Um Olhar Crônico Esportivo

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domingo, outubro 28, 2007

Ah, o Brasil...


Confesso que ando oscilando feito o pêndulo do relógio que ainda decora a sala da minha tia, em Padre Nóbrega. Enquanto o movimento pendular do relógio mantém-nos informados com beleza e nostalgia das horas, o meu movimento pendular leva-me a acreditar ou desacreditar do Brasil. Leva-me a ter esperança ou a não ter esperança. O pêndulo do velho relógio, presente em minhas recordações de infância, faz-me bem à alma, aos ouvidos e à visão, mas o meu pêndulo de humor só me faz mal. Estou no momento “mal” do meu movimento pendular.

Teixeira mandará e desmandará

Valha-nos Deus!

Ricardo Teixeira será o imperador do Brasil.

Mais que isso, será um imperador absoluto, sem parlamento, sem coisa alguma a que prestar contas.

A Copa 14 é seu alvará o retorno de algo enterrado no passado da civilização, ou daquela parcela da humanidade que se considera civilizada: a monarquia absolutista.

Pelo estatuto da “ong” que cuidará da Copa 2014 no Brasil, Ricardo Teixeira terá poderes absolutos, acima do bem e do mal, acima dos poderes (mal ou bem) constituídos desse imenso bananal, também conhecido como sendo uma república federativa. Aliás, o povo no poder adora a palavra “republicano” e usa-a sem parcimônia. Também não entendem o que significa, mas, e daí? Usam-na do mesmo jeito.

Apesar disso, o presidente do bananal e vários gerentões, digo, governadores de diversos talhões bananeiros, vão em comitiva para a Suíça. Uma festa, bem como disse o festeiro Robinho em Madrid, ao dizer que a esbórnia ou coisa pior de que participou depois do jogo do time do Ricardo Teixeira, era uma coisa típica do Brasil e dos brasileiros. Partindo de quem partiu, com as histórias e comportamento que apresenta, não é de surpreender. Mas é de surpreender, ou deveria ser, a presença de gente tida como séria nesse “trem da alegria” copeiro a caminho da Helvetia.

O Brasil, nesse momento, dá-me nos nervos e dá-me engulhos.

O democrata Eurico Miranda...

... um verdadeiro modelo de administrador moderno, eficiente e democrata (Roberto Dinamite que o diga), proferiu uma frase de efeito bem a gosto de jornalistas, que repercutem-na sem citar o contexto:

Que democracia é essa que o São Paulo prega, se seu presidente abandona reunião em que não concordam com ele?”

O ínclito presidente vascaíno refere-se à saída de representantes do São Paulo, Flamengo, Cruzeiro, Atlético Mineiro e Botafogo, da assembléia em que foi votada e aprovada alteração estatutária no Clube dos Treze. Como sabem os leitores desse Um Olhar Crônico Esportivo, ao chegar para a assembléia os representantes desses clubes já encontraram tudo votado e aprovado, em menos de meia hora, contrariando a praxe das reuniões e assembléias da entidade, de só começar os trabalhos após a segunda convocação.

Realmente, há democracias e democracia.

Fora de hora e sintonia

O novo presidente corintiano prometeu votar com os outros 14 clubes aos quais se opõem os membros do G5.

Ao mesmo tempo, o novo presidente corintiano tenta convencer o presidente do Flamengo a deixar o G5 para, em conjunto, negociarem os direitos de transmissão pela TV, patrocínios, uniformes e licensing, além de outras medidas, como intercâmbio de atletas e imposição de tetos salariais nos dois clubes. Andrés Sanches era parte do grupo que esteve no poder por 14 anos no Corinthians e levou o clube e o time à situação em que se encontram. Agora investido de poder, comporta-se com a graça e sutileza de um rinoceronte em loja de cristais.

Enquanto isso, seu time luta desesperadamente para permanecer na primeira divisão do futebol brasileiro.

No Sul, comenta-se que Fernando Carvalho, considerado um dos melhores dirigentes do futebol brasileiro, teria conseguido trazer de volta para o aprisco as ovelhas desgarradas de Minas Gerais, o Cruzeiro e o Atlético, que aventuraram-se no vôo conjunto puxado por Flamengo e São Paulo e com a presença do Botafogo.

Não é de duvidar ou coisa para causar espanto.

A briga pelo poder segue intensa no Clube dos Treze. Ao poder, corresponde, como sempre, o dinheiro, além de prestígio e outras coisinhas (dizem que é afrodisíaco, um velho “viagra” tiro e queda). Dinheiro para os clubes e, não podemos esquecer, para os dirigentes, que, ao que consta, recebem bons salários da entidade. Coisa muito justa, diga-se de passagem.


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3 Comments:

  • At 8:37 PM, Anonymous Anônimo said…

    Esse é o Brasil, é um bom retrato.

     
  • At 7:30 AM, Anonymous Anônimo said…

    muito medo dessa copa aqui!

     
  • At 7:52 AM, Anonymous Anônimo said…

    Desculpe-me, mas irei reproduzir um comentário de seu colega de profissão (o PVC), para esse post:

    "O problema não é a infra-estrutura para o comportamento da Copa do Mundo. Com isso o Brasil dá um jeitinho.
    O problema será o tamanho da corrupção e quanta verba será desviada, porque a fiscalização, seja por meio das organizações ou até mesmo da mídia, será intensa".

    Bom, não foram exatamente com essas palavras, mas o sentido foi esse.
    Eu, sinceramente, acho bom uma Copa do Mundo aqui no Brasil, mas com certeza o desvio de verbas vai ser enorme e, com certeza, iremos ultrapassar a média de verbas estipuladas para o projeto Copa 14, vide o Panamericano no Rio.

     

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