Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

<

sexta-feira, maio 30, 2008

Futebol americano... em Londres

A NFL – National Football League – já vendeu 40.000 ingressos para o jogo San Diego Chargers x New Orleans Saints, a ser realizado dia 26 de outubro em Londres, no nosso já conhecido Wembley. Detalhe: esse número de ingressos foi vendido em apenas 90 minutos.

A Ticketmaster, empresa que comercializa ingressos, recebeu inscrições prévias de quem tinha interesse em assistir ao jogo. Os 40.000 ingressos liberados foram sorteados eletronicamente entre esses inscritos. O sucesso foi tão grande e imediato que a NFL liberou outros 5.000 ingressos para a Ticketmaster.

Simples e inteligente, não?

Voltando ao jogo em si, parece inacreditável, mas, acredite, é isso mesmo: um dos templos do “soccer” mundial hospedará um jogo válido pela temporada 2008 da Liga americana. Alguns poderão tomar isso como uma inversão de valores, como um atentado ao futebol-futebol (ou seja, o nosso de todo dia), mas não se trata disso, é apenas um degrau a mais da globalização e da expansão de alguns esportes como grandes espetáculos de entretenimento. A respeito disso, o vice-presidente do Barcelona, Ferran Soriano (ver matérias nesse Olhar Crônico Esportivo), disse que, para ele, o Barça hoje tem mais a ver com uma corporação como a Disney do que com um simples clube que tem um time para disputar algumas competições.

Este já será o segundo jogo a ser realizado em Wembley. O primeiro, Miami Dolphins x New York Giants, foi realizado no ano passado e foi, também, um sucesso. Esses ingressos, contudo, não representam a totalidade da lotação, pois o estádio tem capacidade para 81.000 torcedores.

A NFL vai realizar pelo menos mais um jogo em cada uma das próximas três temporadas, e há planos para fazer o mesmo na Alemanha e na França.

Outro país na alça de mira americana é a China, com boas possibilidades do desenlace acontecer em breve. Já em 2007 a NFL programou uma pré-temporada de suas equipes no país, que, entretanto, foi cancelada. Mas o desejo de jogar lá permanece vivo e cada vez mais forte.

Aqui, por que não?

Não digo trazer jogos da NFL para cá, mas por que não exportarmos alguns jogos do Campeonato Brasileiro?

Não... Não daria certo. Temos nome, mas não temos jogadores que chamem a atenção dos torcedores estrangeiros. Ou melhor, nossos jogadores chamam a atenção somente dos empresários estrangeiros.

No âmbito doméstico, porém, acredito que a própria CBF poderia incentivar e promover alguns clássicos nacionais em cidades fora da Série A, por exemplo.

No âmbito estadual, times como São Paulo, Corinthians e Palmeiras poderiam realizar alguns de seus jogos em cidades como Ribeirão Preto, Presidente Prudente e São José do Rio Preto. Não como resultado de punição, mas como planejamento de seus departamentos de marketing. Hoje, tanto o São Paulo, principalmente, como o Corinthians, têm esquemas montados para a venda de produtos licenciados em jogos fora da Capital. Acredito que esses jogos seriam sucesso de público e de receita.

Vale lembrar que a Premier League anda pensando em fazer não um jogo, mas toda uma rodada de seu torneio, nos Estados Unidos.

Esse é um caso em que podemos dizer que, o que é bom para os americanos e europeus, é igualmente bom para nós, brasileiros.


.

Marcadores: ,

<

quarta-feira, maio 28, 2008

O “caso” Hernanes

De vez em quando esse blog acerta algumas coisas.

Pena que nem sempre esses acertos aparecem por aqui, ficando no Jogo Aberto, do Lédio, ou no Além do Jogo, do Marcelo.

Como esse caso dos direitos econômicos do Hernanes.

Quando ele assinou com a Traffic fez-se muito oba-oba em torno disso, dizendo uns, dando a entender outros, que essa agência seria dona dos direitos do jogador, seria “dona de seu passe”, que o São Paulo tinha perdido o controle sobre o jogador, etc.

Os comentários na imprensa que mais perto chegaram da verdade, diziam que Hernanes tinha negociado com a Traffic 30% de seus direitos econômicos. E mais não foi dito.

