Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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quarta-feira, novembro 08, 2006

Nilmar: a enésima atualização


Nilmar encaminhou à FIFA um pedido para que a entidade desfaça todos seus vínculos com o Corinthians.

O terceiro mês sem contrato e sem pagamento foi completado dia 31 de outubro.

O Corinthians, ou a MSI, deve a ele 3 milhões de reais referentes a luvas (o que esse blog já tinha adiantado tempos atrás) e vencidos em 30/8 (minha informação inicial era 31/7).

O Lyon continua esperando pelos 8 milhões de euros da transferência e o Internacional nunca vai ver a cara dos 20% sobre essa transação.

Nesse momento, Kia, Berezovsky, MSI & Cia., não saem das bocas de alguns dirigentes da FIFA. E da pior maneira possível.


Sobre jogar no Brasil...


Nilmar está reticente, pois não acredita que algum clube brasileiro pague o que ele quer ganhar.

Pois é... Eu tinha falado sobre isto: se ele quiser ficar por aqui e se recuperar, inclusive como artilheiro, terá de reduzir muito sua pretensão salarial, fora da realidade tupiniquim. Se voltar agora para a Europa, bom, tenho dúvidas que haja mercado para ele. Pelo menos no seu nível salarial. É bom lembrar que ele fracassou no Lyon, está voltando de cirurgia e precisa mostrar muito futebol. Acho difícil, muito difícil. O melhor seria ficar por aqui um ano, em time na Libertadores, bem estruturado, mostrar futebol e aí sim, voltar para a Europa valorizado.


Voltando à vaca fria...


O pior dessa história toda, sem dúvida, é que o Corinthians vai pagar caro por tudo isso e os conselheiros e diretores que, em esmagadora maioria, aprovaram essa associação, nada sofrerão. Bom, talvez alguns sofram, pois comenta-se que a Polícia Federal vai apresentar denúncia contra um bando de gente.

E só para recordar, vejam o time com que o Corinthians estreou no BR 2006 no distante mês de abril:

Herrera; Coelho, Betão, Marcos Vinicius e Gustavo Nery; Marcelo Mattos, Mascherano, Roger e Ricardinho; Nilmar e Tevez.

Na reserva, Sebá e Carlos Alberto.

No horizonte, o bi no BR e o título da Libertadores.

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E por falar em dinheiro...


A revista inglesa TV Sports Marketing encomendou uma pesquisa sobre valores ligados às transmissões de futebol em todo o mundo.

E, para minha surpresa e de muito mais gente, o Campeonato Brasileiro é o sétimo melhor pago em todo o mundo. E é o mais bem pago nas Américas.

O valor pago pela Globo em 2006 foi de 300 milhões de reais, o equivalente a cerca de 111 milhões de euros ou 136 milhões de dólares.

É um valor três vezes maior que o que é pago pela Televisa e TV Azteca pelos times mexicanos: 47 milhões de dólares ou 103 milhões de reais. É interessante notar que o PIB mexicano é, basicamente, do mesmo tamanho do brasileiro. Na verdade é um PIB maior, se considerarmos que a atual política cambial brasileira tem deixado o dólar num patamar mais baixo do que seria a realidade.

Os outros 6 campeonatos à frente do Brasileiro são europeus, e o que mais recebe da televisão é o Francês: 650 milhões de euros (1,75 bilhão de reais).

E por falar em Globo...

A rede deve estar satisfeita. Os índices de audiência dos jogos têm se mantido altos e todas as cotas de patrocínio para 2007 já foram vendidas. Na verdade, “faltou cota”. Um dos maiores anunciantes ficou fora do pacote e teve de contentar-se com o patrocínio de vinhetas de abertura.

Entretanto, a negociação com outra rede ainda não está fechada. A Record saiu e a Band ainda não entrou. A emissora dos bispos desistiu por achar o valor pedido muito alto (algo como 50 milhões de reais, pelo menos). A meu ver um erro estratégico da emissora.

Comenta-se que seus executivos estão procurando minar o apoio do Clube dos 13 à Globo e, dizem os comentários, teriam conversado algumas vezes com o presidente do Vasco, Eurico Miranda, que normalmente vive em litígio com o C13 e com a Globo.

Um dos complicadores dessa questão é a Copa 2010, que a Globo ora negocia com a FIFA. Os direitos de transmissão da Copa 2006 foram comprados por 83 milhões de dólares, que a Globo sugeriu elevar para 85. Um acordo, porém, parece meio difícil nesse momento, pois a FIFA está pedindo o dobro do valor oferecido. Não ficarei surpreso se a FIFA deixar de negociar com a Globo, isoladamente (uma das poucas redes do mundo que negocia diretamente com a FIFA, dado seu porte e poder de fogo), e passar a negociação para a OITV. Nesse caso, a negociação seria feita, também, com as demais emissoras filiadas: Band, Record, Rede TV e SBT.

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terça-feira, novembro 07, 2006

Ética, pré-moderação, arbitragens...

... & outros babados.

Ética

No intervalo do Grenal, Abel Braga disse aos seus jogadores que o Santos vencia o São Paulo e que eles precisavam dar o máximo para aproveitar essa vitória e encostar de vez no líder do campeonato.

Só que era o São Paulo que vencia o Santos, por 1x0, placar final do jogo.

Os jogadores do Internacional voltaram ao campo para o 2º tempo, atacaram, pressionaram, sufocaram o Grêmio e venceram por 1x0.

Hummmmmmmmmmmm...

Confesso que essa atitude me desagrada. Vou mais longe: de repente o nome de Abel Braga como um bom técnico de futebol tá meio deletado do meu hd.

Pré-moderação...

... nos blogs da Globo.com.

Não gosto, os blogs ficam parecendo meio mortos, é uma coisa estranha. Era assim no começo e ninguém reclamava, estávamos todos acostumados, o importante era ter o blog aberto, um canal para discussões. Mas depois que se experimenta a velocidade de troca de informações de um blog aberto, tudo que se quer é mais e mais. Quanto mais um blog se aproxima da intimidade de uma conversa de bar ou de uma sala ou de uma varanda, melhor.

O diabo – e sempre tem um diabo no meio – é a aparição dos muitos visitantes indesejados. Tal como na varanda, quando de repente aparecem varejeiras nojentas, marimbondos de ferroada dolorosa, moscas inoportunas e pernilongos enlouquecedores. Ruim demais.

Na varanda, o jeito é ser anti-ecológico e bater um veneninho. Ou convidar alguém que fume um bom cubano. Ou, simplesmente, transferir a conversa pra cozinha. Já num blog, o jeito mais prático e à mão é apelar pra pré-moderação: os comentários vão e ficam guardados, esperando que o editor do blog leia, aprove e publique. Perde a graça.

Eu prefiro a convivência com os idiotas absolutos e relativos que pululam pela internet. São chatos, muitas vezes fico morrendo de vontade de responder, o que é uma completa tolice e combustível generoso para que as insanidades continuem e fiquem ainda mais pesadas. Ignorar é o melhor remédio, tal como naqueles casamentos ficcionais, em que um casal vive junto mas um ignora o outro. Se num casamento isso é ficção, num blog pode ser uma necessidade e uma saída. Os idiotas permanecem até que o editor tenha um tempinho, pegue a vassoura e jogue tudo no lixo.

Arbitragens

Esse é um assunto brabo. E chato, muito chato. De maneira geral aceito bem as falhas contra o meu time. Em situações normais de temperatura e pressão fico quieto, pois sei que todo time tanto é prejudicado como ajudado. Mais que isso: talvez 90% do que apontam como falhas, simplesmente não sejam falhas. Primeiro, porque as críticas são feitas, quase na totalidade, a partir das imagens de televisão. E aí não tem jeito, pois o jogo do juiz é um e o jogo da telinha é outro.

Muitas marcações dependem de interpretação. E o juiz, colocado a poucos metros dos jogadores, pode ter uma interpretação totalmente diferente do crítico, colocado a cinqüenta ou mais metros de distância, se no estádio, ou até a milhares de quilômetros se vendo pela televisão, que nesse caso ainda tem a visão intermediada pelo olho eletrônico da câmera. E distorcida pela zoom, pelo slow motion, pelo foco, pelo isolamento do todo e concentração num só ponto, sem falar do ambiente do jogo, onde o juiz corre, os assistentes correm, o calor e o cansaço dominam, ou a chuva e o frio, o barulho da torcida, o bate-boca dos jogadores, gemidos ou gritos de dor, que nunca se sabe autênticos ou falsos, destinados a enganar.

Mesmo sabendo disso tudo, às vezes reclamo da arbitragem. Mas, confesso, envergonhado, que na maioria das vezes é por irritação e resposta aos ataques sistemáticos feitos contra o meu time. Não só contra ele, mas contra tudo e contra todos. Muito, muito chato, sem dúvida.

Bairrismo

Esse é um dos babados mais chatos, agressivos, ofensivos e estúpidos que existe e prolifera no mundo virtual.

Bairrismo é apenas uma das muitas formas de preconceito. O racial é mais escondido, mais difícil de perceber, mas existe. Já o preconceito via bairrismo campeia solto, seja nos blogs de política, assuntos gerais ou esportivos. Ou em todos, sei lá.

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A internet, às vezes, é muito chata.


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segunda-feira, novembro 06, 2006

Melhor do Mundo – FIFPro


Foi divulgada hoje a escolha de Ronaldinho Gaúcho como Melhor Jogador do Mundo no ano corrente pela FIFPro – Federação Internacional dos Jogadores Profissionais, pelo segundo ano consecutivo.

