Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sábado, novembro 03, 2007

A Guerra da Camiseta


Ou como dois aliados de longa data transformam-se em adversários irredutíveis.

Há anos São Paulo e Flamengo vêm protagonizando uma oposição aos mandos e desmandos da CBF. Em função de dificuldades internas, de vez em quando o Flamengo cede e vota a favor da CBF. Ou chega, muito convenientemente, atrasado às votações, o que facilita a obtenção de auxílios financeiros de emergência. De qualquer forma, porém, o discurso oficial é sempre mais moderno e independente que a prática. Mais recentemente, com os olhos postos em 2014 e a Copa no Brasil, o São Paulo deixou de fazer oposição declarada à CBF e deu seu voto para a reeleição de Ricardo Teixeira. Tal como o Flamengo, porém, a postura e o discurso continuam independentes e modernos.

No âmbito do Clube dos Treze, os dois clubes protagonizam ferrenha oposição à atual direção, para a qual trouxeram Cruzeiro, Atlético Mineiro e Botafogo. Mesmo assim, foram derrotados pelo conjunto dos outros 13 clubes associados, que contaram, posteriormente, com o apoio de Corinthians e Portuguesa. Essa ação de oposição acabou resultando na criação, ainda informal, do G5, e que não passará dessa informalidade, com certeza, dado o que será comentado adiante.

Movido pela rivalidade entre São Paulo e Corinthians, pela necessidade de mostrar serviço visando à eleição que será feita em pouco mais de um ano, pela oportunidade de desviar um pouco o foco da péssima campanha do time no BR, e por uma visão (a meu ver) equivocada do que seja o melhor para seu clube e o futebol, o novo presidente corintiano, Andrés Sanchez, vem trabalhando nos bastidores em busca de uma associação Corinthians/Flamengo, que teria como foco a negociação das cotas de TV, seguida por acordos de transferência de jogadores, estabelecimento de tetos salariais únicos, etc.

Ao mesmo tempo, Sanches negocia a permanência no C13 com Koff e Carvalho, pleiteando uma vice-presidência que só será possível se algum outro clube desistir do cargo prometido.

Enquanto tudo isso acontece, Fabio Koff e Fernando Carvalho conversam, segundo se comenta, com os irmãos Perrela, eternos dirigentes do Cruzeiro, e Ziza Guimarães, presidente do Atlético Mineiro, dizendo a eles que seus interesses não só não coincidem, como são opostos aos interesses de São Paulo e Flamengo. O objetivo é claro: isolar os dois clubes e mais o Botafogo, caso Bebeto de Freitas não ceda aos argumentos do Clube e permaneça na oposição.

Ora, dizem os manuais de política, dizia Maquiavel e Sun Tzu, que deve-se enfrentar uma batalha unido. A desunião é meio caminho andado para a derrota. Algo por sinal tão óbvio e de bom senso, que não precisaria ser explicitado por grandes mestres nas artes e manhas da guerra. Todavia, é dessa forma, desunidos, que Flamengo e São Paulo encontram-se nesse momento.

O pomo da discórdia é uma camiseta. Uma simples e até feia camiseta, que ostenta uma frase que incomoda profundamente a alma rubronegra: “Penta Único”.


A meu ver , uma ação de marketing inoportuna e nada criativa.

Todo o foco deveria ser voltado para a camiseta "5-3-3", dando sequência à de 2006 e antecipando futuras conquistas.

Essa, por sinal, uma camiseta muito mais bonita e significativa do que essa.



O pomo real da disputa, porém, é a entrega da taça criada pela CBF há mais de 30 anos, para o primeiro clube que fosse tricampeão consecutivamente, ou que vencesse 5 campeonatos em anos não consecutivos.

