Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sexta-feira, novembro 21, 2008

A Caravela vascaína começa a navegar




O primeiro bom fruto da gestão Dinamite no Vasco: o clube rescindiu seu contrato com a Reebok e assinou com a
Champs.

Rescisão amigável, dentro das normas contratuais, de acordo com as quais a ainda fornecedora de material esportivo receberá uma indenização de 750.000 reais e terá um prazo de noventa dias para a venda dos estoques a partir do final do contrato.
Pelas informações de mercado, a Reebok pagava ao Vasco 3,5 milhões de reais por ano, pouco menos de 300.000 mensais.

O contrato com a Champs terá duração de
42 meses – três anos e meio, uma duração um pouco estranha, cuja razão não foi explicada – e um valor total de R$ 21.252.000,00 o que significa 506 mil reais por mês. Uma parte desse valor será na forma de materiais esportivos e outra parte em dinheiro. Embora não detalhado, o clube certamente receberá royalties sobre as vendas. Um bom contrato, sem a menor dúvida, assinado num momento em que o clube não está bem no principal campeonato que disputa. Um ponto positivo para a Champs, pensando em custos – um Vasco na ponta de cima da tabela custaria muito mais caro – e pensando, também, na ligação com o torcedor, que vai lembrar desse fato e ter uma boa imagem da empresa. Afinal, é na hora da necessidade que os verdadeiros amigos aparecem, não é verdade? Para o Vasco esse contrato é excelente, nem tanto pelos valores, que não são ruins, mas seriam melhores em outras circunstâncias, mas principalmente pelo impacto positivo sobre a torcida e o próprio pessoal interno, pois, apesar das dificuldades de momento, uma empresa grande e forte acredita no potencial e na capacidade de recuperação da instituição.

Como diz a propaganda do cartão de crédito, isso não tem preço.

Um ponto muito positivo levantado pelo vice de marketing, José Henrique Coelho, profissional elogiado por quem está no mercado, como por sinal foi dito neste Olhar Crônico Esportivo, será o lançamento de uma camisa oficial do clube de baixo valor de venda – cerca de
R$ 40,00 – o que, certamente, permitirá ao torcedor de baixa renda comprar orgulhosamente um produto oficial e dessa forma contribuir com seu clube do coração.
Está nos planos, também, a criação de um terceiro uniforme a partir de campanha entre os torcedores pela internet, para a escolha do modelo. Atualmente, segundo Coelho, o Vasco vende
220.000 camisas por ano e a meta é aumentar muito esse número.

Voltando ao começo desse post: o destaque dado à forma amigável e comercialmente correta com que efetuou-se a rescisão do contrato, é ainda mais importante quando olhamos “fantasmas” do passado que atrapalham o presente: o clube enfrenta ações judiciais movidas por três antigos fornecedores de materiais esportivos:
Penalty, Kappa e Umbro.

A Caravela vascaína começa a navegar e, ao que tudo indica, com boa direção e rumo certo.


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Fatos & Factóides



Factóide: fato ou pseudo-fato divulgado com sensacionalismo pela imprensa. Em sua origem, tinha o significado de fato divulgado por meio de imagens, em que estas eram o elemento mais importante.

O emprego desse vocábulo tornou-se popular e voz corrente a partir do início dos anos noventa, devido ao uso sistemático do prefeito carioca, Cesar Maia, de divulgar a si próprio e suas realizações ou, e isso é importante, intenções, de forma exagerada e massiva. Isto chegou a motivar um artigo da revista Veja, cujo título era e é auto-explicativo: “Governar é lançar factóides”.

O propósito de um factóide é gerar deliberadamente um impacto diante da opinião pública de forma a manipulá-la de acordo com as aspirações de grupos ou pessoas que se utilizam de sua influência na mídia. Um factóide pode ser definido como a emissão de uma notícia com o propósito único de atrair ou desviar as atenções. Como já foi dito no início, pode ser um fato ou um pseudo-fato. Pode ser real ou não. Pode ser um fato ou apenas uma intenção.

O que realmente importa e define um factóide é sua capacidade de atingir as pessoas, ou, usando um verbo dos novos tempos, impactar as pessoas.




