G5, C 13 e negociações isoladas
Fabio Koff é ex-presidente do Grêmio e dirige o C13 há 12 anos. Quer ficar mais 3 anos e depois, aproveitando o novo estatuto, outros 3 anos. Nesse caso, dirigiria o Clube dos Treze por nada menos que 18 anos. A essa altura dos acontecimentos, é inevitável que se pense em seus desejos como sendo apenas a expressão de um projeto de vida, nada tendo a ver com o sucesso e bem-estar dos clubes associados.
Affonso Della Monica é presidente do Palmeiras. Teoricamente, deveria estar alinhado com os interesses de Flamengo e São Paulo, mas dificilmente vai ficar ao lado do Tricolor, por força de velhas rixas que ganharam força internamente nos últimos anos.
Eurico Miranda é o Vasco. Seu estilo administrativo torna difícil qualquer análise baseada na lógica, exceto uma: ele,e por extensão o clube, estará sempre do lado oposto ao que estiver o Flamengo.
Andrés Sanches é o novo presidente corintiano. Para ser gentil, o mínimo que se pode dizer é que está perdido no emaranhado que se tornou o clube do Parque São Jorge. Ainda não descobriu o tamanho da dívida, mas sabe que é gigantesca e em sua maior parte vencendo a curto prazo. Pior: em sua maior parte é dívida que não poderá entrar na negociação da Timemania. Comenta-se que o clube já teria recebido adiantamentos da Globo sobre o ano de 2008, hipótese na qual esse blog não acredita, mas que dá uma boa imagem do tamanho do imbróglio que Sanches recebeu (e ajudou a criar, não se pode esquecer). Mais ainda que Vasco e Palmeiras, o Corinthians deveria estar na linha de frente contra a gestão Koff e, principalmente, contra o atual modelo de distribuição dos direitos de TV. O alinhamento com o C 13 e a declaração de Fernando Carvalho que o Corinthians continuaria negociando seus direitos juntamente com os demais clubes são sintomáticos e indicativos do momento de fragilidade que vive o clube.
Fernando Carvalho, nome de prestígio entre os dirigentes mais recentes, deve ter calculado que é mais interessante ao seu Internacional manter-se ao lado e à frente da maioria, apostando na sobrevivência do C 13, do que arriscar-se a um vôo oposicionista ao lado de forças que ele não conseguirá controlar (Flamengo e São Paulo).
Fluminense e Grêmio, assim como o Palmeiras, abdicaram de exercer papeis de protagonistas e permanecem a bordo do mesmo navio, onde sentem-se confortáveis.
O mesmo ocorre com o Santos, talvez o mais confortável dos quinze passageiros do navio C 13.
Rivalidades clubísticas, projetos pessoais e clubes enfraquecidos parecem ser determinantes no funcionamento e fixação de objetivos do C
Mar de rosas no G5?
Longe disso. Mares de rosas são verdadeiros nas imediações do porto seguro em que começam. Logo depois as rosas diminuem e os espinhos aparecem. Num certo ponto, as rosas inexistem e os espinhos são a única realidade.
O primeiro imbróglio possível, mas não provável, é o rebaixamento para a série B que ameaça, ainda, o Atlético. Um pouco, talvez, o Botafogo, mas isso muito mais por um momento que pode e deve ser passageiro. Isso quebraria parte da pouca uniformidade que apresentam esses clubes.
O segundo imbróglio aparecerá quando (e se) forem negociados os direitos de TV para 2009. Os apetites de Flamengo e São Paulo serão muito maiores, como já se pode ver hoje, e um choque com os apetites dos demais passa a ser previsível, mesmo porque a realidade dos clubes é muito dinâmica e sujeita a alterações de peso em função de resultados dentro dos gramados. Isso e mais as fortes lutas políticas que marcam alguns dos membros do G5, acaba levando a constantes trocas de posições políticas.
Creio que, a curto ou no máximo a médio prazo, o G5 estará às voltas com insolúveis problemas de convivência. O resultado direto disso tudo, inevitavelmente, será a negociação direta dos clubes com a TV. Hoje, com a presença solidificada da Globo, os clubes precisam de união para uma boa negociação. Amanhã, com a possível presença da Record e a concorrência com a Globo, a negociação isolada deixará de ser perigosa e passará a ser muito atraente.
Se você enfrenta um adversário muito grande e muito forte, você precisa, para equiparar-se a ele, juntar-se aos seus iguais, ganhando força.
Se você enfrenta adversários que disputam o mesmo objetivo, você pode agir isoladamente, aproveitando-se da disputa entre os adversários.
Hoje, para negociar só com a Globo, a união é fundamental, seja de treze, vinte ou de cinco.
Amanhã, alguém atuando isoladamente poderá dar-se bem.
Acho que é esse o futuro.
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Marcadores: BR e Futebol Tupiniquim, Clube dos Treze, G5
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