Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sexta-feira, setembro 19, 2008

Rolos televisivos para hoje e para amanhã




O imbróglio do horário do GP



Em 2007 o GP Brasil de F1 foi o segundo evento esportivo de maior audiência no mundo. Concorreu para isso a disputa pelo título, claro, e o horário da prova, às 14:00 horas do horário de verão brasileiro, resultando em 18:00 horas do horário de verão na maior parte da Europa Ocidental. Duas felizes coincidência que deixaram os dirigentes da FOM – Formula One Management – ainda mais felizes.


Nesse ano, o GP Brasil será dia 2 de novembro. O Brasil já estará, desde 19 de outubro, em seu horário de verão. Mas a Europa não, por lá o horário de verão dará adeus no dia 26 de outubro.


A primeira providencia da FOM foi mudar o horário do GP para 15:00.


Aí a Rede Globo reclamou, pois a transmissão terminaria às 17:00, perdendo, portanto, uma hora da rodada dominical do Campeonato Brasileiro.


Situação complicada para a emissora que tem patrocínios de alto valor nos dois eventos e, portanto, compromissos comerciais com seus anunciantes.


Seguiram-se gestões e reuniões, conversas telefônicas e todo o receituário prescrito para essas emergências. Finalmente, segundo foi divulgado, chegou-se a um acordo favorável à emissora, e a FOM teria retornado o horário de largada para as 14:00 horas.


Fim da história?


Longe disso.


Seguiu-se a contrapressão das redes européias que, com esse horário perderiam boa margem de audiência. A FOM, que de boba nada tem e responde pelo sucesso de um negócio bilionário (em dólares), voltou atrás – ou nem isso, pois oficialmente nada fora comunicado – e manteve o horário de largada para as 15:00 horas.


A batata quente voltou para a Globo.


Não poderá abrir mão de transmitir a F1, último GP do ano e, ainda por cima, no Brasil e, mais ainda, com boa possibilidade de ter o título em disputa entre um brasileiro e um inglês. Seria simplesmente impensável, sem a menor dúvida.


Mas...


Pois é, tem um ‘mas’ poderosíssimo: como fazer para não desagradar seus patrocinadores do futebol e cumprir os contratos?


Lembrando que esses patrocinadores pagaram, cada um, 105 milhões de reais pelo direito de patrocinar o Brasileiro 2008 e estarão já acertados ou em vias de acertar a compra das cotas 2009, no valor de 112 milhões cada uma.


Por mim,a melhor saída seria negociar a mudança dos jogos das 16:00 para as 17:00 horas, entrando em uma hora no Faustão, preservando o Fantástico, outro carro-chefe no faturamento publicitário.


Todavia, a simples tentativa de mudar esse horário criará problemas sérios, tanto no Brasil em termos de reclamações, como para a transmissão ao vivo para outros países.


Belo imbróglio.




Italiano no Sportv e Copa do Brasil na ESPN e as exclusividades Record




Em 2009 a ESPN voltará a transmitir os jogos da Copa do Brasil, e em troca cedeu ao Sportv o direito de também transmitir jogos do Campeonato Italiano, já a partir desse início de temporada.


Por trás dessa troca de favores e gentilezas, está resolução do CADE que determinou à Rede Globo quebrar seu direito de exclusividade – erroneamente interpretado como monopólio, na visão deste blogueiro – sobre os principais campeonatos de futebol.


A Globo tem os direitos exclusivos em sinal aberto sobre o Brasileiro, Libertadores de America, Copa do Brasil, Campeonato Paulista e Campeonato Carioca. No próximo ano ela terá de abrir duas competições para outras emissoras, e uma delas terá que ser o Campeonato Brasileiro ou a Copa do Brasil, pois a resolução do CADE determina que ela não poderá manter direitos exclusivos sobre essas duas competições ao mesmo tempo.


Portanto, 2009 verá novidades na telinha esportiva.