Factóides recentes


Lugano volta ao São Paulo em 2009

Don Diego ganha perto de 1 milhão de reais por mês no Fenerbahce. Sua esposa está grávida e quer ter o filho em São Paulo ou em Montevidéu, ao lado da família. Caso parem em São Paulo, será quase a mesma coisa, pois a família Lugano adaptou-se à cidade com uma facilidade e prazer poucas vezes vistos em outros jogadores estrangeiros. Ao São Paulo interessa a volta de Lugano, isso é mais que óbvio, até porque Rodrigo voltará ao Dynamo de Kiev em 2009. Mas o clube em hipótese alguma pagaria a ele mais que 15% do que ganha no Fener. Nesse caso, como ficam as coisas? estaria o clube turco disposto a emprestá-lo por um ano e bancar 85% de seus ganhos? A troco de que? Ou, também improvável, estaria Lugano disposto a abrir mão desses 85%? Altamente improvável.



Ronaldo no Corinthians

Há poucos dias Andrés Sanches fez um tour pela Europa.
Há duas versões: ele foi para contratar Deivid, o centroavante do Fenerbahce, é uma. Outra diz que ele foi para negociar Andre Santos e Dentinho, talvez Lulinha, que no momento está em baixa.
A dívida de cem milhões do clube diminuiu pouco, quase nada, no decorrer desse ano de 2008. Recentemente, para escapar da restrição de crédito imposta pelo Crash, o Clube dos 13 e a Globo montaram um esquema de salvamento para alguns clubes, dos quais os primeiros beneficiados foram justamente o Corinthians e o Botafogo.
Outros adiantamentos já haviam sido feitos, tanto diretamente da Globo para o clube, via Clube dos 13, como por meio de empréstimo bancário avalizado e garantido pelas cotas de TV do próximo ano. Tal como o time do Rio de Janeiro e outros mais, a maior parte, quase a totalidade das verbas de TV de 2009 já está comprometida.
É nesse contexto que surgem as notícias da vinda de Ronaldo.
Se isto não for um factóide...



Ronaldo, Davids e Adriano no Flamengo

Para poupar tempo, onde lê-se Corinthians no bloco anterior, leia-se Flamengo, com poucas mudanças. Mudam os números da dívida, também, e aqui a mudança é grande. Mas, essencialmente, o resto pouco muda.
Marcio Braga pode ser considerado um especialista nessa arte difundida por Cesar Maia, e o torcedor rubro-negro vê-se às voltas hoje com a perspectiva doce – e quase certamente ilusória – de contar com esses três jogadores em seu time.

Não há o que falar sobre
Ronaldo, exceto que ele próprio não sabe se voltará a jogar ou se pendurará as chuteiras profissionais. E se voltar a jogar profissionalmente, só o fará por um dinheiro muito grande para qualquer clube brasileiro.

Adriano jogou no São Paulo por seis meses – essa foi a duração do contrato. Nesse período aceitou receber 160.000 reais mensais e abriu mão do restante, em nome de seu esforço para recuperar-se da situação em que estava metido. Seu salário mensal é de aproximadamente meio milhão de euros, pouco menos que isso. Trocando em miúdos, digo, em reais, essa brincadeira aproxima-se, hoje, de um e meio milhão de reais. Todo mês. Será que ele, uma vez mais, irá abrir mão desse dinheirinho, irá trocar milhão e meio por, quem sabe, duzentinho?
Não acredito.

Quanto ao holandês
Davids, cuja esposa é brasileira, e também por isso gosta muito do Brasil, não duvido de nada, mas não tenho a mínima idéia da utilidade que esse jogador poderia ter para o Flamengo num renhido 2009. Afinal, já com 35 anos de idade, não está rendendo tanto como outrora e parece estar mais para jurado de free style do que para titular de meio-campo num time que tem que encarar o Brasileiro e, possivelmente, a Libertadores. Ao mesmo tempo.




