G5 à vista
A última pergunta do Um Olhar Crônico Esportivo para Fernando Carvalho, vice-presidente do C13, e Marcelo Portugal Gouvêa, diretor de planejamento do São Paulo, foi respondida da mesma maneira: os cinco clubes que deixaram a assembléia do último dia 16 não sairiam do C13. Como disse o ex-presidente tricolor, “Saímos da assembléia, não do Clube”.
Essa posição continua valendo, porém de uma forma relativa, de acordo com declaração feita ontem, no Rio de Janeiro, por Márcio Braga, presidente do Flamengo e um dos participantes da saída em bloco da assembléia.
“A partir de agora, quem negociará o futuro contrato com a Globo ou com qualquer outra emissora seremos nós. O Clube dos 13 não nos representa mais. Ele já acabou há muito tempo”, disse o presidente rubro-negro. Já há pelo menos três anos que alguns clubes vêm brigando dentro do C13 por maior participação na verba da televisão. O último grande embate teve o Santos como protagonista, que conseguiu ampliar sua cota de 15 para 18 milhões de reais, contra a vontade de Flamengo, Corinthians e São Paulo. Esses são os clubes com maiores torcidas, principalmente os dois primeiros, e donos das maiores audiências – nesse ponto a maior presença técnica do São Paulo em campo compensa o menor tamanho de sua torcida. No início desse ano, alguns indícios apontavam para a possibilidade de alguns clubes negociarem seus direitos de TV isoladamente, seguindo o exemplo dos grandes espanhóis, e esse blog chegou a indicar essa decisão como provável, o que acabou não se concretizando. Atualmente, quem ventila essa idéia, mesmo sem maior embasamento, é o novo presidente corintiano, Andrés Sanches. A tendência, porém, é que os clubes continuem negociando os direitos de transmissão de forma coletiva, com o Corinthians dentro do C13, como antecipou Fernando Carvalho, e como deu a entender Márcio Braga, em relação ao G5 – Atlético Mineiro, Botafogo, Cruzeiro, Flamengo e São Paulo.
Esse pano de fundo tem o tempero, ainda, da gestão inócua de Fábio Koff, há 12 anos à frente do C13, com uma atuação pífia ou inexistente, ausente dos debates dos grandes temas que movimentaram o futebol brasileiro nos últimos anos, como o caso das arbitragens manipuladas, em 2005. Como o regime administrativo do Clube é presidencialista, Koff atua sem problemas, uma vez que conta com boa base de apoio entre os demais participantes, e dá munição para Márcio Braga e Juvenal Juvêncio reclamarem da falta de democracia na gestão do Clube dos Treze.
Embora não tenha sido citada por Márcio Braga, a participação na verba negociada de clubes que não disputam a Série A há anos, como Bahia, Vitória e Guarani, também deve estar pesando no desejo desses clubes negociarem seus próprios direitos de transmissão. Outro ponto em discussão: o pay-per-view (PPV). Essa modalidade vem ganhando espaço ano a ano, e apresentou um grande índice de crescimento em 2007, com excelentes perspectivas para 2008. Na verdade, chega a espantar que as verbas dessa mídia não sejam direcionadas para os clubes conforme o percentual de seus torcedores que assinam os pacotes ou compram os jogos isoladamente, tarefa facilitada pelo fato da maioria dos contratos serem firmados com pessoas físicas.
Essa provável criação do G5 e suas implicações, somada à chegada da Timemania e sua alteração em 2010, premiando os clubes com maior participação de torcedores nas apostas, e os novos contratos de patrocínio, o crescimento do licensing, com o maior combate à pirataria, mostram que as mudanças no futebol brasileiro são irreversíveis, e que o velho modelo de gestão e participação que durou muitas décadas tem seus dias contados. Infelizmente, ou felizmente, não haverá espaço para entidades mal administradas, com desvios de recursos, amparadas por medidas paternalistas, garantindo sobrevivências artificiais, como doentes em coma em unidades de terapia intensiva. Por mais triste que possa ser, a sobrevivência cobra um preço, que nesses tempos globalizados é ainda mais alto, seja para empresas, seja pessoas comuns, seja para clubes de futebol. Não há exceções.
Em tempo: o G5 nascerá já com suas próprias contradições e não terá vida muito longa. Inevitavelmente, pelas características de nosso futebol, os grandes clubes negociarão seus direitos isoladamente.
É apenas questão de tempo.
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Marcadores: BR e Futebol Tupiniquim, Clube dos Treze, G5
2 Comments:
At 3:05 PM, Anônimo said…
Não é atlético mineiro!!
é o paranaense!!
At 3:20 PM, Emerson said…
Prezado anônimo: veja a data deste post.
O novo G5, que nasceu G4, tinha o Vasco como quinto.
Agora estão conversando com o CAP.
Há post sobre a criação desse G4.
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