Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sábado, outubro 04, 2008

Rolando pelo mundo da bola




Flamengo x Petrobrás S09E02


Traduzindo: Season 2009 Episode 02




Segundo nota da coluna Painel, a Petrobrás, na carta enviada ao Flamengo, contrapropôs renovar o patrocínio aplicando a inflação de 2008 ao valor de 16 milhões de reais, confirmado pela Petrobrás como total do patrocínio.


Dependendo do índice a ser usado pela empresa e pelo comportamento da economia nesse último trimestre do ano, o valor proposto pela Petrobrás deverá girar ao redor de 18 milhões de reais.

Este blog trabalha com uma previsão - sujeita a chuvas e trovoadas - de uma inflação acumulada de 13% para esse ano. Oficialmente, é claro.


Tomando-se esse valor como um dado concreto, fica reforçada a opinião já manifestada: o Flamengo não deveria ter dado partida a essa negociação de forma tão prematura.

Pelo menos não antes do São Paulo definir seu novo patrocinador e o valor do contrato.


Este, leitoras e leitores estimadíssimos, foi só o segundo episódio dessa série.


Outros virão.




Post scriptum: esse texto já estava pronto, mas não publicado (preguiça de sexta e preguiça sabatina), quando o André Luiz postou um comentário extremamente interessante e muito revelador no post anterior; seu comentário diz muito mais e melhor do que todos esses posts; um alerta, por sinal também feito por ele e que esse OCE também já destacou: situações como essa que ora vive o CRF, são comuns a praticamente todos os clubes brasileiros; nem mesmo São Paulo e Internacional, tidos e havidos como exemplares nessa área, deixam de fazer suas bobagens.





The African Newcastle



O consórcio nigeriano confirmou a proposta de compra do Newcastle United, que disputa a Premier League, de acordo com informação da BBC.


Segundo outras fontes e comentários, o valor da proposta ficou mesmo em 350 milhões de libras – equivalentes a 447 milhões de euros ou 617 milhões de dólares.


Mas a situação está longe de definição. Agora tem também um consórcio sul-africano interessado na compra do clube.


Segundo nota publicada pelo Lance, esse consórcio traria Kevin Keegan para treinar a equipe em troca de 10% das ações do clube. O valor que os sul-africanos estão dispostos a bancar não foi revelado, mas partindo-se do pedido do atual dono do clube – 400 milhões de libras – Keegan transformar-se-ia num milionário (mais ainda do que provavelmente já é) do dia para a noite.


Afinal, 40 milhões de libras é dinheiro pra burro, mesmo com crise na economia.


Quanto?


A bagatela de 51 milhões de euros ou, em dólares valorizados pela quebradeira, 70 milhões das verdinhas de Tio Sam.


Estão entendendo um dos porquês dessa quebradeira que começou em Wall Street?


A economia mundial estava, está, ainda, piradinha.





Goodbye, Mr. Dollar...


Hello, Mr. €uro!



Parece incrível, mas ainda antes do estouro dessa crise vários atletas que disputavam a NBA mudaram-se para a Europa – segundo matéria da Folha de S.Paulo nada menos que 12 jogadores. Hoje, em função dos problemas com a economia americana, agora agravados pelo estouro da crise, times europeus pagam melhor em euros, ainda mais valorizados que os dólares. O fato de que dez das trinta equipes da NBA fecharam a última temporada no vermelho ajuda a entender ainda melhor.


Completando o quadro, atletas que já estão jogando na Europa, recusaram propostas de times da NBA, optando por permanecer no Velho Mundo. Entre eles o pivô Thiago Splitter que joga na Espanha, no Tau Cerámica, e recusou uma proposta do San Antonio Spurs. Segundo a matéria, ele ganharia no time americano 850,000 dólares em seu primeiro ano.


Muito dinheiro?


Ainda de acordo com a matéria da Folha, na Espanha ele ganha 4 vezes esse valor.


Além do euro valorizado, muitos clubes europeus responsabilizam-se pelo pagamento dos impostos cobrados sobre os salários. Esse foi um dos motivos que levou o ala-armador Josh Childress a deixar o Atlanta Hawks e ir para o grego Olympiakos, onde vai ganhar 7 milhões de dólares por ano, praticamente o dobro do salário médio da NBA. É bom recordar que Childress tinha mercado nos Estados Unidos, pois ficou entre os Top 10 na eleição dos melhores reservas da liga.


Outro armador, Earl Boykins, foi para o Virtus Bologna em troca de um salário anual de 3,5 milhões de dólares. Mais um armador: Juan Carlos Navarro, um dos líderes da seleção espanhola, atual campeã mundial e vice olímpica, deixou o Memphis, onde ganhou na temporada passada menos de U$ 1 milhão, por um contrato de cinco anos com o Barcelona por US$ 18 milhões. Navarro ficou somente um ano na NBA, tempo suficiente para ficar entre os melhores calouros.


Outros que se foram: o espanhol Jorge Garbajosa, o argentino Carlos Delfino e o porto-riquenho Carlos Arroyo e mais o ala russo Andrey Kirilenko, um dos mais bem pagos do Utah, que está em negociação.


Pelo jeito, 2009 será um ano muito interessante no esporte.

A crise que estourou em Wall Street já cruzou o Atlântico há muito e seus efeitos piores serão sentidos no próximo ano.


Por enquanto, a economia européia ainda está em movimento acelerado, mas inercial. Em algum momento do próximo inverno ela precisará religar as turbinas, digamos, para continuar a movimentar-se com boa velocidade, mas, nesse momento, sentirá o drama da falta do combustível para isso acontecer.



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quarta-feira, outubro 01, 2008

Flamengo x Petrobrás – S09E01



Traduzindo: Season 2009 Episode 01

Tomei essa liberdade internética que é a notação das temporadas e episódios das séries que baixamos via torrent – o que me permitirá ver o House que foi ao ar ontem, nos Estados Unidos, aqui na minha TV, sentado no meu sofazão – e que são compostas por 12, 18 e até 25 episódios por temporada.

O Marcelo Damato acaba de postar no Além do Jogo que a Petrobrás encaminhou carta ao Flamengo dizendo que não tem interesse em renovar o patrocínio para 2009 por 20 milhões de reais.

Realmente a PET mandou uma carta-resposta ao Flamengo, mas seu teor, oficialmente, não é conhecido, embora tudo aponte para o que está no Além do Jogo. Segundo informações levantadas por este blog junto à Petrobrás, a empresa irá pronunciar-se oficialmente nos próximos dias, dependendo da resposta do Flamengo.


Diante disso, aproveito para entrar nessa seara também, até porque há uma informação que parece-me inédita e é hora de passá-la adiante.




O contrato 2008 e os meses perdidos


No início do ano, este Olhar Crônico Esportivo bateu na tecla que a direção do Flamengo tinha conduzido pessimamente a negociação com a patrocinadora e, tão ruim quanto, tinha feito tudo sem um mínimo de planejamento de marketing e finanças. Sobre isso, consultem o post de 1º de fevereiro e outros que se seguiram. Analisando a situação de renovação, este blog concluía:

“Tomando como correta a informação que o patrocínio venceu em novembro, o Flamengo perdeu dezembro e janeiro sem patrocínio e, provavelmente, a menos que já tenha tudo acertado com outra empresa e uniformes já prontos, perderá também fevereiro, um mês muito curto, muito pequeno para se ganhar dinheiro, mas que é tão grande como os demais para o pagamento das despesas fixas.”
Em diversas oportunidades o clube disse que o contrato seria retroativo e não haveria perdas, mas, sabemos agora que a realidade foi outra e o patrocínio da temporada 2008 teve início em março, quando o contrato foi assinado, com término em 31 de janeiro de 2009. Dessa forma, os meses de dezembro, janeiro e fevereiro ficaram sem cobertura de patrocínio, mesmo tendo o Flamengo jogado com o nome da empresa na camisa.

