Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sexta-feira, outubro 10, 2008

Amor demais...






... pode fazer mal.

É o que dizem algumas velhas comadres, realistas, vividas, que muito já viram no decorrer de suas vidas.
Pode ser, pode ser, afinal, o ser humano é meio esquisitão, mesmo, não somos?


Acabei de ver o vídeo e ouvir o Wando cantando a versão de “Fogo e Paixão” criada por torcedores do Flamengo em homenagem ao atacante Vandinho.

A música original, que fez muito sucesso, é bonita e gostosa, ritmo fácil, letra que gruda na boca e pede repetições infinitas. Na voz de torcedores apaixonados, homenageando um jogador, é pura loucura, ainda mais que a torcida rubro-negra encantou-se com o rapaz. Não chegou a ser amor à primeira vista, mas foi, digamos, à terceira ou quarta vista. Talvez não amor, ainda, e sim paixão.

Vandinho...

Mas, quem é Vandinho?

Quem? Rapaz de 22 anos, que despontou no Avaí nesta temporada, marcando gols em profusão. Foi contratado pelo Flamengo, entrou em algumas partidas e já despertava suspeitas em parte dos torcedores quando, no jogo contra o Sport, embaixo de um temporal, deu um belo passe para Juan empatar o jogo. Minutos depois marcou o gol da virada, recolocando o Flamengo na disputa do título. Apesar disso, cabe a pergunta anterior e outras:


Quem é Vandinho?
Qual sua experiência?
De onde veio?

De repente a torcida, por causa de alguns poucos jogos, um gol e um passe, outro gol, um pênalti, sai com uma música em sua homenagem e um cantor famoso dá voz e corpo a ela...

E aí?

Como ficará a cabeça do rapaz?
Vai segurar a onda?

De repente, não mais que de repente, ele é a celebridade do momento na cidade do Rio de Janeiro.
Mais badalado que os candidatos a prefeito.
Celebridade numa cidade onde as celebridades têm uma vida de sonhos à disposição.
Aparentemente.


Como ficará agora?
Agora os zagueiros adversários vão saber que ele é "o" cara da música.
Vão dar mole pra ele?
Vão dar espaço pra ele?

E ele, sem espaço, com marcação redobrada, em cima o tempo todo, no cangote, sem folga, vai conseguir fazer bonito?
Vai conseguir ignorar a guerra de nervos da zagueirada adversária?
Vai conseguir responder aos anseios da torcida que fez até música?


A manifestação é bonita, e até emocionante?
Claro que sim.
E a música é gostosa, fácil, boa de cantar, também eu a cantarolei duas ou três vezes.

Mas...
Terá sido conveniente?
Não terá sido prematura?

Essa é a questão que o Vandinho irá responder no campo.
Tomara que consiga.
Ídolos fazem bem ao futebol.

Assim como a paixão do torcedor pode fazer mal.


Bom fim de semana a todos.
Até segunda-feira estarei na companhia das minhas vaquinhas.

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Sofrimento...




$ofrimento...



Notícias veiculadas nos últimos dias são sintomáticas, apontando vários clubes que estão em dificuldades financeiras hoje e que já têm suas verbas de TV de 2009 comprometidas.


Segunda-feira, o presidente do Botafogo, Bebeto de Freitas, prometeu pagar os salários atrasados (dois meses) dentro de 15 a 20 dias. Para isso, segundo as matérias jornalísticas, ele conta com um cenário mais calmo e definido na economia. Não entendi, pois, nesse período é exatamente isso que não teremos.


Roberto Dinamite, presidente do Vasco, vem reclamando, sistematicamente, do caixa vazio e das verbas de 2009 já comprometidas pela gestão anterior. O que ele não disse, parece-me, é que ele próprio também já recorreu aos ganhos de 2009 para pagar os atrasos de 2008. Mas só alguns deles, para sua infelicidade.


Andrés Sanches, presidente do Corinthians, não reclamou nos últimos dias, mas o Corinthians praticamente não tem mais nada a receber de direitos de TV em 2009. Ou, para ser mais preciso e não cometer uma injustiça, com sorte terá um terço da receita do ano para receber do Clube dos 13, já contando com os ganhos advindos da nova divisão do bolo do pay-per-view. Do Campeonato Paulista de 2009, pelo menos a metade já foi antecipada e usada.


No Palmeiras a situação segue complicada, cada dia um pouco mais. Desde o dia 1º desse mês, o clube já não tem receitas de patrocínio ou direitos de TV a receber. Boa parte das receitas de TV do BR de 2009 já foram, também, empenhadas. Dos direitos de TV do Paulista o Palmeiras nada mais tem a receber. Em junho, fora as dívidas existentes, a previsão era fechar o ano com um déficit de dez milhões de reais.

Entretanto, do dia 1º desse mês até o 31º e último dia de dezembro, o clube tem 3 folhas salariais, mais 13º, mais férias e todos os encargos correspondentes. A folha palmeirense tem um custo mensal de 4 milhões de reais, o que joga a despesa nesse último trimestre para algo próximo de 20 milhões de reais, somente com a folha de pagamentos. Nesse momento, a única previsão de entrada é a bilheteria dos jogos no Palestra Itália. Com as obras prometidas para a nova arena, o Palmeiras ficará dois anos sem jogar em seu estádio, o que vai provocar mais um impacto negativo em suas receitas.


Esse texto já estava pronto desde a quarta-feira quando, ontem, em Belo Horizonte, Antonio Silva Passos, vice-presidente do Clube Atlético Mineiro, disse que o clube ainda não pagou salários atrasados porque os bancos estão “fechados”. Mas o clube já tem tudo encaminhado, os documentos já estão assinados, e o dinheiro só não entrou por causa da crise financeira mundial. Pelo que sabe este Olhar Crônico Esportivo, esse empréstimo bancário também é por conta de adiantamento de direitos de TV de 2009, por meio de mecanismo que os blogueiros conhecerão mais adiante. Esta informação foi publicada no Além do Jogo, do Marcelo Damato hoje.



Esses clubes não são as exceções, pelo contrário. Há outros em situação ainda pior do que esses que foram citados.




O futuro próximo



Em conversa com este blogueiro, executivo financeiro de um dos clubes paulistanos colocou dois problemas imediatos: o primeiro, que já está pegando, é o fechamento das linhas de crédito nos bancos brasileiros, devido à crise mundial.


Dependendo de medidas do BC e do governo, os bancos podem voltar a emprestar, mas os juros e o spread serão ainda maiores do que já são. Ou seja, as despesas financeiras já elevadas, estão ficando ainda maiores. O significado disso é claro: a cada mil reais que entrariam em caixa futuramente, o clube só consegue receber novecentos ou menos. Como esse dinheiro em boa parte é usado para pagamentos atrasados, o que custava seiscentos passa a custar setecentos ou mais.


Eis o custo da má gestão: queima-se mil reais de janeiro ou fevereiro para pagar quinhentos ou seiscentos do janeiro ou fevereiro de algum ano para trás.


O outro ponto deverá afetar as contas de 2009: há muita expectativa quanto à continuidade das transferências para a Europa e Ásia e a primeira impressão não é nada boa.


Se essa fonte de receitas secar, os clubes brasileiros serão fortemente afetados, pois praticamente nenhum deles consegue sobreviver no azul sem a receita de transferência de atletas.


Em tese, os clubes deveriam sobreviver com suas receitas operacionais: direitos de TV, marketing, licensing e bilheteria. Isto em tese, pois na prática essas verbas não cobrem, às vezes, nem metade dos custos.




Os direitos de TV do BR 2009



Hoje, boa parte dos clubes que vão disputar a Série A 2009, já comprometeram a maior parte dos valores a que terão direito. Isso acontece de duas formas: via adiantamento da Rede Globo através do Clube dos 13, ou através de empréstimo bancário garantido pelos direitos de 2009.


No caso do adiantamento direto, a Globo e GLOBOSAT repassam o valor negociado para o Clube dos Treze que, por sua vez, desconta as taxas devidas e entrega ao clube.


Dessa forma, o Corinthians recebeu R$ 11.486.000,00 do Clube dos 13 referentes a adiantamento sobre direitos de TV de 2009. Como este blog adiantou, a assinatura do acordo com a Globo foi motivada por esse adiantamento. Este é o valor apontado como dívida e ele, provavelmente, incorpora os juros pelo adiantamento e mais as taxas de INSS e Direito de Arena. Nesse caso, o valor líquido recebido pelo clube foi muito menor.


A outra forma de adiantamento dá-se por meio de empréstimo bancário. Nesse caso, o clube negocia o valor com o banco – na prática, ele vende ao banco seus direitos a receber – e obtém a anuência da Globo e do Clube dos 13.


O valor negociado fica bloqueado, vinculado ou garantido para pagamento ao banco credor. Ao repassar esse valor, o banco cobra os juros e taxas, nada baratos, e entrega ao clube o valor líquido. Nesse caso, o mais provável é que o Clube dos 13 bloqueie os valores para pagar INSS e Direito de Arena.

Se for dessa forma, o valor a ser debitado é maior do que o que foi contabilizado.


Um bom exemplo desse tipo de negociação é o que deu ao Corinthians há poucas semanas, R$ 12.132.000,00.

Na melhor das hipóteses, se todas as taxas já foram descontadas, o clube deixará de receber 70% dos valores que serão pagos em 2009, pois já adiantou R$ 23.618.000,00.

E dos 30% restantes, algo como dez milhões de reais, ainda deixará no caixa um milhão (INSS e Direito de Arena).


Entretanto, com base nas informações recebidas, sobrou muito pouco para 2009, o que dá a entender que as taxas não foram abatidas e pagas.


Esses percentuais e valor a receber foram calculados a partir de um valor hipotético total de 34 milhões em 2009, de acordo com previsão deste oce.


Parte desse valor, contudo, será pago na forma de espaço nas emissoras, ou seja, não haverá transferência de dinheiro, o que reforça a informação que este blog recebeu: não só o Corinthians, mas alguns outros grandes clubes, já não tem praticamente nada a receber pelos direitos de TV do BR 09.


Embora seja importante pagar atrasados ou manter salários em dia, adiantar patrocínios e direitos de TV é péssimo negócio, tem um custo altíssimo. Mas é a forma, às vezes única, que dirigentes de clubes mal administrados têm encontrado para continuar respirando.


Nessa ciranda já embarcaram, entre outros: Corinthians, Palmeiras, Santos, Portuguesa, Flamengo, Fluminense, Botafogo, Vasco – inclusive na nova gestão, Atlético Mineiro, Cruzeiro...



$ofrimento. Infelizmente,esta é e continuará sendo a palavra de ordem por um bom tempo, tudo por culpa única e exclusiva, de gestões amadoras, incompetentes, gastadoras e, last but not least, provavelmente corruptas em alguns casos.


Porque é difícil acreditar em tanta incompetência concentrada.



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quinta-feira, outubro 09, 2008

Crise: boa ou ruim?