Gostaria, muito, de saber o que anda rolando nos bastidores da Globo e Record, principalmente.


Isso ajuda a entender um pouco mais a voracidade com que a Record se entregou à compra dos direitos do Pan 2011 e dos Jogos Olímpicos de 2012, sem falar do contrapeso desagradável dos Jogos de Inverno de 2010.


Teremos mudanças, como este Olhar Crônico Esportivo vem alertando, ou melhor, teremos mais do mesmo: a Globo transmitirá, no mínimo, a Olimpíada de Londres.


A exclusividade da Record tem prazo de validade.

E ele é curto.


E, com tudo isso, entre mortos e feridos salvaram-se todos, até agora.



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quarta-feira, setembro 17, 2008

Pit stop marketeiro



A origem do dinheiro do futebol



A Globo já colocou no mercado as cotas de patrocínio do Futebol 2009.


São cinco cotas principais e mais a abertura das rodadas. Cada uma das cotas tem o custo de 112 milhões de reais, totalizando 560 milhões de reais, mais o custo da abertura, ainda não divulgado, mas de valor bem inferior às cotas principais.


Esse é o dinheiro, descontados os impostos, que a Rede usa para pagar os direitos de transmissão de TV em sinal aberto. Em 2005 cada cota custou 105 milhões de reais, e foram reajustadas em 6,5%. Os atuais patrocinadores: Itaú, Vivo, Casas Bahia, AmBev e Volkswagen tem preferência para renovação.


Além desse direito, os patrocinadores têm outros, como a garantia da exclusividade no patrocínio do BR. Por esse motivo, como este blog informou em ainda em junho, não havia chance do Banco do Brasil patrocinar o BR por meio de naming rights, ou seja, dando seu nome ao campeonato, uma vez que conflitaria com o Itaú, problema que não afeta a Ipiranga, por exemplo, uma vez que nenhum dos cinco patrocinadores vende gasolina.


Há um limite para o crescimento dos valores dos direitos de transmissão, e esse limite é ditado pelo mercado, pelo valor que as empresas estão dispostas a pagar para atingir seus consumidores potenciais e reforçar suas marcas. Por isso mesmo, nunca acreditei nas declarações “em off” de executivos da Record dizendo que pagariam até 1 bilhão pelo futebol.


Sem chance, simplesmente.




Eletrobrás no Vasco



Há algum tempo corriam rumores sobre a entrada de uma estatal no Clube de Regatas Vasco da Gama, como patrocinadora do futebol. Agora, o presidente vascaíno, Roberto Dinamite, confirma os rumores e diz que as negociações com a Eletrobrás estão adiantadas e bem encaminhadas.


Bom, eis uma situação no mínimo curiosa.


A Eletrobrás não disputa mercados, seu produto tem consumo obrigatório e sem concorrência. Ela mesma nada vende, na medida em que são suas subsidiárias que produzem eletricidade e vendem-na para distribuidoras, que, por sua vez, levam-na para as casas e empresas. Nem mesmo essas empresas têm competidoras, uma vez que trabalham com áreas fechadas, onde são a única possibilidade de comprar energia elétrica.


Então, por que uma empresa como essa patrocinaria a camisa de um clube de futebol?


Já temos o exemplo da Petrobrás, que patrocina o Flamengo e é uma empresa estatal. Em seu caso ainda pode-se argumentar que ela disputa mercado de gasolina e lubrificantes com outras companhias.


Temos, também, a Liquigás, outra estatal, subsidiária da Petrobrás, que patrocina o Botafogo. Ela vende gás engarrafado para donas-de-casa e empresas. Tem, também, uma concorrência. Mas, e esse ‘mas’ nunca pode ser esquecido, precisamos lembrar que se trata de uma empresa estatal. Acho o caso da Eletrobrás mais grave ou, amenizando, muito mais incompreensível.