Esse feito foi alcançado pelo Flamengo em 1992, porém não foi reconhecido pela CBF devido ao título de 1987. Nesse ano, a CBF a princípio desistiu de organizar o campeonato e entregou a incumbência ao recém-criado Clube dos Treze. No meio do caminho, porém, quis voltar atrás e não conseguiu, pois os clubes não concordaram. Dessa forma, a confederação organizou às pressas o Campeonato Brasileiro de 1987, e os grandes clubes, com alguns convidados, disputaram a Copa União, vencida pelo Flamengo. O BR foi vencido pelo Sport. Desde então, na prática o país passou a ter dois campeões em 87, um reconhecido pelos grandes clubes, outro reconhecido pela CBF.

Isso tudo dito de forma reduzida, sem entrar no mérito de quem estava certo ou errado e passando batido pela recusa do Flamengo, em decisão do C13, de não jogar contra o Sport para que o país tivesse um só campeão, como pretendia a CBF.

Tantos anos passados e a mesma velha e inútil discussão, que nunca terá um final, vem à tona novamente.

O Flamengo pleitea, oficialmente, que o São Paulo recuse a taça ou entregue-a a ele, Flamengo.

A direção do São Paulo reconhece os 5 títulos do clube da Gávea, mas não abre mão da taça, pois essa pertence à CBF que entrega-a a quem reconhecer como seu campeão por cinco vezes.

Enquanto dois dos maiores clubes do país lutam encarniçadamente por causa de uma camiseta e meia dúzia de bolinhas espetadas em fios de arame, seus adversários se divertem e assistem de camarote.

Os dois grandes clubes perdem de goleada:

3x0 para o Atraso F.C.


Eis aí o grande vencedor da Guerra da Camiseta.

Ou, em outra leitura, enquanto os galos brigam, o gavião detona o galinheiro.


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sexta-feira, novembro 02, 2007

Estádios brasileiros para 2014...


... pobres, despreparados e miseráveis estádios.

O SINAENCO - Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva – ou mais simplesmente Sindicato da Arquitetura e da Engenharia, fez um levantamento em 29 estádios brasileiros, em 17 capitais e mais a cidade de Santos, todos eles, em tese, candidatos a receber os jogos da Copa 2014. As conclusões foram lamentáveis e avalizam a declaração de Ricardo Teixeira feita há alguns meses:

“Nenhum estádio brasileiro tem, atualmente, condições para receber um jogo de Copa do Mundo dentro das exigências da FIFA.”

Os pontos negativos mais presentes foram banheiros, pontos cegos e estruturas perigosas para dividir torcidas. Mas, não só isso, pois muitos desses estádios estão em elevado estágio de deterioração, como a Fonte Nova, em Salvador, estádio onde o Bahia manda seus jogos e que recebe públicos altíssimos, frequentemente superiores a 50.000 pessoas. Arquibancadas em ruínas, entre outros problemas levantados pelo SINAENCO, inclusive com ameaças à segurança de torcedores e até mesmo de jogadores. Embora já descartado para a Copa, pois o governo da Bahia acena com a construção de uma nova arena, esse estádio é um verdadeiro atentado à segurança das dezenas de milhares de torcedores que o freqüentam, semanalmente, e que deixam centenas de milhares de reais nas bilheterias a cada partida. Para quem quiser, esse endereço traz algumas centenas de fotos dos estádios inspecionados:

SINAENCO - Situação dos Estádios


Dos estádios visitados, os que apresentam melhores condições, ou são os menos problemáticos, o Sindicato apontou o Maracanã, Morumbi, Mangueirão, Engenhão e Arena da Baixada, em Curitiba, todos, porém, precisando de várias obras tanto dentro como em seus entornos. Para espanto de muitos, pois há uma disputa em curso para o jogo de abertura da Copa, o Mineirão está entre os piores. Entre os estádios cotados para a Copa, é o que está em condição mais crítica.

Embora não esteja previsto seu uso em 2014, o recém-construído Engenhão também precisaria de várias adaptações para receber um jogo de Copa do Mundo.

“Todos os estádios brasileiros terão de ser adaptados para o que a Fifa exige. Mesmo que a Copa não seja jogada lá. O problema é que esses estádios são velhos e não há um planejamento para melhorá-los. Sempre é feito alguma coisa aqui, outra lá e nada fica bom por inteiro”, disse José Roberto Bernasconi, presidente do SINAENCO.

