Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sexta-feira, julho 13, 2007

Os 12 maiores IPCs do Brasil


São Paulo 9.32 - 4 times na 1ª Divisão *

Rio de Janeiro 5.47 - 4 times na 1ª Divisão

Belo Horizonte 2.07 - 2 times na 1ª Divisão

Brasília 1.86 - 2 times na 2ª Divisão

Curitiba 1,64 - 2 times na 1ª Divisão

Salvador 1.60 - 1 time na 2ª Divisão e 1 na 3ª

Porto Alegre 1.48 - 2 times na 1ª Divisão

Fortaleza 1.30 - 2 times na 2ª Divisão

Campinas 1.01 - 1 time na 2ª Divisão e 1 na 3ª

10º Goiânia 0.95 - 1 time na 2ª Divisão

11º Manaus 0.91 - nenhum time na 1ª ou 2ª Divisão

12º Recife 0.90 - 2 times na 1ª Divisão e 1 na 2a


28º Natal 0,44 - 1 time na 1ª Divisão

30º Florianópolis 0,30 - 1 time na 1ª Divisão e 1 na 2ª

39º Caxias do Sul 0,35 - 1 time na 1ª Divisão

*26º Santos 0,45

Muito bem, aí estão os 12 maiores Índices Potenciais de Consumo do Brasil, por município. No caso do Santos, suas verbas de tv e patrocínio têm o volume que têm em função de sua torcida na cidade de São Paulo e na Grande São Paulo como um todo, daí sua inclusão com o Trio de Ferro como parte dos times da cidade de São Paulo.

Fica claro que há uma maior concentração de times nas cidades com maior IPC, vale dizer, nas cidades mais ricas, ou melhor, nas que têm maiores recursos financeiros circulando. No Brasil não existem cidades ricas.

Mas, podemos ver que dinheiro por si só não é decisivo. Florianópolis e Caxias do Sul têm, cada uma, um time na 1ª Divisão Brasileira de forma consistente há vários anos. Sem rebaixamento. Ao contrário de Salvador, Recife e Fortaleza, que não têm clubes na 1ª Divisão, ou têm agora depois de longa ausência – caso de Recife. E Salvador chegou ao cúmulo de ter seus dois grandes times na 3ª Divisão! O que foi, sem dúvida, uma perda para a cidade e para o próprio futebol do Brasil, dada a tradição do futebol na cidade.

Esses fatos têm levado muitas pessoas a culparem o poderio econômico do Sul e Sudeste como os responsáveis pelo declínio do futebol nordestino. E já há muita gente pleiteando uma “reserva de mercado” para os times da região.

Ora, essa é uma proposição trágica, um verdadeiro atestado, se porventura fosse apresentado e aceito, de incapacidade dessas cidades e clubes se sustentatarem sem uma providencial bengala salvadora.

Ao olharmos os números do IPC e tomando como exemplos não somente o Figueirense e o Juventude, mas também o Goiás, outro time com presença consistente na principal divisão do nosso futebol, vemos que os três são sustentados por economias muito menores que as de Salvador – que conta, ainda, com Camaçari, Aratu e todo o Recôncavo –, Recife e Fortaleza, além de Belém que não aparece entre as doze maiores, mas apresenta o 14º maior IPC do Brasil, com um índice de 0,80.

Isso me leva a manter algo que venho dizendo há algum tempo: o problema com os grandes times do Norte e Nordeste é, acima de tudo, administrativo. Bom, boa administração pressupõe, antes de qualquer coisa, seriedade e inteligência. Vamos e venhamos, essas coisas não custam dinheiro, não dependem de PIBs gigantes, não dependem de riqueza. Administrações sérias e bem planejadas poderiam não levar times dessas cidades ao título brasileiro, conquista cada vez mais difícil e, aparentemente, em fase de estreitamento do número de candidatos, mas com certeza poderiam manter bons times na 1ª Divisão, de forma consistente, inclusive disputando as copas continentais.

Florianópolis, Caxias e Goiânia conseguiram e são tão brasileiras como quaisquer outras.


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quarta-feira, julho 11, 2007

Os Melhores de Todos os Tempos


A revista inglesa World Soccer apontou os Vinte Melhores Times de Todos os Tempos.

O que vale mesmo a pena é ver os dez primeiros, mas, vamos à lista completa, até porque ninguém publicou-a por aqui:

1 Brazil 1970

2 Hungary 1953
3 Holland 1974
4 Milan 1989-90

5 Brazil 1958

6 Real Madrid 1956-60

7 Brazil 1982

8 Barcelona 1991-94
9 Italy 1934-38
10 France 1998- 2000


11 River Plate late 1940s
12 Ajax 1971-73
13 Bayern Munich 1974-76
14 Celtic 1967
15 France 1984
16 Denmark 1986
17 Real Madrid 1998
18 Totttenham 1961
18 Liverpool 1977
20 Manchester United 1999

Obviamente, a revista e seus leitores cometeram um erro terrível: o grande time do Santos do começo dos anos sessenta não está nessa relação, algo simplesmente impensável e sem nenhum tipo de patriotada. Simplesmente, aquele foi um dos melhores times de futebol que já pisou nos gramados. E sequer dá para compará-lo com qualquer um dos outros dez times listados a partir do 11º lugar.

Seria bom a revista corrigir esse erro.

Bom para ela, claro.

Por outro lado, a 7ª colocação é uma boa mostra do que é um time mágico, inesquecível. É, também, a comprovação de que vencer pode ser e é muito bom, mas não é garantia de passagem para a história. A “perdedora” seleção de 1982 é, na visão da revista inglesa e seus leitores, o sétimo melhor time da história. Já a “vencedora” seleção de 1994 sequer aparece na lista de vinte.

Naturalmente, se reclamo a ausência do Santos de Pelé, jamais reclamarei a ausência do Brasil de Dunga. Pelo contrário, esquecer aquele time é um benefício para nossa história.

Em tempo: as “perdedoras” Hungria, de 53, e Holanda, de 74, estão entre os dez mais.

“Aquele” Santos deveria ocupar a segunda, terceira ou quarta colocação. Nada menos.



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Sobre doping



Doping químico


"Os exames são importantíssimos para coibir o doping no esporte. Muitas vezes, os resultados positivos não definem se o atleta teve ou não intenção de se dopar. Outras vezes, a substância encontrada e proibida não traz nenhum beneficio ao atleta.

A substância encontrada no exame do Dodô (femproporex) é um estimulante controlado por tarja preta, utilizado para diminuir o apetite e que melhora o rendimento físico, pois diminui a sensação de cansaço e aumenta a força muscular. Isso não significa que o atleta, obrigatoriamente, vai jogar melhor. O Botafogo precisa agora descobrir como foi ingerida a droga e com qual intenção."

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Texto escrito pelo Dr. Eduardo Gonçalves, médico, ex-professor de medicina e ex-jogador de futebol, conhecido também como Tostão.

Na Folha de S.Paulo de hoje.

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Bom, assunto chato e triste esse, mas, vamos lá.


A legislação anti-doping parece, e às vezes é, cruel.

É, todavia, o tipo de legislação que precisa pecar por eventuais excessos, pois, à menor sombra de facilidade, impunidade ou conformismo, o objeto da mesma – o doping de atletas – simplesmente explodiria em quantidade e intensidade.

Dodô não tem o perfil e o histórico de um atleta que recorra a meios ilícitos para melhorar o desempenho, da mesma forma que outros atletas também não aparentavam nada parecido. Mas uma droga proibida pelas autoridades médicas esportivas estava em seu organismo, logo, não há como fugir à evidência e a punição deve ser aplicada. Se houve o dolo ou não, isto é, a intenção clara e manifesta de ingerir a droga para melhorar o desempenho esportivo, não é relevante. O sucesso de uma legislação como essa implica em não deixar passar nenhum caso sem punição.

Infelizmente, e ao contrário de outras torcidas em outros momentos, torcedores do Botafogo enxergam nesse fato conspirações e perseguições contra seu time. Bobagem pura, claro, mas os torcedores não se convencem. Ainda precisamos achar bodes expiatórios para nossos próprios erros ou para os erros cometidos por quem amamos.


