Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sexta-feira, março 21, 2008

Piados, 450 milhões e chutes científicos


A passarinhada fez o alvoroço de sempre na alvorada de hoje.

Alvoroço feliz, comemorando o dia que prometia sol desde cedo, mas com muitas nuvens, deixando o dia agradável, além da beleza das paisagens depois da chuva.

Curiosamente, um dos passarinhos piava 450...

Número estranho, pensei com meus botões, mas só até dar-me conta que era um número muito plausível para o novo contrato oferecido pela Globo para pagar as transmissões do Campeonato Brasileiro de 2009. Esse é o mesmo número que conhecida jornalista divulgou essa semana e é o mesmo número que o geralmente bem informado Ricardo Perrone (Painel – FSP) comentou nessa Sexta Santa.

Gosto de ouvir passarinhos (mas só em liberdade), mas também gosto de ouvir passarões, que, se não têm o canto suave e agradável dos passarinhos, têm, em contrapartida, o pio grave de quem voa mais alto e enxerga mais coisas. Conversei – é, às vezes consigo conversar com passarões... :o) – com dois deles, um por sinal num interurbano que o que teve de caro teve de interessante. Ambos nada disseram, mas emitiram pios muito parecidos a 450...

Assim sendo, façamos de conta que 450 será, ou serão, já que, mais que um número, trata-se da quantidade de milhões de reais para os clubes e é de bom alvitre combinar o número da gramática com o número dos milhões. Portanto, façamos de conta que serão 450 milhões e façamos as contas em cima deles (relaxem, essa frase foi licença poética de baixo nível, e as contas serão feitas por esse escriba mesmo).



Trocando em miúdos

Agora, trocando os cantos e piados avícolas por números mais concretos, o que eles significam para o dia-a-dia dos clubes?

Vamos, então, à equação I + M = CC ou Imaginação + Matemática = Chute Científico”.

Esse “chute científico” será a realidade ou algo muito próximo dela. Se não houver nenhuma mudança na atual distribuição de forças dentro do Clube dos 13, esse valor será entregue aos clubes nos mesmos moldes e na mesma proporção desse ano. Ou seja, apenas para que tenhamos uma idéia da ordem de grandeza do que representará esse valor, se for ele mesmo, usei o orçamento de 2007 do Clube dos 13, que foi revisado para 2008 (ainda não recebi os novos números, mas não houve mudanças significativas no tocante aos times de maiores torcidas, exceto o Corinthians, que receberá 50% da cota dos demais clubes do Grupo I), como base.

Haverá diferenças, é claro, mas a ordem de grandeza será essa mesma.



Os “Chutes Científicos” desse Olhar Crônico Esportivo para 2009, são:

Grupo I

Corinthians*, Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Vasco da Gama

Cada um recebe 31,5 milhões de reais por ano

*Considerando-o de volta à Série A

Grupo II

Santos

Recebe 27 milhões de reais por ano

Grupo III

Grêmio, Internacional, Botafogo, Fluminense, Cruzeiro, Atlético Mineiro

Cada um recebe 22,5 milhões de reais por ano

Grupo IV

Atlético Paranaense, Goiás*, Sport,

Cada um recebe 16,7 milhões de reais por ano

*Considerando-o de volta à Série A

Não-Associados ao C 13

Esses clubes têm negociação à parte e contrato assinado em paralelo com o Clube dos Treze e com a Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão

Paraná*, Figueirense, Juventude*

Cada um recebe 7 milhões

*Considerando-o de volta à Série A

Náutico e ... ... ...

Cada um recebe 5 milhões

Associados ao C 13 fora da Série A

O clube associado que cai da Série A, recebe 50% do valor de seu grupo no primeiro ano, 30% no segundo ano, 25% no terceiro e, daí em diante, 20%.

Bahia

Recebe 20% sobre o Grupo III – 4,5 milhões

Portuguesa, Vitória, Coritiba

Cada um recebe 25% sobre o Grupo IV – 4,2 milhões

Guarani

Cada um recebe 20% sobre o Grupo IV – 3,3 milhões

Viagens e Estadia

Essa é outra informação nova, por sinal desconhecida pela maioria dos torcedores: o Clube dos Treze banca as despesas de viagem e estadia dos vinte clubes que disputam a Série A, tanto associados como não-associados.

