Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sábado, dezembro 22, 2007

“pão ou pães...”

“... o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães...”

Essa frase maravilhosa está logo na primeira página de “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa.

A partir de nossos conhecimentos e crenças, formamos opinião sobre tudo e sobre todos.

Gosto de fulano, não gosto de beltrano.

Acredito nisso, desconfio daquilo, não acredito naquil’outro.

Opinião é algo necessariamente mutável, ao contrário de princípios (que não chegam a ser imutáveis, claro, mas devem estar perto disso).

Opinião é produto de raciocínios elaborados a partir de fatos determinados. Quando mudam os fatos, é natural e é saudável que a opinião que eles criaram mude, também.

Não pretendo ser dono da verdade, embora seja essa uma sensação muito gostosa, e confesso que tento manter minha mente sempre aberta a novas informações que contradigam ou ampliem as que eu já possuo.

Toda essa introdução recheada de obviedades, embora algumas nem tanto, é para posicionar-me em relação à matéria do jornalista Eric Faria, da Globo, relatando que o empresário do zagueiro Rodrigo teria sido ameaçado de morte pelo dirigente do clube onde atuava o ex-jogador do São Paulo. O fato teria sido motivado pelo desejo do dono do clube em negociá-lo com o São Paulo, que teria feito melhor proposta, e não com o Flamengo, para onde acabou indo o jogador. Naturalmente, a tal ameaça de morte é fruto, se verdadeira, da cabeça do dirigente ucraniano, mas se tudo for verdadeiro, poderá caber uma censura ao comportamento do São Paulo no episódio, ao tentar a contratação de Rodrigo.

Hoje é sábado, com Natal na terça-feira.

Já não se encontra ninguém para fazer meia dúzia de perguntas. Aliás, verdade seja dita, nem seria o caso para tanto.

Daqui a pouco eu mesmo estarei fora do ar internético, a caminho de Brotas e de lá, depois de um rafting amanhã, para o Sítio das Macaúbas, onde minhas vaquinhas Jersey já não lembram quem sou eu e qual meu papel na vida delas. Ou seja, só retornarei às lides internéticas na quarta-feira.

Portanto, deixo esse assunto no ar até lá.

Como disse ao Eric em troca de comentários no Jogo Aberto, vou esperar o pronunciamento da diretoria do São Paulo a respeito antes de reforçar o que já penso ou, se for o caso, mudar minha opinião, que, como disse acima, não é imutável.

Nem pode ser.

No mais, Feliz Natal a todos, divirtam-se, com muita saúde e paz.


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sexta-feira, dezembro 21, 2007

Números à vontade


Diz-se que uma folha em branco aceita qualquer coisa.

Pode-se dizer algo parecido sobre os números: qualquer um pode falar o que quiser com eles. Quando esses números se referem a dinheiro fica mais complicado, especialmente quando os valores são altos e a realidade baixa. É como a dona-de-casa na feira olhando para as lagostas enfileiradas uma a uma, com pedras de gelo contrastando com antenas, garras e a casca dura em tons de amarelo, laranja e vermelho. De nada adiantará ela dizer que tem um patrocínio marital de dez mil reais para fazer a feira, pois suas palavras não pagarão a conta apresentada pelo dono da banca de peixes e lagostas. Dessa forma, o feirante embrulha sua compra, ela tira o dinheiro da carteira e vai para casa com dois quilos de sardinhas limpas, prontas para fritar. Melhor que nada. Muito melhor que comprar meio quilo de lagosta e pagar em três vezes no cartão de crédito.

Se ela utilizar direito o verdadeiro patrocínio marital, em dois ou três anos poderá comprar as lagostas à vista, sem maiores sustos e medos. Mas terá que planejar direitinho o que fazer da vida e com o parco dinheirinho que entra em casa todo mês. Comprar bem, investir melhor ainda, cortar despesas desnecessárias, otimizar ao máximo tudo e qualquer coisa.

Para que escrevi toda essa baboseira?

Sei lá, talvez só para encher lingüiça e dar vazão a um (pobre) surto criativo.

Ontem de manhã o Palmeiras anunciou o patrocínio da Fiat, oficialmente.

Ontem à tarde o Corinthians apresentou seu novo patrocinador, a Medial.

Dois movimentos importantes no mesmo dia, ambos com fortes reflexos sobre o desempenho dos dois clubes durante 2008 e adiante.

O novo patrocínio do Corinthians não fugiu à realidade do mercado e ficou em 16 milhões de reais. Minha previsão é que ficaria nessa faixa, entre quinze e dezesseis.

É a faixa em que estão os patrocínios do Flamengo e São Paulo. São, não por coincidência, os três times com maior exposição de mídia. O dono de uma lagosta, por mais bonita que seja, pode pedir por ela cem caraminguás, mas se as outras bancas estiverem vendendo as lagostas por cinqüenta, é cinqüenta que ele vai conseguir pela sua. A menos que encontre um comprador desinformado e cheio de dinheiro para gastar. Isso pode acontecer na ilusão de um blog e nos sonhos de cartolas, mas não na dura realidade dos mercados competitivos, nos quais sobrevivem apenas os mais aptos e que melhor gastam ou investem seus caraminguás.

O novo patrocínio do Palmeiras foge à realidade do mercado, pelo menos nas palavras de dirigentes do clube, que anunciaram-no como sendo de 12 milhões para o futebol profissional, mais 7 milhões para investir na base e 2 milhões como bônus em caso de conquista de título, num sonoro total de 21 milhões de reais.

Sonoro, sem dúvida, verdadeiro, nem tanto.

Há alguns dias comentei aqui mesmo que esse patrocínio da Fiat seria na casa de 10 milhões de reais, valor semelhante ao patrocínio da Semp Toshiba para o Santos. Continuo acreditando nisso. Embora a torcida palmeirense seja maior que a santista, a exposição de mídia do time da Vila tem sido bem maior e mais consistente que a palmeirense, e é isso que conta na hora de fazer a conta do quanto vale o patrocínio. Sem milagres. Todo clube, se campeão, ganha mimos de seu feliz patrocinador. Resta saber, contudo, qual ou quais títulos darão direito aos mimos.

Uma coisa é vencer o Campeonato Brasileiro.

Outra coisa é vencer a Copa do Brasil.

Outra, ainda, é vencer o Campeonato Paulista.

Cada uma tem um determinado valor de mercado e cada valor de mercado, pela lógica capitalista, dá direito a um determinado mimo.

Investir na base...

A direção palmeirense não deixou claro – aliás, quase nada é claro na Sociedade Esportiva Palmeiras no quesito “finanças”, a começar pelo balanço, ausente do site oficial e, parece-me, de toda a internet – como será esse “investimento”. Normalmente, dinheiro indexado a alguma meta ou ação, tem seu uso controlado por quem o forneceu. É como a mãe que dá ao filho o dinheiro para comprar um lanche na escola. Se for uma boa mãe, ela vai checar se o moleque comprou e comeu o lanche, ou se gastou com gibis na banca da esquina (isso recorda-me algumas, digamos, reprimendas de meus tempos de infância). Ou seja, você tem, mas de fato não tem o dinheiro. Afinal, se o moleque for o terrível Joãozinho da piada e quiser gastá-lo com mulheres e champagne, não poderá fazê-lo. Coisa mais chata essa...

Como que confirmando tudo isso, o jornalista Marcelo Damato publicou ontem, em seu blog, o seguinte comentário:


"O dinheiro da Fiat é menor

Quinta-feira, 20 dezembro 2007 by Marcelo Damato

Dois importantes quadros da situação do Palmeiras disseram e repetiram a este blog em conversas separadas que os valores divulgados na mídia (R$ 12 milhões por ano para os profissionais, mais R$ 7 milhões por ano para a categoria de base) estão muito acima da realidade.

O que chama a atenção é o número para a categoria de base. O São Paulo, que pode ser usado como referência, gasta pouco mais de R$ 2 milhões por ano. Com o valor que está sendo ventilado, os juniores do Palmeiras poderiam tomar banho em banheiras de mármore italiano.

Por uma questão de contrato, o Palmeiras não pode divulgar os números.



O Palmeiras fechou o balanço de 2006 com um déficit de 37,2 milhões de reais, mais de sete vezes superior ao déficit de 2005, que ficou em 5 milhões de reais. Se o ano de 2007 não foi tão ruim quanto 2006, tampouco foi um primor. Noticiou-se ainda nessa semana que o clube pediu à Adidas 3 milhões de reais adiantados sobre o patrocínio de 2008. Outros adiantamentos foram pedidos e recebidos durante o ano. Sabe-se, também, que só com o Bradesco o clube tem uma dívida de curto prazo no valor de quatorze milhões de reais. E Vanderlei Luxemburgo custará aos cofres palmeirenses a bagatela de 6 milhões de reais por ano, fora os novos membros que ele trouxe e ainda trará para compor sua Comissão Técnica.