Já lá se vão uns vinte e poucos anos. Era, à época, diretor de atendimento de uma grande agência de propaganda. O Brasil, para não perder o hábito, estava mergulhado em mais uma crise, coisa à qual a gente já nem ligava, pois as crises, assim como a inflação galopante, eram partes do nosso dia-a-dia. Minha função nada tinha a ver, pelo menos à época, com o trabalho de criar anúncios, tarefa nobre reservada aos deuses que habitavam o Olimpo das agências, o setor de criação. Meu negócio, e de meus auxiliares, era manter o cliente faturando cada vez mais, cada vez mais feliz com a agência e, claro, fornecer à criação bons briefings, para que bons anúncios, boas campanhas, fossem criados.

Mas...

Lendo um desses almanaques, hoje meio raros, mas outrora populares e até úteis, tinha lido alguma coisa sobre o significado de crise em chinês. Depois, talvez numa revista de economia, novamente tornara a ler aquele negócio: o ideograma chinês correspondente à palavra crise, ou à idéia de crise, é formado pela junção dos ideogramas de risco com o de oportunidade.

Risco + Oportunidade = Crise

Em reunião num cliente, uma trading company, soltei meio sem querer querendo a idéia de produzir um anúncio otimista, de esperança, fé no futuro, etc e tal, com todo o blábláblá de praxe para esse tipo de anúncio ou pronunciamento. E, atrevido e metido, bolei eu mesmo um anúncio, ali na frente do cliente, ousadia que valeu-me parabéns e uma baita CR, também conhecida por reprimenda ou esporro. Levei a idéia pronta e aprovada para a criação, que odiou tudo, mas, paciência, o anúncio saiu. Simples e direto: um chinês, morador da Liberdade, obviamente, desenhou com capricho o ideograma que ocupou, elegante e solitário, o centro da página. Embaixo vinha o blábláblá.

Ora, e a troco de que todo esse blábláblá num blog que se diz, ou se pretende, ser sobre futebol?

Simples: uma crise se avizinha, está prestes a cruzar o Atlântico. Pode-se dizer que ela já está bem instalada nas terras de Sua Majestade, a Rainha, e da invejada e invejável Premier League. Mas disso já sabiam os leitores deste Olhar Crônico Esportivo, ou pelo menos suspeitavam. Agora, é menos suspeita e mais realidade.

Os jornais impressos de hoje trazem com destaque matérias falando das dívidas acumuladas dos times da Premier League. Os vinte clubes que a compõem, devem, segundo o próprio presidente da entidade, mais de 6 bilhões de dólares. Nesse momento, a Premier League e a FA – a CBF britânica – já pensam em medidas a respeito. A FIFA já foi mais longe e Blatter disse claramente que esse assunto precisa ser examinado pela UEFA. Ele referia-se às fáceis compras de clubes por milionários oportunistas e em busca de boas oportunidades para ganhar dinheiro – o que não está acontecendo – ou para torrar dinheiro – o que está acontecendo. Em boa parte devido a essas aquisições, as dívidas explodiram. A UEFA, em aparente sintonia com a FIFA, foi além e pensa em blindar o futebol europeu contra a crise econômica provocada pelo crash de Wall Street e também, numa postura mais radical, estuda excluir de seus campeonatos os clubes com dívidas excessivas, caso não coloquem ordem em suas contas.

A crise está na mesa.

Os riscos se multiplicam

Segundo a Folha de S.Paulo de hoje, jogadores da Seleção que atuam na Europa, em especial na Inglaterra, estão preocupados com os efeitos desse imbróglio em suas carreiras e em suas vidas pessoais. Não é para menos, quando se sabe que somente a dívida do poderoso Manchester United já bate na casa do bilhão de dólares. Uma recessão econômica é certa. Os otimistas esperam que seja curta. Os pessimistas têm medo que o nome do monstro seja depressão e não recessão. Em decorrência, qualquer que seja a palavra, qualquer que seja a realidade, patrocínios serão afetados, como já estão sendo, assim como postos de trabalho serão desocupados, aumentando ainda mais os já altos índices de desemprego na União Européia. O número de 16 milhões de pessoas sem ter o que fazer para ganhar dinheiro e comprar comida e pagar o aquecimento no inverno, já começa a aumentar.

E as
oportunidades ?

Bom, como sempre elas aparecerão e serão ótimas para aqueles que tiverem dinheiro na mão. Não é nosso caso. Por outro lado, tudo isso poderá resultar num fechamento da porteira que atrai, todo ano, os melhores jogadores do Brasil. Isto será ruim, péssimo, mesmo, para os jogadores, mas, por outro lado, poderá dar aos clubes brasileiros uma inesperada chance, ou oportunidade, para que montem times razoáveis, com boa qualidade e voltem a fazer dos jogos um espetáculo bonito e artístico. Espetáculos não nos faltam, e os jogos de ontem que abriram essa rodada demonstram isso. O que anda em falta para nossos times é a famosa qualidade, toda ela exportada e pulverizada por terras d’Europa e Ásia.

É isso.
O possível lado bom da crise, pois toda crise, dialeticamente, tem o ruim e o bom nela mesma.

Entretanto, para não repetir o “mas”...

A coisa aqui tá feia, como já disse um poeta famoso em música idem.

Bem feia.

É o que veremos.

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quarta-feira, outubro 08, 2008

Saudades


Chicão faleceu na madrugada de hoje, depois de operar um câncer no esôfago.


Infelizmente, não resistiu às complicações pós-operatórias.


Chicão é um dos meus ídolos e para sempre será.


Para mim, ficará a lembrança dos muitos jogos em que ele comandava a retaguarda Tricolor e o próprio time, um verdadeiro xerife, até no porte, mas não na altura, lembrando outro de meus grandes ídolos, John Wayne.


Chicão, que entrou em campo no terrível e temido jogo contra a Argentina pela Copa de 1978 e deu conta do recado com perfeição, ao lado de Batista. Juntos, anularam Kempes e Luque, no pequeno e ultra-lotado campo de Rosário. O jogo terminou 0x0.