Em 2009, o valor estimado para esse benefício devera ser 18 milhões de reais.

Premiação de final de ano

No final dessa temporada, o Clube dos Treze distribuirá 11 milhões de reais em prêmios ao campeão e aos melhores do campeonato.

Dentro desses valores, as equipes do Grupo I, por exemplo, receberão R$ 2.625.000,00 mensais brutos.

Sobre cada pagamento feito pelo Clube dos 13 há três descontos:

- 5% para o INSS

- 5% para direito de arena

- 1,75% de taxa de administração para o C13

Portanto, os valores líquidos mensais dos 4 grupos principais são:

Grupo I - 2,316 milhões

Grupo II - 1,986 milhão

Grupo III - 1,655 milhão

Grupo IV - 1,228 milhão

Isso, lembrando novamente, é apenas e tão somente uma projeção feita em cima do orçamento do Clube dos 13 para 2007.

Para 2008, a informação do Clube é que os valores de 2007 estão sendo repetidos, com os ajustes em função de acessos e descensos (números ainda não fornecidos por causa do corre-corre da negociação 2009).

É plausível imaginar que o orçamento de 2009 será, basicamente, similar ao de 2007 e 2008, mas poderá haver alguma mudança, ou mais de uma. De qualquer maneira, a ordem de grandeza dos números para os clubes não será muito diferente dessa que vocês acabaram de ver.

Se for mantida a estabilidade econômica, sem nenhum trauma interno ou externo, os cinco clubes do Grupo I receberão, brutos, mais de 1 milhão de euros por mês apenas pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro.

Como esse Olhar Crônico Esportivo vem dizendo, 2009 tem tudo para ser o ano da virada para os clubes brasileiros. Ou, começo da virada, pois certas coisas parecem, e serão por algum tempo, inamovíveis. Ou, imexíveis.

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quinta-feira, março 20, 2008

A Globo e os adiantamentos

Sabe o leitor desse Olhar Crônico Esportivo que a Globo (Rede Globo e Globosat) não paga diretamente a nenhum clube, pois toda a movimentação de dinheiro é feita através do Clube dos 13. Pelo menos no que diz respeito ao Campeonato Brasileiro é assim que funciona: a emissora negocia um contrato com o Clube dos 13, entidade legalmente reconhecida como representante dos clubes que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol, paga apenas e unicamente ao Clube, o qual, por sua vez, faz o repasse do dinheiro para os clubes, de acordo com a distribuição acordada previamente entre eles.

Os pagamentos são feitos mês a mês, e sobre cada parcela é deduzida a taxa de administração da entidade – 1,75% – mais INSS e direitos de arena, com 5% para cada item. Cada clube recebe, portanto, um valor líquido equivalente a 88,25% da cota a que tem direito.

Adiantamentos existem?

Sim, os adiantamentos existem, e a péssima notícia é que a quase totalidade dos clubes integrantes do Clube dos 13 e da Série A (há clubes que não estão na Série A e recebem dinheiro da TV, por serem sócios do Clube dos 13) já pediu e recebeu adiantamentos sobre os direitos de 2008.

Ah, então o que “todo mundo” fala é verdade! Os clubes têm o "rabo preso" com a Globo.

Sim, há uma grande verdade nisso: os clubes, todos eles, com ou sem adiantamento, tem seu “rabo preso” à Globo. Durante todo o Campeonato Brasileiro de 2008. Esse “rabo preso” tem um nome mais elegante e, esse sim, verdadeiro: contrato.

Por força contratual, os direitos de transmissão dos jogos do BR 08 pertencem à Globo. Isso configura uma garantia real e sólida. É algo, ainda que intangível, que pertence às emissoras. Diante disso, o clube A pede um adiantamento. Que já pode ser pedido em pleno mês de dezembro do ano anterior ao campeonato contratado. Ou seja, em dezembro de 2007 um clube (na verdade, mais de um) pediu um adiantamento de direitos a receber. Aprovado o pedido, depois de analisado e negociado, se for o caso, pois nada nessa linha é automático, tipo cartão com crédito pré-aprovado, bastando ir ao caixa eletrônico e sacar, a Globo passa o valor solicitado ao Clube dos 13, já descontando os custos financeiros da movimentação.

Como assim?

Ora, se você tem um contrato de pagamento para doze meses e antecipa algumas parcelas, é justo, é de mercado, é legal, que você seja ressarcido e/ou remunerado por essa antecipação. Portanto, o clube solicitante já começa com uma redução no valor solicitado. Embora não tenha sido dito, estou certo que o próprio Clube dos 13 agrega a esse valor a sua própria despesa financeira, menor que a da Globo, certamente, mas nem por isso inexistente.

Dessa forma, o clube recebe seu adiantamento. Um pouco menos do que teria direito e comprometendo sua receita futura.

Repetindo, para deixar bem claro: só existe adiantamento sobre um produto que já existe, ou seja o campeonato em andamento. E em dezembro do ano anterior esse produto já existe, pois ele é composto por um quadro móvel de clubes (a cada ano, 4 entram e 4 saem). Nesse mês, com os campeonatos das Séries A e B concluídos, já se conhece o quadro de clubes do próximo ano.

Essa regrinha simples e prosaica joga por terra todo o falatório de “rabo preso” e assemelhados. Por pedir adiantamento, nenhum clube fica devedor da Globo ou essa fica credora do clube. Trata-se apenas e tão somente de uma operação comercial, lastreada por um produto que existe e tem vida determinada por um ano. Nenhum clube tem adiantamentos sobre 2009, 2010... Estou certo que pediriam, se pudessem, mas empresa nenhuma é louca e temerária a esse ponto. Muito menos a Globo, que é reputada no mercado como empresa-padrão em todos os sentidos, honrando e respeitando escrupulosamente seus contratos.

Esse, por sinal, é um dos pontos-fortes da Globo junto aos clubes: confiança. Como disse-me um ex-presidente de um dos grandes, com relação à Globo ele dormiu tranqüilo durante todo o tempo em que presidiu o clube, pois ela é uma parceira da mais absoluta confiança.

Isso é verdadeiro, mas é uma conquista da emissora por seus méritos, como seriedade e honestidade, e não um produto de seu poder econômico. Ninguém vota a favor de uma proposta da Globo por ter o “rabo preso” à emissora.

Outros “adiantamentos”

Pelo menos um grande clube de São Paulo solicitou à Federação Paulista de Futebol um empréstimo puro e simples para quitar pagamentos importantes. A FPF emprestou o dinheiro ao clube, que deu à Federação parte de seus direitos sobre o Campeonato Brasileiro como garantia de pagamento. Além disso, ainda pagou à FPF sobre o empréstimo. E pagou caro, pois a Federação “enfia a faca” quando empresta, o que há anos vem gerando protestos dos clubes filiados.

Protestam, mas não deixam de pegar o dinheiro no caixa.

E, lembrem-se, a maioria dos clubes já pegou adiantamentos sobre 2008, entre eles todos os grandes de São Paulo e Rio de Janeiro, exceto o São Paulo.




Um agradecimento à Gigi, cuja colaboração levou-me a escrever esse post.
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quarta-feira, março 19, 2008

Salários no Flamengo: em dia ou não?

Informação do Caio Ribeiro, ex-jogador e comentarista esportivo, no Arena Sportv: o Flamengo devia três meses de salários e prometeu acertar antes do jogo contra o Nacional. Entretanto, apenas um mês foi acertado, segundo a informação que ele recebeu, restando ainda dois meses.

A Assessoria de Imprensa do CRF ligou no ato, com o programa ainda no ar, e disse que os salários estão em dia, restando apenas alguns jogadores com direitos de imagem atrasados.

Ainda no ar, ao vivo, Caio, mesmo depois da negativa da Assessoria de Imprensa, manteve o que disse e que os salários estão atrasados. Explicou, inclusive, que se forem questionados os jogadores vão negar, como é praxe no mundo da bola, mas essa é a situação real, segundo ele.

Desculpem-me os muitos amigos rubro-negros, mas nesse caso a minha tendência é acreditar mais no Caio, e explico o porquê: ele tem vários amigos entre os jogadores do Flamengo, tendo jogado com alguns deles, inclusive. E essa rapaziada se fala o tempo todo, lembrando a antiga e famosa “Rádio Peão” de outros tempos. Falam entre eles o que jamais falam para um jornalista, pelo menos diante de um microfone ou um gravador.

Ao mesmo tempo, ainda há pouco fui informado que o clube da Gávea foi um dos muitos que pediram adiantamento de parte dos direitos de TV de 2008 ao Clube dos 13 (sobre isso estou preparando um outro post).

Essas informações reforçam e dão maior peso ao erro estratégico cometido em 2007 com relação à renovação do patrocínio da Petrobrás. Aliás, dois erros: estratégico e tático.

Estratégico no sentido de tentar uma mudança de patrocínio sem uma base real que a justificasse. Tático, porque o atraso na definição do que fazer acabou levando à perda de dois, talvez três meses de patrocínio. Isso é dinheiro que foi jogado fora, não tem volta. Fica claro, cada vez mais, que aceitar a primeira oferta da Petrobrás, ainda em novembro, teria significado a mesma coisa que fechar um patrocínio, hoje, três ou quatro milhões maior que o valor oferecido pela empresa. Outro erro tático foi deixar o mês de dezembro descoberto, sem patrocínio. Um erro caro.

Essa situação tem duas vertentes: uma, administrativa e de pessoal, implicando em custos de obtenção de dinheiro no mercado, desagrado de funcionários (jogadores também são funcionários), entre outros custos e problemas, e a vertente esportiva, que pode ser cruel. Até o momento o time nada perdeu, pelo contrário, ganhou a Taça Guanabara, mas vem demonstrando um grande desequilíbrio emocional nos últimos jogos, além de amostras de tensão entre o elenco durante os trabalhos de rotina.

Comentou-se que a Petrobrás já teria adiantado parte do valor de patrocínio de 2008 para o clube, mas nada foi divulgado no site da empresa a respeito. Normalmente, tão logo a Petrobrás fecha algum contrato, imediatamente é emitida nota oficial a respeito. Sendo verdadeira a informação recebida e divulgada pelo Caio, ele mesmo ex-jogador rubro-negro, esse adiantamento não foi feito, e, se foi, o dinheiro teve outro destino.

É difícil uma diretoria conseguir equilíbrio entre uma administração conservadora, rígida nos gastos, controlada, e ao mesmo tempo investir na equipe para conquistar títulos e, por extensão, recursos. Os gastos para se chegar a isso podem reverter contra o próprio objetivo.

Não é fácil ser dirigente no Brasil.

(Por favor, isso não significa que dirigentes sejam santos, como tampouco significa que sejam todos bandidos.)

(Esse post foi escrito a partir dessa informação divulgada pelo Caio, no Sportv, e, parcialmente, sobre os adiantamentos dos direitos de TV, por meio de informações passadas por fonte desse blogueiro.)

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terça-feira, março 18, 2008

Boladas & Caneladas – Extra de Meados de Março


Pois é, uma “edição extra” de Boladas & Caneladas, que deveria ser apenas “caneladas”, pois a dor é maior. A menos que a bolada pegue nas partes, digamos, sensíveis. Como o nariz...



Ronaldo x Pelé

A pergunta foi feita por um jornalista sentado ao meu lado e respondida por Pelé com bastante cuidado. Acompanhei suas palavras com toda a atenção, eu e todo mundo, claro. Mas, pelo jeito, e como de hábito, elas foram “ligeiramente” modificadas.

Jornalista: Pelé, você acredita que o Ronaldo se recupere e volte a jogar?

Pelé: Olha, dessa vez é diferente. Da primeira vez (na verdade, a segunda) eu estive na casa dele e da Milena, e fizemos uma oração, todos juntos, pedindo a Deus por sua recuperação. Mas ele era bem mais jovem. (...) Ele volta, mas eu não acredito muito que ele volte a jogar em primeiro nível. Agora é mais difícil, ele está mais velho, mais pesado, é mais difícil perder peso, para ter o arranque que ele tinha. Eu acho difícil ele voltar a jogar em primeiro nível.

(Pelé por duas vezes usou a expressão “em primeiro nível”, no sentido de alto nível, alta performance como exige o futebol europeu de ponta. Nota do Editor)

Outro jornalista, outra cidade, outro dia...

Jornalista: Ronaldo, o Pelé disse que você não vai voltar a jogar futebol. Ele não acredita em sua recuperação. O que você acha disso?

Ronaldo: Acho bom que ele tenha dito isso, porque a gente sabe que o Pelé costuma dar azar quando faz previsões. (...) Não vejo isso com mágoa. Sei que, na condição de ídolo, o Pelé precisa comentar sobre todos os assuntos, e muitas vezes fica em situações difíceis.

Felizmente, o Ronaldo é inteligente e sabe bem como é a vida de ídolo, e deve ter entendido o sentido das palavras de Pelé. Que foram, basicamente, idênticas às declarações de Zidane: “Agora é mais difícil, claro, porque tem mais idade, mas se quiser, poderá voltar. (...) Acho que ele não poderá mais disputar todas as competições, mas poderá jogar algumas, talvez até uma Copa.”

Em essência, Zidane e Pelé falaram a mesmíssima coisa, com a diferença que o Rei do Futebol foi mais realista. Eu mesmo, na condição de leigo, acredito que Ronaldo voltará apenas para uma despedida que talvez dure uma temporada, talvez nem isso. Seu biótipo é radicalmente diferente do que tem Pelé, por exemplo, e foi construído e reforçado aceleradamente, às custas de métodos não ortodoxos, digamos. Porque eu já ouvi o Dr. Bernardino – aquele que foi demitido pela CBF – e concordo inteiramente com o que ele falou e os casos que relatou. É uma pena, é uma perda, mas é assim que é, infelizmente.



Dolorosa vingança

Se a vingança de Denílson foi doce, como está no post sobre o jogo, a de Kleber pode ser duplamente dolorosa: para André Dias, que já sofreu a dor da cotovelada e dos sete pontos no supercílio esquerdo, e para o próprio Kleber, que poderá pegar a dor de uma punição que, se seguir os parâmetros do TJD da CBF vai deixá-lo fora da disputa do Campeonato Paulista atual e de parte do próximo.

Vejamos: Kleber desferiu uma cotovelada fortíssima em André Dias, sem disputa de bola, sequer, em gesto flagrado pelas câmeras da televisão. O São Paulo não vai esperar pelo pronunciamento do tribunal da FPF e vai entrar, ou já entrou, com denúncia contra o jogador, repetindo, aliás, o que fez com relação a Edmundo em 2007, que solou a perna de Miranda.

Agora dois exemplos semelhantes:

Cleber Santana, então no Santos, no BR de 2006, deu uma cotovelada em Marcinho Guerreiro, que jogava no mesmo Palmeiras de Kleber. A pena do STJD foi de 120 dias de suspensão.

Lenilson, jogando pelo São Paulo, também no BR de 2006, deu uma cotovelada em André Oliveira, jogador do Santos. Pena: 120 dias de suspensão pelo mesmo STJD. Tal como no presente caso, a arbitragem não viu o lance e o tribunal julgou e puniu com base, unicamente, nas imagens da televisão.

No caso de Cleber Santana os diretores palmeirenses falaram contra o jogador antes do julgamento e comemoraram sua suspensão. Já no caso de seu próprio “Cleber”, a postura é outra, e dizer que foi lance de jogo, sem intenção, seguida pela ameaça ao São Paulo de denunciar dois atletas do time do Morumbi por agressão: Richarlyson e Jorge Wagner. Curiosamente, nem o próprio advogado do Palmeiras sabe de quais lances seus diretores estão falando.

A cotovelada de Kleber foi forte, sete pontos é uma boa nota para a força desferida.

Impune, pouco depois o jogador empatou a partida em jogada individual, e sofreu um pênalti no segundo tempo, tendo sido o principal atacante palmeirense.

A não punição do “cotovelaço” custou muito caro ao São Paulo.



Cruzeiro viaja só com 15

A Raposa vai enfrentar o Caracas, na Venezuela, com apenas 15 jogadores registrados na súmula. No banco, o goleiro reserva e mais três atletas somente. Dos 25 jogadores inscritos na competição, nada menos que 9 estão aos cuidados do Departamento Médico com diferentes lesões, algumas sérias e outras não muito.

Naturalmente, o fato do time mineiro ser o que mais intensamente começou a temporada, com duas partidas pela Classificatória para a Copa Libertadores, é apenas uma coincidência, certo?

Errado. Na minha opinião, claro, pois há quem pense que tudo isso, essa história de pré-temporada, etc e tal, não passa de frescura desnecessária.

