Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sábado, fevereiro 23, 2008

Sobre planejamento e legalidade



Esse blog recebeu a confirmação que o Clube de Regatas do Flamengo efetivamente ficou sem patrocínio no mês de dezembro, como já havia antecipado. O contrato entre o clube e a Petrobrás terminou em 30 de novembro de 2007, uma data realmente um pouco estranha para o encerramento de um contrato de longo prazo. Desconheço a razão desse fato, mas não me parece que ela venha a ser importante para o que motiva esse post.

Somente em 12 de novembro o Flamengo procurou seu patrocinador e apresentou uma proposta de renovação. Ora, uma empresa do porte da Petrobrás, simplesmente uma das maiores do mundo, e ainda por cima de economia mista – o que significa controles tão rigorosos quanto os de empresas privadas, mas que normalmente passam por mais canais e têm trâmites mais demorados – não vai renovar um contrato da noite para o dia, principalmente quando esse contrato apresenta um valor maior que o anterior.

Qualquer executivo sabe que o correto é antecipar ao máximo qualquer negociação desse tipo, para que não haja o risco de ficar um período sem cobertura de patrocínio. Ainda mais quando o mês em que existe tal risco é o tenebroso, para empresas brasileiras, mês de dezembro. O mês do décimo-terceiro, o mês em que muita gente entra em férias, o mês em que o caixa da empresa tem que estar abarrotado, para que os bolsos dos funcionários, por sua vez, tenham o bastante para os panetones e presentes natalinos, além das férias para uma parte.

Claro que desconheço os meandros do CRF, detalhes da intimidade contábil e coisa e tal, mas, assim mesmo, o clube deveria ter planejado e iniciado as conversas para a renovação do patrocínio muito antes do que fez. Uma simples olhadela na folhinha mostraria o tenebroso dezembro descoberto.

Enfim, já era.

O novo contrato ainda não saiu do forno. Não sabemos qual sua data inicial – conseguirá o Flamengo retroagir o início para 1º de janeiro? Essa possibilidade, apesar da nota da Petrobrás, está em discussão. Da mesma forma se ele começa em fevereiro, caso janeiro seja letra morta. Outra possibilidade razoável é a data de 1º de março, mas essa já considero menos provável.

Estou curioso, igualmente, para saber até quando irá o novo contrato? Valerá por doze meses corridos ou vai terminar em 31 de dezembro de 2008? Ou, hipótese que é possível, mas nem um pouco inteligente, novamente em 30 de novembro?


É legal esse patrocínio?

Respondendo a blogueiros que questionam a legalidade desse contrato em vários fóruns e blogs, e até por e-mail.


Sim, é legal, a Petrobrás é uma empresa de economia mista, é bem verdade, mas é uma empresa que disputa mercados como outras, e patrocinar o Flamengo ou outra equipe é perfeitamente legal.

Pode-se discutir a conveniência de tal patrocínio, ou um patrocínio mais útil, social e esportivamente falando, que seria para os esportes olímpicos (exceto vôlei), sempre carentes de verbas e estrutura.

Pode-se pleitear que a Petrobrás faça como a Fiat e patrocine meia dúzia de equipes ou mais.

Mas não se pode atacar a legalidade e, por extensão, a moralidade desse contrato.

Sorte do Flamengo, que tem um patrocinador fiel, que o acompanha há muitos anos e esteve presente nas marés baixas. Isso tem um preço, tem um valor, e não é pequeno.

Sim, é legal, mas muitos torcedores de outros times não pensam assim e não acham nada legal.

:o)

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sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Premier League – Grandes números parciais de Chelsea e Arsenal



Número 1 do mundo em 2014

Essa é a meta a que se propõe o Chelsea, segundo seu CEO (Chief Operating Officer), Peter Kenyon. Falando sobre os resultados do primeiro semestre do exercício, ele destacou o grande crescimento nas receitas, que atingiram 190 milhões de libras – equivalentes a 253 milhões de euros – num crescimento ainda maior que as receitas do Arsenal, conforme ele destacou, apesar do fato do rival ter inaugurado seu novo estádio com excelentes resultados financeiros. O faturamento do Arsenal no período ficou em 177 milhões de libras (236 milhões de euros), mas o clube enfatizou o lucro de 20 milhões de libras, como poderá ser visto no próximo texto desse post.

Para o executivo, o estádio é fundamental para gerar novas receitas e alavancar as já existentes e por isso o Chelsea está considerando todas as possibilidades de expansão da capacidade de Stamford Bridge, antes de pensar num novo estádio. Segundo Kenyon, tudo que se fala sobre um novo estádio não passa de rumores, mesmo porque os terrenos sugeridos ou comentados pela imprensa não atendem às necessidades de um empreendimento como esse, que precisaria ter pelo menos 18 acres72.000 metros quadrados, ou 20 acres80.000 metros quadrados – de preferência.

Outro ponto de destaque para Kenyon foi a redução nos custos de transferências, sem que o time perdesse competitividade, impactando positivamente sobre os números financeiros.

Abramovich e o Chelsea

O clube londrino divulgou, oficialmente, que Roman Abramovich, o bilionário (em dólares, euros, libras, rublos...) que comprou o clube em 2003, investiu no mesmo, desde então, 580 milhões de libras esterlinas, valor equivalente a 773 milhões de euros, 1,137 bilhão de dólares ou, ainda, 1,947 bilhão de reais.

Arsenal mais lucrativo

Ontem, em Londres, o Arsenal F.C. divulgou os resultados financeiros do primeiro semestre do ano fiscal em curso, que se encerrou em 30 de novembro. O número mais significativo foi o lucro antes dos impostos no total de 20 milhões de libras, praticamente 27 milhões de euros. Um número expressivo. É didático vermos alguns dos motivos que levaram a esse resultado:

- crescimento da receita dos direitos de TV tanto para o mercado inglês como para outros países;

- crescimento na receita do item “matchday”, impulsionado pela inauguração do Emirates Stadium;

- excelentes resultados proporcionados pelo Emirates Stadium na geração de receitas, incluindo o jogo da Seleção Brasileira e antecipação de receita de dois shows de Bruce Springsteen que vão ocorrer nessa segunda metade do exercício; é importante destacar que esse item refere-se ao uso do estádio para outros fins que não os jogos do Arsenal, arrolados no item “matchday”;

- lançamento da TV Arsenal em janeiro, mas já com um acordo de seis anos com a Setanta Sports, uma das maiores agências de marketing esportivo do mundo.

Numa análise preliminar dos primeiros números já divulgados, a Premier League vem crescendo de forma espantosa nessa temporada. A intenção de transferir jogos oficiais para outros países dá bem uma idéia das ambições de se consolidar como a mais importante competição de futebol do mundo.

Há pontos controversos na Liga, como a grande participação de capitais externos – russos, americanos, asiáticos, árabes – e a possivelmente excessiva presença de jogadores estrangeiros, mas, inegavelmente, a terra do futebol chato e feio de outrora se transformou. Apesar da maioria dos jogos ser disputada em gramados minúsculos, o que, na minha opinião, distorce um pouco os resultados e tira parte da beleza do futebol.




Enquanto isso, na suposta terra do futebol, seguem impávidos e colossais os fantásticos estaduais.


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quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Boa jogada do Furacão

Em 1949 o CAP – Clube Atlético Paranaense – venceu onze partidas seguidas, um feito realmente admirável. Essa seqüência valeu ao time ser chamado de Furacão.

Agora, nesse início de temporada, o time dirigido por Ney Franco começou a ganhar...

Foi ganhando, ganhando, ganhando...

De repente, a perspectiva de igualar o feito do time de 49 surgiu no horizonte.

Mais que isso, por que não ultrapassar aquela marca histórica?

O time chegou ao 11º jogo invicto, onze vitórias, uma atrás da outra, algumas por goleadas sonoras.

Veio, então, o 12º jogo.

E agora?

As pernas vão tremer?

Os deuses dos estádios vão entrar em campo para o adversário?

Mais: o adversário calhou de ser o Cianorte, time do qual todo torcedor corintiano lembra muito bem, com brilhante campanha na Copa do Brasil de 2005 e a revelação de Caio Júnior como treinador. Já não é o mesmo time daquela época, mas é um time bom, bem organizado, que começa a marcar presença entre as possíveis novas forças do interior do Brasil.

Sobre o jogo, que não assisti, deixo o comentário a respeito da Tati, torcedora atleticana e amiga:

“Fico com a primeira frase do parágrafo referente ao Atlético: "Foi linda a noite do Atlético Paranaense".
Temperatura agradável na Arena em um jogo de uma torcida só, numa noite de 3 e até 4 gerações presentes ao estádio.

A partida em si, pra mim, e aí é só a minha opinião, foi um partidáço do Cianorte, mas isto não era importante, tanto que não fez diferença alguma para o time da casa que jogou o necessário para ga
rantir o resultado épico. Placar mínimo, 1x0, goleada.

Até porque em um jogo oficial, um zagueiro não faz um pênalti daqueles.”

Parabéns, Tatiana, parabéns CAP.

E a camiseta comemorativa ficou bonita.




Mais que isso: foi vendida por 35 reais para os sócios e 40 reais para não sócios. Jogada inteligente e rápida do Marketing do CAP.

Compra obrigatória para todo torcedor.


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Timemania – alguns comentários



Estou me explicando muito, o que pode ser sinal de uma posição não muito firme, mas que pode ser, também, a necessidade de explicar melhor uma posição muito contra a corrente.

Desde o começo entendi a Timemania como uma anistia.

Ora, isso pressupõe que a pessoa ou entidade anistiada estará perdoada, livre dos problemas passados que levaram-na à necessidade desse gesto de generosidade e também de interesse. Sim, porque à sociedade interessa que todos seus membros comportem-se de maneira correta, civilizada, dentro das leis e das normas de convivência aceitas por todos como dignas.

