Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sábado, agosto 26, 2006

BR - Começa a parte final

E o Campeonato Brasileiro, o BR, entra em sua segunda e final parte.


Acabou o tempo para "brincadeiras" e experiências. O segundo turno separa e coloca as coisas em seus devidos lugares, crianças de um lado, homens de outro. Ops, isso é coisa de filme americano. É a cultura de Hollywood num blog tupiniquim.

A disputa vai ferver na parte de baixo da tabela. É muita gente para muitas vagas na 2a Divisão. E ninguém quer fazer parte desse grupo. Todavia, com mais 6, talvez 8 rodadas, o horizonte estará clareado, talvez de forma definitiva.

Hoje é muito difícil apontar possíveis rebaixados, mas acredito que os quatro times que vão para a 2ª Divisão sairão desse grupo: Ponte Preta, Atlético Paranaense, Goiás, Botafogo, Fortaleza e Santa Cruz. Não é impossível que apareça algum outro time fora desse grupo, mas não é provável. Contudo, como falamos de futebol..


Na parte de cima tem um time bem estabelecido na ponta, o São Paulo, e tem outro que vem galopando por fora e atropelando, empolgado: o Palmeiras. Esse tem elenco, como sempre teve, tem direção técnica, tem preparo físico, coisa que não teve antes e tem confiança e empolgação, fatores que podem fazer muita diferença.


Numa fotografia feita hoje, 26 de agosto, considero o Palmeiras, apesar de ser o 10º colocado, a maior ameaça ao São Paulo, ao lado de uma possível, mas não provável queda do time por conta de contusões, suspensões, cansaço, etc. E uma queda na concentração e determinação, causada até pela liderança isolada que já completa nove rodadas. Nesse final de turno o São Paulo tem 5 pontos de vantagem e um jogo a menos. Dependendo dos resultados, essa vantagem poderá chegar a 8 pontos, caso derrote o Atlético Paranaense e Internacional e Paraná empatem, resultado bastante lógico, por sinal.

Estarão em disputa o título e 4 vagas na Libertadores. Os candidatos às 3 vagas, pois uma é do campeão, a meu ver são: Santos, Paraná, Fluminense, Cruzeiro, com Vasco da Gama e Grêmio correndo um pouco mais atrás e tendo que considerar a atropelada palmeirense já destacada.

Apesar das boas campanhas, não acredito que os elencos do Vasco e do Grêmio conseguirão suportar o acirramento da disputa. O melhor conjunto é o do Paraná, um time bem treinado, bem organizado taticamente, com bons jogadores em todas as posições, mas que não aquelas coisas não mensuráveis como tradição e experiência.

O Santos tem um elenco fraco, embora com jogadores de boa qualidade em posições-chave, como o gol, zaga e meio-campo, padecendo de um ataque fraco. Sua força maior é o carisma e capacidade técnica do treinador, Vanderlei Luxemburgo.

Cruzeiro e Fluminense tanto poderão avançar como cair. Os dois times têm elencos de razoáveis para bons, bons treinadores e estrutura, mas vêm oscilando perigosamente, principalmente o Fluminense. De maneira até incompreensível, mas é o que vem acontecendo.

O Internacional, como atual campeão da Libertadores, já tem vaga garantida em 2007. Além disso, a partir da metade do turno vai dirigir sua atenção para a disputa do Mundial, em dezembro. Outro ponto a destacar: o time já sofreu 4 baixas por vendas, e não há sinal de reposições à altura.

Finalmente, um time que não citei: o Figueirense. Atual 9º colocado, é um time jovem, com bons jogadores no meio e no ataque, mas dificilmente terá punch para chegar entre os cinco primeiros.

Enfim, a bola começa a rolar na tarde de hoje.

Agora é sentar, torcer e aguardar.



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quarta-feira, agosto 23, 2006

Enfim, FUTEBOL!

Que bom que acabou a Copa do Mundo!

Que coisa estranha para ser dita por um brasileiro, não?

Pois é, bastante estranha, mas eu gosto muito mais do futebol jogado pelos times de clubes. Acredito firmemente que os clubes são a razão de ser do futebol. Claro que gosto da seleção brasileira, gosto da Copa do Mundo, assisto, deixo de trabalhar até para não perder um jogo mais atraente, mais importante, mas nada como o prazer das disputas mais localizadas, das rivalidades nascidas dentro de uma mesma cidade ou de um país. E que hoje chegam à internacionalização.

Na América do Sul a Libertadores chegou ao final com dois grandes jogos entre São Paulo e Internacional. Apesar da perda do título, fiquei satisfeito com o São Paulo, que segue em primeiro lugar no Campeonato Brasileiro. Em 2007 estaremos de volta à Libertadores.

E na Europa o futebol também voltou. Ontem assisti feliz ao primeiro tempo de Barcelona x Bayern de Munique. Que espetáculo! Três gols, lindas jogadas, disposição tática inteligente, aplicação e vontade. E antes do jogo um belo espetáculo, um verdadeiro show. Tive vontade de morar em Barcelona e estar no Camp Nou, participando de tudo aquilo. Mas o que pela televisão já me encantou o bastante.

O segundo tempo do jogo foi menos espetacular, bom também, mas sem o brilho do time que começou jogando.

Hoje, acompanhei pela net ao jogo do Fenerbahce contra o Dynamo Kiev. Fiz isso porque torci pela vitória turca, só para poder ver Diego Lugano disputando a Champions. Pena, não deu, o Dynamo classificou-se e veremos outro de nossos ex-zagueiros na CL: Rodrigo.

E vi o Arsenal contra o Dínamo de Zagreb.

Hummmmmmmmmmmm...

Decepcionante. Um jogo morno, sem brilho. Claro, com 3x0 na partida de ida, o Arsenal não se esforçou, jogou com pouca vontade, mas foi ruim. Pelo mundo inteiro as pessoas param o que estão fazendo para ver um jogo, então, cabe aos atletas se dedicarem, jogarem com vontade. Ontem o Barça fez isso, hoje o Arsenal não fez.

Barcelona desde já é o favorito ao título da Champions, seguido por Real (se o Capello conseguir fazer todos jogarem futebol), Milan e Chelsea. Não consigo enxergar outros times capazes de disputar esse título. Nem na Inglaterra, nem na Itália, nem na França, Alemanha ou Portugal.


Essa temporada européia será muito interessante.

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terça-feira, agosto 22, 2006

Transgressor

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Por algum motivo misterioso entrou em moda referir-se a um jogador habilidoso e inventivo como um transgressor.

Tem uma certa lógica, na medida em que transgressor é alguém que rompe, que quebra, que age à margem de práticas, normas e leis estabelecidas. Geralmente isso é negativo e criminoso, mas nem sempre. Em inúmeros casos, criatividade e transgressão estão associadas.




Rogério Ceni é um transgressor, como o foi Chilavert, cujo recorde de gols ele acaba de superar.

Mas quem conhece Rogério, reconhece nele muitas coisas, mas jamais um transgressor. Rogério é uma pessoa séria, tem personalidade forte e caráter idem. É certinho, reza pelas melhores cartilhas, exprime-se com cuidado, fala o que pensa, doa a quem doer. Como cidadão, como profissional, como amigo, é um sujeito reto. Com ele, não há surpresas.

Mas...

Pois é, até num texto sobre Rogério Ceni cabe um “mas”. Então, vamos a ele...

Mas, tudo isso vem abaixo no cumprimento de sua profissão. Felizmente, nada a ver com caráter ou algo ligado. Como goleiro, Rogério surpreende, quebra paradigmas e encanta com surpresas que já se tornaram rotina, embora continuem encantando.

E transgride. Sensação indescritível, adorada por são-paulinos, temida, desprezada e invejada por outras torcidas, é o que tem os torcedores ao ver Rogério deixar sua área – um goleiro nunca deve abandonar a área, exceto em casos extraordinários – e caminhar para o lugar onde a falta será cobrada. Ele ultrapassa a linha de meio-de-campo e entra no campo do adversário. Impensáve! Volta pra tua área, Rogério, era o desejo de muitos torcedores no começo.

No estádio a gente percebe com clareza a movimentação e as conversas dos jogadores adversários, todos combinando um jeito de aproveitar o gol vazio. Vazio não, um solitário jogador do São Paulo está lá, embaixo do travessão, olhando ansioso para a frente. Na barreira, os jogadores estão mais nervosos que o normal, eles sabem que o índice de acertos de Rogério é alto. O juiz apita, Rogério dá uma última olhada, caminha – ele se afasta 3 passos da bola, não precisa mais que isso, o chute é colocado ou não é – e chuta.

Uma entre 3 e 4 vezes o frio na barriga de cada tricolor dá lugar à explosão e aos gritos. Gol de Rogério, o transgressor, é gostoso. Tivemos esse prazer 64 vezes. Alguns desses gols, eu vi no Morumbi, ao vivo. Um prazer raro e exclusivo.

Se o Brasil é o país do futebol, agora está tudo em seu devido lugar, pois o maior goleiro-artilheiro da história do futebol é brasileiro. E joga no São Paulo.

Todo time tem goleiro, mas só o São Paulo tem Rogério Ceni.

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