Em contrapartida, a Trafic do palmeirense J.Hawilla entrará com 40 milhões de reais no futebol profissional.

Em que condições de fornecimento e retirada do dinheiro?

Em que condições de gestão desse valor?

Em que condições de gestão do clube e do time?

Por tudo isso, e muito mais, tenho dúvidas sobre esse mundo de maravilhas anunciado por dirigentes do Palmeiras.

Ou deveria dizer cartolas do Palmeiras?

No outro Parque, em contrapartida, a nova direção vem fazendo quase tudo certo, com alguns deslizes – como Antonio Carlos Zago, por exemplo – e desacertos, mas no caminho correto, de maneira geral. Leiam, ou releiam, os posts “Vantagem estratégica” e “Previ$ões 2008”, a respeito.


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quinta-feira, dezembro 20, 2007

Feliz Natal. Feliz 2008.

Beleza e graça associadas a esforço e persistência.

Elegância e trabalho.

Muito se pode falar desse encontro entre a flor e o colibri...

Essa simples imagem, porém, falará mais do que eu posso escrever.

Melhor ainda, cada um poderá fazer sua própria leitura.


Feliz Natal.

Feliz 2008.

Que a busca da felicidade e a realização no trabalho

tragam flores e néctar, beleza e graça, harmonia e elegância,

saúde e paz.

Emerson


Foto de um beija-flor-tesourão em flor de mini-grevílea. Sitio das Macaúbas, julho de 2007.

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Copa Santander Libertadores - começou o aquecimento




2008



“A partir de 2008, a Copa Santander Libertadores de América será a maior e mais importante ação de comunicação institucional e de marketing do maior banco latino-americano.”

A frase acima marcava o início do post de 11 de setembro desse blog – “Uma Nova Libertadores” – e agora abre também esse, o que terá sua razão de ser, como vocês verão mais adiante.

Começou o aquecimento


A noite chuvosa da quarta-feira paulistana deixou isso mais claro que nunca.

Enquanto a CONMEBOL, meio atrapalhadamente, sorteava os grupos que disputarão a edição 2008 da Copa, a primeira sob o patrocínio Santander, em São Paulo o banco falava de seus planos de comunicação tendo como base a Copa Santander Libertadores. Ao lado de Armando Pompeu, Vice-Presidente do Segmento Pessoa Física do banco, alguns ídolos do passado distante e recente: “seu” Pepe, segundo maior artilheiro do Santos, ou o maior entre os humanos, já que o maior é Pelé – que “teve” que autografar um boné para um certo blogueiro – , Zetti, Caio e Muller.

Os grupos já são conhecidos de todos, assim como as mais diferentes análises sobre cada um deles, suas dificuldades, características, os favoritos e muito mais. Até o “grupo da morte” já foi eleito, tanto nas diversas redações e conversas de internet, como na hora mesma do evento: o Grupo 8, que tem o Fluminense como cabeça-de-chave. Sem dúvida, um grupo difícil, principalmente pela presença da LDU, mais na aparência que na prática, uma vez que a LDU não está bem das pernas. Potosí ficou, talvez, para o Cruzeiro, se passar pelo Cerro Porteño.

Um pouco de altitude

Por toda parte já pipocam as queixas contra a altitude, agora apimentadas pelo vai-e-vem da FIFA em relação às seleções nacionais, amenizado pela postura da CONMEBOL, que simplesmente ignora o fator altitude. Como já escrevi nos últimos anos, a altitude de La Paz, Oruro, Cuzco e Potosí é chata, mas não é mortal. Quito, Bogotá, Medelllin, Guadalajara, Cidade do México não apresentam maiores problemas, embora a Seleção Brasileira não pense assim, bem como o Flamengo. Todavia, esta é a nossa América Latina, e a altitude é tão característica dessas terras como o calor úmido e sufocante de Manaus, Cuiabá, Belém e outras muitas cidades igualmente aprazíveis. Mas esse foi o tema dominante nas perguntas feitas aos convidados da noite. “Seu” Pepe recordou uma viagem a La Paz, quando ainda jogava no Santos, em que ficou surpreso ao ver as nuvens passando por baixo da janela... do ônibus. Sem dúvida, a melhor da noite. Muller recordou que os donos de grandes preparos físicos da seleção de 93 – Cafu e Jorginho – tiveram problemas em La Paz, ao passo que os velocistas, ele principalmente, nada sentiram. Muita gente ainda hoje associa maior resistência à altitude ao melhor preparo físico. Nada tem a ver uma coisa com outra, de certa forma organismos mais leves respondem melhor, adaptam-se melhor ao jogo na altitude, como foi o caso de Palhinha, melhor em campo em Oruro, a pouco menos de 4.000 m, na vitória do São Paulo em 92 ou 93.

