Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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quinta-feira, janeiro 18, 2007

DINHEIRO de gente grande MESMO

Dois vírgula sete bilhões de libras esterlinas.

= Onze vírgula três bilhões de reais.

= Quatro vírgula dois bilhões de euros.

= Cinco vírgula três bilhões de dólares.

Esse valor é o total dos direitos de tevê e mais internet e celulares, negociado para as temporadas de 2007/8, 2008/9 e 2009/10. Ou seja, praticamente 1,4 bilhão de euros por temporada da English Premier League.

Do valor total negociado de 2,7 bilhões, o mercado interno responde por 1,7 bilhão para a televisão aberta e fechada (quase toda fechada, na verdade), e mais 400 milhões para internet e “mobile phone”.

Outros 625 milhões de libras – quase um bilhão de euros – virão de 208 países, negociados em 81 blocos, válido também para as três temporadas. Esse valor mais que dobra o total do presente contrato com o exterior, que é de apenas 300 milhões de libras (465 milhões de euros).

Uma prova incontestável do crescimento da audiência e prestígio do Campeonato Inglês em todo o mundo.

Apenas para efeitos comparativos: em 2006 a televisão pagou 108 milhões de euros, ou meros 71 milhões de libras pelo Campeonato Brasileiro. Num horizonte de três anos, isso daria 213 milhões de libras ou a bagatela de 330 milhões de euros. A negociação brasileira inclui mercado doméstico e internacional.

Internet e celulares estão fora do pacote e da realidade também.

Enquanto isso, os campeonatos estaduais, as federações estaduais e as ligas municipais em boa parte fantasmas, vão bem, obrigado.

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quarta-feira, janeiro 17, 2007

Sobre nada e sobretudo sobre tudo


Drácula, Abramovich & Cia.

Roman Abramovich desembolsou 50 milhões de euros (quase 140 milhões de reais) e comprou o castelo que foi o lar do Príncipe Vlad, imortalizado por Bram Stocker como Conde Drácula.

O castelo fica na Romênia e foi construído em 1377, sendo habitado por Vlad – O Empalador – no século XV. Chupar ou não o sangue de suas vítimas, bem como transformar-se em morcego e correlatos, estão no terreno das lendas. Já o fato de empalar os inimigos, muitas vezes vivos, é fato e não lenda. Vlad foi produto de uma época terrível, quando aquela região da Europa era disputada por otomanos, cristãos e eslavos. Mesmo então, sua crueldade era famosa.

Abramovich, como dizia vovó, não dá ponto sem nó. Suspeita-se que sua intenção seja fazer no local um parque temático sobre o conde vampiresco.

E, para promover o novo investimento, nada melhor que apresentar o Chelsea da próxima temporada no castelo. Melhor ainda: fazer ali a pré-temporada do time. Dá para imaginar?

A mim, parece algo bem ao gosto e estilo de Mourinho.

Em tempo: considerando que sua fortuna é estimada em doze bilhões de dólares, gastar 50 milhões de euros foi uma ninharia para Abramovich.

Vale a pena?

Escrever outro post sobre Nilmar – o 16º pela conta da Iara Nunes – antes da decisão da FIFA, que pode sair já, ou já ter saído enquanto escrevo, ou daqui a pouco ou nunca?

Deixa quieto... Depois eu escrevo.

Prognósticos...

Os blogs, as páginas de jornais, os programas de rádio e tevê abundam em previsões e prognósticos sobre campeões de tudo e de todos.

Estou fora.

Não há, a rigor, nenhum time pronto (tem time que nem existe ainda!).

Não há, tampouco, nenhum que já tenha jogado, de fato, nesse ano.

Não há, portanto, base sólida, minimamente confiável, para previsões.

Agora, chutar pode, é claro, e a rapaziada tem chutado legal.

Chutes fortes, potentes... Alguns nem tanto, fraquinhos, ou pegos de canela, de esguelha, ou esgueia, como se diz mundo afora.

As bolas chutadas estão em movimento. Algumas, nitidamente, já demonstram procurar as nuvens, a rua fora do estádio, o riozinho poluído que margeia o campo, isso sendo generoso. Outras, olhando assim, de supetão, até parecem tomar o caminho de alguma rede.

Cuidado! Pode ser gol contra!

Pois é...

Alguns chutes resultarão em gols, é inevitável, mas isso ocorrerá mais por acaso que por fruto de trabalho, mesmo.

Eu, como grande trabalhador, proletário emérito, abster-me-ei de chutar e aguardarei pelos trabalhos. A partir deles poderei ter alguma idéia mais nítida e, então, arriscar uns prognósticos.

Ronaldo, vá para Neverland

Fosse eu Ronaldo e já estaria longe de tudo e de todos.

Talvez até longe do futebol.

Todavia, pensando em mais coisas que o simples volume do saco, prestes a estourar, com certeza, eu talvez optasse por dar uma banana à Europa, aos críticos, aos jornalistas, aos torcedores exacerbados. Nesse caso, mudar-me-ia para Neverland, fazendo companhia a David e Victoria, que receberam a graciosa oferta de Michael para estacionar por ali algum tempo. A nota não diz se o convite inclui as crianças Beckham ou não. Ronaldo, com certeza, poderia levar Ronald, seria ainda melhor recebido do que já será.

A doença infantil do anti-americanismo...

... volta a dar o ar de sua desgraça entre nós. Dessa feita por conta da nova investida ianque sobre o mundo do futebol.

Não ficarei espantado se, em dois anos ou menos, muros de clubes brasileiros amanheçam pixados o velho “ianques go home” dos anos sessenta, agora referindo-se a empresários e agentes de clubes americanos em busca de jogadores de futebol aqui para serem jogadores de soccer lá.

E por falar em soccer, numa das séries americanas que assisto, creio que em CSI, nova menção ao soccer. O curioso, e positivo, é que essas menções atuais dão-se num universo “macho”, saindo do velho estereotipo do soccer como jogo das meninas ou de “ladies”.

A maioria dos analistas tupiniquins segue desconhecendo essa sintomatologia e continuam achando, os analistas, que o futebol uma vez mais não vingará nos States.

Acordem! Vocês estão perdendo a hora e o trem da história.

Mas não fico surpreso.


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terça-feira, janeiro 16, 2007

Feliz retorno



– Politicamente correto, eu? Ah, nem tanto, nem tanto, não gosto muito disso.

Essa costuma ser minha reação às eventuais acusações de “politicamente correto” de que sou vítima. Não gosto desse rótulo porque não gosto da maioria das pessoas que assim se rotulam orgulhosamente e, creio eu, sem grandes razões para tanto. Em sua maioria, abrigam contradições flagrantes, mas não assumidas ou não identificadas. Conhecedor de algumas das minhas contradições, prefiro ficar quieto e não vestir rótulos que são tão pomposos quanto falsos.

Entretanto, vez por outra visto o modelito pc e faço profissão de fé no ser humano. Sou a favor de segundas e, por que não? – terceiras chances. E é sobre chance que se trata o que segue.

Edinho, filho de Pelé, em liberdade condicional, assumiu a direção do time de garotos que Sua Majestade mantém em Santos, o Litoral F.C.

E o Rei quer que seu filho não se omita e conte à gurizada sua história e seu drama. Que passe a esses garotos uma lição de vida, que fale dos dez meses na prisão, os processos que correm na justiça, os medos, a agonia da prisão, o dia-a-dia insuportável, longe de tudo e de todos que são queridos e amigos, a noite tenebrosa, povoada por sonhos e temores, sonhos que são pesadelos e o maior de todos os pesadelos: o despertar a cada novo dia no mesmo lugar, fechado, sem a doce sensação da liberdade para, simplesmente, viver.

Sempre gostei do Edinho, sempre fui solidário ao seu drama de ser filho de quem é, com tudo de bom e de terrível que esse simples fato biológico pode acarretar. Gostei de vê-lo como goleiro, a antítese do que foi seu pai, e sair-se relativamente bem, apesar da gritaria contrária da torcida. Lamentei muito sua queda no mundo das drogas. Agora, espero que não precipitadamente, comemoro seu retorno ao nosso mundo.

Bem-vindo à liberdade, Edinho.

Espero que você seja feliz e aponte o bom caminho pra garotada que a partir de agora entra em sua vida.


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