Esse levantamento foi uma preparação feita pelo Sindicato para o 8º Encontro Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Enaenco), evento bienal promovido pelo Sinaenco e que este ano acontecerá nos dias 29 e 30 de novembro, no Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo.

O tema será "Copa 2014 - O Brasil antes e depois" e as discussões serão centradas nos investimentos necessários para o desenvolvimento da infra-estrutura brasileira, de forma a capacitar o país para recepcionar o Mundial e o considerável contingente de turistas de todo o mundo que virão ao país por ocasião da Copa.

“O evento insere-se no conceito adotado pelo setor de arquitetura e engenharia consultiva de que é necessário pensar antes para fazer melhor, ou seja, planejar com antecedência para evitar problemas, como os que infelizmente vimos acontecer nas obras para a realização dos Jogos Pan-Americanos, em julho, no Rio de Janeiro”, explica, ainda, o presidente do Sinaenco.

A Copa 2014 começa a movimentar os segmentos interessados.

Os problemas começam a ser levantados, detalhados e apontados para o público e para as autoridades. Na maioria dos casos, para não dizer a totalidade, está previsto o uso de dinheiro público. É utópico imaginar que a iniciativa privada vá investir fortunas em obras de retorno incerto, para não dizer inviável. Gostaríamos todos, com certeza, que uma boa fiscalização do uso das verbas públicas não fosse, também, uma utopia.

No início da década de 70, vivendo o “milagre econômico” e sob um regime ditatorial, o país viveu uma febre de construção de estádios, para abrigar a Mini-Copa de 1972, organizada para comemorar o Sesquicentenário da Independência. O resultado foi o nascimento de muitos elefantes brancos, hoje cinza-escuros e negros, entregues ao abandono ou, na melhor das hipóteses, à sub-utilização. Sem uso e sem manutenção, estão deteriorados em grande parte. Curiosamente, a Mini-Copa e seus estádios não é citada nas matérias que a imprensa vem publicando sobre 2014 e seus problemas.

Uma visita aos arquivos dos jornais seria muito útil para os jornalistas que escrevem ou falam sobre a Copa no Brasil.


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quinta-feira, novembro 01, 2007

Quinto Título, Primeiro Bi-Campeonato!

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O título brasileiro de 2007 começou a ser definido, de fato, quando o São Paulo superou as derrotas para Atlético Mineiro e Fluminense, ambas no Morumbi, e venceu o Cruzeiro, de virada, em pleno Mineirão. Depois dessa grande vitória, outras sucederam-se: 2x0 sobre o Grêmio no Olímpico, 2x0 sobre o Botafogo no Maracanã, 2x1 sobre o Santos no Morumbi, com uma exibição simplesmente primorosa da equipe e um fantástico 2x0 sobre o Vasco em São Januário, palco de seguidas derrotas, depois de um primeiro tempo assustador. Veio, ainda, importante vitória sobre o Palmeiras, no Parque Antártica. Fechando o ciclo de grandes e fundamentais vitórias, teve o jogo contra o Internacional no Beira-Rio. Todos os concorrentes diretos foram batidos em suas próprias casas, cada um desses jogos foi uma decisão.

Daí em diante o título era mera questão de tempo.

O time relaxou um pouco e três resultados ruins vieram em seqüência: derrotas para o Corinthians e Flamengo, e empate com o Fluminense. Enquanto esses pontos não eram conquistados, o Cruzeiro, concorrente mais direto na oportunidade, perdia pontos igualmente preciosos e nunca se aproximou do São Paulo, o que talvez explique parte do relaxamento tricolor.

O São Paulo foi campeão por seus méritos, isso é inegável, tanto dentro como fora de campo.

O clube soube montar um elenco equilibrado, forte, com jogadores de bom caráter, ponto destacado pelos próprios atletas como muito importante. O elenco começou muito grande e foi diminuindo no decorrer do campeonato. Lenilson, Josué, Edcarlos e Ilsinho foram negociados; Maurinho, Rafinha e Marcel saíram por rescisão ou empréstimo. Reasco quebrou a perna numa entrada dura no jogo contra o Botafogo. Hugo pegou uma grande suspensão – 120 dias. E Borges, na reta final, sofreu uma contusão que o tirou de campo por mais de um mês, voltando nos minutos finais do jogo de hoje.