Mas, deixemos os gramados de lado e voltemos ao evento de lançamento.

Uma nova Libertadores

Ao usar esse título meses atrás, imaginava diferenças entre a Copa patrocinada pela Toyota e a que agora é patrocinada pelo Santander. Estava correto na avaliação, mas eu mesmo não tinha idéia, ainda, da nova dimensão que a Libertadores tomará.

Armando Pompeu foi claro: “o patrocínio à Copa Santander Libertadores será uma ferramenta fundamental para elevar o conhecimento da marca Santander, já que o futebol é uma paixão em toda a América Latina”. Nesses países, o banco tem uma carteira com nada menos que 23 milhões de clientes distribuídos por um universo de 4.400 agências. E todo esse contingente imenso de pessoas e pontos de venda estará, doravante, fortemente ligado à Copa por meio de ações de marketing, produtos criados com base no torneio ou ligados a ele. Um desses produtos será a concessão de créditos especiais para a compra de pacotes – ingresso, viagem e estadia – para o torcedor que quiser acompanhar jogos de seu time em outros países.

Alem das promoções, o banco investirá fortemente em comunicação aberta, com campanhas em televisão aberta e paga, jornais e cinema. A Libertadores deixará de ser um assunto só enxergado nas páginas e programas de esporte, pelo contrário, entrará nas casas das pessoas no meio das novelas e dos noticiários.

Pompeu deixou entrever que a família estará no foco do banco nas promoções para os jogos. Mais um ponto interessante.

Esse, sem dúvida, constituirá o maior diferencial da competição em relação à forma como era divulgada no passado. Quando uma empresa do porte do Santander tem como meta crescer no varejo, “aproximando pessoas por meio da ligação com o futebol”, os resultados têm tudo para ser muito animadores, quem sabe espetaculares.

Presença mundial

Em conversa com esse Olhar Crônico Esportivo, Pompeu reconheceu que será muito interessante uma possível entrada de times americanos na Copa Libertadores, e falou que esse patrocínio insere-se numa visão mais ampla de comunicação e crescimento da marca em todo o mundo. Segundo ele, a Copa já é uma atração crescente na Europa e na Ásia, e isso também foi levado em conta para fechar o patrocínio.

A meta do banco é ser uma das dez marcas mais conhecidas do mundo, e parte da estratégia para atingir essa meta está baseada no futebol e no automobilismo, especificamente o patrocínio à Libertadores e à equipe McLaren na Formula 1.

No caso brasileiro, e isso é importante, foi destacada a tradição e o peso do vôlei, que tem o Montanaro, também presente ao evento, como seu diretor técnico. Muito do que é o vôlei brasileiro hoje, deve-se ao apoio que o antigo Banespa dedicou ao esporte durante décadas, trabalhando desde o infantil até a manutenção de uma equipe de ponta, várias vezes campeã brasileira e sul-americana.

De volta ao futebol: a Copa Santander Libertadores dará ainda mais visibilidade ao futebol latinoamericano e ao brasileiro, em particular, dependendo, é claro, de quão competentes nossos times venham a ser dentro de campo. A competição está mudando de status, ficará mais próxima da importância da Champions League, por exemplo, beneficiando o futebol das três Américas como um todo.

Mais um bom motivo, mais um bom momento para que, no caso brasileiro, o calendário seja revisto e adequado ao calendário europeu e asiático. Disputar a Libertadores e não esticar a disputa excursionando e jogando pela Ásia e Europa, não deixará de ser um desperdício. Boca e River, com certeza, farão isso mais do que já fazem.

Senhoras e senhores, em breve nas telinhas, Copa Santander Libertadores.