Os valores que foram divulgados são, também, elevados: 15 milhões de reais por ano, durante 5 anos. Se a cifra for verdadeira, será um excelente negócio para o Vasco, sem a menor dúvida.


Pela minha avaliação, o valor de mercado para o patrocínio vascaíno seria algo entre dez e doze milhões de reais. O valor de quinze parece-me, considerando exposição de mídia, elevado.


Também chama a atenção a propalada duração do contrato: 5 anos. Flamengo e Corinthians fecharam seus últimos contratos por apenas um ano, e o São Paulo está negociando seu novo patrocínio por três anos.


Fica aqui a lembrança que a administração anterior divulgou o valor do patrocínio da MRV como sendo 12 milhões anuais, quando, na verdade, era de somente 3,5 milhões. Esperamos todos que a nova gestão vascaína tenha mudado de fato, ao menos nesse ponto, o compromisso com a verdade.





Crash da economia pode afetar o Manchester United



O patrocinador de camisa do Manchester United é a AIG – American International Group – maior seguradora do mundo, e dona, entre outros negócios, da International Lease Finance Corporation, empresa de leasing que possui, entre outras coisas, mais de 900 Boeings e Airbus, arrendados para companhias aéreas de todo o planeta, inclusive aqui na Terra de Vera Cruz.


Até hoje a AIG esteve no olho do furacão (citação incorreta, uma vez que o olho do furacão é zona de calmaria, mas, vale a versão), prestes a quebrar e arrastar sabe-se lá quanto da economia global em seu rastro. Até hoje porque, para felicidade geral dos povos, o banco central americano, o FED – Federal Reserve – anunciou um empréstimo de 85 bilhões de dólares à companhia, passando a deter 80% de suas ações. Vejam bem, 85 bilhões e não meros milhões de dólares, como pude ler em vários sites, inclusive de negócios e marketing.


Nessa história toda, o patrocínio ao MU, tido como o maior do mundo, custando a bagatela de 20,7 milhões de euros, ou 28,5 milhões de dólares (ao explosivo câmbio de hoje, com a moeda americana fechando a 1,87) ou, ainda, meros 53,4 milhões de reais, passou a ficar bastante ameaçado, apesar de pronunciamentos em contrário de seus diretores.


Pura bobagem esse tipo de pronunciamento.

Num momento como esse, quando a vida da empresa está em risco e todo mundo e mais um monte de gente está rezando por um empréstimo salvador (falava-se que o governo de Nova York, e não ficou claro se seria a cidade ou o estado, faria um empréstimo de 20 bilhões para ajudar a companhia a manter-se viva), responder a alguma questão de um diretor de um clube de futebol europeu não é nem a última preocupação, simplesmente é algo que não existe, é um conjunto vazio.


Nesse momento, as bolsas asiáticas já reagiram favoravelmente ao empréstimo para a seguradora gigante e há alguma esperança de retorno a algum tipo de normalidade. Independentemente disso, o time de Sir Alex Ferguson pode perder seu patrocínio milionário que, pensando bem, nem é assim tão gigantesco, afinal, equivale a pouco mais de três “Medial” para o Corinthians, em plena Série B.


Isso me deixa com uma dúvida: o Manchester está recebendo pouco ou o nosso mercado é meio maluco?

Afinal, se sair o novo patrocínio de 30 milhões do São Paulo, desde que o câmbio volte aos seus trilhos da semana passada, ele equivalerá a mais de meio Manchester.


Em tempo: para quem estranhou tanto desassossego com uma seguradora, a questão é que o grosso dos valores segurados pela AIG são apólices de instituições financeiras, que seguram-se contra perdas como essas que vêm ocorrendo no mercado.

Apenas nos últimos três meses a AIG registrou quase 20 bilhões de dólares em pagamentos absolutamente não previstos.


Essa crise, tenho certeza, terá reflexos em nossa área esportiva, mas ainda é muito cedo para falar alguma coisa mais.




