Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

<

quinta-feira, março 22, 2007

Darwin, Bola e Futebol


Você já parou para pensar de onde viemos?

Como estamos aqui?

Perguntinhas chatas, né? Parecem tiradas daquele livro da Sofia ou algum manual filosófico. Ou Manuel filosófico em algum boteco da vida.

Isso para não falar nas aulas de catecismo... Hummmmm... Coisa de velho, acho que nem existem mais. Eu fiz, era obrigatório para fazer a primeira comunhão. E a primeira comunhão era algo, também, obrigatório, e isso num tempo em que as coisas obrigatórias eram mesmo obrigatórias.

Mas esse texto, acredite, cara leitora, caro leitor (até porque tenho a felicidade de não ter leitores baratos), é sobre futebol e não sobre filosofia, menos ainda pretende embrenhar-se nos dogmas religiosos. Mas vai dar uma derrapada biológica, mais precisamente na Teoria da Evolução, de Charles Darwin e, também, não podemos esquecer, Alfred Wallace (a quem Darwin, cavalheiresca e honestamente, citou em sua apresentação da Teoria perante a Royal Society, em Londres, no distante ano de 18..., como tendo chegado, separadamente, à mesma teoria; pois é, não se fazem mais cavalheiros como outrora, sem dúvida).

Bom, para ficar o mínimo na biologia, a Teoria da Evolução prega, o que já foi amplamente divulgado, não que tenhamos vindo do macaco, mas sim que na natureza sobrevivem os seres mais adaptados a um determinado ambiente, capazes de sobreviver e prosperar ema determinadas condições. Evoluem, portanto, os mais capazes.

Diz-se, popularmente, que na natureza sobrevive o mais forte, o que é uma visão parcial e uma dedução deturpada da realidade. Força é algo muito relativo, e a velha filosofia chinesa, de Confúcio, observou isso com exatidão, ao falar do orgulhoso carvalho que tomba perante a tempestade, enquanto o junco, humilde e flexível, deita-se e, tão logo passa a fúria dos elementos, retoma sua postura normal e segue sua vida, olhando de longe a fumaça das fogueiras feitas com a lenha do carvalho morto.

Bom, o futebol...

Um organismo social não deixa de estar sujeito às mesmas leis naturais. Seja um movimento político ou artístico ou um clube que tem no futebol sua razão de ser. Dessa forma, clubes, como empresas e partidos políticos, nascem, crescem e morrem, desaparecem, muitas vezes sem deixar vestígios. Como não existe vácuo na natureza, a vaga é logo ocupada por outro clube, empresa, partido, qualquer coisa, enfim, viva e adaptada aos tempos correntes.

Periodicamente vemos manifestações de carinho e pesar pelo destino de clubes que já foram grandes e importantes, mas que, por motivos diversos, pararam no tempo, feneceram e estão prestes a desaparecer, incapazes de sobreviver nos novos tempos. Nesses casos, torcedores, dirigentes e jornalistas buscam culpados em diferentes esferas, esquecendo, ou não querendo ver, que as causas para o declínio são internas, estão, digamos, no DNA de muitos clubes.

Nessa semana presenciamos a manifestação do presidente do Atlético Mineiro pregando a permanência do América na primeira divisão mineira ainda que às custas de uma virada de mesa. Não foi emocionante, foi apenas patético. Mais e melhor se fará pela tradição e pelo futebol brasileiro se os regulamentos forem seguidos à risca e se os dirigentes se comportarem de maneira mais profissional. Quanto aos torcedores... Se eles mesmos abandonam seus times, porque então mante-los vivos e ocupando espaços que poderiam ser preenchidos por novos participantes? Ou, ocupando espaços que impedem o crescimento e o fortalecimento de outros times?

Se em algum momento do passado algum presidente de clube dos dinossauros ou dos australopitecos tivesse obtido sucesso e conseguido a sobrevivência de seus iguais, nós não estaríamos aqui, agora, eu escrevendo e vocês lendo essas abobrinhas, dignos frutos de milhões de anos de evolução.

.

Marcadores:

<

Day after

Já tive piores, como um certo dia de agosto de 2006, ou um dia qualquer no longínquo ano de 1994. Curiosamente, em ambos os casos tínhamos perdido

uma final de Libertadores na véspera.

Há vários dias estou, ou melhor, estava para escrever um texto sobre a chatice de séries invictas, quando chega um momento em que o rabo começa a correr atrás do cachorro, não porque o rabo ou o cachorro assim o queiram e mais porque a platéia e os animadores da platéia assim exigem. Perder é tão benéfico quanto vencer, claro que numa correlação bem desproporcional. Vitórias seguidas iludem e conduzem o time a uma queda não anunciada muito pior do que o que seria razoável.

Portanto, a derrota de ontem, em Aguascalientes, foi saudável. Pena que tirou do São Paulo a chance de poder terminar essa fase entre os 4 primeiros e, dessa forma, ter maiores chances de fazer os jogos decisivos no Morumbi.

.

Marcadores: