Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sábado, junho 21, 2008

Imperador do Morumbi


Fim de sonho.


Hoje, antes de começar o jogo contra o Sport, Adriano despediu-se do São Paulo.



Sentirei sua falta, aliás, já sinto.

Não pelos gols, que Borges & Cia. vêm marcando direitinho.

Mas porque Adriano é uma estrela mundial e, infelizmente, estrelas mundiais não jogam mais em times brasileiros.

Globalização...

Economia...

Poder econômico...

Organização...

São muitos os motivos, mas o maior, podemos até chamar único tão grande é sua força, é o dinheiro mesmo.

Vejamos o caso de Adriano, por exemplo.

Seu salário anual na Internazionale é de 5 milhões de euros.

Isso, trocando em miúdos, dá pouco mais de 400.000 euros por mês.

Trocando em mais miúdos, dá pouco mais de 1 milhão de reais por mês.

Quase treze milhões de reais por ano.

Isso é pouco menos que o valor pago ao São Paulo pela LG pelo patrocínio da camisa tricolor.

Adriano não foi o melhor centroavante que eu vi jogar com a camisa do São Paulo.

Serginho, Careca e Toninho Guerreiro são minhas referências.

Nem coloco Luiz Fabiano e Amoroso nessa lista, por exemplo.

Assim como não coloco o Imperador.

Mas ele foi o jogador que mais chamou a atenção e também o jogador que nos fez sonhar com o dia em que poderemos ver jogadores como ele disputando o Campeonato Brasileiro e a Libertadores.

Por apenas sessenta segundos não passamos para a semifinal da Libertadores e não contamos uma história diferente, que talvez ainda não tivesse terminado.

Uma pena...

Adriano veio para o São Paulo para se recuperar física e, principalmente, psicologicamente. O clube foi importante para ele, assim como ele também foi importante para o São Paulo.

A imagem do clube foi projetada no exterior como nunca antes fora das grandes conquistas. Durante alguns meses foi muito comum encontrar a foto do Imperador em jornais e revistas, vestindo a camisa 10 do São Paulo. E, naturalmente, estampando as marcas dos patrocinadores. Esse foi um ponto extremamente positivo. Assim como também foi positivo o aumento do conhecimento e do respeito pelo São Paulo entre os grandes clubes europeus. Esse é um detalhe que poucas vezes a imprensa aborda e raramente o torcedor percebe, mas para o clube foi muito importante.

Enquanto Adriano vai, Kaká permanece em recuperação no REFFIS.

O valor disso está no reconhecimento de que o São Paulo, e por extensão o Brasil, tem futebol, mas também tem clubes muito bem estruturados, é a prova que aqui não é uma terra tal como é vista nas tevês dos lares europeus, com assassinatos, índios, desordeiros invadindo e queimando fazendas, mulheres bonitas que cruzam o mar para “trabalhar” na Europa na “mais antiga das profissões”.

Gosto do destaque que Adriano e Kaká recebem por estar aqui, pois repercute sobre o torcedor comum e contribui para mudar sua imagem de Brasil.


Bom, já falei demais, é bom parar antes de ficar emotivo.


Ele disse, chorando, que um dia voltará.

Quem sabe...

:o)

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Briga por camisas

É chato dizer isso, porém, uma vez mais, o Flamengo consegue meter os pés pelas mãos em questão de patrocínios. Há poucos meses houve o problema na renovação com a Petrobrás, que redundou em prejuízo para o clube (em momento algum o clube e o patrocinador mostraram, cabalmente, que nenhum mês, além de dezembro, ficou sem patrocínio).

Agora é o patrocínio da Nike, história velha, que vinha se arrastando há mais de ano. Em mais de uma oportunidade esse Olhar Crônico Esportivo disse o óbvio: a Nike não aceitaria passivamente nenhum rompimento de contrato e iria para a justiça brigar pelo cumprimento integral do contrato em vigor. Dito e feito, feito como dito. Pressionado pela necessidade de dinheiro a curto prazo – tal como o Corinthians – e tendo ‘perdido’ as verbas gordas das fases finais da Libertadores, o Flamengo fez o que ameaçava fazer: rompeu unilateralmente com a Nike e assinou novo contrato com a Olympikus. Segundo a Folha de S.Paulo, a empresa já adiantou parte do valor do contrato para o clube – mais um imbróglio à vista.