Um clube do porte do Flamengo, com a torcida que tem, precisa de uma administração de marketing mais profissional. Não gosto de tecer comentários desse tipo sem conhecer em profundidade a realidade de um clube, mas uma olhada rápida nos últimos anos e na sucessão de problemas e mal-entendidos que vêm cercando as ações do marketing rubro-negro leva a essa conclusão, inevitavelmente.

Curiosamente, ou nem tanto, em 2007 o São Paulo teve um problema sério de relacionamento com seu principal patrocinador, a LG, que suspendeu os pagamentos por dois meses, assim como o Corinthians teve problemas com a Samsung, vindo a resultar no rompimento do contrato e assinatura com a Medial, o que foi melhor para o clube. Entretanto, poucos meses depois, ao tentar negociar as mangas da camisa, o clube viu-se impedido pelo contrato fechado com a Medial. Contrato novo, bom, porém mal redigido.

Ora, quando eventos desse tipo acontecem com os três maiores clubes do país, somos levados a acreditar que mesmo esses não cuidam do marketing com o cuidado e inteligência necessários. Ou, o que é muito provável, o pessoal do marketing nos clubes acaba sendo atropelado pelo pessoal da política interna. Como descobrimos ano após anos, clube por clube, é a política interna que realmente conta e faz diferença, ao fim e ao cabo.


Nesse momento, sabemos que o São Paulo está em negociação para um novo patrocínio de camisa e que vem pleiteando o valor de 30 milhões de reais para o mesmo, valor que hoje, em função da crise econômica que se desenvolve rapidamente, acho difícil acontecer. No Corinthians, as atenções estão voltadas (embora neguem) para essas negociações, esperando pelo anúncio de um novo patrocínio no Tricolor.

Tal como ocorreu em 2007 com o patrocínio Reebok, a nova negociação do São Paulo irá sinalizar os valores de mercado para os próximos anos, o que indica que seria, portanto, o momento do Flamengo aguardar ou fazer gestões discretas, sem rompantes desse tipo contra uma empresa como a Petrobrás que, bem ou mal, há mais de vinte anos patrocina o clube.

Sair na frente dessa forma está longe de ser a melhor política para o clube.

Aguardemos pelo próximo episódio da temporada.



Post scriptum



Nota de esclarecimento sobre patrocínio ao Flamengo

A respeito das recentes notícias envolvendo o Clube de Regatas do
Flamengo e a Petrobras, a Companhia gostaria de esclarecer que:


. O contrato de patrocínio está em vigor até janeiro de 2009.


. A Petrobras não deixou de efetuar qualquer pagamento contratual.


. Em março do corrente ano, quando da assinatura do contrato de
patrocínio, foi paga a primeira parcela correspondente a 50% do valor
total previsto, ficando o restante a ser pago em seis parcelas
iguais, a partir do sexto mês do contrato, ou seja, setembro.


. A Petrobras, visando adequar o cronograma de desembolso ao
calendário do futebol brasileiro, ainda propôs e foi aceito pelo
Flamengo um aditivo contratual, para que todo o valor fosse
desembolsado durante o ano de 2008, uma vez que as contrapartidas
negociadas com o Clube são válidas somente até o final deste mesmo
ano. Com isso, o cronograma de pagamento foi regularizado dentro do
período de julho a dezembro.


. No que diz respeito à multa de R$ 1,6 milhão (10% do valor do
patrocínio, previsto pelo contrato vigente) aplicada ao Flamengo, ela
foi motivada pela ausência da marca da Petrobras no uniforme de
competição da equipe de Ginástica Artística, durante o campeonato
brasileiro da modalidade, ocorrido em maio, na cidade de Maceió.