Uma vez mais, seja bem-vinda.


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segunda-feira, dezembro 17, 2007

Previ$ões 2008

Corinthians

Ainda na noite do domingo em que o time foi rebaixado, esse Olhar Crônico Esportivo previu – Vantagem Estratégica? – que o clube, no aspecto financeiro, teria um bom 2008, devido à manutenção de suas receitas, talvez até com um crescimento e, claro, devido às menores despesas provocadas pela disputa da Série B. Duas semanas depois daquele post, é com prazer que transcrevo parte de matéria da Folha de S.Paulo de hoje, com dados da previsão orçamentária de 2008 do clube, enviada a seus conselheiros.

Corinthians calcula R$ 7 milhões de superávit em 2008

Previsão orçamentária, enviada a conselheiros, projeta receitas de R$ 90 milhões e despesas de R$ 83 milhões

Discussão sobre finanças põe fim a curta trégua entre situação, que clama por união, e oposição, que pede transparência nos números

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Corinthians de 2008, mesmo na Série B do Brasileiro, terá mais fôlego financeiro que o deste ano e prevê superávit de R$ 7 milhões. Essa é a projeção da diretoria, que enviou ao Cori (Conselho de Orientação) na última sexta a previsão orçamentária para o próximo ano.
No documento, a estimativa de receitas beira a casa dos R$ 90 milhões, e as despesas não devem ultrapassar R$ 83 milhões. Os números, quando confrontados com o balanço de 2006, por exemplo, mostram que o clube projeta elevar seus rendimentos em até 50% e diminuir os gastos em 24%.
Para alcançar essa meta, que ainda pode ser alterada, o Corinthians se apóia em projetos de marketing para auferir receitas e na reestruturação administrativa para frear a sangria que provocou a dívida de R$ 95,7 milhões.
Somente com os direitos de transmissão de TV, o clube diz que receberá, no ano que vem, R$ 24 milhões. Em 2007, o ganho foi de R$ 21,7 milhões.
O clube alvinegro também já cortou gastos em praticamente todas as áreas. Só no departamento jurídico, as despesas tiveram redução de R$ 125 mil para R$ 20 mil mensais.
Na última sexta, os corintianos, além de firmarem acordo para pagar 6 milhões ao Lyon, acertaram dívida com o técnico argentino Daniel Passarella e seu auxiliar, demitidos em 2005. O clube vai pagar cerca de R$ 3 milhões em 18 vezes.

Como esse blog antecipou a seus leitores, a dívida de 96 milhões de reais a valores de outubro/2007, embora grande, tem um perfil que permite negociação e pagamento com prazos mais longos, o que já está sendo posto em prática pela nova administração. Como de hábito, a cobertura deixa um pouco a desejar. Em 2007 o Corinthians recebeu, sim, 21,7 milhões de reais, mas referente apenas ao Campeonato Brasileiro e como valor bruto. O líquido foi de R$ 18.637.500,00 tal como pode ser visto no post já citado de 2/12 – “Vantagem Estratégica?” e nos de 9 e 19 de outubro, específicos sobre esse tema, a verba da TV do Campeonato Brasileiro.


São Paulo

Bem diferente, naturalmente, é a situação prevista para o São Paulo no aspecto financeiro. Com a venda de Breno, e seu pagamento à vista, o clube fecha 2007 com o espantoso valor de 40 milhões de dólares, equivalentes a 71 milhões de reais de receita bruta. Desse total, devem ser descontados alguns valores referentes a participações dos próprios atletas e empresários, mas ainda assim é um número muito alto. Independentemente dele, porém, o clube deve fechar o balanço do ano com crescimento de receita um pouco acima do valor obtido em 2006, ou no mesmo patamar, apesar da eliminação precoce na Libertadores de América. Isso foi possível graças ao crescimento nas operações de licensing de produtos Tricolores, tanto pela Reebok como já pela Warner, além de ganhos nos valores de direitos de TV e publicidade.