Compete à mesma sociedade proporcionar condições para que o anistiado retome sua vida de forma produtiva. Isso é a mesma coisa que compete à sociedade fazer com o sentenciado que cumpre sua pena e readquire a liberdade. Se ele não encontra condições objetivas e ao seu alcance de ser produtivo e sustentar-se, inevitavelmente voltará aos desvios que o levaram a ser condenado.

É importante dizer que a sociedade, no caso da Timemania, foi representada por quem de direito: os parlamentares eleitos. Se bem ou mal é outra conversa. Formal e legalmente, compete a eles discutir e aprovar ou não medidas do interesse de todos.

Na medida em que isso aconteceu, eu esperava condições mais realistas para que os clubes de futebol superassem seus problemas. Incomoda-me o rigor excessivo, muito bem demonstrado pelo comentário não assinado no post “Angelical ou satânica?”, mas que talvez tenha sido do Delcides, que no post anterior, “A dura realidade”, enveredou por caminho semelhante.

Por que não usar a TJLP para a correção da dívida?

O emprego da SELIC foi para demonstrar o que? Rigor? Seriedade?

Ou somente para penalizar os clubes?

Foi o próprio Estado com sua habitual incúria, incompetência e brutal taxa de corrupção, que parece estar solidamente inscrita no DNA brasileiro, que permitiu que se chegasse à situação que hoje vemos, com dívidas monstruosas, simplesmente impagáveis, até porque, em outra característica típica do Estado, as multas que ele aplica a torto e a direito são fora da realidade. Sua única função é permitir o crescimento contínuo dos escritórios de advocacia, nada mais.

Falando assim parece que os cartolas caloteiros (mais caloteiros que sonegadores), para ficar sempre na adjetivação mínima, foram pobres inocentes.

Não, não foram, muito longe disso, e tivéssemos nós uma legislação mais moderna e adequada aos tempos que vivemos, muitos deles deveriam estar cumprindo penas de detenção, mesmo que em liberdade provisória ou vigiada.

Anistiar faz parte de nossa tradição. É assim que somos, meio meigos, meio moleirões, meio condescendentes com os erros, meio crentes na recuperação. São traços de nossa personalidade como povo, fortemente influenciados pelo catolicismo. Não somos fundamentalistas como os norte-americanos, por exemplo. Jamais seremos, atrevo-me a dizer. E acho isso bom, embora desgoste do nosso jeito bonzinho de ser em excesso. Mas, somos assim, e o melhor que temos a fazer é vivermos com nossas qualidades e defeitos da melhor maneira possível.

O que inclui a anistia via Timemania.

:o)

Vamos aos comentários, finalmente.

1 – A Receita e a CEF não divulgaram os valores devidos por cada clube; acredito, mas não tenho certeza, que essa informação ainda virá a público; essa tabela foi preparada pelo portal Globo.com, e pode ter correções; uma delas eu mesmo já apontei e diz respeito à dívida do Flamengo; se o Internacional não está relacionado, de duas uma: não deve tributos federais ou escapou à pesquisa do portal.

2 – Não sei se a questão dos juros e do saldo residual eventualmente existente ao final do prazo de contrato tenha sido objeto de lei ou portaria; se algum advogado com vivência na área fiscal ler esse post e quiser comentar a respeito, agradeço.

3 – O Flamengo quitará essa dívida? Essa pergunta por si só merece um post inteiro. :o) Sim, creio que sim, dadas algumas condições internas e externas. Entre as internas, a mais clara e óbvia é a presença de direções sérias, que não façam loucuras. O clube, mais do que nunca, precisará de uma gestão inteligente e criativa, que busque novas fontes de receitas e incremente as já existentes. Ganhar ou não ganhar títulos não é fundamental, mas disputar títulos é básico.
Ou seja, o time de futebol terá que render em campo à altura da administração, e quanto mais competente for a administração...

No que diz respeito às condições externas, imagino, de bate-pronto, três premissas para que isso aconteça:

- manutenção da estabilidade econômica, seguida pela tão sonhada redução na taxa de juros;

- aceitação popular dessa loteria;

- crescimento de sua arrecadação de forma contínua.

Difícil? Sem dúvida.

Impossível? Longe disso.

Naturalmente, o que está dito sobre o Flamengo aplica-se a todos os outros, inclusive aos que devem pouco ou mesmo nada devem.


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quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Angelical ou satânica? Justa ou injusta?

Às vezes sinto-me do “lado negro da força”.

Ouço e leio pessoas que acompanho há anos e suas opiniões diferem muito, às vezes radicalmente, das minhas. Repenso minhas posições, queimo as pestanas, mas tudo que consigo como resultado final é manter-me convicto do acerto de minhas idéias. Isso, claro e sempre, até que me provem o contrário.

É assim que me sinto em relação à Timemania.