Os factóides são abundantes nessa época do ano.
De muitos, conhece-se os autores. Outros, entretanto, vêm a público, causam alvoroço, mas o pai ou pais do factóide permanecem desconhecidos ou apenas imaginados.
Com o fim da temporada, o fim do ano e o fechamento das contas do período, simultaneamente, um certo nervosismo parece tomar conta de dirigentes e, quando não, de pessoas com interesses diversos em torno dos clubes.
Os torcedores lêem coisas como essas e animam-se, passam a projetar times imaginários que tudo e todos vencerão. Quando nada acontece, como é o caso na maioria das vezes, a frustração é substituída por uma raiva difusa, que, por fim, atinge mais o mensageiro do que o autor da mensagem, principalmente quando este é um anônimo.

Azar do mensageiro.


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quarta-feira, novembro 19, 2008

Dez anos numa noite

A revista Trivela está fazendo dez anos de vida.
Talvez pareça pouco, mas quem trabalha em jornalismo ou publicidade sabe que se trata de uma autêntica façanha, ainda mais para uma revista segmentada e que não é parte de um grande conglomerado ou mesmo de um pequeno. Fazer revista no Brasil é muito, muito difícil, e digo isso baseado principalmente nos quase dez anos de minha vid
a em que trabalhei numa revista.




Para comemorar essa data, a Trivela promoveu uma mesa-redonda (que na verdade foi linear) na qual o tema foi “Dez Anos”. No futebol brasileiro e na seleção brasileira. Para falar a respeito, lá estavam Juca Kfouri, Lédio Carmona, Maurício Noriega e Mauro Cezar Pereira, ao lado do Caio Maia, editor da publicação.




Resumo da ópera: a aniversariante presenteou os convidados. O bate-papo foi ótimo, ainda mais para quem, como eu, gosta de ouvir uma pessoa de cada vez, ao invés de “dezoito” ao mesmo tempo. De maneira geral, esse período foi visto de forma positiva, com destaque para as duas
CPIs que revelaram ao povo muitas verdades que antes eram só cochichadas ou imaginadas. Além delas, o Estatuto do Torcedor e a instituição dos pontos corridos foram destacados por sua importância, sobretudo forçando os clubes a melhoraram, ainda que pouco, suas administrações. Não menos importante foi o afastamento de figuras nefastas e meio eternas do mundo do futebol, levando a uma renovação dos quadros dirigentes (se para melhor ou pior é algo a ser discutido, mas, pelo menos, aconteceram mudanças).

Outro assunto que rendeu foi a
Copa 2014. A revista, corajosamente, posiciona-se contra sua realização no Brasil, para desespero do departamento comercial, como lembrou o editor Caio Maia. Mas a posição dominante foi de apoio à realização da Copa entre nós, com as ressalvas fundamentais: o desagrado pelos condutores do processo, o esquema político já montado em cima da Copa, com governadores fazendo fila para beijar a mão do presidente da CBF, a perspectiva de despesas monumentais com fiscalização e controle “monumentalmente” pequenos ou nulos. O pessoal lembrou as copas da França e Estados Unidos, para as quais um só estádio foi construído na França. O Brasil, por exemplo, disputou três partidas em Marselha, no mesmo estádio que foi usado na Copa de 1938.

Fico frustrado por não ter gravado ou anotado todos os pontos que foram levantados e discutidos e não vou atrever-me a fazer isso só com o auxílio da memória, pois o risco de escrever abobrinhas seria muito alto.

Só resta, então, desejar felicidades à Trivela e recomendar sua leitura.
Acreditem, vale a pena.


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terça-feira, novembro 18, 2008

O peso da promessa indevida





Prometeu tem que cumprir.

Quantas vezes já não ouvimos essa frase, até mesmo de nossas bocas?

É uma frase muito usada em relação a políticos. Melhor dizendo, nem chega a ser usada, pois no caso dessa categoria profissional (hummmm...), a frase costuma ser inócua, pois todos sabem que político adora prometer e nunca cumprir.

É diferente, porém, quando falamos essa frase para alguém próximo.