Post scriptum


Infelizmente, mesmo com essas medidas e outras mais, tomadas por bancos centrais europeus e asiáticos, as bolsas não sustentaram um primeiro momento de animação e continuaram em queda.


Má notícia para todos, seja na Ásia, Europa ou nas três Américas.



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terça-feira, setembro 16, 2008

Não agüento mais samba e pagode!





Este blogueiro faz um pit stop à espera de alguns dados para concluir a segunda parte do post “Patrocínios, patrocinadores e consumidores”. Já adianto que é um pit stop meio raivoso, portanto, se quiser pode parar a leitura por aqui. Vou mais longe: acho recomendável parar a leitura aqui, até porque vou falar sobre algo que, apesar de provocar raiva, é irrelevante: o time da CBF, digo, cbf – o danado do meu corretor teima em colocar esse nome com maiúsculas. Percebe-se que esse corretor só entende mesmo, e olhe lá, de correções ortográficas e gramaticais.


Naquela esfuziante vitória sobre o poderoso esquadrão chileno, a visão do gênio Robinho sambando após fazer o gol que Luiz Fabiano deu-lhe de bandeja, irritou-me ao extremo. Não agüento mais ver essas comemorações dançarinas, sem falar naquelas em que o autor do gol corre com o dedão enfiado na boca. Ô, mau gosto, sô! Sem falar na total falta de higiene.


Voltando ao gol do gênio da bola contra o Chile, o que passa pelas cabecinhas milionárias e coroadas desses caras? Estão comemorando o que? O grupo só jogou alguma bolinha – e bem pequena – porque o Presidente da República meteu a boca e o dedo na ferida, provocando a correria sem qualidade em campo (mas bastou correr para vencer, o que mostra a qualidade do esquadrão chileno) e as palavras grosseiras, insultuosas, desrespeitosas ao extremo do goleiro Julio Cesar, endereçadas ao brasileiro que por duas vezes recebeu o voto de dezenas e dezenas de milhões de brasileiros para dirigir este país. Enquanto que ele, goleiro do time da cbf, só está lá por indicação de um sujeito que foi indicado por outro sujeito, nenhum deles jamais tendo passado pela aprovação popular.


Um absurdo sem tamanho.


Isso não é uma defesa do cidadão e político Luiz Inácio Lula da Silva, em quem nunca votei, mas que, apesar de vários pesares, respeito como presidente eleito e respeito como político, mesmo com os tais vários pesares. Trata-se de uma defesa do Presidente da República.


De volta à vaca fria, depois da portentosa vitória nos sopés dos Andes, veio o portentoso empate contra dez jogadores da Bolívia, em pleno Engenhão. Sem maiores comentários, não vale a pena perder tempo e curtir dores de LER por conta desse bando, digo, time da cbf.


Mas sou obrigado a tal perda: agora há pouco, durante meu sagrado café da manhã, minha leitura do caderno de esportes do Estadão foi maculada pela notícia vinda da sucursal carioca do jornalão, de autoria de Bruno Lousada e Silvio Barsetti, dando conta que, depois do dito portentoso empate, alguns jogadores do time brasileiro foram para um sítio de difícil acesso, na Estrada do Pau Ferro, em Jacarepaguá, onde festejaram até altas horas.


Ninguém pôde entrar com bolsa e celular (ah, estão ficando espertos esses rapazes), o pagode rolou solto, Ronaldinho Gaúcho deixou o local cedo, realmente cedo – pouco antes da hora do almoço. Três dias depois jogou titica pelo Milan, derrotado por 2x0 pelo Genoa, jogo em que ele foi substituído no intervalo por absoluta ausência de futebol, caridosamente traduzida por “rendimento apagado”.


Segundo testemunha, outra grande estrela do futebol brasileiro ficou por lá menos tempo, saindo direto para o Aeroporto Tom Jobim, onde embarcou rumo a sua nova casa na Europa.


Felizmente tenho estômago de avestruz ou de ferro, sei lá, o que me permitiu comer em lugares, digamos, muito pouco salubres, em muitas de minhas viagens, e permite-me, hoje, ler esse tipo de notícia sem precisar correr ao banheiro mais próximo para livrar-me dos engulhos.


Bom, taí, azar teu se você leu até aqui.

Agradeço a leitura e lamento pelo texto chato (eu avisei), mas acredito que você, estimada leitora, estimado leitor, entendeu porque eu tinha que escrever esse ‘trem’.


Bom dia a todos.



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segunda-feira, setembro 15, 2008

Patrocínios, patrocinadores e consumidores - Parte I





Semana passada o Lance estampou o belo número ’90 milhões’ em sua capa da edição paulista, associando-o ao novo contrato de patrocínio do São Paulo para o triênio 2009/2011. Uma chamada interessante, sem dúvida, mas que, tirando o número escandaloso válido por três anos, ou seja, 30 milhões/ano, nada de novo foi dito na matéria. Pelo menos para quem acompanha este Olhar Crônico Esportivo desde o ano passado.


Naturalmente, a força dos ’90 milhões’ chamou a atenção de muita gente, despertou curiosidade, dúvidas, inveja, descrença e outros sentimentos igualmente humanos. Luiz Paulo Rosemberg, vice-presidente de marketing do Corinthians, correu a dizer que não acreditava nesse valor e que o São Paulo não conseguiria patrocínio maior que o corintiano, pois, segundo ele, o que conta é audiência e nesse ponto o
Tricolor perde para Flamengo e Corinthians.


Entretanto, não foi o que se viu em 2007, quando o IVF – Índice de Visualização de Futebol – de São Paulo e Corinthians foram semelhantes, isso com uma forte reação corintiana motivada pela reta final do Brasileiro, quando o time tentava desesperadamente escapar ao rebaixamento e sua audiência aumentou entre não-corintianos, torcedores ou, mais provavelmente, secadores. Convém lembrar que 2007 foi um péssimo ano para o São Paulo, que saiu da Copa Libertadores ainda na fase de oitavas-de-final.


Há mais fatores que pesam num patrocínio e Rosemberg sabe disso (da mesma forma que sabe que o tamanho da torcida corintiana está muito longe dos propalados 33 milhões de torcedores, como também estão longe da realidade os supostos 35 milhões de flamenguistas; falta povo para tantos torcedores, mas o que vale é repetir esses números como mantras), mas, sabendo ou não, não irá deixar de dar suas alfinetadas no rival.


Por enquanto, ao menos oficialmente, nada há de novo no front do Morumbi. Comenta-se que a LG não renovará, depois do desgaste de 2007. Os nomes ventilados são:


- Emirates – apesar das declarações de seu presidente há alguns meses, não está descartada essa possibilidade, mesmo porque os vôos São Paulo/Dubai vão bem, obrigado, e a direção da Emirates conversa com a Infraero e governo paulista sobre a possibilidade de fazer essa rota com os A-380, nesse caso usando o Aeroporto de Viracopos, em Campinas;


- FAENSA – cuja tradução é Coca-Cola, já tendo desenvolvido uma boa parceria na instalação do Santo Paulo Bar, recentemente;


- Samsung – nome ventilado desde antes do rompimento do acordo com o Corinthians;


- Panasonic – outra gigante eletroeletrônica asiática, sem presença marcante na mídia nesse momento; um patrocínio como esse seria uma poderosa alavanca para voltar a crescer no mercado brasileiro; talvez não por coincidência, os monitores de LCD instalados no Santo Paulo Bar são todos Panasonic.


Julio Casares, agora vice-presidente, tem falado grosso sobre o patrocínio e cheguei a ficar espantado com suas declarações falando em 30 ou 32 milhões como valor para o patrocínio da camisa do time. Mais que o dinheiro, o São Paulo está interessado num parceiro que desenvolva e participe de projetos em conjunto.



