Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sábado, março 29, 2008

Gueto ou Divisão?


Fomos surpreendidos na noite de anteontem com uma aparente boa notícia, mas que poderia e deveria ser muito melhor do que deixou escapar o presidente da Federação Gaúcha:

“Presidente da FGF se antecipa à CBF e anuncia criação da Série D

Do UOL Esporte - Em Porto Alegre

A partir de 2009 o futebol brasileiro passará a ter, também, uma Série D nacional. A novidade foi divulgada por acaso, pelo presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Noveletto, que assim "furou" a Confederação Brasileira, que só deve anunciar o fato na próxima semana.

Em contato telefônico com o UOL Esporte no começo da noite desta sexta, Noveletto admitiu ter cometido um erro. "Achei que era notícia velha e acabei comentando o assunto com um amigo de Pelotas. Só agora, com a repercussão do fato, vi o que fiz. Fiquei numa saia justa".

A Série D, que surgirá em 2009, será disputada nos moldes da Série C atual, ou seja, com 64 clubes e de forma regionalizada. Já a C, em 2009, terá apenas 20 clubes e passará a ser uma cópia do modelo utilizado nas séries A e B, com quatro clubes subindo e quatro descendo ao final da temporada.”

Há alguns anos sou favorável à criação de uma 4ª divisão no futebol brasileiro, acompanhado por uma revitalização da 3ª divisão. Isso, para mim, ganhou importância a partir do momento que concluí pela necessidade de acabar com os torneios estaduais, dando a nosso futebol um calendário mais racional e, de preferência, adaptado ao calendário europeu.

Considero que os grandes clubes precisam ter uma pré-temporada de fato e não de mentirinha, com pelo menos 45 dias de duração e não os risíveis 7 a 12 dias de hoje.

Julgo importante, também, que esses clubes disponham de uma folga no calendário que lhes permita jogar fora do país, nos lucrativos e interessantes torneios de verão da Europa, parte da Ásia e agora também da América do Norte. Esses espaços são hoje ocupados por times argentinos, colombianos e, cada vez mais, mexicanos.

Finalmente, mas não menos importante, os clubes pequenos precisam ter um calendário atraente que mantenha-os ocupados por um mínimo de nove a dez meses para todos. Hoje, a grande maioria desses times fecha para “hibernar” durante seis, até sete meses.

Numa reorganização de nossa estrutura, uma 4ª Divisão seria fundamental para manter as equipes em atividade, disputando longas etapas regionais, antes de chegar a uma fase decisiva mais curta, já com os classificados de todas as regiões.

A 3ª Divisão seria, de fato, um prêmio para as equipes campeãs da Série D – já que a mania besta de usar letras vai continuar. Para mim, a 4ª divisão seria muito ampla, abrigando muito mais que os propalados 64 clubes do vazamento do presidente da Federação Gaúcha, levando a 3ª Divisão, igualmente regionalizada, embora menos que a 4ª, a ter 32, talvez até 40 clubes.

Idéias, projetos, propostas...

Tudo muito vago, tudo muito bonito no papel, seja a minha, seja a de qualquer outro, com uma coisa em comum entre todas: batem de frente com a triste realidade vivida hoje pela 3ª Divisão. Virtualmente ignorada, abandonada pela CBF que contribui com nada ou quase nada. Há dois anos, uma equipe de Belém viajou 100 – cem – horas de ônibus para chegar a Cuiabá e disputar uma partida. Perdeu o jogo, é claro, mas tiveram mais sorte na volta, chegando em Belém depois de apenas 50 horas de viagem.

Se a CBF já ignora a Série C, o que fará com a Série D?

O que pretende a dona do futebol brasileiro?

“Elitizar” e diminuir o gueto chamado 3ª Divisão, nela concentrando os 20 melhores clubes e criar um novo e mais pobre gueto com o pompos nome de Série D?

Ou mudar de fato alguma coisa na estrutura de nosso futebol?

Não gosto de respostas antecipadas, mas, infelizmente, inclino-me a responder “Sim” à primeira pergunta e “Não” à segunda.