Zé Luiz também ficou fora na reta final, desfalcando o meio-campo.

De repente não mais que de repente, o grande elenco já não era tão grande.

O cansaço começou a pesar; em todo o campeonato o São Paulo utilizou somente 29 jogadores, alguns deles por poucos minutos. O grosso do trabalho ficou em cima de treze ou quatorze jogadores. Complicou. Nesse momento pesou a qualidade e o cuidado na montagem desse grupo.

E pesou o comando.


Muricy está por trás dessa conquista. Em poucos meses o time perdeu Lugano e Fabão, além de Edcarlos, e teve que remontar totalmente sua defesa, surgindo uma defesa impressionante, que até o momento tomou apenas 13 gols em 34 jogos e com um fator ainda mais impressionante: de seus quatro componentes, um tinha 17 anos até duas semanas atrás; outro tem 21 e o mais regular de todos, Miranda, tem somente 23 anos de idade. O veterano do grupo é André Dias, que para um zagueiro é outro jovem, com 26 ou 27 anos de idade. O meio-campo vencedor, com Mineiro, Danilo e Josué, acabou.

Muricy montou um novo grupo, teve problemas no início, que não foram entendidos por muitos, que deixaram-se levar pelas emoções instantâneas das derrotas e cobraram decisões apressadas, decisões instantâneas, ditadas pela raiva e pelo desgosto. Felizmente, o presidente Juvenal Juvêncio segurou todas as críticas e em nenhum momento pensou em demitir o treinador.

Não demorou nada para os resultados surgirem, com uma seqüência de dezessete jogos sem derrota.

Esse foi o terceiro grande ano seguido do São Paulo, repetindo a seqüência de 91-92-93, com títulos diferentes.

Vem agora o grande desafio de 2008. Na coletiva de há pouco, Muricy já adiantou que o foco de 2008 é a Libertadores, que é, como sempre, a grande exigência da torcida. Em pleno gramado, Rogério, questionado pelos jornalistas, adiantou que o clube tem time para vencer o Brasileiro, mas não para vencer a Libertadores.


Um quarto ano seguido com grandes resultados é um desafio de grande porte, o maior para o São Paulo em muitos anos. Por um lado, o clube começa o novo ano com um bom caixa e um bom grupo no campo, mas correndo o risco de perder vários jogadores para o exterior. É hora, já, de pensar e agir para 2008.


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quarta-feira, outubro 31, 2007

LivrosdeFutebol.com


Ok, vamos lá, um momento “merchã” misturado com um momento cultural no Um Olhar Crônico Esportivo. “Merchã” do bem, já é bom deixar claro desde o começo.

Recebi um e-mail atencioso e no meu nome, o que já serve para chamar a atenção e evita a deletagem automática. O remetente chamou minha atenção, claro: LivrosdeFutebol. Ora, futebol e livros são paixões muito antigas e de vez em quando gosto de juntar as duas. Embalado pela expectativa abri o e-mail, assinado pelo César Oliveira.

Descobri, então, mais que um canal de vendas especializado, o que já seria muito legal, uma editora voltada a esse assunto fascinante. Em países onde o futebol é uma paixão real, ainda maior que no Brasil – é, isso é polêmico, mas bem verdadeiro – como a Inglaterra, a quantidade de publicações é absurda. Começa pelas histórias de tudo quanto é time, desde a quarta até a primeira divisão inglesas, e passa por histórias, romances, biografias de jogadores, dirigentes, técnicos, árbitros, relatos de torcedores, enfim, um universo riquíssimo. Isso tudo sem falar das obras técnicas, desde táticas até fisioterapia, nutrição, psicologia, e muitos etc.