A seleção completa ficou assim:

Buffon (ITA-Juventus); Thuram (FRA-Barcelona), Cannavaro (ITA-Real Madrid), John Terry (ING-Chelsea) e Zambrotta (ITA-Barcelona); Pirlo (ITA-Milan), Zidane (FRA-aposentado) e Kaká (BRA-Milan); Ronaldinho Gaúcho (BRA-Barcelona), Eto'o (CAM-Barcelona) e Thierry Henry (FRA-Arsenal).

Jogadores de todo o mundo votam, num total que pode chegar a 43.000 – número de atletas filiados - fizeram a escolha.

Apenas 4 desses jogadores: Buffon, Cannavaro, Henry e Ronaldinho, fizeram parte das listas de mais votados de todos os países.

Surpreendentemente, no Brasil Ronaldinho Gaúcho perdeu a eleição de Melhor do Mundo para Zinedine Zidane.


O prêmio da FIFPro para a Paz (FIFPro Players for Peace Award) foi dado para o Barcelona, pela sua iniciativa em promover a UNICEF em sua camisa, ao invés de vender o espaço para patrocinadores. Belo gesto.



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Malícia de Rei


(Aproveito até o título do post do Luiz Zanin, no blog Bate Pronto, do Estadão. Aproveito, copio uma parte e agradeço, e também ao Milton Neves – nessas “puxadas” do baú da memória o Milton é insuperável. Pena que na cobertura do dia-a-dia tenha enveredado por outros caminhos.)

“Ouço, no programa do Milton Neves na Rádio Bandeirantes, a gravação de uma partida entre Santos e São Paulo em 1974. Nela, um lance famoso. O São Paulo ganha por 1 a 0 e o Santos não consegue empatar. Já no finzinho do jogo, a bola sobra na mão do goleiro Valdir Perez. Bola dominada. Pelé, dentro da área, arregala os olhos e parte para cima do goleiro, como se ele tivesse largado a bola. O zagueiro Samuel, assustado com a presença do Rei e de costas para o goleiro, agarra Pelé e comete a falta, marcada pelo juiz Armando Marques. Pênalti que Brecha cobra e converte: 1 a 1, resultado final. O interessante é que Milton Neves reproduz as gravações da época e os jogadores do São Paulo elogiam a malícia de Pelé. Não o recriminam. Depois de repetir a gravação do jogo, Milton entrevista ao vivo o Valdir Perez de hoje, morando em Vitória, no Espírito Santo. Ele, que foi o goleiro da seleção de 1982, relembra o lance com humor e fala da capacidade inventiva única de Pelé, da sua inteligência capaz de tirar do nada um lance desses para decidir uma partida difícil. Novamente: nenhuma recriminação, só elogios à inteligência do adversário.

Eu me pergunto se hoje em dia, com a atual mania do politicamente correto, de falso moralismo que domina o país, um lance desses seria assimilado assim, numa boa. Ou o jogador que o cometesse não seria execrado como antiético, desleal ou coisa parecida? Não é só que o futebol já tenha sido bem melhor: já foi também mais divertido. E inteligente.”

(Do Blog BatePronto, postado em 5/11/2006.)

1974, ao lado de 75 e 76, foi um ano em que estive afastado do futebol, com minha vida dedicada quase totalmente à política.

A quase total ausência dos campos de futebol privou-me de bons jogos e campanhas do São Paulo, como na Libertadores de 74 e, possivelmente, desse clássico contra o Santos que o Milton recordou e o Zanin reproduziu. Só não foi uma ausência total porque “fugi” e consegui assistir a alguns jogos com outro companheiro. Podem dar risada, mas o pessoal da direção acreditava piamente que o futebol era o ópio do povo. E, só para complicar, respondíamos a uma companheira. Pior ainda...

Não lembro do tape desse jogo, mas lembro, vagamente, da repercussão do lance, mais pela gozação de um companheiro de militância política que era santista e eu chamava de “pelezista”, já que todo mundo era algum “ista”: comunista (todos), socialista, stalinista (ninguém assumia), trotskista (eu tinha sido, dizia que não era mais), maoista... e, pelezista, claro.

Bons tempos? Sinceramente, sou mais os tempos atuais, mesmo com... Deixa pra lá.

Mas do Pelé eu tenho saudades.

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897 / 330 = 2,7


Essa, pelo jeito, será mesmo a média de gols desse campeonato.

A 33ª foi uma rodada de poucos gols, apenas 23, e duas grandes batalhas táticas: Santos x São Paulo e Grêmio x Internacional.

No SanSão venceu o São Paulo, por 1x0, mesmo resultado do Inter, no Grenal.

Esses resultados isolaram os dois vencedores no topo da tabela, abrindo 12 pontos entre São Paulo e Santos e Grêmio, e 7 pontos do Internacional para os dois. Nesse momento, o único time com alguma chance de alcançar e passar o São Paulo é o Internacional, que se mantém 5 pontos atrás. Mas será difícil.

O placar dominante da rodada foi, justamente, o 1x0, presente em nada menos que 5 dos 10 jogos.

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