Não satisfeito com o rompimento, por si só bastante clamoroso, chamou ainda mais a atenção do mercado e dos torcedores ao entrar em campo algumas vezes com três pontos de interrogação no lugar da marca do patrocinador e fornecedor de material esportivo. Ora, a isso a gente chamava de cutucar onça com vara curta. Como a onça é bicho bravo, principalmente quando provocado, sabíamos todos que onça só se provocava com vara muito longa, e que bom mesmo era não provocar o bicho.

Cutucada, a onça foi à luta e contratou o escritório Demarest & Almeida para sua defesa que, basicamente, prega a necessidade do clube honrar o contrato assinado até 30 de junho de 2009. A justiça concedeu liminar ao patrocinador e estipulou multa diária de 1% do valor do mesmo em caso de não cumprimento, ou seja, R$ 70.000,00 diários, já que o contrato tem valor anual de 7 milhões de reais.

O argumento da Nike foi simples: alega ter cumprido o contrato e ser surpreendida com o rompimento unilateral. De seu lado, o clube da Gávea diz o oposto, que a patrocinadora não cumpriu o contrato. Por mais que dirigentes e torcedores acreditem em suas alegações, é sempre difícil provar questões desse tipo num tribunal. Por causa disso, esse Olhar Crônico Esportivo disse que o melhor para o Flamengo era negociar com a própria Nike até o final do contrato, evitando ao máximo qualquer coisa ligada à justiça e advogados.

O patrocínio Olympikus é bom, não resta a menor dúvida, e segue o patamar aberto pela Reebok em 2007 ao antecipar e renovar seu contrato com o São Paulo na base de 15 milhões por ano. O valor de 21 milhões é um sinalizador forte para o Corinthians, também às turras com a Nike, e para o próprio São Paulo – não duvido nada que o clube pressione a Reebok já no final desse ano, principalmente no caso do clube conquistar o título brasileiro, mantendo sua exposição de marca em patamares mais altos e, com isso, justificando a necessidade e justiça de um reajuste.

O Palmeiras abriu concorrência para 2009, já que o contrato com a Adidas termina no final desse ano. Eu acredito que o novo contrato não chegará aos doze milhões por ano, sendo mais provável que fique ao redor dos dez milhões – o dobro do valor atual, praticamente.

A grande incógnita, sem dúvida, passa a ser o que fará o Corinthians. Andrés Sanches já andou falando em rescindir o contrato com a Nike e a situação, no início do ano, chegou a parecer insustentável. De repente, cessaram as declarações negativas, substituídas pelo silêncio, e em evento de marketing esportivo do Instituto Cruyff, o gerente de marketing corintiano, Caio Campos, falou da Nike em tom bastante amistoso, sinalizando que as relações estavam normais ou caminhando para isso. Entretanto, recentemente Andrés Sanches voltou a tocar no assunto e disse estar aguardando o desfecho da contenda Flamengo x Nike para decidir o que fazer.

De acordo com declarações de Braga e Sanches, os dois clubes vêm atuando em comum e trocando consultas em vários assuntos, inclusive nesse de patrocínio. Caso o Corinthians opte por romper, tal como fez o CRF, a Nike ficará numa posição incômoda num mercado grande e importante como o brasileiro, o que poderia ser muito interessante para outros clubes, mas principalmente para o São Paulo. Ao mesmo tempo, o rompimento com o Flamengo, se concretizado, deixará o time do Parque São Jorge com a faca e o queijo na mão para confrontar a Nike e, praticamente, conseguir um novo e excelente acordo.

Essa é aquela clássica situação em que dois brigam e o terceiro, que ficou só olhando, ganha a briga.

Mas, como ficaria a união operacional entre os dois clubes nesse caso?

Uma coisa parece certa: nesse momento, tem muita gente torcendo pelo Flamengo e não é no campo, é nos tribunais. Dirigentes corintianos e tricolores na linha de frente, na fila do gargarejo, puxando aplausos e claque.

Momentos interessantes à vista, aguardem.


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O peso feminino na Euro 2008…

…como consumidoras de futebol.

As mulheres têm um grande peso nos números referentes à movimentação financeira em torno dessa Euro 2008: são responsáveis por despesas na ordem de 140 milhões de euros, segundo estudo patrocinado pela Mastercard, patrocinador oficial da competição.