A visão do torcedor



Como não poderia deixar de ser, o jornal foi às ruas e perguntou ao torcedor o que ele achava disso tudo e o que o clube deveria fazer com o dinheiro. Pergunta meio pueril e respostas óbvias: o jornal ignorou a realidade de custos do clube na formulação da pergunta, e o torcedor disparou aquilo que ele mais quer: contratar jogadores bons, de renome, que entrem e solucionem e dêem títulos ao clube.


Não é assim tão simples.


Mesmo que o clube feche patrocínio nessa ordem de grandeza, o que, associado às novas verbas de TV para 2009 gerará um excelente fluxo de caixa, o custo do futebol do São Paulo já é bastante alto e, com toda certeza, o presidente Juvenal Juvêncio não vai abrir a mão e os cofres para salários fora do padrão do clube. Talvez até flexibilize um pouco, o bastante para não perder, uma vez mais, jogadores do nível e do custo de um Conca, por exemplo.


Pelo levantamento deste blog, analisando os balanços do clube, a folha salarial do futebol em 2007 cresceu muito em termos de participação sobre o total de receitas operacionais, chegando ao número de 70% ou próximo disso. O elenco do São Paulo é caro e sua manutenção em 2008 – mesmo com as saídas de Souza, Leandro, Adriano, Aloísio e Alex Silva – também terá um custo bastante elevado. Um bom jogador, titular da equipe, com passagem por seleção brasileira, custa entre um e meio e dois milhões de reais por ano. E são vários jogadores nessa categoria, tendo, ainda, os membros da Comissão Técnica, que igualmente não saem barato, além do REFFIS e dos custos do futebol de base.


Ao mesmo tempo, prosseguem os investimentos no Estádio do Morumbi, embora este já consiga gerar um excelente superávit, que, nesse exercício poderá bater em dez milhões de reais. Um número espantoso, totalmente divorciado da realidade brasileira, mas ainda assim minúsculo para as necessidades de adaptação do estádio às exigências da FIFA para sediar jogos da Copa do Mundo.


Uma coisa é certa: haverá dinheiro.


Mas como ele será utilizado só Juvenal Juvêncio e seus diretores mais próximos sabem.



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Nasce o G4






Nesse blog há uma tag – G5 – que foi criada em 2007, com seu primeiro post no dia 16 de outubro. A esse, seguiram-se mais alguns, escritos durante um período meio agitado, meio turbulento, no Clube dos 13. Um dos posts tem como título “G 5 à vista”, e falava da criação do grupo constituído por Atlético Mineiro, Botafogo, Cruzeiro, Flamengo e São Paulo. No final desse post, esse blogueiro vaticinava que o G5 teria vida curta, dadas suas contradições e diferenças internas, o que levaria os clubes maiores em torcida e visualização na TV a negociarem separadamente seus contratos de direitos de transmissão.

Numa previsão este Olhar Crônico Esportivo acertou: a vida curta do G5; mas errou no motivo para a morte prematura e na decisão dos grandes negociarem isoladamente. Atlético Mineiro e Cruzeiro nunca estiveram, de fato, dentro do G5, apenas flertaram com a idéia e no primeiro embate a sério dentro do Clube dos 13 votaram com a corrente majoritária e com a direção da entidade.

Na prática, Flamengo e São Paulo permaneceram isolados e ausentes, com a participação vacilante do Botafogo. Outro clube que flertou com o grupo, mas ficou fora, foi o Corinthians. Inclusive, durante as negociações dos contratos de TV, o representante corintiano na Comissão de Televisão, Luiz Paulo Rosemberg, representou os interesses do São Paulo e também do Flamengo, fato revelado por este blog. O time do Parque São Jorge, com essa postura, permanecia alinhado ao Clube dos 13, mas não deixava de estar em boas relações com São Paulo e Flamengo, por outro lado. Andrés Sanches, ao seu estilo político, jogava nas duas pontas ao mesmo tempo. Só faltou correr para a área e cabecear.