Embora não tenha acesso ao jogador e também não tenha comentado esse assunto com nenhum diretor são-paulino, uma análise acurada do comportamento e entrevistas do atleta e um conhecimento mínimo da política salarial e de renovações do São Paulo, forneceram o bastante para as afirmações que fiz à época:

- o São Paulo tinha renovado o contrato de Hernanes, como era público, de forma antecipada; ora, isso foi feito para garantir ao clube um maior valor em sua futura e óbvia transferência para o exterior; o mesmo procedimento foi adotado com Breno e outros atletas, e o nome disso é “não dormir no ponto” e defender os interesses do clube, sem, sob nenhuma hipótese, prejudicar o jogador ou dificultar sua transferência;

- ao renovar um contrato, ainda mais de forma antecipada motivada pelo crescimento e valorização do jogador, esse precisa ser devidamente recompensado ou, simplesmente, não assina, valendo seu contrato antigo com baixo valor de multa rescisória, adequada ao futebol e ao valor de mercado do atleta quando assinou o contrato antigo;

- essa compensação ao atleta dá-se por meio de luvas, ou aumento (generoso) salarial, ou participação nos direitos econômicos de sua transferência ou uma combinação de dois ou de todos esses fatores; no São Paulo, pelo que eu sei, o mais comum é um bom aumento salarial, mantendo o atleta dentro da política do clube, acompanhado pela elevação da multa de saída e a cessão de percentual sobre essa multa, ou seja, sobre os direitos econômicos de sua transferência;

- no caso do Hernanes, ele recebeu – comentou-se – 25% sobre seus direitos econômicos; achei o valor ligeiramente acima do que imaginava ser a realidade, mas ainda dentro do razoável, visto que Breno conseguira nada menos que 30% em sua renovação antecipada;

- ora, esse jogador é inteligente e tem boa formação, sabe lidar com dinheiro, tem os pés no chão; portanto, ao contrário do açodamento que levou o pai de Breno a negociar com os Sonda a totalidade – ou quase – de sua parte nos direitos econômicos, eu tive certeza que Hernanes vendera à Traffic apenas 30% de sua parte nos direitos; isso daria algo como 8% de seus direitos totais, ficando, ainda, 17% com o atleta e 75% com o São Paulo;

- agora, em conversa com Paulo Vinícius Coelho, o presidente Juvenal Juvêncio revelou a verdade: a Traffic tem apenas 7% dos direitos econômicos de Breno, ou seja, ele próprio tinha recebido do São Paulo a cessão de 20% dos mesmos, vendendo à Traffic 30% dessa cota, algo como 7% (arredondado) que o presidente citou.

Portanto, ao transferir seus direitos federativos, o São Paulo ficará com 80% dos direitos econômicos da transferência, ou seja, algo como 21 milhões de reais caso ele saia por 10 milhões de euros (câmbio de hoje).

Praticamente tudo como esse blogueiro disse que era há pouco menos de dois meses.

Diz o PVC citando a Traffic, que o Barcelona tem interesse em Hernanes e vai oferecer dez milhões de euros ao São Paulo.

Rolam comentários que o Milan e a Internazionale têm, também, interesse nele.

Duas coisas são certas: há interesse de grandes clubes europeus em sua transferência, e sua queda de rendimento é típico sinal que esse assunto vem se desenrolando nos bastidores, o que, por sinal, comentei há poucos dias. A outra coisa certa é que o São Paulo irá vendê-lo e essa será a coisa certa a fazer. Não há como segurar um jogador que tem proposta de um grande europeu. Primeiro, porque jamais (na conjuntura atual) o clube teria condições de recompensá-lo à altura para ficar. Segundo, porque qualquer jogador impedido de tal transferência, simplesmente não teria a menor “cabeça” para permanecer e dar o melhor de si.

Não por maldade ou premeditação, mas simplesmente porque nenhum ser humano normal conseguiria permanecer satisfeito em um trabalho tendo sido impedido de partir para outro muito mais lucrativo e de muito mais futuro.

Vale destacar a importância que tiveram Marco Aurélio Cunha e Muricy Ramalho para que o jogador tivesse esse desenvolvimento e chegasse a valer tudo isso. MAC apostou em sua permanência, incorporou-o ao time que excursionou pela Índia no começo de 2007 e Muricy transformou um jogador mediano ou menos que isso em diversas funções, no melhor volante do Brasil em 2007.