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sexta-feira, março 28, 2008

Proposta oficial: 450 milhões


Como esse blog já havia adiantado, o valor da proposta da Globo para o pacote de direitos de transmissão de televisão do Campeonato Brasileiro para o período 2009/2011 ficou em 450 milhões de reais.

Também como já sabíamos, o Clube dos 13 vai apresentar uma contraproposta, tentando ganhar mais um pouco, e é grande a possibilidade – que politicamente interessa muito à Globo – da ESPN Brasil transmitir os jogos de um dia da semana, talvez concorrendo com o Sportv, talvez não, isso será discutido.

Apenas lembrando que esse interesse político da Globo, e isso é opinião desse blogueiro, está ligado ao falatório sobre “monopólio” – que não é o caso – e exclusividade – que é o caso da Globo com relação às transmissões de futebol.

Como no sinal aberto já há a transmissão feita pela Bandeirantes, formalizando uma inexistência de monopólio ou exclusividade (mesmo que seja transmitindo, por força contratual, o mesmo jogo), passaríamos a ter a mesma situação no sinal fechado.

Enquanto isso, a Record, ao que se comenta no mercado publicitário, terá de abrir mão de sua exclusividade sobre os Jogos Olímpicos de Londres 2012. Para recuperar minimamente seu investimento na compra dos direitos de transmissão, ela teria de praticar um preço de tabela muitas vezes maior do que cobra atualmente, em troca de uma audiência muito menor que a da Globo. Mesmo um evento exclusivo não carrega, automaticamente, uma grande audiência de uma emissora para outra. O mercado sabe disso, as emissoras sabem disso. Para não ficar com um prejuízo enorme, a Record terá, na vida real, que vender os direitos de transmissão para a Globo e, nessa negociação, é possível que ela consiga abrir uma brecha para entrar no futebol.

Embora a Record faça carga contra a exclusividade e, principalmente, contra a cláusula de preferência no contrato, ela não abriria mão de uma e de outra caso participasse e vencesse a licitação. Isso teria sido dito por seu diretor da área de esportes em reunião com membros do Clube dos 13.

O mercado existe, embora não tenha corpo nem cara, e funciona direitinho.


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quinta-feira, março 27, 2008

Ouvindo Márcio Braga


Gostaria de sentar e conversar com o presidente do Flamengo, o Sr. Márcio Braga, sem câmeras e microfones. Quando umas e outros estão presentes fico com a impressão que o presidente do Flamengo só fala com elas e eles.

Apesar de algumas críticas à sua gestão, confesso duas coisas: a primeira, eu gosto dele, não o enxergo com feições demoníacas ou algo parecido. A segunda, por nada desse mundo eu gostaria de estar em seu lugar. Em condições normais de pressão e temperatura já seria difícil administrar uma instituição como o Flamengo, mas nessa conjuntura em que vive o clube há muitos anos, com uma dívida monstruosa e sempre correndo atrás de recursos, lutando a maior parte do tempo para manter viva a instituição... É até difícil imaginar.

Ontem ele entrevistado no Arena Sportv. Falou bastante, foi interessante, mas, se não fosse pelas câmeras e microfones teria sido melhor. Destaco dois pontos mais importantes e que merecem reflexão: a existência dos campeonatos estaduais tais como são hoje, o que implica em discutir o calendário, e um velho problema: a gestão do futebol profissional praticado por grandes clubes por meio das federações e confederação.



Campeonato Carioca e demais Estaduais

MB diz que toda vez que o Flamengo entra em campo contra Madureira, Cardoso Moreira e outras equipes pequenas, sem atração, perde dinheiro. Como mandante – e pela fórmula desse ano o clube é sempre mandante – tem que garantir uma cota mínima de R$ 40.000,00 – valor que muitas vezes não é proporcionado pela bilheteria líquida. Portanto, literalmente, o clube paga para jogar. O presidente do CRF diz, e concordo com ele, que é preciso reduzir o número de jogos deficitários, ou até mesmo eliminá-los, pois isso já daria uma aliviada no caixa dos clubes. Ele gostaria de um Carioca bem curto, com poucos times – acha 16 equipes um absurdo, pois o estado do Rio de Janeiro não tem essa quantidade de clubes em condições de disputar uma 1ª divisão profissional – e aproveitando as datas de sobra para jogar o Rio/São Paulo, competição que parece morar em seu coração, pois falou dela várias no decorrer da entrevista. Como lembraram os participantes do programa, Alberto Helena Jr., principalmente, o Estadual e o Rio/São Paulo em forma de copas poderiam ser jogados em três meses, permitindo aos clubes fazer uma pré-temporada digna desse nome, com pelo menos 30 a 40 dias antes de começar uma competição.