Como o filho para o pai, cobrando a bike nova ou o notebook da hora.
Como o maridão para a esposa, cobrando o alvará para ver o jogão do seu time pela televisão.
Como a esposa para o marido, cobrando a ida à casa da mãe para o almoço há muito evitado.
Como o sogrão para o genro recalcitrante, autor da barriga da filha e agora meio arredio com relação às obrigações dela, barriga, decorrentes.
Como o torcedor em relação ao treinador e ao cartola que prometeu o título e agora nada apresenta.

Como não quero me envolver com promessas de bike, almoço com sogra, promessa de casamento com a filha de sei lá quem, vou ficar só na promessa futebolística.

A direção do Palmeiras falou demais, prometeu demais, gastou demais.
Também não vou falar desse último item, agora, bastam os dois primeiros.

Ao demitir Caio Jr. e contratar Luxemburgo, pagando “os olhos da cara” por ele e seu entourage, a direção palmeirense acenou com algo há muito ansiado pelo torcedor palmeirense: a conquista de títulos, prato sumido do Parque Antártica há muitos anos, não contando, naturalmente, a conquista da Série B em 2003.

Para cumprir essa promessa, além de contratar Luxemburgo, tido e havido como melhor técnico brasileiro e conquistador de títulos, o Palmeiras associou-se à Traffic, que comprometeu-se a contratar jogadores e colocá-los no clube, prioritariamente. Pelo andar da carruagem pôde-se perceber que as contratações tinham como prioridade ser colocadas no time, diretamente, e não no clube, como seria o certo. Graças a essa parceria, vieram, entre outros, Diego Souza e Henrique. Esse último, antes mesmo de aprender o caminho de sua casa para a Academia de Futebol, nome do CT do Palmeiras, na Barra Funda, pegou o rumo de Cumbica e aterrisou na Europa. Como consolo, deixou algum dinheiro no clube como participação na negociação.

De imediato, e ancorado pela boa fase de El Mago, vendido logo depois, o Palmeiras conquistou o Campeonato Paulista e credenciou-se, agora de fato, ao posto de melhor time do Brasil e favorito absoluto para conquistar a Copa Brasil, competição da qual seus principais adversários, em tese, não participavam e, na sequência, o Campeonato Brasileiro, fazendo, assim, uma Tríplice Coroa nacional.

Entretanto,é muito temerário prometer algo como títulos num futebol como o nosso.
No meio do caminho, a Copa do Brasil foi perdida, o primeiro grande baque. Ninguém ficou muito incomodado, afinal, torneio mata-mata tem dessas coisas, mesmo. Acreditavam os torcedores, nunca desmentidos pela direção, que aliás já não tinha como desmentir, que o título do BR viria com naturalidade, ainda mais por ser em pontos corridos e por ser Vanderlei Luxemburgo o especialista, o cara que melhor entendeu as manhas e mumunhas do campeonato por pontos corridos.

A essa altura, Luxemburgo já dizia a quem quisesse escutar, que o projeto para 2008 era conquistar um título e garantir presença na Libertadores 2009, e que, portanto, a meta já estava quase cumprida.

Porém, a saída de Valdívia que pareceu não afetar o time num primeiro momento, revelou-se muito complicada para a equipe, agravada pela negociação de Henrique, que já compunha e liderava uma boa zaga.

Num certo momento, o time que deveria nadar a braçadas largas no campeonato, viu-se sufocado e o sufoco aumentou nessa reta final do campeonato. A torcida começou a perceber que o título dificilmente viria e as cobranças aumentaram. Uma derrota em circunstâncias extremas, em pleno Palestra Itália, foi a gota d’água para grupos de “torcedores” organizados, que aumentaram suas críticas e chegaram ao cúmulo de agredir o treinador no Aeroporto de Congonhas, no embarque da delegação para o Rio de Janeiro, onde disputou mais um jogo-chave, onde ao menos um empate era essencial para, pelo menos, garantir uma vaga na Libertadores.

O desenrolar imediato dessa história todos já conhecem bem: derrota fragorosa por 5x2 para o Flamengo (a derrota no Maracanã para o Flamengo jamais seria um problema, mas com esse placar...), jogadores não comemorando gol, proteção policial na chegada a São Paulo, jogadores tensos, nervosos, preocupados, o treinador registrou queixa por agressão e a diretoria não toma uma medida clara de condenação aos elementos que perpetraram a agressão.