Chicão está no nascimento deste Olhar Crônico Esportivo.


Comecei o blog num agosto e parei.


Em novembro, no dia seguinte ao Encontro de Ex-Jogadores do São Paulo, retomei o blog falando do Encontro.


Onde tive o prazer de conversar com meu ídolo.


Saudades.

Descanse em paz, Chicão.

Obrigado por tudo que você nos deu.


Chicão e este blogueiro no Encontro de Ex-Jogadores do São Paulo, em novembro de 2005.



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Dinheirinho extra no Clube dos Treze...



... e no caixa dos clubes



Até esse ano, os pagamentos feitos pelo Clube dos 13 aos clubes, sofriam um desconto de 1,75% (a respeito, ver posts de 9, 17 e 19 de outubro de 2007) por conta da taxa de administração do Clube, e mais os 5% de lei para o INSS e mais 5% de Direito de Arena.


A partir de 2009 esse desconto de 1,75% deixa de existir, e o desconto sobre as cotas dos clubes será de 10% dos dois tributos, nada mais.


Ora, nesse caso, como poderá sobreviver a entidade?


Simples: com o dinheiro pago pela TV Globo e GLOBOSAT em troca da cessão às emissoras do direito de uso da e da marca Clube dos Treze.


Por esse direito, as duas empresas pagarão 10 milhões de reais por ano – 8 milhões da Rede Globo, sinal aberto e outros 2 milhões pela GLOBOSAT, sinal fechado – e com essa verba o Clube alcança sustentabilidade, não mais descontando uma taxa mensal dos associados e participantes da Série A.


Em 2008, o valor descontado ficou em 5,5 milhões de reais, quantia que, em 2009, com certeza ultrapassaria 8 milhões de reais.


Dessa forma, pode-se dizer que o acordo para a transmissão do Brasileiro 2009 tem, na prática, dez milhões de reais a mais do que o que foi anunciado, em termos práticos e líquidos.



No decorrer dos três próximos anos serão mais 30 milhões que irão para os cofres dos clubes, uma vez que a taxa de administração fica extinta.


Não é muito, quando pensamos que o total é dividido em três anos e pago em parcelas mensais, mas todo reforço de caixa é importante.


Considerando os clubes do Grupo I, que receberão algo como 34 milhões de reais em 2009, não precisar pagar essa taxa significará mais 600.000 reais em caixa, ou seja, 50.000 reais por mês, dinheiro suficiente para pagar o salário de um jogador médio e bom, ou de três, até quatro jovens valores.


Tudo ajuda.


Por outro lado, a crise iniciada em Wall Street aproxima-se e boa parte, a maioria dos clubes, já sacou muito sobre o futuro...


Comentarei a respeito no próximo post.



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terça-feira, outubro 07, 2008

E agora, como pagar a conta?





A Record pagou 60 milhões de dólares pelos direitos de transmitir as Olimpíadas de 2012, em Londres, com exclusividade para o Brasil. Por essa quantia, ganhou, também, as Olimpíadas de Inverno, em 2010, em Vancouver, Canadá. Como não estava para brincadeira, arrematou os Jogos Pan Americanos de 2011, em Guadalajara, México, por 10 milhões de dólares. Total da conta: 70 milhões de dólares.



Quando a emissora fechou os negócios, o dólar estava abaixo de 1,70 (1,61 na cotação do fechamento com a ODEPA, pelo Pan), em viés de baixa, que levou a moeda americana a ser negociada a 1,50.


O mundo sorria para a Rede Record, nesse momento.


Eis que de repente as coisas começam a degringolar para os lados de Wall Street. Crise pra cá, crise pra lá, o dólar, hoje, fechou em 2,31 em viés de alta. Vai cair, vai subir, mas o viés é de alta. Voltará aos três reais por um?


¿Quién sabe lo que pasará mañana?


Então, nesse momento, o que foi comprado por algo como 115 a 120 milhões de reais, menos até que uma única cota de patrocínio do futebol da Globo para 2009, está custando, agora, mais de 160 milhões de reais e subindo, numa escalada que não surpreenderá se chegar e passar de 200 milhões de reais.


Um quadro preocupante, sem a menor dúvida.


Há três semanas, segundo o jornalista Daniel Castro, da coluna Outro Canal, da Folha de S.Paulo, a GLOBOSAT fez uma oferta de 12 milhões de dólares pelos direitos de transmitir Londres 2012 e Vancouver 2011 pela TV paga – os canais Sportv. Vejam a íntegra da nota da coluna:


"Record recusa lance da Globo por Olimpíada


A Record recusou uma superproposta da Globosat, programadora de canais da Globo, pelos direitos em TV paga da Olimpíada de Londres, em 2012, que incluem os Jogos de Inverno de Vancouver (2010).
A Globosat propôs pagar cerca de US$ 12 milhões, em um lance considerado "agressivo" pela empresa. Esse valor é mais do que todas as TVs abertas e fechadas pagaram pelos direitos de Pequim-2008. Setores da Globo, contrários à negociação com a Record neste momento, avaliam os Jogos de 2012 em no máximo US$ 5 milhões para toda a TV paga.
A Record recusou imediatamente a proposta, feita há três semanas. Mas a emissora de Edir Macedo, após a alta do dólar, já demonstrou arrependimento e sinalizou interesse em discutir com a Globosat. O dólar mais alto encarece os direitos para a Record, que se comprometeu a pagar US$ 60 milhões. E desvaloriza o evento para as TVs brasileiras.
A Globosat ofereceu cerca de US$ 12 milhões para ter exclusividade na TV paga. Mas a Record só aceita esse tipo de negociação se a empresa da Globo se comprometer a repassar os direitos para outros canais.
As negociações da Record com a BandNews já estão bem adiantadas. Com a ESPN, apenas no início. Para a Record, Londres-2012 vale US$ 30 milhões na TV paga. A emissora não abre mão da exclusividade na TV aberta."



Achei estranho nessa nota da coluna não haver menção ao Pan de Guadalajara, justamente a única competição em que o esporte brasileiro ganha algum destaque de verdade, gerando um show para a mídia. Não importa,o que conta agora é que os executivos da Record,certamente, estão coçando a cabeça e não é pouco.


Continuo batendo na minha velha tecla: a emissora terá que dividir os direitos com a Globo para arcar com os custos dessa aposta, que estão ficando cada vez mais altos.


Em troca poderá ganhar acesso ao Campeonato Brasileiro.

É aguardar.



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Rolando pelo mundo da bola...


...e da estupidez humana na Europa




Na bola - Blatter em ação


Baixinho, simpático, esperto, uma verdadeira raposa como sói acontecer com a maioria dos dirigentes de grande expressão – e raposa aqui é no bom sentido –, Joseph Blatter, presidente da FIFA, muitas vezes é meu herói. Outras tantas é meu vilão.

Herói e vilão, que fique claro, não passam de licenças ditas ‘poéticas’ do autor dessas mal digitadas.

Nesse momento, ele vive um momento herói.

Em discurso no Parlamento Europeu, Blatter pregou a imediata necessidade da UEFA e das Ligas nacionais controlarem e imporem normas mais rígidas para a aquisição de clubes. Usando um tom de brincadeira, mas falando sério, ele disse que hoje comprar um clube tradicional é tão fácil quanto comprar uma camisa. Licença ‘poética’ à parte, ele não deixa de ter razão.

Sua preocupação, entre outras, é com a falta de identidade entre o comprador e a comunidade em que o clube está inserido, tem sua história, seu apoio, sua base. Especialmente nesse momento de crise econômica que se alastra e cresce dia-a-dia, Blatter disse que nada garante que alguém compre hoje e vá embora amanhã, subitamente, deixando para trás um clube entregue à própria sorte. Melhor seria dizer ao próprio azar.

Entre outras medidas, ele pregou a necessidade das entidades investigarem a sustentabilidade de quem compra, sua real capacidade presente e futura de arcar com a responsabilidade de ter um time de futebol. Nessa proposta, fica implícita a necessidade de conhecer a origem dos recursos do comprador, outro ponto importante, principalmente nos tempos em que vivemos.

Segundo Blatter, o que vemos são bilionários comprando cavalos e investindo em corridas, comprando equipes de Formula 1 e outras categorias, e agora comprando times de futebol, como a onda do momento.


6x5

Joseph Blatter não perdeu a oportunidade e voltou a abordar um de seus temas prediletos: a proposta para implementar o 6x5, ou seja, a necessidade de cada time ter pelo menos 6 jogadores em sua composição que sejam do mesmo país do clube, ali formados, e no máximo 5 jogadores de outros países, inclusive de dentro da própria Comunidade Européia.

É nesse ponto que o bicho pega: o Parlamento é radicalmente contrário a qualquer impedimento na livre movimentação e trabalho entre os países da Comunidade.

A velha raposa confederativa não deixou de alisar os parlamentares, ao dizer que sua pregação visa convencê-los dessa necessidade e que a FIFA não pretende impor nada que contrarie as leis européias. E que a importância dessa medida estaria na valorização dos jovens talentos de cada país e no combate ao tráfico de pessoas, tema que é particularmente sensível para o Parlamento Europeu.

Outro receio de Blatter é a crescente descaracterização, também, das seleções nacionais, cada vez com mais brasileiros vestindo outras camisas. Algo que, no futsal, já entrou na categoria do absurdo, agora em processo de imitação no vôlei de praia.




No mundo da estupidez - Crash e Preconceito


A crise econômica cresce e se alastra. Ao contrário, uma vez mais, do que disse o presidente de certo país tropical, a crise cruzou oceanos, selvas e cordilheiras e atinge o mundo inteiro. Não há exceções.

Um grande correspondente de guerra disse que sob a tensão da guerra, a morte sempre rondando, todo ser humano revela seu verdadeiro caráter. O mesmo ocorre, talvez em menor intensidade, nos momentos de crise econômica. Não à toa, sábio ditado popular diz que em casa em que falta o pão, todos gritam e ninguém tem razão.

Não falta o pão, ainda, mas a situação econômica nos países europeus, que vem se degradando há um bom tempo, tem levado mais e mais pessoas a revelar seus piores instintos, gritando palavras de ordem contra árabes, negros, muçulmanos, latino-americanos, europeus do leste, judeus,enfim, contra tudo e contra todos que, em suas visões limitadas ameacem seu status quo.

Na semana passada, o instituto americano Pew Research Center, divulgou relatório de 73 páginas, baseado em mais de 4.000 entrevistas feitas no Velho Continente, indicando a evolução das opiniões negativas sobre islâmicos e judeus entre 2004 e 2008.

Na Espanha, por exemplo, país que lidera nos índices de preconceito, 52% declararam-se contrários aos islâmicos, contra 37% em 2005. A aversão a judeus foi admitida por 46% dos entrevistados contra 21% em 2005. A Alemanha e a França apresentaram também índices de aumento significativos. Hoje, 50% dos alemães têm visão negativa sobre os islâmicos, índice que na França é de 38%. Em relação aos judeus, essa visão dos alemães aumentou para 25% nesse ano e para 20% entre os franceses.