O público feminino é responsável por um movimento superior a 4 milhões de euros por jogo, de acordo com o estudo. Esse valor inclui todos os itens relacionados ao futebol e ao jogo em si, como produtos licenciados, alimentos e bebidas, acomodações e transporte. Esse estudo mostra, também, que as despesas femininas com entretenimento, viagens e “retail therapy” aumentaram durante a disputa da Euro. “Retail therapy” é o nome dado a compras, geralmente em shoppings, feitas em momentos de crise, depressão, comemoração ou como compensação. Para bons entendendores, meia explicação basta, não?

Esse estudo indica que as mulheres, considerando as diferenças sócio-culturais entre as nações européias, responderão por aproximadamente 10% do impacto econômico da Copa, no valor total estimado pela Mastercard em 1,4 bilhão de euros. Em países como Suécia e Alemanha, entretanto, esse impacto da participação feminina pode chegar e até ultrapassar a marca de 30% do total.

A pesquisa buscou destacar o papel feminino porque o futebol está acordando para o potencial comercial do esporte junto a esse público. Além do consumo de itens diversos e da presença crescente de grandes jogadores em campanhas comerciais que têm o público feminino como target, as mulheres estão presentes, também, cada vez mais, nos estádios e nas “Fan Zones” nos locais dos jogos.

Em estudo anterior, na época da Euro 2004, em Portugal, constatou que os grandes itens de despesas foram ingressos, alimentação, hospedagem e transporte. Essa pesquisa Mastercard identificou dois novos e grandes itens de despesas do público feminino: produtos licenciados dos clubes e seleções e despesas com entretenimento nas cidades-sede da competição.

O estudo prevê gastos crescentes desse público na compra de produtos e serviços dos patrocinadores, mídia (impressa e eletrônica), telecomunicações e novas mídias, aparelhos e equipamentos esportivos, e até mesmo incremento nas apostas e loterias ligadas ao futebol.

Comentando a pesquisa, Paul Meulendijk, Diretor da MasterCard Europe e responsável pelas ações ligadas a esse patrocínio, disse que “a UEFA Euro 2008 está provando mais uma vez que o futebol é verdadeiramente o esporte universal, assistido por homens e mulheres na Europa e em todo o mundo. Nossa pesquisa no coração do comércio ligado ao futebol mostra que as mulheres estão fazendo uma importante e significativa contribuição econômica – mais de 4 milhões de euros a cada jogo – graças à UEFA Euro 2008.“

Um dos responsáveis pelo estudo e reputado entre os maiores experts do mundo em “sport business”, o Prof. Simon Chadwick, disse: “Essa pesquisa demonstra claramente a crescente importância financeira das mulheres na indústria do futebol. ... A indústria do futebol está acordando para o poder financeiro das torcedoras e está adaptando seus produtos de forma a agradá-las e atraí-las ainda mais.”

Enquanto isso...

...num grande e bobo país tropical, tido e havido como a “terra do futebol”, pensar em atrair o público feminino chega a ser uma piada de péssimo gosto, já que a realidade é repudiar, repelir mesmo, o próprio e tradicional público masculino.

Será que 2014 ajudará a mudar esse panorama?


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sexta-feira, junho 20, 2008

Redes de TV européias contra o doping



A EBU – European Broadcasting Union – emitiu um comunicado incisivo hoje: as redes cortarão suas coberturas esportivas se as federações não oferecerem o máximo de garantias contra o doping.

Jean Reveillon, Diretor-Geral da EBU disse os próximos contratos com federações esportivas vai incluir cláusulas comprometendo a entidade esportiva a seguir rigorosamente as normas da WADA – World Anti-Doping Agency – ou, caso não o façam, estarão sujeitas a sanções que afetarão seus direitos de TV e tempos de transmissão.

M. Reveillon disse ainda que “O número de casos de doping no último ano reforçou nossa intenção em cobrar de nossos parceiros esportivos o melhor de seus esforços na luta contra o doping. É nosso dever tomar medidas que assegurem a nossos telespectadores que estamos oferecendo a eles o esporte tão limpo quanto possível. Se algum dos nossos parceiros não oferecer as garantias exigidas por contrato, ele certamente sofrerá sanções em termos de direitos de TV e tempo de transmissão.”