O tempo passou, algumas contradições se agravaram, São Paulo e Flamengo permaneceram à parte dos processos decisórios do Clube dos 13, Sanches ficou mais à vontade e seguro na direção corintiana e, sobretudo, os dirigentes dos dois oposicionistas em momento algum deixaram de pleitear mudanças nas regras, principalmente, da distribuição dos valores pagos pelo futebol pela TV e outras mídias.

Com a eleição de Roberto Dinamite no Vasco, houve uma grande aproximação, um flerte que passou a namoro, quase virou noivado, entre o clube de São Januário e os ‘rebeldes’, mas, tal como já haviam feito os dois grandes de Minas Gerais, o Vasco também ficou de fora do grupo de oposição e vem votando com a ala majoritária e com a direção de Fabio Koff, nunca chegando a ser parte da oposição que, agora, formaliza sua existência e diz a que veio, com o nome que já caiu na mídia de G4: Botafogo, Corinthians, Flamengo e São Paulo.

Nem tudo, porém, são rosas: na constituição do grupo, Márcio Braga votou em nome do Botafogo e de Bebeto de Freitas. Logo depois, pessoas do clube da estrela solitária começaram a dizer que não era bem assim, que Márcio Braga não tinha representação legal e formal para votar em nome do Botafogo.

Nem bem nasceu e o G4 já corre o risco de virar G3.

Apesar de sua declaração de intenções – excelente, por sinal, mas, como diz o povo, de boas intenções tem um certo lugar que já está cheio delas – os clubes do G4 desejam, em primeiro lugar, garantir aos seus componentes uma fatia maior do bolo geral das verbas negociadas via Clube dos 13.

Não se trata de instituir novas cotas, e sim de aumentar a participação de seus membros nas receitas que superam o valor atualmente em vigor. Não há, pelo menos que eu saiba, uma fórmula a respeito, mas a idéia é manter a participação atual dos clubes nas receitas tal como está e discutir outra divisão nas novas negociações e receitas.

Outro ponto importante que levou os clubes à oposição, conforme foi manifestado mais de uma vez por dirigentes do Flamengo e São Paulo, foi a vontade de participar mais ativamente das tomadas de decisão nos assuntos que dizem respeito aos clubes, processo que, segundo esses dirigentes, seria dificultado ou mesmo impedido pela atuação da direção do Clube dos 13, respaldada, claro, pelo estatuto da entidade.

Sem julgar se o G4 será melhor ou pior que o Clube dos 13, sem entrar no mérito de seus propósitos, este Olhar Crônico Esportivo considera sua criação um fato positivo, no sentido de serem clubes se unindo para lutar por objetivos que consideram justos. Num cenário dominado por uma estrutura federativa ultrapassada, carente de representatividade de fato, amparada tão somente por uma representatividade jurídica, uma legalidade que remonta ao Estado Novo e sua concepção fascista, iniciativas como essa devem ser saudadas. Depois, com a prática, veremos como se comportam.

Temos, agora, o Clube dos 13, a Futebol Brasil Associados e o G4. Há uma tentativa de criação de um órgão formado pelos clubes das séries C e D, esquecidos e abandonados por todos, a começar por quem mais deveria cuidar deles, a Confederação, que supostamente responde por todo o futebol brasileiro, com a missão de desenvolvê-lo e torná-lo melhor a cada nova temporada. Acredito que o desenvolvimento da indústria do futebol levará os clubes, inevitavelmente, a entrarem em choques cada vez mais freqüentes com essa estrutura. Nesse momento, suas entidades próprias ganharão mais peso e importância.

A ver.

Enquanto isso, nasce uma nova tag no Olhar Crônico Esportivo: G4.


