Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sábado, novembro 29, 2008

O BR dos patrocínios



... e o BR dos empréstimos e adiantamentos...



O campeonato dos patrocínios está complicado, talvez um pouco menos que o campeonato dos empréstimos e adiantamentos. Ou talvez muito mais. Tudo que sabemos é muito pouco, talvez nada. Como sempre correm boatos no mercado, fica difícil saber qual boato é mais ou menos factível.


Vasco da Gama
A única novidade concreta neste campeonato nós tivemos na semana que passou: o distrato do Vasco com a Reebok e a assinatura de novo contrato com a
Champs.

Pela reação da Reebok e pela citação explícita da quebra de sigilo, fica claro que os valores antigos revelados pela nova diretoria vascaína são verdadeiros e não chegam à metade do valor do novo acordo: 7,4 milhões de reais por ano, dos quais 6 milhões em dinheiro.
Já escrevi muito sobre isso, inclusive sobre os desdobramentos que estamos vendo. Considerando o cenário mundial e brasileiro, mantenho minha avaliação original: é um bom contrato (levando em consideração, claro, o que sabemos a respeito).

Ainda no Vasco, aguarda-se para os próximos dias o prometido anúncio oficial do patrocínio da estatal
Eletrobrás. Não há informações a respeito, mas, caso se concretize, seu valor deverá ficar por volta de dez milhões de reais, no mesmo patamar, portanto, do patrocínio palmeirense para 2009 (na avaliação e previsão deste blog).



Flamengo
Ainda às turras com a
Petrobrás. O clube pediu um mínimo de 20 milhões para renovar, deixando fora os esportes olímpicos, livres para buscarem seus próprios patrocínios.
A contraproposta Petrobrás foi manter os mesmos 16,2 milhões de reais desse ano, aplicando uma correção correspondente à inflação do período, o que deve ter levado a proposta a algo entre 17,5 e 18 milhões de reais, com os esportes olímpicos e mais a TV Fla incluídos, tal como nesse ano.

Enquanto este blog é lido, as negociações prosseguem. A PET já disse há dias, por meio de seu executivo da área, que não vai aumentar os valores. O Flamengo já deveria ter ido seriamente ao mercado em busca de novo patrocinador, mas ficou preso ao cômodo patrocínio da estatal, mesmo com as freqüentes suspensões de pagamento por conta de problemas fiscais.

Além de ter ido seriamente ao mercado, o clube deveria ter esperado mais tempo antes de enviar sua proposta à empresa, ainda mais da forma como feito o envio, com câmeras e holofotes em cima, criando um fato midiático de uma simples entrega de proposta.


Palmeiras
Ainda em discussão a renovação da
Fiat. A Suvinil tem contrato até 2010.
No caso Fiat o clube tem um trunfo precioso: o apoio nada sutil do governador José Serra, palmeirense de carteirinha e que, quando ministro, chegou a bater boca com Felipão sobre a escalação da equipe.

O mais provável é que não haja grandes mudanças e o novo valor corrija monetariamente os 8,5 milhões pagos em 2008, talvez até chegando a dez milhões de reais. Esse é o valor do patrocínio de fato.

Premiações por títulos não devem ser consideradas como parte do pacote, ao contrário do que fez a SEP – Sociedade Esportiva Palmeiras – em dezembro passado, ao anunciar o acordo com a Fiat.

A Suvinil pagará em torno de 40% disso, algo como 4 milhões de reias, pouco mais, pouco menos, o que levará o patrocínio conjunto Fiat/Suvinil para um valor entre 13 e 14 milhões de reais, contra os atuais doze milhões.


Sport Club Corinthians Paulista...
... aparentemente, Luiz Paulo Rosemberg está em compasso de espera. A menos que já tenha algum patrocínio muito bom em fase adiantada de acerto, o mais provável é que espere o São Paulo fechar com seu novo patrocinador para, então, exigir um valor no mínimo semelhante ao do São Paulo. Se eu fosse diretor do Flamengo estaria com a mesma postura.

No Corinthians uma coisa é certa: a Medial sai, fato já anunciado até pela empresa. Sanches e Rosemberg contam com pelo menos 20 milhões de reais, um bom crescimento em relação aos atuais 16,5 milhões.

Aqui um ponto a favor do clube para 2009: tal como no caso do Palmeiras e também do São Paulo no próximo ano, haverá negociação separada, para outra empresa, das
mangas da camisa. O contrato em vigor foi mal redigido, essa é a explicação cabal e verdadeira, e com isso o clube, que imaginava negociar as mangas por um grande valor – algo como 5 a 6 milhões – teve de submeter-se à vontade do patrocinador.

Nos corredores do Parque São Jorge comenta-se que o patrocínio será de 20 milhões, fora as mangas, o que poderia dar ao Corinthians um patrocínio de camisa somado no valor de 24 a 26 milhões de reais, dentro dessa projeção.

As bocas estão bem fechadas na Fazendinha, e não há, ainda, circulação de nomes prováveis ou possíveis.


São Paulo
O jornal O Estado de S.Paulo publicou nesta última quinta-feira, boa matéria sobre o tema, com o vice-presidente de marketing, Julio Casares.

Em linhas gerais, diz o artigo que depois de suspender as negociações e aguardar pelo desenrolar dos acontecimentos nos Estados Unidos e na Europa, a direção resolveu bancar a pedida e está apontando que vai conseguir um valor superior ou igual a trinta milhões de reais.
A matéria do jornal não diz, mas assim como o Corinthians o São Paulo vai negociar separadamente as mangas do uniforme.

Julio acredita conseguir esse valor em função dos diferenciais positivos do clube e da alta exposição de mídia da marca a ele associada.

O que se ouve no Morumbi é que há quatro empresas seriamente interessadas: a chinesa
AOC, maior fabricante mundial de monitores e que está entrando no mercado de televisores; se o acordo for com eles, será uma situação com pontos de semelhança ao início do patrocínio da LG, uma marca, na época, pouco conhecida.

A própria
LG é uma candidata, mas a direção do São Paulo, aparentemente, não vê com bons olhos essa parceria, recordando que em 2004 o acordo foi firmado à custa de decisão judicial buscada pela patrocinadora, pois o São Paulo pretendia fechar com a Siemens. Outro imbróglio que desagradou à diretoria ocorreu em 2007, no início do ano, quando uma crise sobre o espaço da Habib’s nos uniformes de treinamento e no CT da Barra Funda, levou à suspensão do pagamento por dois meses.