Os casos de doping têm aparecido em grandes eventos esportivos nos últimos anos, comprometendo a credibilidade de muitos esportes, notadamente no famoso Tour de France, prova máxima do ciclismo mundial. Em 2007, as emissoras estatais alemãs ARD e ZDF suspenderam a cobertura dessa prova em resposta ao resultado positivo do anti-doping de Patrik Sinkewitz, com elevados níveis de testosterona no organismo.

No Brasil...

... enquanto isso, tudo que se percebe é uma grande condescendência e a habitual bagunça que, infelizmente, nos caracteriza.

Atletas pegos em exames de doping ora são perdoados, ora pegam penas mínimas. Hipóteses mirabolantes são aceitas por tribunais e tudo “termina bem”. A rigor, somente no atletismo os cuidados e orientações da WADA são levados mais a sério, o que basta para levantar protestos e as típicas defesas na linha do “coitadinho” ou “coitadinha”.

O maior problema do controle do doping é que as formas e métodos para fraudar as leis e as competições caminham muito mais rapidamente que sua descoberta e posterior controle. A disputa é científica e nela vale tudo, desde o uso de medicamentos úteis e importantes, até a pesquisa clandestina de drogas com a finalidade única de fraude.

Cuidado, brasileiros de todos os esportes, levantamento de copos e porrinha, inclusive: a cafeína voltou à alça de mira da WADA e a famosa pílula azul parece que vai entrar no Index.

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Pago pelos royalties



Desde o início esse Olhar Crônico Esportivo apostou na vinda de Adriano e deu destaque à importância que o jogador teria no complexo mercadológico: exposição, imagem e venda de camisas.

Antes mesmo de sua estréia, Adriano já se convertera no maior vendedor de camisas do São Paulo. Hoje, esse fato é confirmado por matéria da Folha de S.Paulo, da qual transcrevo alguns trechos:

Sem taça, Adriano quase se banca com camisas

A 10 do atacante teve 44 mil unidades vendidas em seu período de São Paulo

Número representa 70,4% do que o clube gastou em salários do jogador, numa média de 280 exemplares vendidos diariamente

MÁRVIO DOS ANJOS
RICARDO VIEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Na sala de troféus do Morumbi, o atacante Adriano não trouxe nenhum impacto para justificar seu investimento, mas o torcedor de fato "bancou" o jogador, como disse Juvenal Juvêncio em entrevista à Folha no início deste ano.


Se a sua passagem relâmpago no clube tricolor serviu apenas para reposicioná-lo profissionalmente no mercado da bola e nos critérios de Dunga, prejuízo não houve: só a venda de camisas diretamente relacionada a ele pagou 70,4% dos salários do centroavante.
Recuperado para o futebol em alto nível e convocado para quatro malfadados jogos da seleção de Dunga, o atacante, apelidado de "Imperador", "vendeu" cerca de 44 mil camisas tricolores número 10 até 31 de maio, segundo o clube.


Mesmo sendo a camisa 10 um símbolo de tremendo apelo junto aos torcedores, os números ainda são respeitáveis. Sozinho, o jogador, que retorna agora à Inter de Milão, representou um aumento de 30% nas vendas de material esportivo como um todo, conforme apurado pela reportagem.
Como o São Paulo recebe da Reebok 10% de royalties sobre cada camiseta vendida, no valor de R$ 160, o clube recebeu em torno de R$ 704 mil. De 23 de dezembro, data do seu anúncio, até o 31 de maio, segundo os dados, Adriano "vendeu", em média, 280 unidades por dia.


No mesmo período, o goleiro Rogério, tradicional campeão de merchandising entre os são-paulinos, vendeu 26 mil, mesmo tendo a seu favor o lançamento de um modelo novo.


"Trata-se de um case de sucesso, tanto no âmbito esportivo quanto no marketing", afirma Júlio Casares, diretor de marketing do clube do Morumbi, ainda que desprezando o fato de Adriano não ter levantado qualquer taça no seu semestre são-paulino. Caiu com o São Paulo nas semifinais do Paulista, diante do Palmeiras, e nas quartas-de-final da Libertadores, diante do Fluminense.


Em salários do jogador nesses quase seis meses, o investimento foi de R$ 1 milhão. A Inter pagava a maior parte dos vencimentos, enquanto o São Paulo comportava o restante -em torno de R$ 160 mil.


"A parceria foi positiva porque contribuímos na recuperação dele como atleta, e ele teve como recompensa a volta à seleção brasileira. E a Inter teve seu patrimônio protegido", afirma João Paulo de Jesus Lopes, diretor de futebol do São Paulo, entendendo que a benfeitoria foi boa para ambas as partes -caso único, já que outros dois também chegaram ao clube em condições parecidas.
...

