A recessão chegou...
... no Japão, na Europa...
Pelo segundo trimestre seguido o PIB da zona do euro caiu 0,2%, configurando o início de um período de recessão na economia. No Japão, que é a segunda maior economia do mundo, o trimestre fechou com queda de 0,4%, antecedida por uma queda de 3% no trimestre anterior. Tecnicamente, considera-se que uma economia está em recessão quando apresenta crescimento negativo por dois trimestres seguidos.
Em sua edição de sexta-feira, em matéria assinada por Jamil Chade, correspondente em Genebra, o Estado de S.Paulo dava em chamada na primeira página que 10.000 pessoas por dia estão perdendo seus empregos na Europa. Os mais afetados são os imigrantes; na Espanha, eles respondem por 46% dos demitidos. Persiste em todo o mundo o receio que a recessão transforme-se em depressão econômica, o que acarretaria problemas inimagináveis em todo o planeta.
A diminuição na atividade econômica, o desemprego, as restrições de crédito, as quedas nos preços de matérias-primas, petróleo inclusive, esse cenário como um todo, inevitavelmente, terá reflexos no mundo do futebol, como este blog vem alertando desde setembro, portanto nada de novo sobre isso, apenas atualização.
A Veja refere-se ao período de esplendoroso crescimento da Premier League como “futebolha”, um nome bom e bastante sugestivo. Atualmente, doze das vinte equipes que a disputam estão operando no vermelho e têm dívidas que ultrapassam 5 bilhões de dólares, havendo quem diga que o valor real é superior a esse. Antes mesmo do Crash, já tínhamos indicadores que essa temporada seria no mínimo problemática em relação às anteriores, e alguns deles foram apontados por este Olhar Crônico Esportivo.
Podemos estar presenciando o começo do fim de um ciclo mais amplo, cujo início, acredito eu, pode ser localizado na grande venda da sede do Real Madrid para a prefeitura da cidade, por meio bilhão de euros. A entrada desse dinheiro no mundo do futebol, gerando contratações de atletas por valores astronômicos, foi seguida pela entrada de bilionários russos e do Oriente Médio no mercado inglês.
Os valores dos direitos de transmissão de TV cresceram a níveis altíssimos, turbinados pela onda de crescimento das maiores economias do mundo. Crescimento em boa parte falso como hoje sabemos, mas que, independentemente disso, teve fortes impactos em todo o mundo, em todos os setores, o mundo da bola inclusive.
As fichas da percepção da realidade ainda não caíram todas, o que só ocorrerá durante o próximo ano. O que estamos presenciando é somente o começo do processo recessivo, que pode ou não levar a uma depressão econômica.
Inevitavelmente, o futebol começará a desenhar sua nova cara do decorrer do próximo ano.
Não é um bom texto para começar a semana, ainda mais para quem torce por times que ontem ou anteontem perderam. Mas a realidade não escolhe dia e hora para se anunciar.
De qualquer forma, boa semana para todos.
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Marcadores: Futebol europeu e resto do mundo, Marketing e Dinheiro
2 Comments:
At 7:12 PM, Luis Henrique said…
Essa crise certamente vai deixar sua marca.
Hoje saiu no NY Times uma reportagem sobre as Olimpiadas de Inverno de Vancouver em 2010. O banco que financia a construção da vila olimpica está sofrendo com perdas da crise imobiliaria e secretamente pediu dinheiro emprestado ao governo da cidade para acelerar as construções.
Enquanto isso acontece no Canada, no outro lado do mundo a Africa do Sul tenta concluir seus projetos a tempo para a proxima copa. No caso de uma crise global, seria mais facil deduzir que o país mais pobre sentiria um efeito mais severo.
At 2:09 AM, Chico da Kombi said…
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A consequência da crise, será salários mais baixos no próximo ano. O craque que ganhava 50 em 2008, ou renova por 25 em 2009, ou vai tentar 30 em outro clube ou país.
:o(
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