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Tostão - Sobre vencer e perder

TOSTÃO

Mil possibilidades
O pragmático Dunga gosta de dizer que time bom é só o que vence. O técnico parece gostar somente de vitória, não de futebol. Para Dunga e as pessoas ortodoxas, pouco flexíveis, é isso ou aquilo, ganhar ou perder, time bom ou ruim, jogar bonito ou feio e outras dualidades. Não percebem que a maior parte da vida se passa nas entrelinhas, na subjetividade, no que não está claro, no que pode ter sido e não foi.
Temos o hábito de tentar explicar todos os resultados com análises técnicas e táticas. Isso é uma parte da história. A outra, a mais importante, é que existe, com freqüência, uma grande falta de sintonia entre o que acontece durante o jogo e o resultado. Uma bola que bate em um jogador, desvia e muda tudo. Há mil possibilidades.
Todos os grandes times da história do futebol entram em campo para vencer. Para isso é preciso tentar jogar bem, com técnica, organização tática e criatividade. Se for também com fantasia, fica mais bonito, muito melhor e mais prazeroso.


Melhor time do mundo
A tradicional revista inglesa "World Soccer", elegeu a seleção brasileira da Copa de 70 o melhor time do mundo de todos os tempos. Se não foi o melhor, certamente foi um dos melhores. Entre os dez times escolhidos, falta o Santos de Pelé, mas estão presentes a seleção húngara de 54, a holandesa de 74 e a brasileira de 82, que não foram campeãs. Dunga não deve ter gostado.
As pessoas que assistem pela primeira vez à seleção de 70 pela televisão, sem a emoção do momento, ficam um pouco decepcionadas ao ver que até o Pelé, de vez em quando, errava passes e chutes, e que não era um time perfeito. Ainda bem.



Coluna publicada na Folha de S.Paulo de hoje. Transcrição parcial.

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segunda-feira, julho 09, 2007

Censura e Intolerância



A vida em sociedade implica em limites que devem ser aceitos por todos.

A civilização é fruto da aplicação de regras e normas de conduta e comportamento, que tornam possível a vida em sociedade. Mesmo entre grupos de primatas e outros vertebrados, existem normas de comportamento que são rigidamente obedecidas. Sem elas, a coletividade não sobrevive.

Frequentemente vemos grupos organizados sob a bandeira de um time de futebol infringirem as normas mais básicas e elementares da vida em sociedade. Muitas vezes o desrespeito implicou em prejuízos, ferimentos e até mortes.

Muitas vezes as combinações e acertos para encontros fatais dão-se às claras, pela internet.
E justamente por conta de diversas ações articuladas via internet para impedir ou atrapalhar uma noite de autógrafos no lançamento da revista Playboy de julho, com a assistente Ana Paula Oliveira na capa, com a ameaça explícita de arremesso de objetos diversos, o evento foi cancelado.

As ameaças foram e continuam sendo feitas por torcedores do Botafogo, inconformados com supostos erros cometidos pela Ana Paula em jogo do Botafogo.

Sem exagero, essa é uma tática de particular predileção de grupelhos fascistas e nazistas, sendo usada, também, por talibâs e fundamentalistas diversos, desde os anti-aborto até os defensores dos animais, passando por grupos políticos e religiosos. E agora bandos de torcedores de um time de futebol.

É uma nova forma para velhos inimigos da sociedade e da civilização: a censura e a intolerância.

Esse filme é velho, é repetido e não é chato, é perigoso.

Muito perigoso.

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O “cabeça-de-área” que não é


A imprensa erra.

Mas raramente assume e corrige seus erros.

E erra muito.

Mas não vou perder tempo falando sobre isso, até porque precisaria de um bom arquivo com as coisas que vou vendo, ouvindo, lendo e, sinceramente, não tenho paciência para isso.

Um erro que tem sido propagado intensamente por esses dias é sobre o Julio Batista.


Desde que ele foi lançado no time profissional do São Paulo criou-se um mito ao seu redor:

JB é um volante, um cabeça-de-área.

Bobagem. Não lembro quem foi o primeiro treinador que buscou posicioná-lo como tal, mas foi uma verdadeira anta, sem dúvida.

E esse erro tolo persistiu com o não menos tolo 00 (Osvaldo Oliveira, para os menos íntimos com a nomenclatura mais adequada ao ilustre “professor”: um duplo zero).

Julio Batista é e sempre foi um segundo atacante.

E foi com esse posicionamento que ele, na Espanha, tornou-se La Bestia e um dos artilheiros do Campeonato Espanhol, jogando pelo Sevilla. O estagiário à frente do time da cbf teima, também, em pedir dele mais marcação, e coloca-o ao lado de três volantes de ofício. Nesse ponto o estagiário mostra conhecer mais do que os jornalistas especializados – em que? – que só repetem a papagaiada do “cabeça-de-área”.

Realmente, essa é uma coisa impressionante. E não adianta mandar e-mails para os programas de tv, como o Redação Sportv de hoje, com a correção. Pura perda de tempo e energia, pois e-mails com correções são solenemente ignorados e mantém-se, dessa forma, a informação incorreta.

E segue a vida.


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domingo, julho 08, 2007

São Paulo x Flamengo



Na antevéspera desse jogo comentei, no blog do Lédio Carmona, que a fragilidade rubronegra era mais aparente que real. O Flamengo disputara um bom jogo contra o CAM, em pleno Mineirão, e saiu de lá com um bom empate, conseguido na sequência do gol do Galo, no final do jogo. Coisa importante, pois demonstrou a capacidade de lutar até o fim do time. O Galo não é o Botafogo, digamos, mas está longe de ser o América potiguar. É um bom time e, jogando em casa, torna-se ainda mais perigoso.

Curiosamente, Muricy disse quase as mesmas coisas.

Do lado do São Paulo temos um time em processo de reconstrução. E vai demorar mais um bocado para estar pronto.

Bom, agora falando um pouco do jogo de ontem.

O Flamengo deu um apertão inicial, coisa que vários adversários conseguem fazer contra o SP, mas não teve como mantê-lo. O SP, com dez minutos, já dominava o jogo e pressionava o Flamengo. Mas, perigo mesmo, só em um chute de Leandro para grande defesa do goleiro Diego, aos 23'30". Rogério descansou, a bem dizer, apesar dos muitos contra-ataques flamenguistas, alguns perigosos, mas apenas como potencial. Na prática, a zaga, novamente bem, controlou tudo.

No segundo tempo o panorama não foi muito diferente, mas já antes da metade do tempo normal os contra-ataques do Flamengo deram lugar a uma postura mais defensiva. E Diego, sintomaticamente, passou a trabalhar muito mais e fez três, ou dependendo do gosto, quatro grandes defesas: aos 15'33", 26'34", 29'50" em chute do Rogério (essa foi uma boa defesa, mas talvez não uma grande defesa, daí minha ressalva) e, finalmente, a defesa mais importante do jogo, aos 47'12" em chute de Ilsinho.

Ou seja, o ataque pressionou muito, mas não conseguiu marcar. Coisa normal nesse começo de BR, infelizmente.

A meu ver, ontem, Jorge Wagner não foi muito bem, assim como Leandro. André Dias no meio, às vezes alternando com Edcarlos, não contribuiu em nada para melhorar nossa criação e penetração. Ilsinho, e JW também, diga-se, foi muito bem marcado e rendeu menos que o que vinha rendendo, mas não a ponto de dizer que foi mal no jogo. Méritos, é claro, para o trabalho do Ney Franco, paradoxalmente auxiliado pelas ausências de Leonardo Moura e Juan. Os reservas jogaram para mostrar serviço e cumprir, fielmente até demais, as ordens do "professor" Ney. Esse, por sinal, é um aspecto às vezes desconsiderado: um reserva entra e joga com mais eficiência que o titular. Dagoberto e Aloísio ficaram muito isolados e cercados.

Muricy talvez devesse ter mexido no time mais cedo, mas não acredito muito. A única opção interessante no banco era Tardelli, mas com ele em campo o mais provável era embolar e nada resolver. Faltava no banco, falta no time atual e falta ao São Paulo há mais de dez, quinze anos, um grande meia que receba, pense, crie, distribua.
Danilo, nos melhores dias, fazia isso e era Zidanilo. Em outros era só o eficiente Danilo.
Em 2006, Souza chegou a fazer isso, ajudado por Júnior do outro lado, mas não teve continuidade.
Em 2007 ninguém está fazendo isso, e Muricy não acredita que JW faça essa função. É bom não esquecer que ambos se conhecem muito bem. Essa ausência, esse vazio, forçando passes longos, lançamentos idem e chutões da defesa, em muito contribuiu com o propósito do Flamengo de não perder e, quem sabe, num golpe de sorte vencer.

O SP teve 18 escanteios a seu favor.
O Fla teve 12 escanteios, frutos de bons contra-ataques.

O SP cometeu 21 faltas e o Flamengo 19.

Faltas na Defesa: SP 5 --- Fla 10

Faltas no Meio: SP 10 --- Fla 7

Faltas no Ataque: SP 6 --- Fla 2

Um resultado ruim, sem dúvida, mas nada de muito mortal.

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