Entre os projetos prontos ou prestes a sair, o César listou "Campeonato Carioca – 100 Anos de Histórias", "A História do Flamengo em Cordel",

"A História do Palmeiras em Cordel", as biografias dos craques Dida (do Flamengo) e Quarentinha (do Botafogo), todos eles muito interessantes, sem a menor dúvida. A LivrosdeFutebol, inclusive, ataca o leitor no bom sentido, ao dizer que estão abertos a receber originais e idéias de jornalistas, pesquisadores e escritores de todo o Brasil. Tentador...

O catálogo de obras disponíveis tem muitos títulos interessantes, mas senti falta do “A Dança dos Deuses”, do Hilário França Jr. e recém-lançado pela Cia. das Letras, que é uma obra primorosa sobre o futebol. Seria bom, também, ter o “Almanaque do Futebol”, do Gustavo Poli e do Lédio Carmona, um livro interessante para se ter à mão, mesmo depois de lido. O mesmo com os livros da Placar que trazem todos os jogos de nossos grandes clubes. Ainda na linha das sugestões, é importante ter os vários livros sobre as Copas do Mundo, embora alguns tenham um preço meio proibitivo.

Conhecer essa editora e canal de vendas foi uma surpresa agradável e nada mais justo do que divulgá-la também aqui. Justamente por acreditar e gostar dessa iniciativa é que estou fazendo essas sugestões para o catálogo. Quanto mais livros ali estiverem disponíveis, melhor será para todos, principalmente o leitor que gosta de futebol.

Para quem gosta de livros e de futebol, recomendo a visita:

LivrosdeFutebol

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terça-feira, outubro 30, 2007

Antecipando e pautando Mr. Blatter

Esse blogueiro, na madrugada de domingo para segunda-feira, antecipou parte da fala do Joseph Blatter de hoje, em comentário postado no Jogo Aberto. Confiram:

106...

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Creio que a UEFA Champions League 2014 será disputada com 88,7% de jogadores nascidos no Brasil. Desses, 59,3% terão dupla nacionalidade, facilitando os trâmites burocráticos. E desses binacionais, nada menos que 56,48% defenderão as seleções nacionais de seus novos países.
Na Copa do Mundo de 2036, nada menos que 91,7% dos jogadores terão nascido em terras tupiniquins.
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A previsão é que num futuro não muito distante o futebol, tal como conhecemos hoje, será disputado unicamente por atletas do bananal. Depois de cada jogo haverá grandes esbórnias comemorativas, típicas do povo bananeiro.
...

Informou o Instituto DataCrônico. :o)

Emerson | E - mail | Homepage | 29/10/07 00:57:48

Esse blogueiro, pessimista como ele só, previu para 2036 mais de 90% dos jogadores na Copa do Mundo serem nascidos no Brasil. Blatter, mais otimista, já se preocupa com algo próximo disso em 2018, conforme colocou em seu discurso de anúncio do Brasil como sede da Copa 2014.

"Se não pararmos com a evasão de jogadores, em 2018 só terão jogadores brasileiros nas seleções do mundo inteiro. Por favor, mantenham a maior parte dos jogadores no seu país", afirmou o suíço na sede da Fifa, em Zurique, nesta terça-feira.

Pois é...

Bem que a FIFA poderia, agora, brigar por uma nova regulamentação de proteção aos clubes formadores, para começo de conversa, né?

:o)

Ah, sim, claro...

Como era esperado, o Brasil foi anunciado como sede da Copa do Mundo de Futebol 2014.

Boa sorte para todos nós e pouca roubalheira.

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domingo, outubro 28, 2007

Ah, o Brasil...


Confesso que ando oscilando feito o pêndulo do relógio que ainda decora a sala da minha tia, em Padre Nóbrega. Enquanto o movimento pendular do relógio mantém-nos informados com beleza e nostalgia das horas, o meu movimento pendular leva-me a acreditar ou desacreditar do Brasil. Leva-me a ter esperança ou a não ter esperança. O pêndulo do velho relógio, presente em minhas recordações de infância, faz-me bem à alma, aos ouvidos e à visão, mas o meu pêndulo de humor só me faz mal. Estou no momento “mal” do meu movimento pendular.