Antes de mais nada, dois pontos a ponderar: todo jogo a dinheiro não é saudável. Loterias estatais têm um lado meio doentio, mas têm lá seu lado saudável. O ser humano gosta de jogar, gosta de arriscar porque, acima de tudo, gosta de sonhar. Sonhar com a “sorte grande”. Se não existirem loterias, ele à caça de outras modalidades que possam levá-lo à sorte grande. Nesse caso, bem sabemos, ele vai encontrar jogos alternativos e, por trás deles, elementos e grupos também alternativos, ou marginais, palavra mais correta.

Como não acredito em milagres e menos ainda em controle policial perfeito sobre coisas desse tipo, não sou contrário à existência das loterias estatais, mesmo porque uma parte do que arrecadam é destinado a fins e entidades – supostamente – meritórios. Portanto, não encaro a Timemania como algo satânico, que vá levar ao vício pobres brasileiros e brasileiros pobres (pobres brasileiros somos quase todos, já brasileiros pobres somos algo como 50 a 60% dos brasileiros...). Ou que vá levar o vício até eles.

Esse é o primeiro ponto.

O segundo ponto é que acho bom tentar salvar os clubes brasileiros, muitos deles vítimas de administrações catastróficas, para não empregar outros adjetivos mais pesados e, com certeza, mais condizentes com a realidade.

Por que isso é bom?

Porque o futebol é importante para nós, porque nossos times são importantes e são parte de nosso jeito de ser e de nossa cultura. Porque não seria justo privar milhões de uma forte paixão.

Mas houve um festival absurdo e prolongado de falcatruas, incompetência e muitas outras coisas que levaram a essa situação presente. Portanto, ao criar a Timemania estaremos premiando a calhordice, a sem-vergonhice, a pilantragem.

Essa é uma visão, e é uma visão de respeito. Seria também a minha visão em outro tempo. Talvez eu seja um pragmatista, uma mudança evolutiva (?) do marxista de outrora. Ao mesmo tempo, fruto da formação católica e da marxista, acredito no homem. Não muito, pois não sou tão tolo, mas ainda acredito um bocado, coisa típica do idealista que toma o lugar do cínico com mais freqüência do que eu gostaria.

Por tudo isso, creio que ao abraçar a Timemania os dirigentes de nossos clubes estão assumindo um compromisso de mudança de métodos administrativos, postura, seriedade no trato com o dinheiro dos clubes e muito mais. Estão reconhecendo os erros do passado e se comprometendo com um presente e um futuro mais corretos. Ora, isso merece um voto de confiança. Mais um, é bem verdade, mas que também pode e deve ser o último.

Deve ser o último. Depois desse, basta!

Muitos desses dirigentes não irão se transformar da noite para o dia em santos e anjos. Mas, e isso é importante, depois de todo o movimento dos últimos anos e mais a agitação recente na reta final dessa loteria, ficou evidente que esses dirigentes estarão sob o crivo atento de muitos torcedores, além da imprensa. Hoje, embora baixo percentualmente, é grande o número de torcedores que se preocupam com a forma como seus clubes são administrados. São torcedores que cobram mais que jogadores, mais que vitórias, eles começam a cobrar a sobrevivência e o desenvolvimento das entidades pelas quais têm paixão. Isso, acredito, é o que fará a diferença em relação ao passado. Se eu estiver sendo um otimista, um sonhador, e nada disso aconteça, que o peso do braço da lei caia com força sobre essas pessoas. Porque, repito, a Timemania deve ser a última tentativa para moralizar de vez com as administrações dos clubes brasileiros. Ela não é angelical ou satânica, é apenas uma ferramenta, uma oportunidade, para que grandes entidades, com histórias fantásticas e profundamente entranhadas na alma brasileira, dêem a volta por cima de seus problemas e continuem alegrando milhões de brasileiros.

Mas, depois dela, basta!

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A dura realidade da Timemania



Ok, vamos à realidade dos fatos e dos números. Para isso, nada melhor que começar com uma historinha tirada da imaginação.

Imagine, então, prezada leitora, prezado leitor, que você deve 100.000.000 – muito zero, né? – de reais para a Receita. Como você chegou a dever esses cem milhões eu não sei; dependendo do que você faça até posso imaginar, mas não vem ao caso no momento, pois agora importa somente esse fato: você deve cem milhões para a Receita. Bom cidadão, você vai até lá, negocia um bom acordo e ouve do burocrata:

- Cidadão, para facilitar tua vida e tua sobrevivência, dando-te condições de continuar atuando em tua atividade, cortamos 50% do valor das multas incorporadas à sua dívida e vamos dividir tudo em 240 pagamentos mensais e consecutivos (besteira isso, mas sempre quis escrever “mensais e consecutivos”, como se um pobre devedor não soubesse desse detalhe).

- Puxa, que legal!

- Melhor ainda: limpamos teu nome e você pode voltar ao mercado financeiro e pode candidatar-se a receber verbas públicas.

- Uau, que maravilha!

- Bom, estimado cidadão, sobre seu saldo devedor vamos aplicar a taxa SELIC.