Quaisquer que sejam as últimas palavras de Adriano no sábado, quando deve ser homenageado antes do jogo contra o Sport, ele sai com um débito bem menor. Faltaram só taças.



Esses números ainda não são definitivos, pois muitos torcedores ainda estão comprando a “10 do Adriano” no correr desse mês de junho. Como seu contrato já foi rescindido, provavelmente a renda líquida com as camisas pagará esse custo integralmente.

Fora isso, a presença de Adriano aumentou muito a exposição do São Paulo e seus patrocinadores na Europa e reforçou a imagem do clube como organização séria, eficiente e confiável, junto aos grandes clubes europeus.

O marketing só é inimigo do futebol quando mal feito ou quando é feito pensando apenas no próprio marketing.

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quarta-feira, junho 18, 2008

Aves de arribação no mundo da bola

Elas deixam o frio nórdico e voam para o sul em busca do sol, na maioria dos casos. Há, também, outras que deixam o gelo das ilhas e terras meridionais e batem asas no rumo norte, rumo ao Equador e ao sol. Esquentam-se, alimentam-se, recuperam-se e, abastecidas e revigoradas, depois de algum tempo levantam vôo no rumo do Setentrião ou do Sul, seguindo a Estrela Polar ou o Cruzeiro do Sul.

São as aves de arribação ou migratórias.

Algumas delas baixaram no São Paulo F.C. nesse verão que já vai distante. Agora, às portas do inverno e com o frio dando o ar de sua graça, estão batendo suas asas em busca dos antigos pousios.

Podemos chamar a isso, também, de experiências de verão, que agora vão chegando ao final.

Adriano e São Paulo rescindiram o contrato. Foi bom enquanto durou, muito bom, e o que é melhor: bom para ambas as partes.

Hoje, Fábio Santos e São Paulo rescindiram o contrato. Foi bom, também, mas poderia ter sido muito melhor.

Carlos Alberto já tinha ido há mais tempo, deixando para trás a imagem de bom moço, o que ele é, mesmo, porém com alguns problemas, que não permitiram que ele acertasse no clube. Torço por ele e para que seja feliz.

Continuo gostando dele.

Adriano, Fábio Santos e Carlos Alberto... Três aves que já sabíamos que por aqui ficariam muito pouco tempo. A exceção era justamente a que mais cedo bateu asas e partiu: Carlos Alberto.

Muitos, a maioria, dizem que Juvenal Juvêncio errou, que o planejamento do São Paulo foi furado, que a vinda desses jogadores foi tão somente uma jogada de empresários para valorizá-los (tese, por sinal, em total desacordo com a realidade).

Desconcordo.

Adriano foi uma aposta alta e de grande impacto. Parte importantíssima de seu sucesso como jogador do Tricolor não apareceu aos olhos da maioria da torcida, mas apareceu, e muito, para os olhos dos executivos da LG e da Reebok: a exposição de mídia do São Paulo no exterior, sobretudo na Europa, teve uma grande alavancagem com Adriano no time. Isso tem um valor muito grande e que vai além da mera exposição das marcas do clube e seus patrocinadores, pois reflete muito positivamente no excelente conceito que o clube já tem entre os clubes europeus.


Fabio Santos e Carlos Alberto não vingaram. Fábio deu uma dor-de-cabeça disciplinar, mas nada que envolvesse o elenco ou a direção. Foi punido, perdoado, reintegrado e o Sol continuou sua órbita normal. Com Carlos Alberto foi mais sério, mas também nada que comprometesse o elenco. A diretoria não falou sobre o assunto, tampouco o jogador. Digamos que entre mortos e feridos salvaram-se todos.

Faz parte, como dizia o filósofo das noites na telinha.

Em termos financeiros, nenhum dos atletas trouxe prejuízo ou grande despesa ao clube, inclusive e principalmente O Imperador, cuja presença teve bom impacto sobre as vendas de camisas, por exemplo.

A rigor, ninguém pode dizer racionalmente, que uma contratação vá dar certo ou errado antes que o jogador esteja ambientado no clube. Toda e qualquer contratação é sempre um contrato de risco. Muitos são os fatores que podem contribuir para que um jogador acerte ou não em um clube. Portanto, se não houver desembolso que comprometa o caixa, toda contratação deve ser feita, se a promessa de bom futebol compensar.