.

Marcadores: , ,

<

terça-feira, maio 27, 2008

Altitude 1 x 0

O placar acima não tem nome de adversário. São muitos, com certeza, mas ontem a FIFA recuou de sua medida de proibir jogos acima de 2.750 m do nível do mar. Dessa forma, La Paz e Quito voltam, sem problemas, ao circuito do futebol, inclusive para os jogos válidos pela Copa do Mundo de 2010 (isso mesmo, as antigas eliminatórias, ou classificatórias, estão sendo vistas e tratadas como já sendo a copa...).



Vista de La Paz

A seguir, transcrição de nota do UOL:

“27/05/2008 - 06h59

Fifa suspende proibição de partidas em altas altitudes

Das agências internacionais
Em Sydney (Austrália)

A Fifa atendeu à pressão dos países sul-americanos e liberou nesta terça-feira partidas em altas atitudes. Com isso, as Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2010 poderão ser disputadas normalmente em cidades como La Paz, na Bolívia, a 3.600 metros, ou Quito, no Equador, a 2.830 m.

O presidente da entidade, Joseph Blatter, anunciou que a suspensão da proibição é temporária, e propôs a substituição do veto por um pacote de normas chamado "Futebol sob condições extremas", com orientações sobre partidas em lugares com excesso de calor, umidade, frio e poluição.

"Vamos voltar a discutir o assunto", afirmou o presidente. "A comissão médica pretende examinar as condições a que os atletas são submetidos nessas condições, consideradas extremas, e portanto o Comitê Executivo decidiu por suspender a proibição aos jogos em altitude", confirmou Blatter.

No ano passado, a Fifa havia anunciado uma resolução que proibia partidas acima dos 2.750 metros de altitude, por entender que somente o time da casa teria condições de adaptação ao ambiente com pouco oxigênio.

O presidente da Bolívia, Evo Morales acusou a Fifa de impor o que chamou de "apartheid do futebol" sobre times que jogam na altitude. Nove nações da América do Sul enviaram à entidade um pedido para o fim da suspensão.

Na nova reunião, Blatter admitiu que o veto à alta altitude poderia ser mais detalhado e recomendou o 'pacote' à comissão médica da Fifa. A entidade ainda estuda se normas diferentes serão instituídas em jogos nacionais e internacionais.



Nas proximidades de La Paz...

Nada de novo sob o Sol, verdade seja dita. Dificilmente a FIFA manteria sua posição inicial, principalmente porque esse é um assunto que diz respeito, praticamente, só à América do Sul. Com a posição amplamente majoritária dos paises sul-americanos em favor da manutenção dos jogos sem limites de altitude, seria muito improvável que o Comitê Executivo aprovasse algo em contrário. O Comitê, antes de tudo, é um animal político. Como esse blog disse há algumas semanas, Ricardo Teixeira votou errado. Agradou ao Flamengo, praticamente o único clube que posicionou-se contra os jogos na altitude, já que os demais deram um apoio meramente formal e distante, sem envolvimento.

Desagradou profundamente os demais países sul-americanos, principalmente os integrantes do bloco andino: Bolívia, Peru e Equador, assim como a Colômbia e, naturalmente, a bolivariana Venezuela, cujo presidente correu a prestar apoio a Evo Morales em sua cruzada contra a FIFA e a favor dos jogos em La Paz, Oruro, Potosí...

Como disse, nada de novo sob o Sol e nem nos altos dos Andes.


.

Marcadores: , , ,

<

Abu Dhabi, a nova meta

Pelo menos para 2009 e 2010, nada mais de sonhar e planejar viagens para a Terra do Sol Nascente no mês de dezembro. Nesses dois anos, a bola da vez e a terra da bola, será Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos (onde também fica a fantástica Dubai).




Transcrição de nota da Agência Estado:

“SYDNEY - O Comitê Executivo da Fifa confirmou nesta terça-feira as sedes das edições do Mundial de Clubes de 2009, 2010, 2011 e 2012. Durante uma entrevista coletiva em Sydney, a Fifa confirmou que as edições de 2009 e 2010 acontecerão em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.