Teixeira mandará e desmandará

Valha-nos Deus!

Ricardo Teixeira será o imperador do Brasil.

Mais que isso, será um imperador absoluto, sem parlamento, sem coisa alguma a que prestar contas.

A Copa 14 é seu alvará o retorno de algo enterrado no passado da civilização, ou daquela parcela da humanidade que se considera civilizada: a monarquia absolutista.

Pelo estatuto da “ong” que cuidará da Copa 2014 no Brasil, Ricardo Teixeira terá poderes absolutos, acima do bem e do mal, acima dos poderes (mal ou bem) constituídos desse imenso bananal, também conhecido como sendo uma república federativa. Aliás, o povo no poder adora a palavra “republicano” e usa-a sem parcimônia. Também não entendem o que significa, mas, e daí? Usam-na do mesmo jeito.

Apesar disso, o presidente do bananal e vários gerentões, digo, governadores de diversos talhões bananeiros, vão em comitiva para a Suíça. Uma festa, bem como disse o festeiro Robinho em Madrid, ao dizer que a esbórnia ou coisa pior de que participou depois do jogo do time do Ricardo Teixeira, era uma coisa típica do Brasil e dos brasileiros. Partindo de quem partiu, com as histórias e comportamento que apresenta, não é de surpreender. Mas é de surpreender, ou deveria ser, a presença de gente tida como séria nesse “trem da alegria” copeiro a caminho da Helvetia.

O Brasil, nesse momento, dá-me nos nervos e dá-me engulhos.

O democrata Eurico Miranda...

... um verdadeiro modelo de administrador moderno, eficiente e democrata (Roberto Dinamite que o diga), proferiu uma frase de efeito bem a gosto de jornalistas, que repercutem-na sem citar o contexto:

Que democracia é essa que o São Paulo prega, se seu presidente abandona reunião em que não concordam com ele?”

O ínclito presidente vascaíno refere-se à saída de representantes do São Paulo, Flamengo, Cruzeiro, Atlético Mineiro e Botafogo, da assembléia em que foi votada e aprovada alteração estatutária no Clube dos Treze. Como sabem os leitores desse Um Olhar Crônico Esportivo, ao chegar para a assembléia os representantes desses clubes já encontraram tudo votado e aprovado, em menos de meia hora, contrariando a praxe das reuniões e assembléias da entidade, de só começar os trabalhos após a segunda convocação.

Realmente, há democracias e democracia.

Fora de hora e sintonia

O novo presidente corintiano prometeu votar com os outros 14 clubes aos quais se opõem os membros do G5.

Ao mesmo tempo, o novo presidente corintiano tenta convencer o presidente do Flamengo a deixar o G5 para, em conjunto, negociarem os direitos de transmissão pela TV, patrocínios, uniformes e licensing, além de outras medidas, como intercâmbio de atletas e imposição de tetos salariais nos dois clubes. Andrés Sanches era parte do grupo que esteve no poder por 14 anos no Corinthians e levou o clube e o time à situação em que se encontram. Agora investido de poder, comporta-se com a graça e sutileza de um rinoceronte em loja de cristais.

Enquanto isso, seu time luta desesperadamente para permanecer na primeira divisão do futebol brasileiro.

No Sul, comenta-se que Fernando Carvalho, considerado um dos melhores dirigentes do futebol brasileiro, teria conseguido trazer de volta para o aprisco as ovelhas desgarradas de Minas Gerais, o Cruzeiro e o Atlético, que aventuraram-se no vôo conjunto puxado por Flamengo e São Paulo e com a presença do Botafogo.

Não é de duvidar ou coisa para causar espanto.

A briga pelo poder segue intensa no Clube dos Treze. Ao poder, corresponde, como sempre, o dinheiro, além de prestígio e outras coisinhas (dizem que é afrodisíaco, um velho “viagra” tiro e queda). Dinheiro para os clubes e, não podemos esquecer, para os dirigentes, que, ao que consta, recebem bons salários da entidade. Coisa muito justa, diga-se de passagem.


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