Mão e contramão da história
Na mão – Bundesliga vale mais que Premier League
O valor acumulado dos patrocínios de camisa de 18 times da Bundesliga, o campeonato alemão de clubes, ultrapassou pela primeira vez o valor similar de 17 times da poderosa Barclay’s Premier League. Um fato surpreendente, uma vez que o campeonato inglês e as demais competições da terra de Sua Majestade, a Rainha Elisabeth, formam o futebol mais rico do planeta e com maior difusão no resto do mundo.
A notícia foi divulgada ontem na décima edição do SPORT+MARKT's European Jersey Report, publicado pelo jornal inglês The Times.
Na abertura da matéria em que comenta o Relatório, o jornal também informa que o Bayern Munich hoje está à frente do Manchester United como detentor do maior patrocínio de camisa.
O relatório aponta que essa supremacia alemã deve-se ao fato dos clubes terem se tornado mais atrativos para os patrocinadores em função do clima econômico da Alemanha e dos problemas cambiais envolvendo a libra em relação ao euro – a moeda inglesa está mais valorizada que a moeda européia, encarecendo produtos e serviços britânicos.
Outro ponto importante foi uma queda no valor global dos patrocínios nas seis maiores ligas européias pela primeira vez, passando de um faturamento de 405 milhões de euros em 2007/2008 para 393 milhões nessa temporada.
Liga/País | Clubes* | Libras | Euros** | Média*** |
Alemanha | 18 | 87.7 | 103.8 | 5.8 |
Inglaterra | 17 | 72.8 | 86.2 | 5.1 |
Itália | 18 | 60 | 71 | 3.9 |
França | 20 | 42.6 | 50.4 | 2.5 |
Espanha | 17 | 35.9 | 42.5 | 2.5 |
Holanda | 18 | 35.9 | 42.5 | 2.4 |
Valores
* Clubes com patrocínios de camisa
** Câmbio de 25/11/2008
*** Média por clube, em Euros
Ao mesmo tempo, o valor dos patrocínios de camisa na Bundesliga cresceu e, pela primeira vez, ultrapassou a marca de 100 milhões de euros nessa temporada. Na Inglaterra, o patrocinador do West Ham faliu, a empresa de turismo XL, e o clube ainda não conseguiu outro patrocinador. E o Aston Vila, que também perdeu o patrocínio, ostenta hoje a marca de uma organização de caridade em sua camisa.
Outra liga que apresentou declínio no valor dos patrocínios foi a poderosa Primera Liga espanhola. Surpreendente, nesse caso, é que o valor dos patrocínios da liga holandesa, a Eredivisie, alcançou o mesmo valor da espanhola, apesar de muito menor.
Mudança de patrocinadores
Nos primeiros tempos do patrocínio de camisas, os nomes que os atletas carregavam em campo eram de cervejarias e companhias de produtos eletrônicos. Hoje, esse espaço é ocupado por empresas ligadas à área financeira, como a AIG, patrocinadora do Manchester United, seguida por empresas de viagens e turismo e pelos chamados “cassinos virtuais”, o mais famoso dos quais o Bwin, que patrocina as camisas do Real Madrid e do Milan. Apesar da Samsung e T-Home, patrocinadoras do Chelsea e Bayern, o setor de telecomunicações não está entre os três que mais investem.
Top Five Sponsorship (em valor)
Clube | Patrocinador | Libras | Euros | Reais |
Bayern Munich | T-Home | 17.03 | 20.16 | 61,23 |
Manchester United | AIG | 15.07 | 17.84 | 54,18 |
Real Madrid | Bwin | 12.78 | 15.13 | 45,95 |
Chelsea | Samsung Mobile | 10.73 | 12.7 | 38,58 |
Schalke 04 | Gazprom | 10.22 | 12.1 | 36,75 |
AC Milan | Bwin | 10.22 | 12.1 | 36,75 |
Tudo isso, entretanto, deverá mudar, segundo os analistas que fizeram o Relatório. Apesar da crise na economia, os valores não deverão cair mais, porém haverá uma troca de setores, com a provável substituição das instituições financeiras por empresas de outros setores. Também segundo os analistas, já na próxima temporada os valores da Premier League deverão voltar ao topo.
Comentários do Olhar Crônico Esportivo
Eu, particularmente, estou um pouco descrente de um aumento ou mesmo da manutenção dos valores de patrocínio nas duas próximas temporadas. Isso, todavia, é mero feeling, e estou longe, muito longe, de ser um expert como o pessoal que preparou esse relatório. Olhando daqui ao sul do Equador, a economia inglesa parece-me mais sujeita a chuvas e trovoadas por causa do Crash de 2008 do que a economia alemã. A espanhola, já podemos perceber, está sendo muito afetada, e não há como, na vida real, os clubes de futebol continuarem a ganhar muito dinheiro numa economia enfraquecida.
Mesmo assim, as receitas de marketing continuarão respondendo por parte significativa do faturamento dos clubes europeus, sem perder participação no total, ou seja, manter-se-ão no mesmo nível de importância que têm hoje, ou talvez até aumentem um pouco. Isso porque, se as receitas de TV estão garantidas por contratos de médio e longo prazo, as receitas trazidas pelo matchday e licensing muito provavelmente sofrerão quedas. Com maior desemprego e salários menores, os torcedores irão a menos jogos e gastarão menos dinheiro nessas idas, ao mesmo tempo que diminuirão suas compras de produtos licenciados. Ou seja, essas duas fontes de renda são picadas e extremamente sujeitas aos humores econômicos.
Na contramão – Galo desativa o Marketing
O novo presidente do Clube Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, eleito há menos de um mês, desativou o Departamento de Marketing do clube. O diretor e todos os funcionários foram demitidos.
O presidente, pessoalmente, cuidará das negociações, a primeira das quais será a renovação do patrocínio Fiat, cujo contrato vence em dezembro.
Em entrevista concedida ao site Máquina do Esporte, em 10 de novembro, Kalil disse: "Eu peguei uma terra arrasada. O clube tem três meses de salários atrasados, eu tenho de planejar o futebol para 2009. É complicado. Eu não posso pensar em marketing agora (...) não dá para fazer marketing sem um time de futebol. Não tem quem suporte", concluiu o presidente atleticano.
Então tá, Sr. Kalil, boa sorte.
Ela será muito necessária.
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Marcadores: Clube Atlético Mineiro, Futebol europeu e resto do mundo, Marketing e Dinheiro
3 Comments:
At 10:49 AM, Anônimo said…
Olá Emerson,
Se entendi bem, o São Paulo com seu novo patrocínio (se conseguir o valor desejado) ficará muito próximo ao valor pago ao Milan pela Bwin... Na sua opinião, isso é um sinal de que enfim os patrocinadores estão valorizando nosso futebol ou o valor recebido pelo Milan é muito baixo em relação ao tamanho, força e projeção mundial da marca Milan? Espero muito que o São Paulo chegue aos 30 milhões, seria um valor espetacular...
Quanto ao Galo, moro em Minas a alguns anos e é impressionate a força dessa torcida, para o jogo de domingo contra o Santos, já foram vendidos mais de 46.000 ingressos... Para um jogo que teoricamente irá confirmar a vaga para a Sulamericana. Pena que é um clube destruido por más administrações, que nunca souberam explorar a força dessa massa. Torço para que o Kalil consiga reerguer o galo, mas começou muito mal cortando o marketing...
At 6:33 PM, Anônimo said…
Boa noite ... saudações rubro negras ... um dirigente do Botafogo garante que o SPFC mandou uma mala com 250 mil para ser entregue aos jogadores do Vitoria caso eles vencessem o Gremio ... isso explica, segundo o dirigente, a alegria dos jogadores ao fim da partida ... esta noticia saiu no O Dia aqui no Rio ... nada como ter dinheiro sobrando ...
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Xaruto
O Incorrigivel
O legitimo Cubano
At 2:00 AM, Anônimo said…
Xaruto, dizem que foi 1 milhão. hehe
Olá Emersom.
-Esses dados devem ter sido auferidos no começo da crise, desta forma, pode ser um parâmetro a curto prazo?
-Não há um tendência no valor das camisas, em alguns países está aumentando e outros diminuindo, o Brasil segue qual tendencia?
-O Milan recebe 12 milhões de euros, mas gasta em euros. O SP na pior das hipoteses receberá 25 milhões de reais, porém, gasta em real. Ou seja, proporcionalmente o SP tem um patrocínio maior que o Milan?
Parabéns pelo post, muito bacana e vai matar a curiosidade de muita gente.
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