Em São Paulo, o time mais afetado por esse problema tem sido o São Paulo. As duas equipes viveram, e ainda vivem, uma fase de alta tensão e logo no início da temporada. Por mais que o Campeonato Mineiro não tenha o nível de dificuldade que tem o Paulista, a pressão sobre os jogadores é intensa e atingiu seu auge no clássico contra o Atlético, partida em que vários jogadores se lesionaram.

Outra coincidência?

Pois sim...

Pré-temporada é, tem que ser, um período em que os atletas se recondicionam, se preparam fisicamente, sem sobrecargas de stress, tensão e adrenalina, apenas treinando e disputando jogos amistosos, num ritmo crescente que vai preparando-os para a temporada propriamente dita, onde cada jogo vale pontos, onde vencer ou vencer é a tônica dos dois lados. Essa é outra coisa importante: a necessidade da vitória está presente nos dois lados do campo, o que acirra ainda mais as disputas. Como é natural, os atletas respondem, e é nessas respostas físicas sem que o físico esteja preparado que as contusões acontecem.

Se alguém queria ter mais provas da importância da pré-temporada, basta olhar para o time do Cruzeiro que entrará em campo essa noite, em Caracas.


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segunda-feira, março 17, 2008

Produto valorizado


Terminou há poucos minutos a reunião na sede do Clube dos 13 em São Paulo, em que a diretoria da entidade abriu os envelopes com propostas para a compra dos direitos de transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro de 2009 a 2011.

Os valores propostos pela Rede Globo de Televisão, Globosat e ESPN Brasil não foram,ainda, revelados. Haverá nova reunião no próximo dia 27, e até lá os contratos serão discutidos, ajustados, cláusulas serão negociadas – quem sabe até o direito de preferência para o vencedor (mas essa, eu creio, permanecerá).

Sabe-se, porém, que os valores apresentados foram considerados bons, talvez até muito bons, mas isso o tamanho dos sorrisos dos integrantes do Clube dos 13 não permitiu saber.

O produto Campeonato Brasileiro foi valorizado nas três áreas: sinal aberto, sinal fechado e PPV.

Alguns comentários

Esse Olhar Crônico Esportivo não fica surpreso com essa informação.

O aumento nos valores do sinal fechado e do PPV é uma decorrência até natural do grande crescimento que vem ocorrendo na base de assinantes de televisão. E o grande motivador da assinatura é, sem dúvida, o futebol. Uma parcela razoável dos novos assinantes já compram os pacotes de PPV no ato da inscrição.

Quanto à valorização do sinal aberto, mesmo tendo o direito de preferência assegurado (ou seja, o direito de ficar com o produto igualando a melhor proposta), prevaleceu o estrito senso profissional da Rede Globo. Quem não trabalha no mercado publicitário desconhece o que seja isso, mas essa empresa é padrão em todos os sentidos.

Nada mais natural, portanto, que apresentasse uma proposta atraente, dentro das condições permitidas pelo mercado publicitário brasileiro.

Dia 27 teremos novidades, já com os números para 2009 e as projeções para 2010 e 2011. Aguardemos.

Mas muitos presidentes de clubes já dormirão melhor a partir dessa noite.

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domingo, março 16, 2008

Dois jogos...

Dois resultados...

Um só placar final:


Palmeiras 4 x 1 São Paulo

Num campo sem condições de jogo devido ao acúmulo de água empoçada, Palmeiras e São Paulo fizeram um jogo equilibrado durante todo o 1º tempo. Aos 38’ Adriano marcou de cabeça, em boa cobrança de escanteio de Jorge Wagner. Aos 43’, Kleber passeou na entrada da grande área são-paulina sem combate direto e, de frente para o gol, chutou no canto, sem chance de defesa para Rogério que ainda tocou deu um toque de “ponta de dedos”.

O Palmeiras trocou Wendell por Martinez no intervalo e com essa alteração passou a jogar mais avançado, matando a saída de bola do São Paulo. Aos 10’, Muricy talvez tenha errado, tirando Carlos Alberto para a entrada de Joilson, praticamente decidindo o jogo nessa alteração.

Digo que talvez tenha errado porque uma coisa é ver o jogo pela televisão, outra é ver da arquibancada e outra, totalmente diferente, é ver o jogo de dentro, ainda que na beirada do gramado. Digo talvez porque Carlos Alberto, pela imagem da tv, pareceu surpreso com sua saída, denotando que estava bem fisicamente, apesar do campo pesado ser totalmente desaconselhável para ele nesse momento. Provavelmente, Muricy pensou em colocar um jogador em melhor condição física que Carlos Alberto para melhorar a performance do meio-campo, naquele momento totalmente dominado por Martinez, Léo Lima, Diego Souza e Valdívia, que, para surpresa que acredito geral, marcou com muita competência, quebrando ainda mais a resistência tricolor.