Complicando ainda mais, a renda líquida dos jogos do estadual carioca é diminuída por taxas diversas, como, por exemplo, a que é cobrada pela Federação do Rio de Janeiro que era de 5% e passou para 10% da renda bruta. Isso levou a conversa para outro tema, o da estrutura do futebol no Brasil.



Federação x Liga: o jogo que não existe

Ao ouvir o presidente do Flamengo reclamar seguidamente da Federação, da estrutura, do calendário, do número de times num simples estadual e muito mais, uma pergunta surge com naturalidade, ainda mais quando o entrevistado diz, e sua biografia mostra, que está há 30 anos no futebol e nada conseguiu mudar.

- Presidente, por que os clubes não mudam tudo isso?

E a conversa dá uma ligeira esquentada. MB diz que é impossível mudar sozinho, em primeiro lugar. Diz que a culpa é dos próprios clubes, omissos e divididos. Reclama que no Rio de Janeiro só tem apoio do Botafogo (brigamos muito dentro de campo, “às vezes até dá choro”, mas somos unidos fora dele) e do América, e sequer conseguiram mudar a federação depois dos graves fatos que foram denunciados. No plano nacional, apesar do namoro, quase noivado, com o Corinthians, o diálogo maior se dá com o São Paulo, já há alguns anos.

É levantada a questão do voto unitário nas federações – o que faz o voto do Flamengo ter o mesmo peso que o do Cardoso Moreira (na verdade, pelo que sei, há um ligeiro peso maior para os grandes clubes, mas nada que altere a lei da gravidade – nota do Editor) – e com o fato agravante de clubes amadores votarem e, por incrível que pareça, nada menos que 93 ligas. Segundo Alberto Helena, essa estrutura e promiscuidade faz com que o futebol continue dando aos grandes clubes uma função filantrópica, permitindo aos donos do poder formal manter uma política assistencialista em troca de votos.

Então, por que não se cria uma Liga?

A conversa aborda a questão da criação do Clube dos 13, e a intenção de que ele fosse uma Liga Nacional, nos moldes das que existem na Europa, onde as federações nacionais cuidam das seleções e algumas questões burocráticas, cabendo às Ligas a organização e administração dos campeonatos. A falta de união entre os clubes volta a ser a vilã, com cada um defendendo interesses próprios sem pensar no coletivo (a esse respeito, o ex-presidente do São Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa, tem falado várias vezes, como já relatou esse Olhar Crônico Esportivo anteriormente, pregando a disputa dentro do campo e a união fora dele).

Para MB, uma Liga profissional daria condições bem melhores aos clubes. No que diz respeito ao Campeonato Brasileiro, por exemplo, ele acredita que apenas 32 clubes devem fazer parte da elite, divididos em duas divisões, com 16 clubes em cada uma e acesso e descenso todo ano.

Márcio Braga ainda conta que, em seus 30 anos de futebol, nunca participou de uma reunião na CBF para discutir a razão de ser de tudo isso, o futebol brasileiro. O mesmo acontece nas federações. Reuniões existem apenas para acerto de tabelas e outras questões burocráticas, nada para discutir linhas de atuação, perspectivas futuras, etc.

Infelizmente, com certeza pela curta duração do programa, o tema não foi aprofundado.



Faltou responder...

Numa conversa como essa, e dado o caráter do Arena Sportv de relativa liberdade e informalidade, os temas desviam com bastante freqüência, enriquecendo a conversa, sem dúvida, mas também deixando-a pobre, ao não aprofundar nenhum ponto levantado, e muitos foram levantados só de passagem. O Olhar Crônico Esportivo levanta alguns deles e faz seu próprio questionamento.

Calendário:

- Nem o presidente, nem algum dos entrevistadores, falou do óbvio: não seria melhor adequar nosso calendário ao europeu?

- E quando falaram das datas que uma mudança traria, ninguém falou das oportunidades perdidas pelos grandes clubes brasileiros, que não conseguem jogar no exterior por falta de datas.

Mercado de trabalho:

- O presidente do Flamengo relatou sua conversa com Platini, que teria, segundo ele, demonstrado espanto e reclamado do número de jogadores brasileiros registrados na UEFA, nada menos que mil por ano (esse número, na verdade, é de brasileiros com transações registradas na FIFA), e enveredou, no que não foi contestado e sim apoiado, pelo caminho fácil da crítica à evasão de valores. Não lhe foi perguntado, e ninguém tampouco explicou, o que fazer com esses mil jovens que deixam o Brasil em busca de trabalho. O Flamengo contrataria quantos? E os demais clubes, contratariam quantos? – lembrando que para o presidente apenas 32 clubes, quando muito, estão capacitados a disputarem a primeira e segunda divisões do futebol profissional

Os números, sempre eles...

- O presidente falou de números bonitos, segundo os quais o Flamengo tem 33 milhões de torcedores, o Corinthians 23 milhões e o São Paulo 15 milhões, de acordo com a pesquisa Datafolha. Ora, mas como é possível falar seriamente em marketing com números incorretos como esses? Onde cada um deles é quase o dobro do número real de acordo com a mesma pesquisa que o presidente usa? Curiosamente, os jornalistas presentes, todos experientes e conhecedores do mundo da bola, em nenhum momento questionaram esses números gigantescos.

Um programa como esse, de excelente qualidade, diga-se, vale pelo que é dito e também pelo que não é dito. Márcio Braga falou de outros assuntos, como a altitude (pouparei os leitores, até porque seu embasamento deu-se no “altíssimo risco de vida para os atletas”), a venda do futebol brasileiro para o exterior, o contrato com a Nike, entre outros. Destaquei os que foram, na minha opinião, mais importantes e que também, e não por coincidência, tomaram mais tempo do programa. Outros temas também foram e são importantes, mas não houve aprofundamento.



Em tempo: hoje, MB conversará sobre a Timemania com o Vice-Presidente de Loterias da CEF. Para os clubes a arrecadação está muito baixa e alguma providência precisa ser tomada para aumentar os valores. Para os técnicos da Caixa – e esse blogueiro concorda com eles – a arrecadação está normal e deverá aumentar paulatinamente. Ah, sim, o nome do VP da CEF: Moreira Franco. Apenas por curiosidade, claro.

Bom dia a todos.


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terça-feira, março 25, 2008

Ingressos, pacotes, shows e matchday


Shows de Rock e Pop

O pessoal do Caderno 2 do Estadão, meio assustado com os preços cobrados por ingressos para shows internacionais de rock e pop em São Paulo, fez um levantamento desses preços em grandes espetáculos em 1998 e 2008. Confirmaram a suspeita: os preços, que já não eram baratos, explodiram e cresceram até 4 vezes.

Lugares para ver Bob Dylan foram vendidos a até R$ 900,00 e para o concerto de Ennio Morricone por até R$ 1.500,00. Produtores e empresários do ramo ouvidos pela reportagem disseram que esses preços vieram para ficar. Não duvido, tenho certeza.



Pelas cabeças da FPF

Informa o Painel da Folha de S.Paulo de ontem, que o presidente da Federação Paulista, Marco Polo del Nero, está costurando com dirigentes dos clubes substanciais aumentos nos preços dos ingressos em São Paulo para os próximos anos. Justifica sua intenção comparando os preços daqui com os que são praticados no exterior, muito mais altos.

Segundo ele, o preço mais alto não afugenta o público, principalmente se houver conforto. A seu favor, usa o exemplo do Sertãozinho, com média de 7.300 torcedores por jogo, cobrando pelo bilhete, em média, R$ 23,00, enquanto o Guarani, com preço médio de apenas R$ 8,55, tem uma média de apenas 2.273 torcedores no estádio.

Diz o presidente da Federação que essa é uma medida, também, para acompanhar o nível de preços FIFA (?), e que os estádios paulistas serão mais confortáveis, justificando o aumento. Além disso, segundo ele, os ingressos mais caros podem afastar a violência dos estádios. Na Inglaterra, diz Marco Polo, os ingressos são dez vezes mais caros que no tempo das estripulias dos hooligans.

Consta que o Ministério e o Ministro vêem com muito bons olhos essa idéia, pois é importante que os clubes aumentem seus ganhos com a receita de bilheteria.



Finais de Libertadores

Em 2005 meu filho queria vender seu ingresso – que eu comprei – e com o dinheiro pagar a conta do seu cartão de crédito. Uma cativa vermelha estava sendo vendida por 500 reais, e jornais e rádios disseram que chegou-se a 800 reais por uma! Claro que ele foi ao Morumbi e quitou seu cartão por seus próprios meios, aprendendo a controlar seus gastos.

Na final de 2006 a história repetiu-se, mas dessa vez ele não pensou em vender seu ingresso. Nos dois jogos, o Morumbi estourou de gente, os ingressos foram vendidos no mínimo pelo dobro do preço normal, e alguns lugares até mais e, mesmo assim, os cambistas fizeram uma grande festa, faturando ainda mais. Os dois jogos eram as maiores rendas do Brasil até o jogo da Seleção Brasileira, com renda superior a três milhões de reais, batendo em dois milhões de dólares.

Não se pode dizer que o Morumbi estava mais confortável – muito pelo contrário –, mas uma final de Libertadores tem seu próprio valor, é, ao seu jeito, um grande show.
O São Paulo poderia ter cobrado o dobro que cobrou e ainda assim teria vendido todos os ingressos. E ainda assim os cambistas faturariam mais um bocado.

Entretanto, fez pouco sucesso a promoção do clube em 2007 e nesse ano, vendendo os três jogos da fase de classificação por um preço promocional. Vale dizer que em 2005 houve muita reclamação porque não havia essa promoção.



Mico no Parque Antártica

O Palmeiras fechou um acordo com o cartão Visa, nos moldes do que foi fechado pelo cartão com o Figueirense, e destinou um pedaço nobre do Parque Antártica para os compradores do pacote Visa. O setor inteiro tem 5.000 lugares, e 442 foram colocados à venda, inicialmente.

Informa o Marcelo Damato no Além do Jogo, que somente 80 lugares foram vendidos e 16 estão reservados. Contando apenas os vendidos, isso significa 1,6% sobre o total de lugares do setor. A razão do mico, dizem, é o preço: R$ 1.000,00 cada lugar/pacote.

O pacote dará direito entre 24 a 31 jogos – dependendo de quão longe vá o Palmeiras na Copa do Brasil e na Copa Sul Americana:

- 3 jogos no Paulista (um já foi, restam dois)

- 19 jogos no Brasileiro

- até 5 jogos pela CB

- até 4 jogos pela AS

Ora, se o Palmeiras fizer todo esse número de jogos, o preço médio do ingresso será de R$ 32,25 por ingresso, pagos à vista, com antecedência de até nove meses para os últimos jogos.

Realmente, bem salgado. Ou não, pois os lugares são o que se pode chamar de privilegiados, embora, como disseram vários palmeirenses, o setor ainda tenha um monte de problemas nem um pouco “diferenciados”.

O preço do pacote é fixo e, se não mudar, ficará cada dia mais caro, pois os jogos vão acontecendo.



O exemplo do Figueirense

Na bela e gostosa Floripa, o acordo do Figueirense com o cartão vale para o Campeonato Brasileiro, e os 19 jogos saem por R$ 376,20 na compra à vista e R$ 418,00 na compra parcelada (de duas a seis vezes), sempre pelo cartão de crédito, claro. Tentei fazer uma compra simulada, mas para isso é necessário um cadastramento prévio pelo site e desisti.

Portanto, se algum leitor de Florianópolis já comprou, gostaria de saber se tudo funciona como foi descrito:

O torcedor não precisa sair de casa, nem enfrentar filas para comprar. Basta acessar o site da empresa, onde ele escolhe a forma de pagamento, escolhe o setor (B ou C) e a cadeira onde sentará ao longo de toda a competição.

O acesso para esses setores é facilitado por catracas específicas, com menor fluxo de pessoas.

O próprio cartão de crédito vira o ingresso no dia do jogo, bastando passá-lo na catraca eletrônica.

Ao invés de pagar R$ 30,00 por jogo, o torcedor paga de R$ 19,80 a R$ 22,00, conforme a forma de pagamento definida.

Não tenho informações atualizadas, mas parece que a venda dos pacotes caminha bem, ao contrário dos pacotes palmeirenses.



Apesar desses esforços isolados e casos isolados, tal como venho dizendo em alguns posts, nossos clubes arrolam essas receitas em seus balanços e mentes na rubrica “bilheteria”. Na Europa o nome é diferente: matchday.

Não só o nome, mas também o conceito, o conforto, o próprio jeito de ver o futebol como um espetáculo de fato, tudo é diferente.

Até quando os balanços trarão "Bilheteria", como qualquer circo mambembe?

Para pensar.


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Naming rights cá e acolá

Naming rights da Vecchia Signora

A Juventus e a filial italiana da mega-agência de marketing esportivo Sportfive, fecharam acordo de longo prazo pelo qual a agência vai explorar o nome e, em parte, ações promocionais e de patrocínio do novo estádio do clube, ainda em construção e com entrada em uso prevista para 2011.

Entre as ações a cargo da Sportfive estarão a comercialização de camarotes e assentos VIPs no estádio.

Por esse acordo, a Juve vai receber um valor mínimo anual de 6,25 milhões de euros. Como o acordo tem validade de 15 anos, quase cem milhões de euros, pelo menos, entrarão nos cofres – ou seria baú? – da Vecchia Signora.

Não é nada, não é nada, alguma coisa sempre é, ainda mais que será a troco de quase nada.



Naming rights do Brasileirão

O site Máquina do Esporte informou que o Clube dos 13 irá discutir com a Globo a possibilidade de “vender” o nome do Campeonato Brasileiro para uma empresa, tal como ocorre com a Copa Santander Libertadores e a Nextel Stock Car.

As “ligas” da Inglaterra e Portugal já têm patrocinadores há tempo, e essa é uma tendência crescente nas principais competições.

Um empecilho de peso, porém, é a prática da Rede Globo em não citar os nomes de empresas ligados a times ou competições.

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segunda-feira, março 24, 2008

Um passarinho disse: 410 + 40


Nessa semana o Clube dos 13 deve anunciar os valores oferecidos pelas emissoras concorrentes. Mas posso adiantar que o valor de 450 milhões de reais que circulou na semana passada, inclusive nesse Olhar Crônico Esportivo, é o valor real proposto pela Globo, envolvendo sinal aberto, fechado e PPV.

Desse total, porém, a oferta foi de 410 milhões em dinheiro e mais a publicidade estática nos estádios, cuja venda deve render, por baixo, mais 40 milhões a valores de mercado. Essa é a composição dos 450 milhões. Essas informações foram-me passadas em agradável conversa com um passarinho nessa segunda-feira pós-Páscoa.

Essa proposta está sendo vista com muita satisfação, inicialmente, mas como esse blog adiantou e esse passarinho confirmou hoje, haverá uma boa briguinha por um aumento nesse valor.

Em outra conversa, essa agora com dois amigos, um deles ligado à área de comunicação e o outro ao futebol propriamente dito, eles disseram-me da possibilidade da ESPN Brasil entrar na parada, transmitindo algumas partidas por semana.

Achei a informação interessante. A ESPN não tem e não conseguiria montar uma grande estrutura para transmitir a quantidade de jogos que o Sportv/Premiére transmite, mas um número reduzido, como dois ou pouco mais por semana, é bem possível para a ESPN Brasil.

Embora eu pessoalmente não acredite que a Secretaria de Direito Econômico tenha munição para ir em cima da Globo devido à exclusividade que ela tem dos direitos de transmissão, hoje alvo de intenso tititi nascido em Brasília (onde o lobby da Record é forte), não deixaria de ser politicamente interessante abrir esse mão parcialmente da exclusividade no sinal fechado, tal como já fez no sinal aberto com a Record e faz atualmente com a Bandeirantes. Na verdade, quanto mais eu penso no todo político, mais enxergo uma ótima oportunidade para a Globo. E excelente, é claro, para os clubes, o mercado e o torcedor, evidentemente. Com isso, ela formalmente e – por que não? – praticamente, quebraria a exclusividade, na medida em que outras duas concorrentes estariam transmitindo o Campeonato, ambas sem condições de pôr em risco a liderança global, mas isso, é claro, é mero detalhe.