- ...

- Você sabe, não é, cidadão? Dívida é dívida e tem que correr algum jurinho, né?

- É... Mas, puxa, logo a SELIC?

- É a nossa taxa oficial.

- Mas vocês têm a TJLP, que é praticamente a metade dessa e que se aplica melhor ao meu caso que é de longo, longuíssimo prazo, não é?

- Olhe, cidadão, em tese até concordo contigo, mas na prática será a SELIC. Sabe como é, os “homi” lá em cima assim decidiram.

- Puxa... Mas a SELIC... É o dobro... Puxa, é dureza...

- Pois é cidadão, mas ninguém falou que seria fácil, né?

E assim, desacorçoado, como dizia e diz ainda minha família e o povo do interior, ou desacoroçoado, como querem os dicionários, lá sai da Receita nosso cidadão que deve cem milhões de reais.

Sai fazendo contas. Vamos a elas:

- Dívida: 100.000.000

- Parcelas: 240 x 416.700

- Taxa de juros sobre saldo devedor: 11,25% (índice estimado para 2008)

- Valor pago no primeiro ano: 12 x 416.700 = 5.000.000

- Saldo devedor ao final do primeiro ano: 95.000.000 – sem os juros da dívida

- Saldo devedor estimado com aplicação de 11% sobre o valor médio da dívida:

108.000.000 – Cento e oito milhões de reais

- Resumo da ópera: entrou devendo cem, pagou cinco, terminou o ano devendo cento e oito.

(Não fiz as contas mês a mês, e mais juros compostos e o escambau, apenas apliquei a taxa anual sobre o valor médio entre o primeiro e o décimo-segundo pagamento; a conta certa, final, é próxima disso, mas nem vem ao caso, pois tudo isso é apenas para definir a ordem de grandeza da brincadeira.)

No segundo ano, o valor das parcelas subirá para 450.000 reais por mês. No final de mais doze meses, 5.500.000 terão sido pagos, abatendo o valor da dívida, sem os juros do ano em curso, de 108.000.000 para 102.500.000. Todavia, aplicando-se a SELIC estimada pelo mercado para 2009 – 10,25% – sobre o valor médio da dívida em seu segundo ano, teremos a bagatela final de 116.000.000 como valor da dívida no décimo-segundo mês do segundo ano.

Ao entrar em seu terceiro ano, as parcelas agora são de arredondados 500.000 por mês, ou seja, 6.000.000 pagos em doze meses, reduzindo a dívida de 116 para 110 milhões de reais. Aplicando-se a esse valor a SELIC de 2010 – ainda não prevista, mas vamos supô-la, conservadoramente, nos mesmos 10% previstos para 2009 – e teremos a dívida em 124 milhões de reais no final do terceiro ano e início do quarto ano.

E por aí vai.

Vejam como é esse negócio: você entra devendo cem, paga dezessete e ainda está devendo cento e vinte e quatro 36 meses depois. Bom, né?



A ajuda da Timemania

De acordo com a estimativa da Caixa Econômica Federal, a Timemania vai arrecadar 520 milhões de reais em seu primeiro ano. Como vários órgãos de imprensa já divulgaram essas contas, e dando-se esse valor como certo, cada time do Grupo I vai receber 300.000 reais por mês da loteria. Ou melhor, vai abater esse valor da parcela mensal que tem que pagar, pois todo dinheiro arrecadado será destinado ao pagamento dos débitos.

Voltando ao nosso hipotético cidadão, que nada mais é que um igualmente hipotético clube de futebol, devendo 100 milhões de reais, ele terá a primeira parcela de 240 parcelas a pagar no valor de 400.000 reais. O valor arrecadado e distribuído pela Timemania vai abater 300.000 desse total, deixando, assim, 100.000 reais para o clube pagar com recursos próprios. Todo mês, naturalmente.

Uma das poucas bondades do projeto Timemania é permitir aos clubes pagarem apenas 50.000 reais como complemento da parcela mensal, durante todo o ano de 2008. Ou seja, se o clube tem que pagar 420.000, pagará 300 + 50 e só. A diferença ficará acumulada, correndo juros, naturalmente, que de boba a Receita nada tem.

A conta com base em cem milhões é boa porque permite aferir rapidamente quanto cada clube terá que pagar mês a mês. Para os clubes que vão receber mais do que têm a pagar por mês, o saldo credor não irá para a conta-corrente no banco, mas será usado para abater débitos futuros, do final para o começo.


A tabela a seguir mostra a dívida em milhões de reais dos maiores devedores (valores não oficiais) e as duas parcelas - a mensal e a complementar - em milhares de reais. No caso de haver o sinal +, significa que o valor será incorporado como adiantamento de parcelas futuras. Ou seja, um clube só receberá dinheiro líquido, mesmo, quando não tiver nenhum débito com a Receita.