Situações semelhantes também ocorrem em países da Europa Oriental, inclusive na Rússia. Neste país, porém, um detalhe: enquanto aumentou o preconceito em relação aos judeus de 25% para 34%, no mesmo período, de 2004 para 2008, o preconceito contra os islâmicos caiu de 37% para 32%.

De acordo com o relatório, as manifestações de preconceito crescem mais entre as pessoas acima de 50 anos de idade e sem formação superior. Há, ainda, um grande paralelo entre anti-semitas e antimuçulmanos na opinião pública da Europa Ocidental, acompanhando, também, os mesmos estratos sociais.

Um ponto positivo no estudo do Pew Research Center é a constatação de que o apoio dos muçulmanos a ataques terroristas lançados por homens-bomba caiu de 74% em 2002 para 32% em 2008.


Comentários

O estudo não indica, até porque sua fase de análise e interpretação foi concluída antes do crash em Wall Street, mas a tendência, na opinião deste blogueiro, é o aumento desses índices com o agravamento das condições econômicas.
Não é coincidência o fato de a Espanha ser o país com maiores índices de preconceito e ter índice de desemprego de 10,4%, chegando a assustadores 23% entre os jovens – ver o post de 23 de setembro sobre os efeitos do crash na Europa.

E o futebol com isso tudo?

As manifestações racistas contra futebolistas seguem sem interrupção na Espanha, Itália e França, principalmente. Jogadores são estrelas, ganham muito bem, principalmente no imaginário popular, e tornam-se, assim, alvos fáceis e óbvios de manifestações de desagrado com uma situação de dificuldade econômica.
Essa ligação, entretanto, é feita pela via doentia do preconceito.

“O que esse cara está fazendo aqui, ganhando nosso dinheiro? Volta pra tua terra!”

Esse grito econômico, dirigido a qualquer estrangeiro no auge de uma crise, vai primeiro contra os imigrantes de todo tipo e contra os imigrantes “vip”, os atletas.

Veremos muito mais disso tudo no decorrer de 2009 e, tudo indica, hoje, 2010 e 2011. Manifestações de preconceito só diminuem de forma espontânea com crescimento econômico e esse, com sorte, só voltará a acontecer em 2012.
Bom, isso segundo economistas, mas...
Enfim, previsões de economistas não costumam ser lá muito confiáveis. De repente pode até ser antes, coisa da qual duvido.

Não é difícil no próximo ano um cenário em que muitos atletas brasileiros tentem fazer o caminho de volta para essa Terra de Vera Cruz.

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segunda-feira, outubro 06, 2008

O Prêmio Fair Play




O Brasileiro de 2008 será o campeonato do fair play, do comportamento ético dentro e fora dos gramados. Por isso, o Clube dos 13 vai premiar a equipe mais bem disciplinada da competição. Tenho certeza de que essa edição será a melhor de todos os tempos.


Trecho da palestra do presidente do Clube dos Treze, Fábio Koff, no seminário que antecedeu a abertura do Campeonato Brasileiro de 2008, realizado em São Paulo.


A existência desse prêmio tem passado despercebida da mídia e, por extensão, dos torcedores.


Ao final do campeonato, a equipe mais disciplinada, como destacou Koff, receberá um prêmio em dinheiro, cujo valor será definido juntamente com os prêmios pagos do 1º ao 16º colocado a partir dos últimos números de vendas dos pacotes pay-per-view.


Como estão as equipes nesse quesito?


Vejamos os números do site Globo Esporte:



Menos faltosas

  • 451 faltas cometidas Flamengo
  • 455 faltas cometidas Vitória
  • 477 faltas cometidas Fluminense



Menos cartões vermelhos

  • 1 cartões vermelhos Santos
  • 2 cartões vermelhos Sport
  • 3 cartões vermelhos Flamengo



Menos cartões amarelos

  • 62 cartões amarelos Atlético - MG
  • 66 cartões amarelos Ipatinga
  • 67 cartões amarelos São Paulo



Não há informação sobre os critérios que serão usados para definir a “equipe mais bem disciplinada da competição”, por isso listei as equipes menos faltosas e com menor número de cartões vermelhos e amarelos.

Pelo andar da carruagem hoje, dificilmente o Prêmio Fair Play deixará de ficar com uma dessas que estão listadas.


Há, também, as equipes que, também pelo andar da carruagem, não têm a mínima chance de ganhar esse prêmio do Clube dos 13:


Mais faltosas

  • 687 faltas cometidas Grêmio
  • 639 faltas cometidas Goiás
  • 608 faltas cometidas Sport



O site UOL Esporte aponta, igualmente, as mesmas três do Globo Esporte, trazendo, ainda, o Palmeiras, usando o critério de número médio de faltas cometidas por jogo:


1º Grêmio 24,2

2º Goiás 22,8

3º Sport 22,0

4º Palmeiras 21,3





Menos faltas, mais jogo




Em relação com esses números, a Folha de S.Paulo de hoje traz uma matéria muito interessante, que transcrevo em parte:



O futebol brasileiro não é mais o mesmo. Pelo menos em uma de suas mais tradicionais e controversas faces.

Com sangue novo na arbitragem, mas também com a ajuda de veteranos, o Campeonato Brasileiro não é mais o festival de faltas que já o caracterizou.


A edição deste ano registra o menor número de faltas desde que o Datafolha passou a tabular essa estatística, há exatos 20 anos. Depois de 28 rodadas, a média está em 39,2 faltas.


É a primeira vez que o índice fica abaixo de 40. Em 1990, foram 58 faltas por jogo, recorde.


A marca atual aproxima bastante o jogo brasileiro do praticado nas principais ligas da Europa. No Campeonato Italiano passado, por exemplo, foram 36 faltas por partida. No atual Espanhol, são 34.


