um clã, um feudo, onde o poder é transmitido hereditariamente.

Uma entidade e dirigentes acusados de vários crimes por comissões parlamentares de inquérito, sem que nada fosse levado até o fim.

Uma entidade que manipula muitos milhões e, na prática, pouco ou nada faz pelo futebol do Brasil.

Não bastasse tudo isso, essa administração nomeia como novo treinador da Seleção Brasileira de Futebol, o ex-jogador Dunga.

Que não é técnico.

Que, gostando ou não, simbolizou um time horroroso, campeão por conta de um chute mal dado por Roberto Baggio.

Que absurdo.

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1/3 do Brasileiro já foi

Terminou a 13ª de 38 rodadas e, matematicamente, um terço do campeonato já foi disputado. Restam em jogo 75 pontos.

Nesse momento, a grande surpresa, a nota destoante, é a posição do Corinthians na tabela, simplesmente na última colocação. O time de Tevez, Mascherano, Ricardinho, Nilmar, Carlos Alberto e Roger patinou, derrapou, tombou e capotou. Em 13 jogos acumula 9 derrotas, um número absurdo para um time com a tradição desse, e com o elenco que tem esse time. Nesse momento, a dúvida que era uma piada começa a ficar mais séria: esse time corre o risco de ser rebaixado? Sim.

Na outra ponta, o São Paulo abriu 4 pontos de vantagem sobre os dois vice-líderes, Cruzeiro e Internacional. Mas o grupo ficou maior, com a chegada do Paraná – 4º colocado – ao lado do Fluminense e mais o Figueirense e o Santos. Entre este e o Inter, a diferença é a mesma que o separa do líder: 4 pontos.

Dois times vivem uma situação curiosa: Flamengo e Vasco disputam a 2ª e decisiva partida para a conquista da Copa Brasil. O prêmio ao vencedor é a vaga na Libertadores 2007. O Flamengo venceu o primeiro jogo por 2x0 e abriu uma vantagem sólida, mas não decisiva. Nessa rodada, o Flamengo foi a Recife com o time reserva e perdeu por 3x0. Enquanto isso, o time titular do Vasco venceu no final um jogo difícil contra o Atlético Paranaense. Em Recife, os reservas do Flamengo jogaram sem o treinador Ney Franco no banco, que ficou concentrado com o time titular que vai disputar a final da Copa Brasil. Nessa altura e com esses acontecimentos, começo a acreditar que o Vasco vai tirar a vantagem e a decisão poderá ser decidida nos pênaltis. Ou, por que não, pode dar Vasco. É apenas impressão, ou como se diz na moderna língua portuguesa/brasileira, just feeling.


São Paulo e Internacional provavelmente terão seus próximos jogos afetados pela Libertadores. Ontem, o São Paulo jogou com 10 reservas e somente Rogério Ceni de titular foi mantido. Mesmo assim, venceu bem a Ponte Preta. O próximo jogo do São Paulo é contra o Santos, um clássico. E como clássico é clássico e vice-versa, tudo pode acontecer. Certamente o São Paulo não jogará com o time titular, pois na quarta-feira terá o segundo e decisivo jogo contra o Chivas, agora no Morumbi. O Inter vai a Assunção e terá no domingo um jogo dificílimo, pois será dia de Gre-Nal, um dos mais clássicos entre todos os clássicos brasileiros. Acredito que os dois times farão a final da Libertadores, o que comprometerá, diretamtente, suas participações em outras duas rodadas do Brasileiro.

No meio da tabela, Flamengo e Vasco poderão sofrer com o resultado da Copa do Brasil. Um por perder e ficar abalado. Outro por vencer e perder a concentração. São apenas possibilidades, nada mais que isso, mas a história recente tem mostrado que essas coisas acontecem.

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