Em 2011 e 2012, o Mundial voltará ao Japão, país que tradicionalmente recebe a competição. A candidatura da Austrália não teve sucesso, pois foram levados em consideração os fatores de tempo e distância, já que o torneio deve ser disputado num período de uma semana e os clubes dos diferentes continentes não teriam tempo suficiente para chegar ao país.

No entanto, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, encorajou a Austrália a apresentar sua candidatura para a Copa do Mundial de 2018.”




Para o campeão da Champions League, um bom ganho em termos de proximidade, comparado ao Japão. Para o campeão da Libertadores, a diferença será boa, também, mas não muito significativa.




Com o Mundial de Clubes e uma prova de Formula 1, Abu Dhabi insere-se de vez no circuito mundial de grandes eventos esportivos e, com certeza, coloca a Emirates mais que nunca no cenário do futebol.

Por falar em Emirates, a rota São Paulo/Dubai vai bem, obrigado, apesar do trecho Buenos Aires/São Paulo não estar no mesmo nível de desempenho. Ao abrir essa rota, o presidente da companhia aérea disse que a expectativa futura era aumentar a freqüência de vôos e dinamizar, também, os vôos cargueiros.

Desde sua chegada ao Brasil fala-se que a Emirates pretende estampar sua já conhecida mensagem “Fly Emirates” na camisa de um clube brasileiro. Pelos lados do Morumbi os comentários nesse sentido seguem fortes, apesar da Coca-Cola e do provável interesse da LG em renovar o patrocínio.


.

Marcadores: , ,

<

É só o começo

O tempo não passa, voa. Tanto, que até teoria científica a respeito existe, mostrando que o tempo hoje é mais curto que antigamente. Parece coisa de louco, tentei entender, mas foi muita areia pro meu caminhãozinho. Qualquer dia, junto uma boa dose de coragem a outra ainda maior de paciência, e volto a tal tese.

Com tese ou sem tese, acordei hoje e percebi que quase 10% do BR 08 já viraram passado. É, exagerei um pouco nesses dez por cento. Na verdade, apenas 8% do BR 08 são águas passadas. Restam, ainda, vigorosos 92% pela frente.

E daí?

Daí que é cedo demais para qualquer coisa. Os líderes de hoje terão que comer muito arroz e feijão para se manterem ponteiros. O campeonato é forte (ou é igualmente fraco, o que vem a dar na mesma), prolongado, duro. Ao contrário da Europa, aqui, para um simples jogo interestadual, não poucas vezes viaja-se por distância maior que entre os pontos extremos da Europa. Jogar na noite de quarta-feira em Porto Alegre, por exemplo, e regressar a Belo Horizonte, demanda mais de três dentro de avião. Sim, porque não há vôo direto entre as duas cidades. No mínimo uma escala, em São Paulo, mas o mais comum é a troca de aparelhos. Nesse caso, a duração da viagem é bem maior. Por isso, chega um momento em que cansaço, cartões e contusões cobram seu preço, que é alto, e a diferença será feita pelos elencos, pelos jogadores que vão entrar e manter o nível de atuação da equipe.

O mais importante, porém, em especial para os ponteiros e para os chamados favoritos ao título – nesse momento não há total coincidência entre uns e outros – será a janela de verão, que já se aproxima.

Ilsinho hesitou muito para aceitar a transferência para o Shaktar Donetsky. Até que foi para lá. Foi, viu, gostou e se mudou. Numa das visitas ao São Paulo deixou muita gente com inveja, pois disse que o tratamento dispensado aos jogadores brasileiros é muito bom e o dono do time é meio “louco”, e por causa de um jogo que ele considerava importante e o time venceu, deu gordos prêmios em dólares para todos os jogadores. Acreditem, por mais bem pagos que sejam, gestos desse tipo cativam os jogadores. Cativaria, aliás, até mesmo esse pobre blogueiro.

Isso posto, não tenho dúvidas que Marcelo Moreno aceitará a transferência para a gelada Donetsky, abrindo a temporada de partidas. Há indícios que outros jogadores da Raposa baterão asas, desfalcando o time “100%” desse início de campeonato.

Nos próximos dias os boatos, “informações” e informações começarão a aparecer em maior quantidade e freqüência.

O BR está só no começo, mas esse outro torneio, o das partidas, ainda está por começar.


.

Marcadores: