Mau começo da “agenda positiva” vascaína
Os humanos, porém, têm a tendência nada natural de querer acelerar os processos, sejam eles quais forem. As intenções, sempre (ou quase sempre) são as melhores, disso não tenho dúvidas. Não se pode, porém, falar o mesmo dos resultados.
A eleição da nova direção do Clube de Regatas Vasco da Gama foi um dos fatos mais importantes mais importantes do futebol brasileiro em 2008. Normalmente, não seria, tudo se resumiria a uma mera troca de guarda, a uma mudança de nomes. Entretanto, o Vasco é um dos maiores e mais tradicionais clubes do país, e seu processo eleitoral chamou a atenção de todo o mundo do futebol brasileiro, pois significou a saída de um personagem polêmico que por muitos anos dominou a cena ou foi figura importante no Vasco, no futebol do Rio de Janeiro e no futebol brasileiro.
Roberto Dinamite e sua equipe assumiram um clube em condições terríveis em muitos sentidos, desde o esportivo até o financeiro. Pelos relatos recebidos, a situação era caótica ou perto disso, dificultando sobremaneira a realização de um bom trabalho à frente do clube que vá além de apagar incêndios e pagar contas.
Sem recursos em caixa e correndo o risco, hoje quase certeza, de rebaixamento de divisão, a nova direção saiu à cata de recursos. Um deles foi negociar um novo contrato de fornecimento de material esportivo, associado a um patrocínio financeiro, fato que já foi mostrado em dois posts anteriores – “” e “Uma atitude incomum”.
Contrato assinado, a nova fornecedora já apresentou duas propostas de novos uniformes. Ambos geraram manifestações fortíssimas de desagrado e críticas pesadas à diretoria do clube e à patrocinadora. O vice-presidente de marketing, José Henrique Coelho, veio a público e disse que se tratavam de propostas para o terceiro e quarto uniformes, o que acalmou as críticas, mas não convenceu ninguém. Nada demais, apenas um erro de avaliação, pensei comigo, e não dei maior importância ao episódio.
Mesmo assim, identifiquei nele um possível propósito: desviar a atenção da torcida da situação da equipe no campeonato e dar, quem sabe, um pouco de sossego para o treinador e os jogadores. Uma tentativa, na minha opinião, de repetir o que fez o Sport Club Corinthians Paulista no final de 2007, logo após ser rebaixado, e que chamei aqui neste Olhar Crônico Esportivo de “agenda positiva” do presidente Andrés Sanches.
Sempre na minha opinião, falhou o timing do marketing vascaíno; podem ter sido as ações corretas, incluindo o anúncio do novo patrocínio, mas na hora errada.
Na manhã de hoje fui surpreendido por e-mail com a nota oficial da Reebok, ainda fornecedora e patrocinadora do clube até 31 de dezembro de 2009. Para não alongar ainda mais, transcreverei trechos da nota (disponível aqui na íntegra):
“2 - Ao contrário do que vem sendo divulgado por representantes do Vasco da Gama na mídia, não existe "comum acordo" entre a Reebok e o Vasco da Gama para rompimento do contrato;
3 - Em momento algum a Reebok foi comunicada oficialmente pelo Vasco da Gama sobre rompimento ou rescisão do contrato para a entrada de outra empresa fornecedora;
4 - Em momento algum o presidente do Vasco da Gama, senhor Roberto Dinamite, que segundo o contrato é quem tem poderes para agir em nome do clube, ofereceu a oportunidade de diálogo com representantes da Reebok para que o contrato pudesse ser discutido...;
5 - A cláusula de "confidencialidade" sobre termos, condições e valores prevista contratualmente foi quebrada inúmeras vezes pelo Vasco da Gama...”
Fiquei surpreso.
Não vou entrar no mérito dessa questão.
Já tinha estranhado a divulgação dos valores do antigo contrato, mas, por outro lado, achei excelente, pois é o tipo de informação à qual o torcedor raramente tem acesso. Mas os outros trechos da nota – como não haver comum acordo, não haver conversa prévia a respeito, são preocupantes. Uma nova direção não pode começar com esse tipo de problemas.
Membros da antiga diretoria já vieram a público e despejaram toneladas de acusações contra a nova direção. Entre outros pontos, disseram que a própria Reebok estava disposta a um novo contrato com o clube em bases mais generosas. Não duvido da intenção, não duvido da informação, mas duvido, e muito, que a nova proposta sequer se aproximasse dos valores fechados com o novo, ou futuro, patrocinador.
Foi dito, também, que essa mesma empresa que patrocinará o Vasco doravante, já tinha apresentado uma proposta com valores bem superiores. Aqui é bem simples: se isso de fato ocorreu, é irrelevante. Por um simples motivo: a crise provocada pelo Crash 2008, cujos efeitos já se fazem sentir, em especial na área financeira. Este blogueiro, em vista das novas circunstâncias de mercado, segue acreditando que o contrato é bom, sim, muito bom, até, mesmo porque a situação do time para 2009 não é tão atraente como era no primeiro semestre.
Justamente por acreditar na gestão de Roberto Dinamite e seus companheiros, não gostei nem um pouco desse episódio, que espero, para o bem de um clube tão importante para o futebol brasileiro, fique restrito somente a essa vez.
Da mesma forma que gostei, achei importante e elogiei a “agenda positiva” de Andrés Sanches, terei a mesma postura com uma “agenda positiva” de Roberto Dinamite.
Mas precisa ser bem feita.
Post Scriptum em 28 de novembro
O site Máquina do Esporte, divulgou hoje entrevista exclusiva do vice-presidente de marketing do Vasco, José Henrique Coelho, rebatendo os termos da nota da Reebok.
Sobre a acusação da atual patrocinadora de só saber do rompimento através da imprensa, disse o dirigente vascaíno:
""É um absurdo porque nós procuramos eles diversas vezes, e nos reunimos também, aqui em São Januário, em Jundiaí [sede da Vulcabrás, empresa que detém os direitos da Reebok no Brasil] e até uma em Porto Alegre. Só não houve formalismo em nenhum desses encontros"."
Coelho disse, também, que a Reebok foi informada do contrato com a Champs através de carta, da qual prometeu cópia.
Parece que, uma vez mais, teremos um longo processo se arrastando, começando por acusações de parte a parte e terminando nos tribunais.
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Marcadores: Marketing e Dinheiro, Vasco
5 Comments:
At 12:59 AM, Michael Serra said…
A reebok diz que não sabia de nada. Mas sabe aquele site da Torcida Rbk? O Vasco já nao faz mais parte do site. E até uns dias atrás fazia...
At 9:00 AM, Anônimo said…
E mais uma vez a Champs se mete em confusão com relação a antigos patrocinadores...
No Santa Cruz tambem foi assim. Eles ofereceram contrato pro time tricolor sendo que eles ainda tinham compromisso com a Finta. Depois de um rolo ainda maior do que esse vascaino com a Reebok, a Champs levou a melhor.
Não isento a nova diretoria do Vasco por esse desentendimento, mas pela Champs ser reincidente, passo a questionar mais a ética dessa empresa do que do próprio Dinamite mesmo.
Abraços, hermano Emerson!
At 9:50 AM, Anônimo said…
Emerson, você não é do Rio, por isso talvez não saiba da história que corre - há muito tempo! - sobre como foi feito esse contrato com a Reebok.
O Vasco tinha contrato com a Umbro. Este contrato foi rompido, unilateralmente pelo Vasco, para que acertasse com a Reebok. Hoje, a Umbro está na Justiça por conta disso.
Mas o mais impressionante: o contrato com a Umbro tinha valor superior ao da Reebok. A explicação da troca de um pelo outro, para ganhar menos, estaria em uma doação feita pelo novo fornecedor para a campanha política de Eurico Miranda, candidato a deputado federal.
Essa é uma história bem conhecida por aqui, divulgada na época pela oposição do Vasco. E se as relações de Eurico com a empresa chegam a este ponto, dá pra entender agora a divulgação desta nota da Reebok - ainda mais depois da entrevista do dirigente do Vasco afirmando que houve sim diversas reuniões com a empresa.
At 6:32 PM, Anônimo said…
Emerson, e sobre o que foi publicado no Estadào sobre o patrocínio do SP, poste alguma coisa a respeito, estou curioso. hehe
Parabéns pelo Blog.
At 10:42 PM, Esteban Crustille said…
Hola.
Usteed brazucas hablan que su fútbol es lo mejor del mundo.
La verdad es que nosotros sabiemos que no es verdad.
Los mediocres y falidos equipos de brasil : flamingo, corinthinas, botafogo,vasco,fluminense, internacionale, gremio y outros de brasil buscan acá nuestros kracks porque tiene una gran depediencia de nosotros para hacer su fútbol triunfar.
sabiemos que los jugadores brasileños en decadiencia razión la cúal usteed tienen la gran necesidad de jugadores Argentinos en su violento país para hacer su mediocre fútbol ter más espetaculo.
Acá nuestros gran equipos no queren y no contratan brazucas por que no precizamos de usteed para hacer nuestro fútbol triunfar.
para nosotros fútbol brasileño es decadiente y fracazado.
Yo estoy en brasil a trabajo con alguns conpatriotas y para nosotros es una gran satisfación saber que sus diarios y prensa brasileña reconhece nuestra gran superioridad y que nosotros estamos la salvar sus mediocres equipos de descencio.
Un saludo y perdón por mi sinceridad y portuñol.
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