Um parênteses necessário: considerando os movimentos feitos pela LG nas últimas semanas na Europa e nos Estados Unidos, como o patrocínio da Formula 1 e as prováveis investidas no esporte americano de alto nível, até mesmo ocupando espaços deixados vagos pela seguradora AIG, não é difícil imaginar que os coreanos renovem com o São Paulo dentro de uma visão global de comunicação e do uso do esporte como plataforma preferencial. Hoje, na America Latina e junto a parte da comunidade hispânica americana, o São Paulo é um nome bastante conhecido.

Outras duas eletrônicas, a coreana
Samsung e a japonesa Sony, nome que começou a ser ventilado somente agora, são igualmente possíveis.

Mas parece haver uma discreta preferência, pelo menos por parte dos torcedores, pela patrocinadora do Arsenal, do PSG e talvez do Milan, a
Emirates Airlines.
Como este Olhar Crônico Esportivo já abordou anteriormente, a Emirates está muito satisfeita com sua rota São Paulo/Dubai, recebendo também os passageiros que vêm e que vão para Buenos Aires. Há conversas em andamento sobre a possibilidade de Viracopos vir a receber os gigantescos Airbus 380, o maior avião do mundo, que propiciaria um enorme salto nessa ligação, com seus 700 a 800 passageiros em cada vôo. A Emirates, também, é patrocinadora da
FIFA, assim como a Visa, que vai reformar todo o anel térreo do Morumbi, e isso se encaixa à perfeição na luta do São Paulo para ter o jogo inaugural da Copa do Mundo de 2014.

Enfim, há muitas fichas em jogo nesse momento nos cinco maiores clubes brasileiros em número de torcedores.

Aparentemente, não há movimentação no
Cruzeiro, mas nunca se sabe, pois além dos Perrela controlarem tudo de forma absolutista, mineiro trabalha em silêncio, como dizia meu pai, que ficava em silêncio, sim, mas assobiava.

O
Clube Atlético Mineiro enveredou pela contramão. Parece que vai sair dela, parece, mas é bom esperar por alguma coisa mais concreta.

Tudo em calma no
Santos, pelo menos aparentemente, que segue patrocinado pela Semp Toshiba.

Nas Laranjeiras, o clima parece calmo e calma parece a relação com a Unimed, uma das maiores parcerias do Brasil em valores, já que não dá para chamar simplesmente de patrocínio essa relação.
O probema, nesse caso, é que a relação dá-se entre o
Fluminense, uma instituição, e Celso Barros, presidente e dono da Unimed. Relações como essa podem ser boas demais ou o oposto.

O
Botafogo, sob nova direção, não deverá apresentar novidades, mas Assumpção terá um trabalho hercúleo pela frente, em duas áreas: administrativa, financeira e marketing.
Controlando rigidamente, mantendo o clube viável e gerando o máximo possível de receitas.

O
Grêmio quer romper suas amarras espertamente cravadas pelo Banrisul, mas parece ser mais recomendável levar a relação até um final feliz, sem traumas. No Brasil ninguém em seu juízo perfeito briga com banco oficial. Afinal, manda quem pode e obedece quem tem juízo.

O
Internacional está preso às mesmas amarras.
Amarras de baixo valor: três e meio milhões de reais por ano para cada clube.
Numa análise rápida e simples, sem maior aprofundamento, esse valor deveria estar na casa dos oito milhões, pelo menos.


Esse é o campeonato em andamento.
Faltam informações.
É difícil, inclusive, conseguir balanços de clubes grandes, importantes.
Já o Barueri não faz segredo e sempre forneceu seu balanço.


Vale destacar que o crescimento de patrocínios e receitas de licensing nos grandes clubes têm reflexos positivos sobre toda a cadeia do futebol, em verdadeiro efeito cascata. Às vezes é difícil perceber a floresta em meio às árvores, mas há mudanças em curso.
Para melhor.

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sexta-feira, novembro 28, 2008

O BR dos empréstimos e adiantamentos...


... e o BR dos patrocínios



O BR do futebol está entrando em sua penúltima rodada. Possivelmente, o novo (velho) campeão será conhecido domingo. Caso contrário, no outro domingo, impreterivelmente, chova ou faça sol.

Já o outro BR, o dos patrocínios, campeonato que não é disputado sob a égide da CBF e de nenhuma – Thank’s God” – das federações estaduais, não tem data para acabar. Sequer sabemos em que pé ele está, quem está jogando, quanto é o placar, qual o tempo que resta de jogo, nada, enfim. Tudo que temos são especulações, algumas alimentadas por dirigentes, outras a anos-luz de distância a dar-se crédito aos boatos e contra-boatos.

Vamos, então, a um rápido panorama desse tema tão fascinante, embora não tenha nenhuma coleção de números – 352, 442, 433 e outras – a acompanhá-lo.

Antes, porém, de falarmos desse campeonato estimulante dos patrocínios, o campeonato “do bem”, vamos dar uma olhada no campeonato “do mal”, o dos empréstimos e adiantamentos.



Há um ponto básico a ser considerado, previamente: o Crash de 2008.
Wall Street ruiu e com ela ruiu o crédito também por aqui.

No Mato Grosso, sojicultores arrancam os cabelos e apertam os cintos das jeans porque não têm crédito para comprar os insumos necessários a uma nova safra.
Por todo o país, felizes compradores do primeiro carro, e já um Zero Km, tornam-se infelizes inadimplentes, com um horizonte nada amigável de 50, 60 e até 90 parcelas mensais ainda por pagar.

No Rio de Janeiro e em São Paulo, dirigentes de clubes poderosos arrancam seus cabelos e afrouxam gravatas francesas porque não têm dinheiro para a 1ª parcela do 13º, essa maravilhosa invenção tupiniquim, criada num rasgo de gênio para manter os pobres mais pobres com salários de fome o ano inteiro, até que no Natal... Voilá!
Um dinheirinho para comprar um panetone e uma garrafa de cidra.

Voltando ao futebol, os dirigentes que afrouxaram as gravatas francesas tampouco têm dinheiro para a 2ª parcela do 13º. Pior ainda, muitos deles sequer têm dinheiro para o salário... de outubro, de novembro, de dezembro e para o dinheirinho adiantado das férias, com essa outra grande invenção tupiniquim (repetitivo, né?): o adicional sobre as férias e mais o salário das férias.

Haja dinheiro.

Dezembro é o pior mês do ano para qualquer empresário brasileiro. Novembro passa perto, quase tão ruim quanto. No caso do futebol, o janeiro que se segue ao dezembro é igualmente tenebroso: só despesas, quase nenhuma receita. Fevereiro é idêntico. Essa quadra, novembro a fevereiro, aterroriza os dirigentes e deveria ser estímulo bastante para que eles planejassem as contas ao longo do ano. Mas qual!

Jacaré planejou?
Nem eles.

Todo ano repete-se a mesma velha história, ou como diz a música gloriosa de Casablanca, the same old story. Bate o desespero.

Os ouvidos do pessoal do Clube dos Treze devem estar doendo, tantos devem ser, com certeza, os telefonemas do presidente fulano, do presidente cicrano, do presidente beltrano, todos com o mesmo pedido: fala aí com a Globo e dá um jeito de liberar mais adiantamento que eu preciso pagar as contas do clube.

A coisa é tão braba que ainda nessa semana o São Paulo mandou um recadinho à BWA: manda logo o dinheiro da renda de domingo. Com todos os 68.000 ingressos vendidos desde a semana passada, e o pagamento da 1ª parcela do 13º estourando, não dá para ficar esperando a remessa do numerário. Pedido feito, pedido atendido, e 500.000 reais, segundo a Folha, caíram nos cofres tricolinos bem a tempo. Mas não é nada difícil que o clube tenha pego algum empréstimo para cobrir esse período.

Boa parte dos clubes acostumou-se a não se preocupar muito com tudo isso, graças a outra grande arte brasileira: a empurrometria abdominal. Ou, vulgarmente, a arte de empurrar com a barriga ou, muito pior, a arte de puxar os ganhos futuros para pagar os gastos presentes (mais grave ainda é tirar do futuro para pagar o que já é passado, outra coisa muito comum).

Mas, tem o Crash.
O Crash secou as fontes de crédito ao norte do Equador, e o reflexo dessa seca bateu mais rápido que o normal ao sul do Equador, evaporando igualmente o crédito que até poucos dias atrás abundava, desde para comprar um zero km em suaves 96 parcelas, até o adiantamento, com os juros, taxas e IOF de praxe dos ganhos futuros com direitos de TV e mais patrocínio e mais isso e mais aquilo...

Opa, alto lá!
No caso dos clubes não tem “mais isso e mais aquilo”. As parcas fontes de renda dos clubes brasileiros estão hoje, praticamente, limitadas à TV e aos patrocínios.

Espero que este blábláblá recheado com algum besteirol tenha passado uma idéia mais clara do porque dos atrasos salariais. Do porque o Palmeiras pegou mais um empréstimo com Salvador (salvador de fato e de nome) Palaia, e adiantou já a maior parte da verba de TV da FPF, e a terça parte de seu patrocínio Adidas para 2009.
Além de outros adiantamentos de TV do Clube dos 13 e mais empréstimos de outros diretores, conselheiros e beneméritos. Do porque o Corinthians, o Galo, o Botafogo, com certeza também o Flamengo, e por aí vai, também vivem situações idênticas.

O ano que se avizinha tinha tudo para ser um divisor de águas em nosso futebol: novo e excelente acordo sobre os direitos de TV, novos patrocínios com valores de 1º Mundo (antes do Crash e da queda do câmbio), crescimento no público médio do Campeonato Brasileiro, aumento nas receitas com licensing em grandes clubes, mas o terremoto que ainda abala as estruturas da economia mundial botaram essas expectativas por terra.

Agora, é continuar aguardando.

Na próxima postagem, O BR dos patrocínios



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quinta-feira, novembro 27, 2008

Mau começo da “agenda positiva” vascaína

Toda mudança é fruto de um processo, ora mais longo, ora não muito longo. Quando muito rápido, o mais provável é que a mudança dê em nada e tudo volte a ser como sempre foi.

Os humanos, porém, têm a tendência nada natural de querer acelerar os processos, sejam eles quais forem. As intenções, sempre (ou quase sempre) são as melhores, disso não tenho dúvidas. Não se pode, porém, falar o mesmo dos resultados.

A eleição da nova direção do Clube de Regatas Vasco da Gama foi um dos fatos mais importantes mais importantes do futebol brasileiro em 2008. Normalmente, não seria, tudo se resumiria a uma mera troca de guarda, a uma mudança de nomes. Entretanto, o Vasco é um dos maiores e mais tradicionais clubes do país, e seu processo eleitoral chamou a atenção de todo o mundo do futebol brasileiro, pois significou a saída de um personagem polêmico que por muitos anos dominou a cena ou foi figura importante no Vasco, no futebol do Rio de Janeiro e no futebol brasileiro.

Roberto Dinamite e sua equipe assumiram um clube em condições terríveis em muitos sentidos, desde o esportivo até o financeiro. Pelos relatos recebidos, a situação era caótica ou perto disso, dificultando sobremaneira a realização de um bom trabalho à frente do clube que vá além de apagar incêndios e pagar contas.

Sem recursos em caixa e correndo o risco, hoje quase certeza, de rebaixamento de divisão, a nova direção saiu à cata de recursos. Um deles foi negociar um novo contrato de fornecimento de material esportivo, associado a um patrocínio financeiro, fato que já foi mostrado em dois posts anteriores – “” e “Uma atitude incomum”.

Contrato assinado, a nova fornecedora já apresentou duas propostas de novos uniformes. Ambos geraram manifestações fortíssimas de desagrado e críticas pesadas à diretoria do clube e à patrocinadora. O vice-presidente de marketing, José Henrique Coelho, veio a público e disse que se tratavam de propostas para o terceiro e quarto uniformes, o que acalmou as críticas, mas não convenceu ninguém. Nada demais, apenas um erro de avaliação, pensei comigo, e não dei maior importância ao episódio.

Mesmo assim, identifiquei nele um possível propósito: desviar a atenção da torcida da situação da equipe no campeonato e dar, quem sabe, um pouco de sossego para o treinador e os jogadores. Uma tentativa, na minha opinião, de repetir o que fez o Sport Club Corinthians Paulista no final de 2007, logo após ser rebaixado, e que chamei aqui neste Olhar Crônico Esportivo de “
agenda positiva” do presidente Andrés Sanches.

Sempre na minha opinião, falhou o timing do marketing vascaíno; podem ter sido as ações corretas, incluindo o anúncio do novo patrocínio, mas na hora errada.



Na manhã de hoje fui surpreendido por e-mail com a nota oficial da
Reebok, ainda fornecedora e patrocinadora do clube até 31 de dezembro de 2009. Para não alongar ainda mais, transcreverei trechos da nota (disponível aqui na íntegra):

“2 - Ao contrário do que vem sendo divulgado por representantes do Vasco da Gama na mídia, não existe "comum acordo" entre a Reebok e o Vasco da Gama para rompimento do contrato;

3 - Em momento algum a Reebok foi comunicada oficialmente pelo Vasco da Gama sobre rompimento ou rescisão do contrato para a entrada de outra empresa fornecedora;

4 - Em momento algum o presidente do Vasco da Gama, senhor Roberto Dinamite, que segundo o contrato é quem tem poderes para agir em nome do clube, ofereceu a oportunidade de diálogo com representantes da Reebok para que o contrato pudesse ser discutido...;

5 - A cláusula de "confidencialidade" sobre termos, condições e valores prevista contratualmente foi quebrada inúmeras vezes pelo Vasco da Gama...”


Fiquei surpreso.

Não vou entrar no mérito dessa questão.
Já tinha estranhado a divulgação dos valores do antigo contrato, mas, por outro lado, achei excelente, pois é o tipo de informação à qual o torcedor raramente tem acesso. Mas os outros trechos da nota – como não haver comum acordo, não haver conversa prévia a respeito, são preocupantes. Uma nova direção não pode começar com esse tipo de problemas.

Membros da antiga diretoria já vieram a público e despejaram toneladas de acusações contra a nova direção. Entre outros pontos, disseram que a própria Reebok estava disposta a um novo contrato com o clube em bases mais generosas. Não duvido da intenção, não duvido da informação, mas duvido, e muito, que a nova proposta sequer se aproximasse dos valores fechados com o novo, ou futuro, patrocinador.

Foi dito, também, que essa mesma empresa que patrocinará o Vasco doravante, já tinha apresentado uma proposta com valores bem superiores. Aqui é bem simples: se isso de fato ocorreu, é irrelevante. Por um simples motivo: a crise provocada pelo Crash 2008, cujos efeitos já se fazem sentir, em especial na área financeira. Este blogueiro, em vista das novas circunstâncias de mercado, segue acreditando que o contrato é bom, sim, muito bom, até, mesmo porque a situação do time para 2009 não é tão atraente como era no primeiro semestre.

Justamente por acreditar na gestão de Roberto Dinamite e seus companheiros, não gostei nem um pouco desse episódio, que espero, para o bem de um clube tão importante para o futebol brasileiro, fique restrito somente a essa vez.

Da mesma forma que gostei, achei importante e elogiei a “agenda positiva” de Andrés Sanches, terei a mesma postura com uma “agenda positiva” de Roberto Dinamite.
Mas precisa ser bem feita.



Post Scriptum em 28 de novembro


O site Máquina do Esporte, divulgou hoje entrevista exclusiva do vice-presidente de marketing do Vasco, José Henrique Coelho, rebatendo os termos da nota da Reebok.
Sobre a acusação da atual patrocinadora de só saber do rompimento através da imprensa, disse o dirigente vascaíno:

""É um absurdo porque nós procuramos eles diversas vezes, e nos reunimos também, aqui em São Januário, em Jundiaí [sede da Vulcabrás, empresa que detém os direitos da Reebok no Brasil] e até uma em Porto Alegre. Só não houve formalismo em nenhum desses encontros"."

Coelho disse, também, que a Reebok foi informada do contrato com a Champs através de carta, da qual prometeu cópia.


Parece que, uma vez mais, teremos um longo processo se arrastando, começando por acusações de parte a parte e terminando nos tribunais.


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Em prol de Santa Catarina



O mundo do futebol mobiliza-se para ajudar as vítimas das enchentes em Santa Catarina. De forma quase simultânea, clubes como o
São Paulo, Internacional e Corinthians, além de outros, montaram postos para recebimento de doações de alimentos e roupas para as pessoas atingidas pelas águas, desabamentos e deslizamentos de terra.


Muricy e parte do elenco no lançamento da campanha

Ao mesmo tempo, o Clube dos Treze também mobilizou-se e além dos clubes já citados, também o Flamengo e o Coritiba montarão postos de coletas nos estádios, em seus jogos do final de semana.
No Morumbi, as doações podem ser entregues no Portão 1 até sábado e em todos os portões no domingo, dia do jogo contra o Fluminense.

O presidente Fábio Koff acertou com o
Sportv a cessão de espaço na programação, que será utilizado para a veiculação de mensagens incentivando os torcedores a colaborarem com os catarinenses.
Todos os sócios do Clube dos 13 estão sendo incentivados a colaborar com a campanha, que terá sequência até a última rodada do Campeonato Brasileiro.

“O futebol move paixões e deve também exercer sua função social. Todos, dirigentes, técnicos, jogadores e torcedores têm o dever de ajudar Santa Catarina neste momento de aflição”, disse o presidente do Clube dos Treze.

Que assim seja.


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Manchester United vai trocar de patrocinador...




... e Tiger Woods perdeu o seu



As notícias que vêm da Europa e Estados Unidos não surpreendem mais, pois já estamos preparados para recebê-las. Entretanto, se não mais trazem surpresas, elas continuam causando, ou melhor, aumentando a preocupação pelo cenário dos próximos dois anos, pelo menos.

É importante termos em mente que marketing e propaganda ativos são sinais de economias pulsantes, em crescimento ou estabilizadas (relativamente) com um alto nível de atividades. Quando essas ações são cortadas, simplesmente, isso é um sintoma de algo mais grave ocorrendo na base.

Boas ou más, não importa, são notícias e é sempre melhor conhecer o que se passa do que permanecer na ignorância. Esse post é típico de momentos como esse que vivemos: ao lado dos cortes de alguns, vem também a informação que outros estão aproveitando as oportunidades e investindo.

Outro ponto importante e que já foi destacado e convém recordar: pensando no futebol, os grandes clubes serão menos afetados pela crise que os pequenos.



Dois movimentos simultâneos:


1 – Em New York, confirmando previsões postadas ainda em setembro por este Olhar Crônico Esportivo, a
AIG – American International Group -, maior seguradora do mundo e também agente de inúmeras operações financeiras, está preparando o cancelamento de vários de seus patrocínios nas mais diversas áreas. Todas as despesas estão sendo cortadas, a ponto de seus principais executivos, a começar pelo presidente-executivo Edward Liddy, trabalharão nos próximos dois anos em troca do salário simbólico de 1 dólar. Isso mesmo: um só dólar.

Entre os patrocínios já cortados, segundo a Máquina do Esporte, estão os do New York Yankees e Houston Astros, no beisebol, os patrocínios do New York Knicks e Houston Rockets, que disputam a NBA, o torneio de tênis AIG Japan Open, o Irish Champion Hurdle, uma das principais provas hípicas da Europa e o New Orleans Jazz Festival. Segundo a Máquina do Esporte, a coreana LG e a Saudi Telecom assumiriam algumas dessas oportunidades.


2 – Embora tido como certo, apesar de válido até 2010, o Manchester United não foi mencionado na lista dos patrocínios cancelados, mas de acordo com matéria do The Telegraph e do site euFootball.BIZ, o clube já negocia há algum tempo com a
Saudi Telecom - STC.

Em agosto, ingleses e sauditas assinaram um contrato de patrocínio no valor de 9,3 milhões de libras ou 10 milhões, dependendo da fonte, válido por cinco anos. Esse contrato garante a presença da STC no site e no estádio do Manchester.

O novo acordo em negociação substituiria a AIG na camisa e terá valores considerados muito altos. Embora não informado, esse acordo com a STC livraria a seguradora americana de gastar perto de 30 milhões de libras, algo próximo de 50 milhões de dólares. Além disso, com certeza, os atuais patrocinadores abrirão mão de cobrar a multa rescisória que não deve ser pequena.




Tiger Woods “a pé”


O melhor golfista do mundo perdeu seu principal patrocínio: a GM, através de sua Divisão Buick, cancelou o contrato de patrocínio que mantinha com Woods há quase dez anos. Um claro e imediato reflexo da crise que atinge em cheio as grandes montadoras americanas, agora agravada pela crise do Crash e sua falta ou encarecimento de crédito para o consumidor.

O valor do contrato era de dez milhões de dólares por ano e a marca Buick atingiu grande visibilidade presente no saco de tacos de Tiger Woods durante esse período.

Ironicamente, como lembra o inglês The Guardian, Woods dirige um Porsche e as vendas dos modelos Buick caíram 58% nesse período, uma das maiores quedas entre as diversas divisões da montadora. A bem da verdade, os modelos Buick têm a velha concepção americana de enormes carrões ultra-confortáveis e bebedores de galões e galões de gasolina.

Pensando bem, apesar do título desse bloco, Mr. Woods não ficará a pé.
Não enquanto puder pagar a gasolina Premium de seu Porsche.



Não ficarão a pé...


...Berger e Red Bull.

Falar em Porsche lembra Ferrari, e Ferrari lembra Formula 1.

A Red Bull adquiriu a parte de Gerhard Berger na Scuderia Toro Rosso, a STR.

Bom para o simpático e sempre querido Berger e ótimo para a Red Bull.




Apesar da crise, apesar do Crash, o mundo se move, com Obama preparando as mudanças em Washington.
Que não serão muitas, mas já ajudarão um bocado.


Na manhã de hoje o Estadão chegou aos leitores com uma matéria interessante: Julio Casares, vice-presidente de Marketing do São Paulo, afirma que o clube voltou a negociar o patrocínio nos últimos dias e novamente na faixa de 30 a 32 milhões.
Mais tarde comentarei a respeito.

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quarta-feira, novembro 26, 2008

Mão e contramão da história




Na mão – Bundesliga vale mais que Premier League


O valor acumulado dos patrocínios de camisa de 18 times da Bundesliga, o campeonato alemão de clubes, ultrapassou pela primeira vez o valor similar de 17 times da poderosa Barclay’s Premier League. Um fato surpreendente, uma vez que o campeonato inglês e as demais competições da terra de Sua Majestade, a Rainha Elisabeth, formam o futebol mais rico do planeta e com maior difusão no resto do mundo.

A notícia foi divulgada ontem na décima edição do SPORT+MARKT's European Jersey Report, publicado pelo jornal inglês The Times.

Na abertura da matéria em que comenta o Relatório, o jornal também informa que o Bayern Munich hoje está à frente do Manchester United como detentor do maior patrocínio de camisa.

O relatório aponta que essa supremacia alemã deve-se ao fato dos clubes terem se tornado mais atrativos para os patrocinadores em função do clima econômico da Alemanha e dos problemas cambiais envolvendo a libra em relação ao euro – a moeda inglesa está mais valorizada que a moeda européia, encarecendo produtos e serviços britânicos.

Outro ponto importante foi uma queda no valor global dos patrocínios nas seis maiores ligas européias pela primeira vez, passando de um faturamento de 405 milhões de euros em 2007/2008 para 393 milhões nessa temporada.


Liga/País

Clubes*

Libras

Euros**

Média***

Alemanha

18

87.7

103.8

5.8

Inglaterra

17

72.8

86.2

5.1

Itália

18

60

71

3.9

França

20

42.6

50.4

2.5

Espanha

17

35.9

42.5

2.5

Holanda

18

35.9

42.5

2.4

Valores em Milhões de Euros ou Libras

* Clubes com patrocínios de camisa

** Câmbio de 25/11/2008

*** Média por clube, em Euros


Ao mesmo tempo, o valor dos patrocínios de camisa na Bundesliga cresceu e, pela primeira vez, ultrapassou a marca de 100 milhões de euros nessa temporada. Na Inglaterra, o patrocinador do West Ham faliu, a empresa de turismo XL, e o clube ainda não conseguiu outro patrocinador. E o Aston Vila, que também perdeu o patrocínio, ostenta hoje a marca de uma organização de caridade em sua camisa.
Outra liga que apresentou declínio no valor dos patrocínios foi a poderosa Primera Liga espanhola. Surpreendente, nesse caso, é que o valor dos patrocínios da liga holandesa, a Eredivisie, alcançou o mesmo valor da espanhola, apesar de muito menor.



Mudança de patrocinadores

Nos primeiros tempos do patrocínio de camisas, os nomes que os atletas carregavam em campo eram de cervejarias e companhias de produtos eletrônicos. Hoje, esse espaço é ocupado por empresas ligadas à área financeira, como a AIG, patrocinadora do Manchester United, seguida por empresas de viagens e turismo e pelos chamados “cassinos virtuais”, o mais famoso dos quais o Bwin, que patrocina as camisas do Real Madrid e do Milan. Apesar da Samsung e T-Home, patrocinadoras do Chelsea e Bayern, o setor de telecomunicações não está entre os três que mais investem.

Top Five Sponsorship (em valor)

Clube

Patrocinador

Libras

Euros

Reais

Bayern Munich

T-Home

17.03

20.16

61,23

Manchester United

AIG

15.07

17.84

54,18

Real Madrid

Bwin

12.78

15.13

45,95

Chelsea

Samsung Mobile

10.73

12.7

38,58

Schalke 04

Gazprom

10.22

12.1

36,75

AC Milan

Bwin

10.22

12.1

36,75




Tudo isso, entretanto, deverá mudar, segundo os analistas que fizeram o Relatório. Apesar da crise na economia, os valores não deverão cair mais, porém haverá uma troca de setores, com a provável substituição das instituições financeiras por empresas de outros setores. Também segundo os analistas, já na próxima temporada os valores da Premier League deverão voltar ao topo.




Comentários do Olhar Crônico Esportivo


Eu, particularmente, estou um pouco descrente de um aumento ou mesmo da manutenção dos valores de patrocínio nas duas próximas temporadas. Isso, todavia, é mero feeling, e estou longe, muito longe, de ser um expert como o pessoal que preparou esse relatório. Olhando daqui ao sul do Equador, a economia inglesa parece-me mais sujeita a chuvas e trovoadas por causa do Crash de 2008 do que a economia alemã. A espanhola, já podemos perceber, está sendo muito afetada, e não há como, na vida real, os clubes de futebol continuarem a ganhar muito dinheiro numa economia enfraquecida.

Mesmo assim, as receitas de marketing continuarão respondendo por parte significativa do faturamento dos clubes europeus, sem perder participação no total, ou seja, manter-se-ão no mesmo nível de importância que têm hoje, ou talvez até aumentem um pouco. Isso porque, se as receitas de TV estão garantidas por contratos de médio e longo prazo, as receitas trazidas pelo matchday e licensing muito provavelmente sofrerão quedas. Com maior desemprego e salários menores, os torcedores irão a menos jogos e gastarão menos dinheiro nessas idas, ao mesmo tempo que diminuirão suas compras de produtos licenciados. Ou seja, essas duas fontes de renda são picadas e extremamente sujeitas aos humores econômicos.




Na contramão – Galo desativa o Marketing


O novo presidente do Clube Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, eleito há menos de um mês, desativou o Departamento de Marketing do clube. O diretor e todos os funcionários foram demitidos.

O presidente, pessoalmente, cuidará das negociações, a primeira das quais será a renovação do patrocínio Fiat, cujo contrato vence em dezembro.

Em entrevista concedida ao site Máquina do Esporte, em 10 de novembro, Kalil disse: "Eu peguei uma terra arrasada. O clube tem três meses de salários atrasados, eu tenho de planejar o futebol para 2009. É complicado. Eu não posso pensar em marketing agora (...) não dá para fazer marketing sem um time de futebol. Não tem quem suporte", concluiu o presidente atleticano.

Então tá, Sr. Kalil, boa sorte.
Ela será muito necessária.


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terça-feira, novembro 25, 2008

Como pôr mais um na Libertadores?




Respondendo ao Luiz Henrique, que levantou uma questão interessante e oportuna nos comentários do post anterior, aproveito para esticar a resposta um pouco mais. Eis o que questiona o Luiz:

“Vamos supor que os times peruanos não sejam suspensos. Qual seria a outra opção para incluir o vencedor da SA 2008 na LA 2009? Realmente seria uma piada de mau gosto obrigar a LDU a jogar uma Pré-Libertadores contra o campeão da SA, sabendo que o primeiro tem vaga direta assegurada.
Deveriam esperar para fazerem mudanças em 2010 porque não vejo outra alternativa justa para 2009. Que tal sugerir à Conmebol que times da quinta vaga do Brasil e Argentina joguem uma pré-pré-Libertadores contra o campeão da SA e da MLS?
Não, aí sim vai ser injusto.”


Na manhã de hoje algumas notas dão conta que o clima na reunião de ontem da CONMEBOL, em Assunção, foi tranqüilo e que os peruanos estão suspensos, de fato, mas em dezembro retornam ou melhor, devem retornar. Como não era difícil de imaginar, uma solução de consenso está em construção, para ficar dentro do clima deste post. Dessa forma, se isso se concretizar, a Libertadores 2009 não terá mudanças, para desilusão de torcedores colorados e tricolores cariocas. Mas não só, é claro, pois tem muitas outras torcidas em toda a América do Sul sonhando com essas supostas vagas que, ao fim e ao cabo, talvez nunca tenham existido.




E 2010?


Aí já é outra história.

A CONMEBOL é formada por dez confederações nacionais, das quais, logicamente, Brasil e Argentina são as maiores e mais fortes, mas nem por isso fazem o que bem entendem. Precisam de votos, como é normal – e salutar – em qualquer sistema democrático. A Copa Santander Libertadores é o maior e mais importante torneio do continente. Participar dele dá dinheiro. Também dá prestígio, que em condições normais de pressão e temperatura dá mais dinheiro. Portanto, uma vaga na Libertadores é o objeto de desejo de dez entre cada dez clubes sul-americanos.
Brasil e Argentina já estão no limite de participação com cinco vagas cada um. Alguns dirão que cinco é muito para a Argentina e pouco para o Brasil. Minha tendência é concordar com as duas proposições, ou melhor, discordar de ambas, pois o ideal, talvez, fosse uma redução no número de clubes que disputam a Copa, coisa que, mais do que naturalmente, não passa por nenhuma cabeça coroada em nenhuma confederação; a tendência, por sinal, é o contrário.

Tendência e necessidade.

Sim, a Copa Santander Libertadores precisa crescer para poder incluir dois times da MLS – Major League Soccer, que conta atualmente com 14 equipes em seu campeonato, uma das quais canadense. Já em 2009 a MLS contará com 15 equipes, com a entrada do Seattle Sounders (post a respeito em 12 de junho – “Windows no futebol”), passando para 16 em 2010, com a entrada já aprovada do Philadelfia.
Mas ainda em 2010 é provável que esse número passe para 18 equipes, com a chegada do canadense Montreal e com a 18ª equipe sendo, ao que tudo indica, o Barcelona-Miami (para quem não leu: “O Barça na terra do soccer”, postado em 16 de outubro neste blog, conta essa história).



Um cenário possível para 2010


Há hoje uma pressão até legítima e útil para que o campeão da Copa Sul-Americana tenha lugar cativo na Libertadores do ano seguinte, mesmo que para disputar o acesso na fase Classificatória ou Pré-Libertadores. Essa vaga seria a melhor e talvez a única forma de valorizar a Copa Nissan Sul-Americana para os clubes brasileiros, sem um aumento considerável no valor das cotas e prêmios por participação.

Aqui um parênteses, talvez desnecessário: qual é a lógica em organizações formadas por pessoas com diferentes origens e interesses, como, por exemplo, as casas parlamentares e as federações esportivas?

Crescer, jamais diminuir. Embora seja recomendável (na opinião de muitos, inclusive este blogueiro) diminuir os tamanhos das representações parlamentares no Brasil, sabemos todos que isso é meramente impossível. Ninguém corta fora a própria carne. No futebol não é diferente. A CONMEBOL precisa ou acha conveniente, por um lado, incluir o campeão da Copinha e um ou dois times da MLS, mas não tem como fazer isso cortando vagas já existentes de seus países membros. Porém, tampouco é fácil aumentar o número de participantes, em função do calendário, principalmente.

Hoje, a Libertadores é disputada por 38 clubes, assim distribuídos:

- 10 clubes de Brasil e Argentina (5 cada)

- 24 clubes de Bolívia, Paraguai, Chile, Equador, Peru, Colômbia, Venezuela e Uruguai

- 3 clubes do México

- clube campeão da Copa anterior

Desses clubes, doze disputam a Primeira Fase, ou Pré-Libertadores, saindo seis que vão juntar-se aos outros vinte e seis, formando, assim, os 32 clubes que disputarão as fases seguintes divididos, inicialmente, em oito grupos com 4 clubes cada um.

A estrutura final, portanto, é a clássica 32 > 16 > 8 > 4 > 2 > Campeão.

Um participante, portanto, disputa um mínimo de 6 e um máximo de 14 partidas.

Para manter-se essa estrutura com o mínimo de alterações, a melhor fórmula seria aumentar o número de participantes da Segunda Fase de 32 para 40, divididos em 10 grupos, classificando-se os melhores colocados de cada grupo – 10 – e os seis melhores segundos colocados, totalizando, dessa forma, os mesmos 16 clubes das oitavas-de-final.

Nessa fórmula, o campeão da Major League Soccer e o campeão da Copa Nissan Sudamericana entrariam diretamente na Segunda Fase e a Confederação poderia aumentar o número de clubes que disputam a Primeira Fase, incluindo, por exemplo, o vice-campeão da MLS, ou, por que não, eliminando a Primeira Fase, hipótese pouco provável em função de contratos já existentes de patrocínios e direitos de televisão.



É difícil...


O propósito desse post não é, evidentemente, mostrar uma solução para a CONMEBOL, mas sim tentar responder à questão levantada pelo Luiz Henrique e mostrar como é complicada a inclusão de um novo clube na Copa Libertadores sem que nenhum outro participante seja ferido em seu direito.

Essa questão foi muito bem levantada, porque é fácil dizer “põe mais um”, o que combina perfeitamente com a visão de mundo de nossos parlamentares, que adoram propor benefícios sem apontar as receitas para sustentá-los, mas é muito complicado colocar mais um sem ferir direitos, sem atropelar calendário.

Colocar o campeão da Sul-Americana na Libertadores é uma coisa boa, mas muito, muito complicada.

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segunda-feira, novembro 24, 2008

Rolando pelo mundo – Edición Sudamericana...



... e final de BR



Brasileiro na final da SA


Depois de amanhã, finalmente, um time brasileiro começa a disputar a final da Copa Nissan Sudamericana.

Demorou, mas o futebol brasileiro chegou lá, através do Sport Club Internacional, de Porto Alegre.

Muitos dirão que o Inter lá chegou porque nada mais tinha a fazer no Brasileiro, sem possibilidade de conquistar uma das vagas para a Copa Santander Libertadores de 2009. Em parte é verdadeiro, não resta dúvida, assim como não deixa
de ser verdadeiro, também, que o clube passou a priorizar sua participação na Sul Americana como forma de premiar sua torcida e a si próprio com uma grande conquista em 2008, à altura do time que foi formado no Beira-Rio. É voz corrente entre jornalistas especializados, boleiros de todos os tipos e matizes e até mesmo entre torcedores adversários, que o Colorado tem hoje o melhor grupo de jogadores do futebol brasileiro.

Destaque para D’Alessandro...
Destaque para Nilmar...
Destaque para Alex, que está comendo a bola...
Destaque para Guiñazu...


Muito dinheiro foi investido na montagem desse plantel e na sua manutenção. Na recente janela de verão, Nilmar e Alex tinham propostas para deixar o Brasil, assim como Guiñazu, e todos ficaram, alguns a um custo realmente alto, como Nilmar.
Diante dessa combinação de fatores, o Inter,
taticamente, optou por centrar esforços na Sul Americana, dentro de uma visão estratégica de fortalecer sua marca na America Latina e, por extensão, no resto do mundo.

O adversário será um time tinhoso, perigoso, como todo time argentino, e ainda por cima bom de bola: é o Estudiantes de La Plata, comandado pelo excelente Verón.

Não será fácil, mas o Internacional tem plenas condições de conquistar a Copa.
Mesmo na eventualidade que isso não aconteça, disputar essa final deverá mexer com os participantes brasileiros da Sul Americana em 2009.





Peru fora... por enquanto


A CONMEBOL, seguindo decisão tomada pela FIFA, decidiu suspender temporariamente o futebol peruano, sua seleção inclusive, de todas as competições internacionais.

Amanhã, em Assunção, serão sorteados os grupos da
50ª edição da Copa Santander Libertadores e a entidade máxima do futebol sul-americano decidiu que as 3 vagas a que o Peru tem direito permanecerão suspensas, mas entrarão no sorteio normalmente.
Espera-se uma definição desse imbróglio até meados de dezembro.

Essa medida da FIFA foi tomada em função da ingerência do governo peruano na Federación Peruana de Fútbol. Resta saber se o governo peruano manterá sua decisão e dessa forma tirará o país e seus clubes de todos os torneios internacionais, ou se cederá à FIFA. As duas posições parecem impossíveis, inaceitáveis, então, o jeito é torcer por uma solução de consenso, que salve a honra do governo que não quer ceder a uma entidade esportiva, e que não desautorize a FIFA, ciosa ao extremo no sentido de evitar que governos determinem os rumos do futebol em seus associados.

O que está mexendo com a cabeça de duas torcidas brasileiras, em especial, não é a solução que será encontrada, se é que alguma será. Pelo contrário.

Nesse momento, torcedores do Internacional, que disputa a final da Copa Nissan Sudamericana, e do Fluminense, vice-campeão da Copa Santander Libertadores 2008, estão torcendo pela permanência do impasse, o que obrigará a CONMEBOL a chamar três outros clubes para ocupar as vagas dos peruanos.

Os colorados apostam na lógica e na importância de dar ao campeão da Sudamericana uma das vagas, desejo que, por sinal, parece casar com a vontade da Confederação em valorizar essa Copa e dar ao seu campeão uma vaga na Libertadores.
Os tricolores cariocas apostam na lógica de estender o convite de participação ao atual vice-campeão da competição.

Uma coisa, porém, parece certa para este blogueiro: caso o Internacional seja o campeão, a CONMEBOL de forma alguma irá dar duas das três vagas para times brasileiros. Então, na minha visão, se o Estudiantes vencer, fica com uma das vagas e o Fluminense com a outra, restando a terceira como uma incógnita, que poderia ser resolvida com um convite a um time da MLS, a liga norte-americana.

Por outro lado, se for o Inter o campeão e ficar com a vaga, o Fluminense ficará a ver navios. Nessa hipótese, sigo com a possibilidade de uma vaga para a MLS e não tenho a mínima idéia com relação à terceira.


Enquanto os bastidores fervem em Assunção, resta aos torcedores praticar o velho exercício da paciência.




Em construção


Este Olhar Crônico Esportivo não poderia deixar de mostrar essa pequena obra-prima de bom humor e gozação com os adversários do
São Paulo:



“Em construção” é uma expressão que traduz bem o momento: apesar do sentimento da torcida e das opiniões manifestadas pela maioria dos jornalistas, torcedores de outros times e até mesmo técnicos como Luxemburgo e Renê Simões, o Campeonato Brasileiro ainda está aberto.

Restam 6 pontos em jogo e a vantagem do São Paulo sobre o Grêmio é de 5 pontos.

O campeão pode sair nesse domingo, no Morumbi, mas também poderá sair no outro domingo, em outro estádio, quem sabe o Olímpico.

Ou, quem sabe, o Maracanã. O diretor de futebol do São Paulo, João Paulo de Jesus Lopes, apresentou uma idéia para o Goiás estudar: levar o jogo final para o estádio do Maracanã, uma vez que o Serra Dourada está vetado.

Confesso que essa idéia é apaixonante, sobretudo se o título estiver em disputa.


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domingo, novembro 23, 2008

Atitude incomum


Embora não conheça o vice-presidente de marketing do Vasco da Gama,
José Henrique Coelho, tinha dele uma boa imagem, formada a partir das opiniões de pessoas do mundo da bola, como seu colega corintiano Luiz Paulo Rosemberg.
Essa impressão positiva acaba de ser bastante reforçada.

Com o título “No rumo certo”, o Lédio Carmona publicou o post anterior deste Olhar Crônico Esportivo no blog Jogo Aberto. Vários torcedores vascaínos comentaram o post e disseram que o acordo com a Champs incluía, também, mais um valor em fornecimento de materiais esportivos, geralmente citado como sendo de 6 milhões de reais, pelos mesmos 42 meses. Em resposta a esses torcedores, disse-lhes que precisava considerar somente os dados divulgados sobre o acordo, e que o valor adicional mencionado por eles poderia ser ou poderia não ser verdadeiro.

Leitor do Jogo Aberto, o José Henrique escreveu a respeito nos Comentários do post, e transcrevo-o aqui, na íntegra:

José Henrique Coelho | Dom, 23/11/08 | 00:49

Caros Amigos Vascaínos,

Apesar de visitante do blog desta vez escrevo visando esclarecer algumas dúvidas que surgiram quanto a divulgação do contrato.

O contrato é de 42 meses. O motivo deveu-se ao somatório do período do mandato de 36 meses da nova diretoria e o período que qualquer nova diretoria precisa para reavaliar o orçamento para o ano seguinte e programar a nova negociação.

O valor do contrato financeiro é de
R$ 21,275 milhões pelo período (corrigidos monetariamente), ao qual se somam mais R$ 4,5 milhões ( a preços de fábrica) em material esportivo para equipar as diversas modalidades do clube.

Ainda temos uma série de bônus financeiros nos casos de conquista de títulos nas competições que disputarmos, com valores diferentes para cada uma delas.

Estaremos lançando já em janeiro, na Copa São Paulo de Juniores os novos uniformes, um na cor branca e outro na cor preta, mas ambos diferentes no seu design, respeitando as normas do estatuto do clube.

Ainda estaremos lançando uma camisa oficial, no mesmo design usado pelo time, com preço popular, estimado em até R$ 40,00 para atender aos torcedores de menor renda, e assim entrar de frente no combate a pirataria dos produtos licenciados. Somos afinal, 11 milhões de torcedores e poderemos ser 11 milhões de fiscais em defesa do Vasco.

Nada mais justo. Se diante desta iniciativa, nós, os torcedores não ajudarmos o clube, quem ajudará? Fora pirataria.

Lançaremos o terceiro uniforme para uso no Brasileirão 2009. No período que antecede a competição deveremos disponibilizar no site oficial , provavelmente em março, alguns modelos que deverão ser votados pelos torcedores que assim estarão escolhendo pela primeira vez a camisa do time.

Quanto aos valores do contrato assinado pela diretoria anterior com a Reebok, o valor dele era de R$ 4,4 milhões pelos mesmos 42 meses, mais o matrial esportivo.

Conseguimos aumentar em 384 % o valor do contrato.

Quanto a multa, o valor especificado no contrato Reebok, ele é de R$ 750 mil e será pago pelo Vasco quando da assinatura do distrato que estamos apresentando a empresa.

Estou sempre a disposição para esclarecimentos aos vascaínos através do endereço marketing@crvascodagama.com.

Espero ter esclarecidos as principais duvidas.
Daqui a pouco espero pelos vascaínos lá em nossa casa, no Estádio Vasco da Gama.
Até lá.”

Diante disso, e apenas para facilitar a visualização da ordem de grandeza do contrato, vamos aos números:

- Valor total do contrato:
R$ 25.775.000,00

- Valor mensal médio:
R$ 614.000,00

Interessante a informação sobre os materiais que serão fornecidos ao clube, contabilizados por seus preços de fábrica, além da correção monetária sobre o valor do contrato, dado a sua duração por um período mais extenso. Muito útil, também, a confirmação já fornecida por um torcedor, de que a duração de 42 meses – realmente incomum – está associada à duração do mandato da atual diretoria.

Sem dúvida, um contrato excelente, considerando também a situação econômica e financeira prevista para 2009 e 2010, pelo menos.

Como blogueiro, fico extremamente satisfeito por uma atitude como esta, não só de transparência, mas também de respeito aos torcedores e aos leitores em geral.


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