E é o modelo europeu de deixar o jogo correr mais, e não marcar falta em qualquer encontrão -uma marca brasileira-, que ajuda e explicar essa queda brusca no Nacional.


Primeiro, por uma mudança de estilo dos próprios árbitros. "Os juízes estão mais atentos no vício do jogador brasileiro de se atirar", diz Jorge Paulo de Oliveira Gomes, presidente da Anaf (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol) e também instrutor da Fifa.


Ele diz que realmente existe uma tendência de os árbitros diminuírem o número de faltas marcadas a cada jogo.
Gomes ainda aponta uma mudança de comportamento dos atletas que também ajuda na diminuição de infrações. E isso novamente passa pelo que acontece na Europa.


"Os jogadores querem ir jogar em clubes europeus. E eles não querem ser taxados de atletas que se jogam toda hora. Isso é mal visto na Europa", afirma o chefe da Anaf.



Diante desse quadro, impressiona o número de faltas cometidas pelo Grêmio.


Este blogueiro fez uma projeção simples e chegou ao seguinte resultado:


No próximo jogo do Grêmio, contra o Santos, no Olímpico, lá pela altura dos 40′ do 1º tempo ou por volta dos 4′ do 2º tempo, o Grêmio fará sua 13ª falta no jogo e a 700ª falta no Campeonato Brasileiro de 2008.


No decorrer de quase 2.700 minutos de jogo, o time terá mantido a impressionante média de uma falta a cada três minutos e meio ou pouco mais que isso.


Um número de impressionar no momento atual.


Se a equipe mantiver essa média, terminará o campeonato com 932 faltas, não muito distante da marca de 1.000 faltas no campeonato.


Realmente, o Grêmio pode ser campeão brasileiro, mas o Prêmio Fair Play vai permanecer longe de sua sala de troféus.



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Numbers...




(Esse post fala, especificamente, sobre o São Paulo F.C. e seu desempenho no Brasileiro 2008.)



Gosto dessa série americana, que associa a matemática à investigação policial. Partindo de quem sempre foi uma nulidade em matemática – mas sou bom demais em aritmética, o que quer dizer alguma coisa, mas não sei bem o que – é até surpreendente esse gosto em assistir Numbers e seu herói meio nerd.




No futebol, os números que gosto são os das camisas dos jogadores – tenho particular predileção pelo 1, pelo 3, pelo 5, pelo 10 e pelo 9. Meu time, que como sabem todos é o São Paulo, está bem servido nesses números, exceto pelo 10, o mítico 10, o desejado e tão sonhado 10. Outros números que gosto no mundo da bola são os que indicam a quantidade de pontos ganhos. Mas, para surpresa de muitos que nasceram depois dos setenta, até o começo dessa década os campeonatos eram contabilizados pelos pontos perdidos e não pelos pontos ganhos. Perdia-se 1 ponto por empate e 2 por derrota.
A mudança para pontos ganhos e dar três e não mais dois pontos por vitória, foram importantes na implantação de uma nova filosofia, de um novo modo de enxergar o futebol.

Mas não é sobre esses números e essas histórias que quero falar hoje. Nesse post, como já alertei acima, falarei especificamente, a partir de agora, do São Paulo.

- colocado no Brasileiro;
- colocado em pontos ganhos;
- ataque, com 46 gols (o Palmeiras tem o mesmo número, mas com maior quantidade de pênaltis; irrelevante, eu sei, mas, digamos que é uma licença “poética” do blogueiro);
- em finalizações, com 362;
- em assistências, com 35;
- menos vazado, com 27 gols;
- em roubadas de bola;
- menos faltoso.

Belos números, sem a menor sombra de dúvida, exceto, é claro, o primeiro deles, que mostra o time em 5º lugar no campeonato.

Vou mostrar agora dois números que ajudam a entender os dois primeiros números da lista acima:

- 20º time em faltas sofridas;

- 3º time em passes errados.

Números podem dizer muito, pouco ou nada, o que, em boa parte, dependerá da forma como são interpretados. Para mim, esses dois últimos números demonstram, de maneira cabal, a falta de articuladores de jogadas e jogadores habilidosos que tem o São Paulo. Há um terceiro e um quarto número a acrescentar a essa relação: o São Paulo é, provavelmente, o time com o menor número de pênaltis a favor no campeonato: apenas dois. E Rogério Ceni marcou somente um gol em cobrança de falta nesse Brasileiro, número que tem sua origem no fato do time ser o que menos sofre faltas.

Com a perda de Souza e Leandro, o São Paulo perdeu dois jogadores que articulavam, criavam e, somente sassaricando ou levando perigo de fato à meta adversária, sofriam muitas faltas no ataque. Além disso, ambos são jogadores com bom passe e ótimas assistências, levando Aloísio e outros jogadores a também sofrerem faltas nas proximidades da área adversária. Sem os dois, o São Paulo ficou enfraquecido, tanto na frente como na criação. Não menos importante, ficou enfraquecido até mesmo na marcação, que começava na frente.

Ambos foram perdidos, paciência, faz parte, vida que segue, não era, mesmo, o caso de segurá-los, pois o custo seria muito alto, etc e tal.
O que não poderia acontecer, contudo, foi a ausência de reposição com jogadores que tivessem características semelhantes. Houve, é claro, a tentativa com Carlos Alberto, que foi válida, 100% válida, num jogador em quem eu acreditei também. Mas não deu certo, o que é inerente a qualquer contratação.

O jogador que substituiria Leandro com perfeição e ainda com ganho de qualidade, não foi contratado. Seu nome?
Dario Conca, pedido pelo treinador e cuja contratação foi tentada, não chegando a bom termo por problema salarial - o São Paulo não cobriu a oferta do Fluminense/Unimed.