Cabe pensar, agora, numa hipótese bastante possível e muito preocupante: o clube pode ficar fora da Libertadores 2009 e isso acontecendo irá gerar uma crise de enorme proporção.

Afinal, mesmo que isso ocorra, o ano terá sido tão ruim?

Ou será que a expectativa criada pela direção foi muito maior do que o aceitável e razoável?

O que é uma temporada ruim?
Ou, melhor ainda, o que é uma boa temporada?
Ela só é boa se tiver títulos?

Se desconsiderarmos o falatório da direção, repercutido pela imprensa, e os muitos e supostos milhões da Traffic, a temporada palmeirense até o momento é muito boa. Levando em consideração os milhões da Traffic, os milhões de Luxemburgo e sua comissão técnica e a expectativa criada pela direção, a temporada é um fracasso.

O que é mais importante?

A realidade, a vida real no competitivo futebol brasileiro, ou os castelos de cartas montados com cédulas ao invés de baralho?


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segunda-feira, novembro 17, 2008

A recessão chegou...



... no Japão, na Europa...


Pelo segundo trimestre seguido o PIB da zona do euro caiu 0,2%, configurando o início de um período de recessão na economia. No Japão, que é a segunda maior economia do mundo, o trimestre fechou com queda de 0,4%, antecedida por uma queda de 3% no trimestre anterior. Tecnicamente, considera-se que uma economia está em recessão quando apresenta crescimento negativo por dois trimestres seguidos.

Em sua edição de sexta-feira, em matéria assinada por Jamil Chade, correspondente em Genebra, o Estado de S.Paulo dava em chamada na primeira página que 10.000 pessoas por dia estão perdendo seus empregos na Europa. Os mais afetados são os imigrantes; na Espanha, eles respondem por 46% dos demitidos. Persiste em todo o mundo o receio que a recessão transforme-se em depressão econômica, o que acarretaria problemas inimagináveis em todo o planeta.

A diminuição na atividade econômica, o desemprego, as restrições de crédito, as quedas nos preços de matérias-primas, petróleo inclusive, esse cenário como um todo, inevitavelmente, terá reflexos no mundo do futebol, como este blog vem alertando desde setembro, portanto nada de novo sobre isso, apenas atualização.

A Veja refere-se ao período de esplendoroso crescimento da Premier League como “futebolha”, um nome bom e bastante sugestivo. Atualmente, doze das vinte equipes que a disputam estão operando no vermelho e têm dívidas que ultrapassam 5 bilhões de dólares, havendo quem diga que o valor real é superior a esse. Antes mesmo do Crash, já tínhamos indicadores que essa temporada seria no mínimo problemática em relação às anteriores, e alguns deles foram apontados por este Olhar Crônico Esportivo.

Podemos estar presenciando o começo do fim de um ciclo mais amplo, cujo início, acredito eu, pode ser localizado na grande venda da sede do Real Madrid para a prefeitura da cidade, por meio bilhão de euros. A entrada desse dinheiro no mundo do futebol, gerando contratações de atletas por valores astronômicos, foi seguida pela entrada de bilionários russos e do Oriente Médio no mercado inglês.

Os valores dos direitos de transmissão de TV cresceram a níveis altíssimos, turbinados pela onda de crescimento das maiores economias do mundo. Crescimento em boa parte falso como hoje sabemos, mas que, independentemente disso, teve fortes impactos em todo o mundo, em todos os setores, o mundo da bola inclusive.

As fichas da percepção da realidade ainda não caíram todas, o que só ocorrerá durante o próximo ano. O que estamos presenciando é somente o começo do processo recessivo, que pode ou não levar a uma depressão econômica.

Inevitavelmente, o futebol começará a desenhar sua nova cara do decorrer do próximo ano.

Não é um bom texto para começar a semana, ainda mais para quem torce por times que ontem ou anteontem perderam. Mas a realidade não escolhe dia e hora para se anunciar.

De qualquer forma, boa semana para todos.


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