Por exemplo, o Palmeiras acertou com a contratação do controvertido Leo Lima e também, embora um pouco menos, com Denilson. Pode até ser que o caldo agora desande, mas o que os dois jogaram já justificou os riscos.

Muitas vezes, uma contratação tida como certa por todos: dirigentes, treinador, torcida, imprensa, outros jogadores, não dá certo por uma série de fatores. Outras vezes dá certo, mas depois de muito tempo e muita paciência por parte do clube. No primeiro caso, tivemos o exemplo já clássico de Ricardinho. Mais recentemente, foi a vez de Jadilson. No segundo caso, pode-se citar de bate-pronto três ícones da história Tricolor: Dario Pereira, Careca e Raí.

Nos últimos dias, dois jogadores que vinham sendo fortemente criticados, Hugo e Joilson, têm jogado muito bem, a ponto de aparecerem em diferentes “seleções da rodada” de órgãos da imprensa. Diria Muricy Ramalho que isso é fruto de tempo e trabalho e concordo com ele.

A pressa em criticar pode estragar ou impedir que um bom jogador mostre seu potencial. Esse é o caso do atacante Herrera, argentino contratado pelo Corinthians e que passou a ser impiedosamente perseguido pela torcida, devidamente repercutida pela imprensa, com a alcunha de “quase gol”. Hoje, conquistado o vice-campeonato da Copa do Brasil, já não dá para pensar no time corintiano sem ele no comando do ataque. A mesma coisa, em proporção ainda um pouco menor, ocorreu com o uruguaio Acosta, outra prova que o açodamento e o exagero nas críticas são, na quase totalidade dos casos, um grande erro.

De volta às nossas aves de arribação.

Por um simples e singelo minuto, o São Paulo ficou fora da semifinal da Copa Libertadores. Se a conjunção subordinativa condicional “se” tivesse jogado e aquele minuto final do jogo do Maracanã contra o Fluminense não tivesse existido ou se a bola tivesse tomado outro rumo, os holofotes estariam centrados em Adriano ainda, ou pelo menos teriam ficado sobre ele até os embates contra o Boca. E a história dessa ave de arribação seria contada de maneira diferente por todos. Mas, o “se” não entra em campo, só a realidade pura e simples do placar.

Bons vôos de volta a todas as aves que aqui arribaram.


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TV em São Paulo: briga de foice...



...no escuro.

Assim está a disputa por audiência em São Paulo entre as emissoras de televisão de sinal aberto.

A Record cresce de forma consistente entre as classes D e E, onde já detém a liderança – seus índices de audiência no horário nobre cresceram 64% desde 2005, mas o crescimento dessas duas classes foi impressionante: 105%. Já na C, ela cresceu 79% e apenas 26% nas A e B. Outros pontos importantes: crescimento de 142% na faixa etária de 4 a 11 anos e 108% na faixa dos 12 aos 17. Entre os telespectadores com mais de mais de 50 anos seu crescimento foi de somente 25%.

Ao mesmo tempo, o SBT, tradicionalmente a “tv dos pobres”, vem recuperando alguns bocados de audiência, alavancado agora, também, pela reexibição da velha “Pantanal”.

Esse é o cenário que provocou a decisão da TV Globo de pedir à CBF a transferência para 4ª-feira, dia 25, do jogo do Corinthians contra o Bragantino, inicialmente previsto para o sábado, dia 28. Na noite de 4ª, o Fluminense joga sua primeira partida pela decisão da Libertadores e, na Grande São Paulo, o jogo exibido no horário será o do time do Parque São Jorge.

Assim, a Série B chega ao horário mais nobre da televisão, embora por motivos outros que não a sua qualidade ou importância.

Essa decisão da emissora do Jardim Botânico já provocou protestos, como o de Roberto Horcades, presidente do Fluminense, mas na avaliação dos executivos da Globo a perda de audiência seria muito grande se fosse transmitido o jogo de Quito.

Nessa decisão pesou de forma significativa, com certeza, o perfil do torcedor corintiano na Grande São Paulo, tanto em sua composição social como etária. Com essa medida, não será nenhum espanto se a audiência ultrapassar os 40 pontos, com grande participação de públicos que normalmente estariam sintonizados na Record, principalmente.

Sorte da Medial que patrocina o Corinthians e, principalmente, do time de Bragança, que ganhará uma grande audiência no horário nobre caída do céu.

Esse Olhar Crônico Esportivo conversou com Luiz Arthur, responsável pelo marketing do Clube Atlético Bragantino, e ele comentou que vão aproveitar o evento para motivar uma ou mais empresas a assinarem um contrato de patrocínio com o clube. A idéia é que isso seja feito para todo o Brasileiro da Série B e não apenas para esse jogo.

Durante o Campeonato Paulista o clube foi patrocinado pela Embratel, que ele informou estar entre os possíveis novos patrocinadores.

Ao terminar nossa conversa, Luiz Arthur disse que será muito bom, também, aproveitar para quebrar a série invicta corintiana num jogo visto por muitos milhões de pessoas.



Perfis de audiência

A distribuição da população brasileira por classes sócio-econômicas (em tempo: essa divisão por classes é de caráter econômico e sobretudo mercadológico, sem ligação com as classes sociais como são definidas pela sociologia) apresenta hoje a atual divisão: de cada cem brasileiros, 33 são das classes A e B, 46 da C e 21, da D e E.

Completando as informações, a Record tem hoje o perfil de audiência mais popular.

De cada cem telespectadores da rede, 31 são das classes D e E, 49 da C e 20 das classes A e B. Seu público tem 48% a mais pessoas das classes D e E (que recebiam até R$ 485 em 2005) do que a média da população.


No SBT a composição atual da audiência é de 24 pessoas das classes A e B, 50 da C e 26 da D e E para cada grupo de cem telespectadores.

Da mesma forma que a Record, a rede de Silvio Santos tem proporcionalmente menos telespectadores mais ricos do que a média da população, que é seu perfil histórico, diga-se.


A audiência da Globo praticamente espelha a composição social da população.

De cada cem telespectadores, 31 são das classes A e B, 47 são da C e 22 estão nas classes D e E.

Outro ponto importante para melhor entender esse quadro e a decisão global: nos últimos dois anos as classes C, D e E apresentaram grande crescimento percentual em suas rendas e alavancaram fortemente os índices de consumo dos mais variados produtos, antes quase restritos ao consumo das classes B e A.

Elas são, de certa forma, a menina dos olhos do marketing de massa.


Fontes: IBGE, IBOPE e "Outro Canal" - FSP.

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segunda-feira, junho 16, 2008

Daniel Alves no Barça e nada para o Bahia


A transferência do lateral-direito do Sevilla e da Seleção Brasileira, Daniel Alves, por 30 milhões de euros, animou muitos torcedores do Bahia, clube no qual ele foi formado.

A razão para isso era a perspectiva do clube receber 5% desse valor – 1,5 milhão de euros ou 3,8 milhões de reais – de acordo com as normas de transferência da FIFA.

Mas surgiu uma dúvida, levantada por um amigo: por se tratar de transferência entre clubes do mesmo país a taxa de 5% deveria ser paga?

Para muitos (eu, inclusive), sim, pois embora os dois clubes sejam espanhóis, deve contar o país de origem, no caso o Brasil.

Outros achavam que não, que a norma só se aplica a transferências entre clubes de diferentes países.

Havia, igualmente, quem dizia que essa legislação só se aplicava a atletas jovens, com menos de 25 ou 26 anos de idade.

Para tirar essas dúvidas, Olhar Crônico Esportivo consultou a Dra. Gislaine Nunes, sem dúvida uma das maiores conhecedoras da legislação esportiva brasileira e internacional sobre transferência de atletas. Segundo ela, "Nos termos das Normas da FIFA, o Bahia não tem direito aos 5% de clube formador, exatamente por que a transferência ocorreu entre times de uma mesma associação desportiva (país). Não importa sejam clubes de um país diferente do time formador."

Dra. Gislaine ainda completou, dizendo que "Os clubes pelos quais o atleta atuou entre seus 12 e 23 anos tem direito de receber os 5%. Tal percentual é rateado caso o atleta tenha atuado por diversos clubes em tal período. A FIFA possui uma tabela para tal cálculo."

Portanto, 5% sobre Daniel Alves o Bahia só verá se o Barça, futuramente, negociá-lo com outro clube.

O Olhar Crônico Esportivo agradece a colaboração da Dra. Gislaine para esclarecer essas dúvidas.


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