Então, senhores, por enquanto ficamos assim.

Como dizia o locutor do Repórter Esso, voltaremos a qualquer momento em edição extraordinária com novas informações ou suposições.

Boa noite e boa sorte.

:o)

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Lei Pelé: 10 anos de vida, 7 anos sem passe


Quando um texto é muito bom e diz tudo que eu mesmo gostaria de dizer...
Bom, confesso que dá uma certa invejazinha... hehehe... Afinal, blogueiro também é gente. Mas um texto assim, o melhor a fazer mesmo é divulgá-lo para mais pessoas. É o que faço agora com "Sete anos sem passe", escrito pelo Marcelo Damato e publicado há pouco em seu blog "Além do Jogo".
Além desse link direto, tem ainda o link permanente para o Jogo Aberto na lista ao lado.

Tudo que eu queria falar sobre a Lei Pelé e seu aniversário foi muito bem dito pelo Marcelo.

Boa leitura.



Sete anos sem passe


Você talvez esteja se perguntando por que está escrito sete e não dez, como tem saído em muito outros lugares. Afinal, a Lei Pelé completa dez anos hoje. Mas é que muitos já se esqueceram, ou nunca souberam, que a lei deu três anos aos clubes para que se adaptassem ao fim do passe.

E quase nenhum se adaptou. Os cartolas preferiram ficar brigando para revogá-la, para defender o indefensável. Afinal, não foi a Lei Pelé que acabou com o passe, foi a democracia. O passe acabou no Brasil quando uma ação que o questionava estava quase chegando ao Supremo Tribunal Federal, sob o argumento de que o instrumento violava o direito ao trabalho. Aliás foi essa mesma a decisão da Corte Européia de Justiça em 1995, no que ficou conhecida como a Decisão Bosman (Bosman rule).

O passe em transações internacionais foi extinto pela comissão do estatuto do jogador da Fifa, criada em 1997, para regular a nova realidade do futebol. Os clubes europeus, médios e pequenos, após a decisão Bosman extinguir o passe em transações dentro do bloco de países, exigiram que ela fosse estendida ao mundo todo. Afinal, em alguns países, como Japão, EUA, nunca haviam nem sequer existido.

Assim, em 1999, dois anos antes de o passe acabar no Brasil, a Fifa já aceitava transferências de jogadores que provassem que seu contrato havia terminado. Foi por isso que Athirson, em 2000, e Ronaldinho, no reveillon de 2001, saíram sem pagar nada. Flamengo e Grêmio recorreram à Fifa e receberam US$ 4 milhões a título de formação e promoção do jogador. Esse valor seria alterado - para baixo - nos anos seguintes.

A Lei Pelé acabou com o passe apenas nas transações internas. E isso foi muito bom para os clubes grandes. Sem isso, teriam o pior dos mundos: não teriam como segurar os jogadores ao fim dos contratos e não poderiam fazer o mesmo com os jogadores dos times menores. Estes saíram perdendo, mas tiveram uma bela contrapartida, uma multa rescisória de valor estratosférico, que na prática impedia o jogador de sair durante o contrato.

Muitas mentiras foram e continuam sendo ditas sobre a Lei Pelé. A primeira foi que sem o passe explodiria o desemprego, o que levou muitos jogadores a defender os grilhões. Nunca houve tantos clubes em atividade no Brasil, nunca houve tantos jogadores brasileiros trabalhando fora. Logo nunca houve tantos empregos para jogadores.

Outra é que o êxodo dos jogadores se deve a ela. Como bem descrito acima, está claro que não.

Uma terceira é que a lei pôs os clubes em crise financeira. Basta ler o livro de João Saldannha sobre sua vida de técnico do Botafogo para saber que os clubes naquela época, pagando misérias aos jogadores, tinham de fazer muitas excursões com até cinco jogos por semana, para fechar as contas. Em 1996, quando nem se discutia a Lei Pelé, o vice-presidente do Flu, Arnaldo Santiago disse que era melhor dever a jogadores do que a bancos, por que “jogadores não cobram juros”.

Outra mentira sobre a Lei Pelé é que foi depois dela que os jogadores começaram a recorrer à Justiça Trabalhista. É de 1997 a portaria da CBF proibindo os Tribunais de Justiça Desportiva de continuar a tratar de assuntos trabalhistas. E a CBF tomou essa decisão quando vários jogadores já tinham recorrido à Justiça do Trabalho para ver seus direitos respeitados, o que com freqüência não acontecia nos TJDs.

A Lei Pelé tem outras virtudes e defeitos - os principais dos quais são tratar o esporte sob a ótica do futebol da Série A e de tentar mudar a realidade apenas com o bico da pena, o que provocou mais problemas do que soluções em certas situações.

A mudança da gestão dos jogadores do modelo escravocrata para o capitalista obviamente provocou vítimas, como toda mudança de realidade, especialmente entre aqueles que relutaram mais em se adaptar à nova realidade.

Mas, se não tivesse chegado naquela época, teria chegado depois. E, quanto mais tarde, maior seria o choque.


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domingo, março 23, 2008

Na reta final, sem coincidências


Dezesseis rodadas foram realizadas, restam somente três.
O campeonato entra em sua reta final de fato.

O Guaratinguetá continua na liderança e, apesar da derrota de hoje, dificilmente deixará de estar no G4.

Abaixo dele, mas com mesmo número de pontos, o “surpreendente” Palmeiras, depois a Ponte Preta e em quarto lugar o Corinthians.
Apenas um ponto atrás está o São Paulo. O Santos ainda tem chances de entrar no G4, mas só por milagre. Mas a razão de ser desse post não é a classificação do campeonato, nem mesmo ele próprio.

Os quatro grandes do futebol paulista estão mostrando que o ano começou para eles. Mais o Palmeiras, que já apresenta futebol bonito, vistoso, que entusiasma torcida e críticos.

E também o Corinthians, muito sólido defensivamente e já com personalidade e um certo padrão de jogo, ainda em evolução.
O mais importante é que torcedores e o time abstraíram completamente o fato de que o time irá disputar a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
Ponto para Andrés Sanches.

O Santos, que era o mais desacreditado, apresenta uma reação sólida, mesmo sem poder contar com o misto de lateral, ala e meia-esquerda Kleber. Mas revelou, para o futebol brasileiro, Molina, mais um garoto bom de bola, um meia-atacante (estranho esse modernismo, mas tem a ver) ao lado dos também garotos Thiago Neves, Valdivia e Conca.

E o São Paulo, que dos quatro é o que ainda não mostrou, a rigor, seu “modelo” 2008, é um time em construção e assim estará por mais algum tempo. Mas esse ponto já foi abordado anteriormente, basta clicar na tag “Estadual” para ter acesso imediato às matérias anteriores. Apesar disso, lidera seu grupo na Libertadores, que é o que realmente importa para a diretoria e Comissão Técnica, e continua bem no Paulista, com grande probabilidade de estar entre os 4 finalistas.

Em comum, há pouco mais de um mês, todos eles eram xingados e vaiados pelas próprias torcidas e vistos com severidade e descrença por parte (grande) da crítica, um pouco menos o Corinthians pela peculiaridade de sua situacao.
Esse post é repetitivo, bem sei, mas serve, meramente, para manter a lembrança das críticas pesadas, das vaias e mesmo das ofensas que foram dirigidas em profusão aos profissionais que trabalham nesses clubes. Os times que estavam fadados ao rebaixamento (!) estão agora na crista da onda.

Tempo e trabalho.

Trabalho e tempo.

Os frutos estão aparecendo.
Podemos dizer, com tranqüilidade, que a pré-temporada está terminando.

Ou seja, a temporada, propriamente dita, está finalmente começando para os grandes de São Paulo. Como já era tempo, mas dentro do tempo previsto e natural para que isso aconteça.

Um último detalhe: os quatro venceram seus compromissos nesse final de semana.

E isso, estimado leitor, estimada leitora, não foi coincidência.


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