Flamengo


180,0


750.000

450.000

Botafogo


160,0


667.000

367.000

Fluminense


155,0


646.000

346.000

Portuguesa


145,0


604.000

304.000

Atlético-MG


112,0


467.000

167.000

Grêmio


80,0


333.000

133.000

Vasco


70,0


292.000

+ 8.000

Santos


62,0


258.000

+ 42.000

São Paulo


43,2


180.000

+ 120.000

Cruzeiro


32,0


133.000

+ 167.000

Corinthians


30,0


125.000

+ 175.000

Bahia


30,0


125.000

+ 175.000

Palmeiras


27,0


112.000

+ 188.000

Coritiba


20,0


83.000

+ 217.000

Figueirense


6,0


25.000

+ 275.000


Se a loteria permanecer estacionada nessa faixa de arrecadação, ano a ano o nosso hipotético devedor de cem milhões desembolsará mais e mais recursos próprios para abater, teoricamente, uma dívida que, na prática, crescerá ano a ano. Se a loteria cair no gosto do povo e crescer ano a ano, no mínimo a uma taxa de dez por cento, número ao redor do qual gira a SELIC, os clubes continuarão tirando do bolso o mesmo valor proporcional. Se a loteria crescer muito mais, aí sim, nesse caso o nosso centenário devedor conseguirá amortizar de fato a dívida com a Receita. Para isso, entretanto, a arrecadação da loteria teria de crescer acima de 20% ao ano, pelo menos, para uma redução significativa.

Portanto, na melhor das hipóteses, os clubes que conseguirem manter-se na linha apenas manterão seu status atual. Se aproveitarem para profissionalizar-se e crescer, ganhando novas receitas, poderão reverter o rumo da própria história.

Esses valores não são oficiais e eu mesmo tenho dúvidas sobre alguns deles. No caso do Flamengo, por exemplo, em outubro ou novembro de 2007 o presidente Márcio Braga declarou que a dívida do clube com órgãos do governo federal atingia o montante de 207 milhões de reais. Aparentemente, esse número de 180 milhões está expurgado desse valor de 27 milhões que o Flamengo considera sub judice e, caso vença na justiça, poderá retirá-los do valor devido. Isso se, no momento que for a julgamento, a Justiça entender que o clube está certo. Praticamente todos os clubes têm processos na mesma situação, como o São Paulo, que tem 30 dos 43 milhões declarados com processos em andamento na justiça.



E agora?

Sem dúvida, a situação é muito delicada para os cinco maiores devedores, cujas dívidas giram entre 180 (ou 207) e 112 milhões de reais. Para esses clubes, e para todos os outros, o grande desafio não é tanto complementar o valor a ser pago no acordo feito com o governo – dependendo da performance da Timemania no mercado – e sim manter em dia suas contas correntes. Ou seja, terão de, obrigatoriamente, passar a andar na linha. Terão de pagar, mês a mês, religiosamente, todas as contribuições de IR, INSS, FGTS, PIS e PASEP.

Nesse momento, com certeza, o torcedor se pergunta: Mas se até agora o meu time não pagou nada disso, vai começar a pagar religiosamente justo agora? E ainda por cima com o complemento da prestação junto? E surge ou aumenta a desconfiança, como é natural.

Se a Timemania não se tornar um grande sucesso de público, e se esses clubes não alavancarem ao máximo suas receitas, em três, quatro ou cinco anos teremos tudo de volta à estaca zero: clubes endividados monstruosamente, dívidas impagáveis.

Aí caberá à sociedade julgar o que é mais interessante: uma nova anistia, pois, ao fim e ao cabo, é isso que é a Timemania, ou o cumprimento das leis em vigor, com arresto de bens e outras medidas de igual teor. Isso implicará em mexer com o amor, o sonho, a paixão de dezenas de milhões de torcedores/eleitores. Portanto, não sei... Só esperando para ver.

Essa bola está nas mãos dos dirigentes dos clubes. E dos torcedores, também.

Caberá às torcidas um papel fundamental de cobrança e paciência nesses anos vindouros. Se não cobrarem transparência, honestidade e competência no trato das coisas do clube, continuará tudo no mesmo pântano lamacento. Se não tiverem paciência para suportar anos difíceis, poderão levar dirigentes a cometer loucuras e fazer tudo retornar ao lamaçal. Transparência será fundamental, acompanhada de diálogo franco e aberto com os torcedores.

Quem ama, perdoa.

Quem ama, compreende.

Quem ama, entretanto, não suporta mentira, odeia enganação.

Por isso, mais importante que o centroavante e o goleiro daqui pra frente, será o presidente do clube.

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domingo, fevereiro 17, 2008

Marília, um jogo bom, um resultado que não doeu



No “Bento de Abreu”, em Marília, um jogo excelente e movimentado, no decorrer dos 96 minutos de bola em campo. O fato do horário de verão ter chegado ao fim na virada de ontem para hoje não deve ser coincidência para isso. Mesmo em plena Alta Paulista a temperatura das quatro da tarde permitiu aos atletas um bom nível de aplicação o tempo todo.