Souza, em tese, como ala seria bem substituído por Joilson, o que nuca chegou a acontece, embora Joilson já tenha feito alguns bons jogos. Além disso, Souza sempre foi mais que ala, simplesmente.

Da mesma forma Breno não foi substituído como deveria, por um zagueiro com características semelhantes, que mantivesse o padrão de jogo da defesa e, com um pouquinho de sorte, a mesma qualidade. Veio Juninho, que fez um bom campeonato (tal como Joilson), mas bem diferente de Breno, forçando o treinador a fazer mudanças em toda a estrutura da defesa e do time.

Agora, com o final da temporada se aproximando, Muricy consegue dar um novo padrão de jogo à equipe, mas muito longe, em qualidade, do time de 2007 e do time de 2006.

Falta qualidade ao São Paulo quando ataca, falta criação no meio, falta qualidade no toque e condução da bola.

Faltas que acontecem porque faltam jogadores ao elenco que cubram essas deficiências. Aqui reside o grande mérito de Muricy: com todos os problemas já citados e muitos outros (perdas de jogadores, saída de outros, contusões, suspensões e convocações), ele conseguiu manter o São Paulo altamente competitivo, com plenas condições de conquistar o título nacional pela terceira vez consecutiva.

O bom cozinheiro faz bons pratos com os ingredientes que tem à mão.
Sem eles, não adianta sonhar ou projetar grandes cardápios.



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domingo, outubro 05, 2008

Comentando a televisão



Desligado mesmo, Sr. Comentarista?


O comentarista do canal de TV pago diz, cumprindo direitinho sua lição de casa, que o São Paulo sofreu 26 gols no BR, dos quais 7 foram marcados pelos adversários entre o começo e o 15º minuto do 2º tempo das partidas. “É porque o time entra desligado”, completa o estudioso comentarista.


“É porque o time entra desligado.”


Que beleza, como diz o locutor famoso.


Ora, isso é a mesmíssima coisa que diz o torcedor, que habitualmente enxerga apenas o seu time e tem o dom de ignorar o adversário. De um comentarista de futebol espera-se algo mais que a visão limitada e não muito bem informada do torcedor comum.


A leitura correta, a meu ver, ou pelo menos uma outra leitura possível, no mínimo e que deveria ser exposta pelo comentarista, é que esses gols são tomados porque, no intervalo, o treinador da outra equipe corrigiu falhas, mudou a tática, mexeu com os brios de seu time, etc, e que isso surtiu efeito, resultando em gols marcados.


Outra coisa que o comentarista, todos os comentaristas, deveriam falar: é só o São Paulo que sofre 27% de seus gols nessa fase do jogo? Como se comportam as demais equipes?


Gosto de assistir a uma transmissão de futebol com algumas informações úteis ou curiosas. Essa, por exemplo, que foi passada ontem na transmissão de Ipatinga x São Paulo foi bastante interessante e levou-me a acompanhar com mais atenção a marcha inexorável do relógio (hehehehehe... de vez em quando é bom escrever coisas assim).

Confesso que fiquei mais tranqüilo quando o número 16 apareceu no marcador da telinha.


Quanto ao "desligado"..Que falta de prestígio dos treinadores, hein?

Nem os comentaristas dão-lhes créditos pelas mudanças de vestiário.





Cadê o banco?


Uma das coisas mais irritantes que existem numa partida de futebol é o desleixo de quem transmite com o banco de reservas. Geralmente, e já é alguma coisa, a formação do banco tem sido colocada antes do início das partidas. Nos jogos da Globo, em sinal aberto, o tempo às vezes é muito curto e essa informação não aparece.


Contraditoriamente, ou paradoxalmente, como queiram, mais ou menos na metade do jogo o locutor diz que os espectadores podem dizer pela net qual a mudança que cada um gostaria de fazer.


Ora, baseados em que, cara-pálida?


Quem está no banco de reservas?


Se ainda estivéssemos nos anos 60 ou 70, vá lá, mas hoje, nem o time titular a gente conhece, que dizer, então, da formação do banco de reservas?


O único nome certo ali, e mesmo assim... bom, faz de conta que é certo, é o treinador.


Um bom diretor de TV deveria programar a colocação na telinha das composições dos dois bancos também no início do 2º tempo e essa informação deveria ser puxada e comentada pelo comentarista no desenrolar do jogo, principalmente em sua metade final.


Parece simples e é simples.


Basta fazer.




Que coisa mais irritante...



... são essas enquetes colocadas no rodapé da telinha durante as transmissões.


Principalmente no pay-per-view, que custa caro e deve nos dar, em tese, a transmissão do jogo de acordo com nossa vontade.

Quem paga para assistir a um jogo, está pagando para – ora, vejam só! – assistir ao jogo.


Apesar disso, lá está o rodapé tomado por uma enquete boba de tudo, nada tendo a ver com a partida em curso.


Enquanto o ala desce em velocidade para o ataque e recebe a marcação de um volante adversário, um lettering em meio a uma máscara toma conta do rodapé, esconde a bola, oculta os pés, pernas, os jogadores por inteiro e a jogada que se desenvolve.


Será que o volante vai tomar a bola?

Vai botar pra lateral?

Vai cometer falta?

Ou será que o ala vai passar?

Ou, quem sabe, vai driblar e concluir a jogada?


Sei lá, sabemos lá, temos que esperar a fantástica informação ser retirada da tela pelo diretor de TV para saber o que aconteceu.


A vontade é contar o tempo perdido, multiplicar por dez, no mínimo (por conta da bronca) e solicitar o desconto correspondente na “faturinha” do mês.


Humpf...


Até parece, né?



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