. Este fato e outros em análise motivaram a reprovação do relatório
de comprovação do cumprimento das contrapartidas apresentado pelo
Flamengo, que é prerrogativa para o pagamento das parcelas, de acordo
com o contrato assinado entre as partes. Salientamos ainda que não há
qualquer interesse em reter pagamentos por parte da Petrobras, mas
que os compromissos contratuais sejam cumpridos e que as obrigações
legais sejam respeitadas


. A pendência existente no pagamento será regularizada, deduzindo-se
o valor da multa já citada, assim que as situações de descumprimento
das contrapartidas contratuais forem regularizadas e a Certidão
Negativa de Débito da Secretaria Municipal de Fazenda for apresentada
pelo C.R. Flamengo.


. Quanto ao prazo dado pelo Clube para aprovação da nova proposta
para 2009, a Empresa estranha tal posição, já que o atual contrato
está em vigor e com pendências a serem resolvidas.


. Lamentamos qualquer mal-entendido que possa estar atrapalhando uma parceria de 24 anos, fato inédito na história do futebol brasileiro.
Uma grande marca com um grande clube.

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Patrocínios, patrocinadores e consumidores – Parte II






O Mito da Rejeição e a Lembrança de Marcas



(Este blog desculpa-se pelo atraso na publicação deste post; coisas da vida.)



Há alguns dias uma manchete do Lance ganhou espaços e ocupou corações e mentes, dizendo que o São Paulo “estava fechando” patrocínio no valor de 90 milhões. Claro, como já sabem os leitores deste blog e também os do jornal, que não passou de um artifício destinado a chamar a atenção do leitor.


Naquela semana, a notícia mais importante, na verdade, no que diz respeito aos patrocínios, aos patrocinadores, aos patrocinados e, claro, aos torcedores e consumidores, foi a divulgação de dados muito interessantes de uma pesquisa feita pela TNS, e que, por coincidência, é citada hoje, novamente, pela coluna Painel, da Folha de S.Paulo.



Ouvindo 7001 pessoas, em 14 estados e com uma margem de erro de 1,01%, a TNS chegou a conclusões interessantes.

A principal delas, pode-se dizer, foi dar fim ao mito que o torcedor de um clube rejeita os produtos do patrocinador do rival. Citando o material de divulgação da pesquisa:


“Apenas um a cada 22 torcedores (4,47%) afirma que não compraria um produto ligado a um time adversário.

Portanto, 95,53% dos entrevistados responderam “Não” à pergunta:


“O Sr. deixaria de comprar algum produto/serviço por ser ele patrocinador de um clube rival?”






Durante anos o mundo do futebol conviveu com esse velho mito que, felizmente, não chegou a tampar a visão de muitos homens de marketing que investiram e colocaram os nomes de suas empresas nas camisas do Trio de Ferro paulistano, no Santos, no Fluminense e em muitos outros times.


Por serem patrocinados por uma estatal, como o Banrisul, ou de economia mista, mas sob rígido controle estatal, como a Petrobrás, não relaciono Flamengo, Grêmio e Internacional nesse grupo.


O resultado dessa pesquisa não deixa de ser uma ferramenta a mais, e poderosa, tanto para os defensores de uma comunicação mais aberta e básica dentro das empresas, como para os diretores dos clubes que passam a ter uma forte argumentação a favor do patrocínio.


O mercado como um todo espera que tudo fique ainda melhor se, pelo menos a partir de 1º de janeiro, as emissoras de TV, basicamente as emissoras da Rede Globo, abertas e fechadas, instruírem seus cinegrafistas e diretores de TV a abrirem o foco das câmeras, enquadrando as marcas dos patrocinadores dos times nas entrevistas de atletas e treinadores.




Os mais lembrados



A pesquisa apontou, também, as empresas de maior recall entre os torcedores. Nesse ponto, o domínio da Nike foi absoluto.


Antes que torcedores mais entusiasmados associem o recall da empresa aos patrocínios da Seleção Brasileira, Flamengo e Corinthians, é bom esclarecer que a Nike é, também, a maior ou uma das maiores anunciantes do segmento de material esportivo no Brasil e em boa parte do mundo.


Não só veicula muito, como veicula peças de grande impacto e alto poder de memorização.


Os patrocínios locais (as campanhas são mundiais) são o complemento.





CLASSIFICAÇÃO

MARCA

RECALL

1

NIKE

20,11%

2

ADIDAS

11,30%

3

COCA COLA

7,26%

4

SKOL

7,04%

5

BRAHMA

6,06%

6

FIAT

5,36%

7

PUMA

4,81%

8

PENALTY

4,39%

9

LG

4,31%

10

VIVO

4,19%

11

ITAÚ

4,06%

12

BR

3,60%

13

REEBOK

2,99%

14

UMBRO

2,93%

15

UNIMED

2,56%

16

TOPPER

2,54%

17

BANRISUL

2,41%

18

BANCO DO BRASIL

2,40%

18

BRADESCO

2,40%

20

PARMALAT

2,33%



Cada entrevistado podia citar 5 empresas, e é o resultado dessas lembranças que a tabela anterior mostra.


Esse quesito, entretanto, tem outro ponto digno de análise e com grande peso na avaliação das políticas de comunicação e sua eficiência: é a primeira lembrança, ou seja, o primeiro nome que vem à mente do entrevistado e que gerou a próxima tabela, que traz as dez empresas mais citadas como primeira lembrança:




CLASSIFICAÇÃO

MARCA

1ª LEMBRANÇA

1

NIKE

11,48%

2

ADIDAS

3,57%

2

COCA COLA

3,57%

4

BRAHMA

2,43%

5

FIAT

2,23%

6

LG

2,04%

7

SKOL

2,03%

8

PENALTY

1,84%

9

ITAÚ

1,80%

10

PUMA

1,61%




Em fevereiro a TNS havia realizado pesquisa semelhante e, na comparação dos dados da duas pesquisas, entre fevereiro e junho, a Fiat foi a empresa que mais cresceu na lembrança do público.


Isso é explicado com o forte investimento da empresa no esporte ao colocar sua marca na camisa de sete grandes clubes brasileiros, entre eles o Palmeiras, Atlético-MG, Cruzeiro e Vitória.


O fato desse crescimento se dar em paralelo ao excelente desempenho em campo de três dessas quatro equipes não é mera coincidência, muito pelo contrário.

Lembrando, ainda, que o Vitória veio de campanha vitoriosa na Série B, conquistando, depois de anos, o direito de voltar à primeira divisão do futebol brasileiro.



Outras duas empresas apresentaram forte crescimento na associação de seus nomes com o futebol: a Medial Saúde e o Banco Santander.


A patrocinadora do Corinthians cresceu exponencialmente graças, sobretudo, ao excelente desempenho do time em campo, que atraiu mais do que o normal a atenção da mídia. Some-se a isso, a atuação intensa e inteligente do marketing corintiano, criando fatos e produtos a toda semana, praticamente, mantendo a marca Corinthians com alto grau de exposição e, naturalmente, associada a ela a marca Medial.



Já o Banco Santander optou por caminho diferente, maior e mais ambicioso: patrocinou a Copa Libertadores de America, que passou a ser chamada de Copa Santander Libertadores, interessado em consolidar sua marca em toda a America Latina.

No Brasil o resultado foi bom, já que o banco cresceu bastante na lembrança dos torcedores: em fevereiro, era citado por apenas 3% dos entrevistados, percentual que pulou para 8%

em junho.



O setor mais citado pelos torcedores foi, sem dúvida, o de materiais esportivos, até pelas óbvias ligações naturais, seguido por bebidas, também sem novidade.


Já o terceiro setor mais lembrado foi o bancário, seguido pelo eletroeletrônico e telefonia. Três áreas sem ligações naturais com o esporte, que apareceram nessa condição graças ao trabalho de marketing e à presença nos campos, nos uniformes e na mídia em ligação com os clubes, torneios e seleções.








O peso da televisão



Voltando a falar da força da televisão: sem ligação direta com o esporte há muitos anos, a Parmalat ainda é citada como uma das vinte mais.


O mesmo ocorre com a Coca-Cola, tendo ambas as empresas, em comum, forte presença de mídia geral, não esportiva.

Isso se aplica, também, tal como no caso da Nike, à sua concorrente Adidas, que foi beneficiada nesse ano pelos bons desempenhos em campo do Palmeiras, campeão paulista, e do Fluminense, vice-campeão da Libertadores.


O que se depreende de uma pesquisa como essa é que, sem sombra de dúvida, o patrocinador beneficia-se ao patrocinar uma equipe e não chega a ser atingido por conta de rivalidades, como vimos no primeiro ponto abordado.



Fechando, um outro dado interessante: se não descarta a compra do produto patrocinador do rival, o torcedor, por outro lado, dá preferência à compra de produtos da empresa que patrocina o seu time do coração:





Em resumo: patrocínio é bom e faz bem e pode ser melhor explorado pelos clubes e melhor aproveitado pelas empresas.


O futebol brasileiro agradecerá.




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terça-feira, setembro 30, 2008

Para quem São Paulo torce


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Para quem São Paulo torce
O Instituto Datafolha concluiu uma pesquisa interessante, publicada pelo caderno Vencer, do jornal Agora, do grupo da Folha, nesse domingo.
Antes de comentar alguns aspectos, segue a relação de todos os clubes listados pelo Datafolha, considerando a cidade de São Paulo como um todo:



-->
Clube
%
Corinthians
33,3
São Paulo
22,2
Palmeiras
14,2
Santos
5,9
Outros
4,6
Nenhum
19,9



-->
Outros Clubes
Flamengo
2,0
Portuguesa
0,3
Vasco da Gama
0,3
Cruzeiro
0,3
Fluminense
0,2
Botafogo
0,2
Atlético – MG
0,2
Grêmio
0,2
Internacional
0,1
Bahia
0,1
Vitória
0,1
Outros
0,6

O que salta aos olhos nessa pesquisa é o tamanho de sua amostra: nada menos que 28.389 pessoas, com 16 anos de idade ou mais. Para se ter uma idéia, essa amostra corresponde a 0,26% da população adulta da cidade, de acordo com dados da Fundação SEADE. Os dados foram coletados entre 23 de fevereiro e 21 de julho desse ano, por 114 profissionais, dos quais 65 foram pesquisadores de campo.
A cidade foi dividida em 8 diferentes regiões, por sua vez subdivididas em 96 distritos, com no mínimo 300 entrevistas em cada um, com os entrevistados sendo sorteados aleatoriamente, dentro de cotas de sexo e faixa etária de acordo com os levantamentos do IBGE para o ano 2000. A margem de erro é de 2%.
Nas primeiras posições nenhuma novidade, exceto, para os eternos descrentes das pesquisas, a comprovação da torcida são-paulina ser a segunda maior também na capital, onde moram hoje onze milhões de pessoas (e mais dez milhões nos outros municípios da Grande São Paulo).
A participação da torcida santista com praticamente 6% dos torcedores, é a comprovação cabal, uma vez mais, do peso que a cidade de São Paulo tem para esse clube. Como reconheceu dirigente santista há alguns dias para este blogueiro, é nessa cidade que está a maior parte da torcida do clube e não em Santos, onde o time é o de maior torcida, sem dúvida, mas não o único. Uma justificativa a mais para que o time mande mais jogos em São Paulo do que faz atualmente.
Outros dois pontos a destacar: comprovando a multiplicidade de origens de seus habitantes, quase 5% dos entrevistados declararam torcer para outros clubes que não os do Trio de Ferro e mais o Santos. Impressiona o tamanho da torcida do Flamengo, com 2% das declarações, contra apenas 0,3% da Portuguesa de Desportos.
Aqui cabe um parênteses. Durante a década de 70, torcedores da Lusa com visão mais a longo prazo, tentaram mudar o nome do clube para, se a memória não me trai, Bandeirantes. Foram derrotados pela direção de então e de quase sempre, à frente da qual estava Osvaldo Teixeira Duarte. Um dos motivos para a lenta e inexorável diminuição do tamanho e importância da torcida está, sem dúvida, em seu nome, tese que leva a uma outra: Palmeiras e Cruzeiro cresceram muito em parte devido à mudança de seus nomes, com a retirada de Itália e o conseqüente aportuguesamento dos nomes.
A longo prazo, clubes de colônias tendem a minguar, à medida que as próprias colônias perdem identidade e, sobretudo, componentes, em especial num país em que a miscigenação da população é característica nacional.
Finalmente, outro número que não pode passar em branco: 20%, praticamente, dos paulistanos com 16 anos ou mais, não torcem para nenhum clube. Embora muito grande, é um número ainda pequeno em relação aos que já foram levantados nas pesquisas nacionais, inclusive do próprio Datafolha, cuja última pesquisa realizada em novembro de 2007 (ver Olhar Crônico Esportivo dos dias 14 e 15 de janeiro de 2008), apontou 26% dos brasileiros com 16 anos ou mais como não torcendo para nenhum clube.
Dos 96 distritos em que foi dividida a cidade, o Corinthians lidera isoladamente em 80.
O São Paulo lidera em 14, o Palmeiras em um, o da Lapa.
No Capão Redondo, Corinthians e São Paulo têm 28% cada, com 12% para o Palmeiras e 5% para o Santos.
Os distritos em que há liderança do São Paulo são, em sua maioria, tipicamente redutos da classe média mais antiga.
O Corinthians tem uma forte penetração nas Zonas Leste, Extremo Leste e Norte, locais com maior concentração de moradores com menores faixas de renda.
Curiosamente, no bairro de Perdizes onde está localizado o Parque Antártica e o estádio Palestra Itália, a liderança é Tricolor com 25%, seguido pelo Palmeiras com 23% e o Corinthians com 20%.
No Morumbi, o São Paulo lidera com 32%, com o Corinthians encostado com 31% e o Palmeiras bem atrás com apenas 13% dos torcedores. Na vizinha Vila Sonia, bairro de acesso ao Estádio Cícero Pompeu de Toledo, os números são parecidos, com 31% de são-paulinos, contra 28% de corintianos e 14% de palmeirenses.
No entorno do Parque São Jorge o domínio corintiano é disparado, como, por exemplo, no Tatuapé, com 39% de corintianos, contra 19% de são-paulinos e 18% de palmeirenses.
Distribuição das torcidas pelas 8 regiões


Região
Clube
%
Noroeste



Corinthians
35,3

São Paulo
20,5

Palmeiras
14,3

Santos
5,5
Norte



Corinthians
37,4

São Paulo
21

Palmeiras
12,5

Santos
5,2
Extremo Leste



Corinthians
36,5

São Paulo
20,8

Palmeiras
11,9

Santos
6,7
Leste



Corinthians
37,1

São Paulo
19,7

Palmeiras
14,9

Santos
5,3
Centro



Corinthians
30,8

São Paulo
20,2

Palmeiras
15,5

Santos
6,6
Sul



Corinthians
31,1

São Paulo
23,5

Palmeiras
16,1

Santos
4,8
Extremo Sul



Corinthians
28,9

São Paulo
25,5

Palmeiras
14,1

Santos
6,7
Oeste



Corinthians
26,9

São Paulo
25,4

Palmeiras
16,6

Santos
5,1
Aqui cabe notar um ponto interessante: nas regiões mais tradicionais da cidade, de povoamento mais antigo, o Corinthians tem amplo domínio, como os casos das zonas Leste e Norte. Já nas regiões de ocupação mais recente, como a Extremo Sul e, principalmente, a Oeste, o domínio corintiano é bem reduzido, ficando, na Zona Oeste, dentro da margem de erro.

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