O MAC não podia perder, pois isso implicaria em cair para as últimas posições da tabela, aquelas às quais todos se referem como “zona do rebaixamento”, apesar de estarmos apenas na metade da competição. Para mim, só tem sentido esse apelo no terço final do campeonato. Seus jogadores entraram em campo com muita determinação, o que ficou claro no grande número de faltas logo no início de jogo – faltas duras, é bom frisar. O São Paulo, por outro lado, entrou em campo com sua nona formação em nove jogos. Uma das ausências foi importante: Miranda.

O MAC fez dois gols em duas falhas de saída de bola, a primeira com Juninho, na esquerda, a segunda com Alex, na direita. Ambos em lados trocados em relação às sua preferências de jogo. Por que falharam os zagueiros? Porque o Marília exerceu uma rigorosa marcação na saída de bola do São Paulo, forçando os erros de passe. A seqüência da bola perdida por Alex foi falta feita por André Dias dentro da área: pênalti e expulsão. Pouco depois, numa das faltas do MAC, Hernanes fez uma cobrança magistral e diminuiu.

O segundo tempo começou igual, mas com dois minutos o São Paulo empatou, novamente em cobrança de falta, dessa vez por Jorge Wagner. Depois disso o jogo continuou movimentado de parte a parte e a defesa do São Paulo continuou errando no posicionamento e no combate. O gol da vitória nasceu de jogada rápida do MAC pela direita e bola cruzada no primeiro pau para a cabeçada de Magno, agachado, apesar 1,88m de altura. O zagueiro Fernando ainda foi expulso por dois amarelos e, por que não? – pelo conjunto da obra.

Um bom jogo para quem assistiu.

Um ótimo jogo para o MAC, que respira aliviado e parte para o clássico regional na próxima rodada, contra o Noroeste.

Um bom jogo para o São Paulo, a dez dias da estréia na Libertadores. O MAC não jogou menos que muitos dos times sul-americanos de menor expressão. Foi atrevido o tempo todo e deu a falsa impressão de deixar o São Paulo jogar. Não deixou, pelo contrário. Pensando no que está por vir, péssimo jogo para o torcedor tricolor, ótimo jogo para Muricy Ramalho.

Não custa repetir que os times do interior de São Paulo são bons, quase todos com bons times, alavancados pelo desejo permanente de vencer os grandes, de chegar às semifinais, de vencer o título de Campeão do Interior e, finalmente, por último, mas não menos importante, todos os jogadores querem e precisam aparecer o melhor possível. Um bom jogo para milhões de telespectadores pode ser a diferença entre um futuro e nada.

E, para esse blogueiro que tem em Marília suas melhores e mais doces lembranças da infância e adolescência, o resultado não machucou em nada, nem mesmo o humor desse domingão.

É verdade, o São Paulo perdeu sua invencibilidade e o Campeonato Paulista de 2008 não tem mais nenhum time invicto.

E esse Olhar Crônico Esportivo comenta um jogo. Uma fuga à regra não escrita e não rigorosa, mas, afinal, ninguém é de ferro.



Observações:

Camilo, do MAC, é muito bom jogador. Fez o primeiro, sofreu o pênalti do segundo e deu o passe preciso para o terceiro gol. Foi perigoso e participativo o jogo inteiro.

O ex-centroavante Guilherme está trabalhando como auxiliar de Jorge Rauli, treinador do Marília. Hoje, estava na tribuna com um radio-comunicador, falando com o técnico.

Cena rara: Rogério Ceni deu uma bronca forte e facilmente perceptível em sua defesa, ainda no começo do segundo tempo. Não resolveu.

Bom público no “Bento”, apesar do ingresso caro. No interior, o uso de falsas carteiras de estudantes é muito reduzido. Boa parte dos torcedores pagou ingresso pelo preço cheio: quarenta reais.

Caio0, comentando pela Globo aberta, disse a certa altura que o MAC não ameaçava mais o São Paulo. Sua frase terminou com o Cleber Machado gritando o terceiro gol do time da casa.

Mala suerte.


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Mustafá na FIFA, em nome de...


Tal como esse blog suspeitava, Mustafá Contursi foi o representante dos clubes brasileiros na reunião do Grupo de Trabalho criado pela FIFA para discutir as relações com as confederações e ela própria, inclusive a criação de associações similares à ECA.

1 – Mas Ricardo Teixeira não nomeou Marcelo Teixeira, presidente do Santos, como representante brasileiro em questões ligadas ao Campeonato Mundial de Clubes e assemelhados?

2 – Mas o Mustafá nada tem a ver com a direção do Palmeiras, que inclusive pressionou fortemente o Clube dos 13 para afastá-lo da entidade. Como, então, ele permanece como representante na CBF? Ah, ele não representa o clube e sim o presidente da CBF?

3 – Mas o comunicado oficial da FIFA sobre a reunião diz que lá estava um representante da Sociedade Esportiva Palmeiras, que, por sinal, como relatado aqui, sequer mencionou tal “representação” em seu site oficial (a menos que tal falha tenha sido corrigida depois do comentário aqui feito).