Ainda assim o jogo seguiu parelho e Marcos foi ameaçado, assim como Rogério.

Esse jogo, porém, terminou aos 28’26”, quando Junior cometeu pênalti sobre Valdívia.

O novo jogo começou aos 31’35” com Denílson cobrando, marcando e comemorando muito.

Continuou aos 34’ com pênalti e expulsão de Juninho.

Na cobrança, Diego Souza ampliou e sepultou qualquer reação do São Paulo.

Terminou aos 45’55” com pênalti de Richarlyson, cobrado por Valdívia.

O São Paulo descontrolou-se com o gol da virada do Palmeiras. O resto é conseqüência. Sem Carlos Alberto, o time não teve toque de bola no meio-campo, que já estava perdido mesmo com ele. Os jogadores palmeirenses adaptaram-se muito melhor ao estado do gramado e voltaram a sufocar o São Paulo, como no início do “primeiro” jogo.

Sem Miranda, sem Alex Silva e sem Breno, a defesa do São Paulo não existe.

A saída de Souza deixou um buraco não preenchido na direita, nem por Zé Luiz, muito menos por Joilson.

Hernanes e Richarlyson aparentemente pararam de jogar. A primeira convocação deve ter sido mera coincidência.

Adriano foi bem novamente, e merecia ter marcado um golaço que terminou em grande defesa de Marcos.

A rigor, o problema do São Paulo, paradoxalmente, é a defesa. Eis aí uma coisa que nem mesmo o mais pessimista dos são-paulinos poderia acreditar. Para felicidade geral da torcida e de Muricy, Alex Silva renovou seu contrato e deve voltar em mais 40 ou 45 dias. É a esperança que resta.

E o Palmeiras cresce de jogo para jogo. Kleber entrou muito bem na equipe, Diego Souza vem se firmando, Léo Lima é a grande surpresa para seus inúmeros críticos e o Mago Valdívia segue dando as cartas.

Nada a falar do árbitro, que foi bem, embora não tenha visto cotovelada feia de Kleber em André Dias.

Aos 10’ do 1º tempo anulou um gol de Borges por impedimento assinalado pela bandeira erroneamente. Mas o erro é perceptível no “photochart”, logo, não se pode criticar a marcação. Apesar de jovem – 28 anos, mais novo que os dois capitães, Marcos e Rogério –, Flávio Guerra saiu-se bem e foi calmo o jogo inteiro, apesar de algumas situações de tensão.

E marcou três pênaltis contra um mesmo time, algo raro de se ver, mesmo quando, como hoje, os pênaltis existem.

Derrotas doem, mas devem servir como aprendizado.

Vitórias são bálsamos com poder curativo ou estimulante – como foi a de hoje, com toda certeza.

E foi assim que, onze anos depois, o Palmeiras voltou a ganhar do São Paulo em jogos pelo Campeonato Paulista.



Doces vinganças

Kleber saiu do São Paulo contra a vontade. Queria ficar, chorou porque não queria sair, mas o clube precisava do dinheiro de sua negociação. Cinco anos depois, maduro, volta ao Brasil e para o Palmeiras. Seu gol, empatando o jogo, abriu o caminho para a virada e depois ainda sofreu um dos pênaltis.

Denílson, como Kleber, foi formado no São Paulo, onde viveu muitos anos até ser vendido para o Betis. Em todas as férias e folgas ficava no REFFIS e no CT, como se ainda fosse “de casa”. Da última vez levou jovens jogadores para as baladas noturnas, desagradando à diretoria, que vetou seu retorno ao CT e ao REFFIS. Enraivecido, como disse aos amigos, encontrou abrigo no CT do Palmeiras, onde passou a treinar até ser contratado nesse ano, para espanto até da torcida alviverde. Recém-entrado em campo, pediu para cobrar o primeiro pênalti, fazendo o gol da virada e comemorando-o intensamente.

Duas vinganças realizadas.

Coisas da vida e do futebol.


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