Ano


Receita Total


Transferências

TV/MKT/BIL/OUT

2005


112.983


26.152

86.831

2006


122.302


21.789

100.513

2007


172.800


70.800

102.000

(*) Valores de 2007 estimados pelo Olhar Crônico Esportivo

As receitas do São Paulo em 2007 equivalerão, pela estimativa desse blog, a cerca de 69 milhões de euros, dos quais praticamente 41 milhões de euros referentes a receitas da atividade sem transferências de jogadores. Mesmo assim, esse valor ainda deixaria o clube tricolor dezesseis milhões de euros longe de poder figurar na rabeira dos 20 clubes mais ricos do mundo, de acordo com o levantamento Deloitte Football Money League. Segundo o mesmo, o 19º da lista, o West Ham, faturou 87 milhões de euros na temporada 2005/2006, ficando o português Benfica em 20º lugar com 85 milhões de euros. A respeito, e a lista dos 20 mais, foi postada aqui em 8/2/2007, para quem quiser dar uma outra olhada ou ver pela primeira vez.

O pior: o levantamento Deloitte não considera os valores obtidos com transferências de jogadores. Portanto, os bonitos 69 milhões transformam-se em modestos, pelos padrões europeus, 41 milhões de euros. Muito pouco, sem dúvida. Por outro lado, justificando a primeira comparação, o São Paulo, assim como o Cruzeiro e outros clubes, tem na transferência de jogadores uma fonte regular de receita, ao contrário de clubes europeus, onde a uma transferência segue-se uma contratação de igual peso e valor, geralmente. No caso do São Paulo, essa receita é ainda mais verdadeira por tratar-se, em sua maior parte, de jogadores formados na base, ou que chegaram já em sua fase final de preparo para se tornarem profissionais (Ilsinho, por exemplo).

Dependendo do desempenho do time na Copa Santander Libertadores, o ano de 2008 poderá ser brilhante em termos de receitas, uma vez que o patrocínio da Reebok dobrou de valor, e a receita vinda da televisão terá significativo crescimento trazido pelo novo contrato de venda de direitos de transmissão do Campeonato Paulista (até hoje a Federação Paulista de Futebol não informou esse blog sobre os valores a que cada clube terá direito), seguida por aumento na verba do Brasileiro graças ao crescimento das vendas do pay-per-view.


Palmeiras e Santos

O Palmeiras começará o ano com novo patrocinador, ainda não confirmado oficialmente, a Fiat, que pagará dez milhões de reais por ano pelo direito de estampar sua marca na camisa alviverde. Ao mesmo tempo, a Adidas propôs um novo acordo de patrocínio, com validade até 2011, antecipando em um ano a renovação do atual contrato que vencerá em dezembro de 2008. O clube recusou a oferta. Comenta-se que a direção da Adidas não gostou dessa postura, mesmo porque anteciparam pagamentos durante 2007 para ajudar o clube em momentos difíceis e esperavam uma contrapartida. Fontes palmeirenses dizem que a recusa foi motivada pela entrada de J. Havilla e outros empresários, como Delcir Sonda no clube, injetando dinheiro no futebol. Esse filme é velho e de final, na melhor das hipóteses, incerto. Crescimento real, verdadeiro, sustentável, dá-se apenas com recursos próprios.


O Santos já renovou seu patrocínio com a Semp Toshiba por mais dois anos, indo até dezembro de 2009. O valor é o mesmo que a Fiat pagará ao Palmeiras: dez milhões de reais por ano. Espera-se um ano mais equilibrado no aspecto financeiro com a saída de Vanderlei Luxemburgo. No mínimo uma parte de sua equipe deverá deixar a Vila, também, e mesmo com a chegada de profissionais caros, como Emerson Leão e alguns assistentes, as despesas do futebol serão menores, dando mais fôlego à administração.



De maneira geral, os 4 grandes paulistas terão um bom crescimento em suas verbas de TV graças aos novos valores do Campeonato Paulista. Em 2008 terminará o contrato do Clube dos 13 com a Globo, referente aos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. Nesse último ano de vigência do atual contrato, os valores recebidos pelos clubes serão um pouco maiores em função do aumento nas vendas dos pacotes de ppv, como foi dito acima. A grande mudança, porém, está prevista para 2009, com um novo contrato entrando em vigor. A entrada em cena da Rede Record deverá, no mínimo, levar a um aumento significativo nos valores, tal como ocorreu no Campeonato Paulista, onde o valor total pago passou de 36 para 60 milhões de reais (tão logo a Federação informe as cotas, esse valor será atualizado). Esse blog acredita que o novo valor do BR ficará em pelo menos 500 milhões de reais em 2009.

As negociações já começaram e o Clube dos 13 vive dias de certa turbulência.


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