Ué, por que tudo isso, então?

Ah, sei...

Já entendi, é a CBF em ação, né?

Eu só queria entender.


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Jogos 5.000 x 0 Estádio


Hoje é um dia importante para o Sport Club Corinthians Paulista, é o dia do seu jogo de número 5.000. Um evento digno de ser comemorado, de ser celebrado. Infelizmente, para a grande massa torcedora alvinegra, a festa será no Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, casa do tradicional adversário e hoje maior rival, o São Paulo, mesmo sendo o mando de campo do Corinthians. Mais que isso: nesse mesmo estádio, o Corinthians já mandou mais de 500 partidas. Por mais de 500 vezes pagou ao rival e co-irmão para jogar em seu campo.

Essa é uma das coisas que nunca entendi no futebol, ou melhor, até acho que entendo, mas é difícil aceitar: o fato dos clubes de maiores torcidas do Brasil, e isso já desde muito, muito tempo, não terem seus próprios estádios.

Como foi possível?

Como é possível?

Apenas por incúria e falta de visão de seus administradores?

Por falta de competência, pura e simples?

Por falta, quem sabe, de honestidade e seriedade no trato com as coisas – o dinheiro – dos clubes?

Talvez pelo conjunto disso tudo, seja a resposta mais provável.

Nesse momento, enquanto o time disputa o Paulista e a Copa do Brasil, os bastidores fervem com mil coisas, mil possibilidades, mil notícias ou balões de ensaio. Entre elas, a mais importante é a notícia que o estádio será construído.

O projeto já existe, o desenho é bonito, o local está definido, o terreno, dizem, está em negociação.


Todavia, em meio a tantas flores róseas, há também espinhos. O maior deles, talvez, seja o nome da pessoa que está à frente do projeto, o Sr. Edgar Soares. Contra ele pesam muitas acusações por negócios diversos dentro do clube. Por coincidência, em passado distante Edgar Soares realizou alguns trabalhos na ilha de edição de minha produtora. Lembro de algumas conversas agradáveis e que ele falava sempre de muitos planos, muitos projetos, muita coisa para fazer. Um empreendedor de mão cheia, aparentemente. Confesso que surpreendeu-me ver seu nome associado a um monte de eventos no mínimo estranhos dentro do Corinthians. Mas fico por aqui. Não tenho competência e tampouco informações para emitir juízos de valor, mas, segundo boa parte das pessoas que conhecem os bastidores corintianos, não seria ele a pessoa mais indicada para estar à frente de tal projeto.

Outro espinho é a dúvida que dessa vez saia, inclusive entre boa parte dos torcedores. O simples fato de usar “dessa vez” em referência ao projeto já demonstra o muito que há por trás de histórias e promessas que nunca passaram disso, histórias e promessas. Mesmo aquelas que acabaram gerando recursos para a construção.

Ontem pela manhã, um corintiano garantiu-me que, ao que tudo indica (meio contraditório, mas é assim que é), dessa vez o estádio sai mesmo, conforme ele soube por um amigo que ocupa uma das muitas diretorias do clube.

É uma obra de respeito, ainda que para 52.000 espectadores. Seu custo está previsto em 350 milhões de reais. Pelo projeto, as construtoras ficariam com 10.000 cadeiras cativas para vender, ao custo de 21.000 reais cada uma, gerando, somente elas, uma receita de 210 milhões de reais.

Além disso, venderiam também 200 camarotes, por preços não revelados (mas se acreditam em 21.000 para uma cativa, um camarote não sairá por menos de 200.000, o que daria mais 40 milhões) e terão os naming rights do estádio por dez anos. Outra fonte de renda prevista é o ganho de 1,6 milhão de reais de aluguel por ano, durante dez anos.

Cosme Rimoli, excelente repórter do Jornal da Tarde, escreveu boa matéria a respeito. Clique aqui.

No papel parece factível, basta começar para dar tudo certo e inaugurar o estádio no centésimo aniversario do clube, em 1º de setembro de 2010.

Se transformado em realidade, esse estádio será muito bom não só para o Sport Club Corinthians Paulista, mas para o futebol de maneira geral e para a cidade de São Paulo, que terá mais um palco para acomodar seus amantes do esporte bretão que consagrou Rivelino, Sócrates, Luizinho e tantos outros grandes jogadores que passaram pelo clube do Parque São Jorge.

E como ouvi de importante dirigente são-paulino há algum tempo, não há futebol sem competição. E competição exige bons adversários. Por isso, ele mesmo torce pelo sucesso do Corinthians e do Palmeiras, que é a melhor forma de manter as disputas vivas e interessantes. E o sucesso de cada um depende disso.

Parabéns ao Corinthians pelo 5.000º jogo.

Felicidades com seu estádio.

Que dessa vez torne-se realidade.

Pois está mais que na hora de virar o jogo para 5.000 x 1.


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