Adendo: a seguir, transcrição da Declaração do Morumbi e das Normas Iniciais Para Atuação do Grupo.








DECLARAÇÃO DO MORUMBI



O G4, grupo formado inicialmente pelos clubes Botafogo, Corinthians, Flamengo e São Paulo, reunido em São Paulo no dia 11 de setembro de 2008, declara o seguinte:


1. Na reunião tivemos uma produtiva e instigante discussão sobre a indústria do esporte, suas implicações políticas, questões sócio-econômicas e nossos planos para o futuro.


2. Nos reunimos porque compartilhamos características, crenças e responsabilidades. Cada um de nós é responsável por trabalhar para que nossos respectivos clubes consigam os melhores resultados desportivos, econômicos e sociais. Somos responsáveis por desenvolver ao máximo a indústria do esporte, de forma transparente e democrática, contribuindo para o crescimento do país, gerando emprego e renda. Nosso sucesso fortalecerá o futebol brasileiro e cada um de nós é responsável por assegurar que o esporte seja um vetor de prosperidade e uma ferramenta para o desenvolvimento integral da pessoa humana.


3. Para assegurar os melhores resultados técnicos, econômicos e sociais de nossa atividade, não mediremos esforços para manter um diálogo permanente e pretendemos tomar em conjunto decisões relativas à comercialização de nossas propriedades, como, por exemplo, os direitos de marketing, publicidade, captação, exibição e transmissão de nossos jogos.



4. Assumimos o compromisso de colaborar com a CBF para o desenvolvimento do futebol brasileiro. Estamos seguros que nossas atividades não são incompatíveis com a sua organização. Temos certeza que juntos poderemos contribuir para trabalhar questões importantes como o calendário, o regime tributário dos clubes, a proteção ao atleta em formação e ao clube formador, o êxodo de nossos atletas para o exterior, entre outros.



5. Pretendemos intensificar nossa cooperação entre os próprios membros do G4 e com todas as entidades e instituições, públicas e privadas, para discutir e resolver os nossos problemas.


6. Concentraremos esforços em negociações e estudos de mercado capazes de potencializar produtos ainda pouco explorados como, por exemplo, os relativos às novas mídias, internet, telefonia celular, naming rights e toda segunda linha de patrocinadores. Nós estamos convencidos que o G4 pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento e promoção destes produtos.

7. Acreditamos que a cooperação com outros clubes seja fundamental para alcançarmos os melhores resultados econômicos. Por isso, buscaremos ampliar o G4 de modo a permitir a participação daqueles clubes que compartilharem conosco as necessidades e as condições de potencializar seus resultados econômicos.



8. A Copa do Mundo de 2014, anseio da população brasileira, consolidará as aspirações daqueles que fazem do futebol o esporte mor da nação. Estamos plenamente comprometidos em contribuir para seus melhores resultados e buscaremos ampliar nosso relacionamento com o futebol mundial.



A presente declaração foi aprovada pela unanimidade dos membros do G 4, reunidos em São Paulo no dia 11 de setembro de 2008.



Botafogo

Corinthians

Flamengo

São Paulo





NORMAS INICIAIS PARA ATUAÇÃO DO GRUPO




1- O G4 é o grupo formado pelos clubes: Botafogo, Corinthians, Flamengo e São Paulo

§1º- Outros clubes poderão participar deste grupo, o que alterará seu nome para refletir o número de participantes.


2- A cada ano, o Porta-Voz do grupo será escolhido dentre seus membros, o que será decidido no encontro anterior ao início do ano em que exercerá a função. O primeiro encontro acontecerá na cidade de São Paulo, onde será anunciado o Porta-Voz para 2009, que, excepcionalmente, exercerá a função pelos meses remanescentes de 2008.


3- O Porta-Voz é o responsável por organizar a Reunião Anual do G4, denominada Cimeira. A Cimeira será uma oportunidade para os Presidentes dos Clubes membros discutirem pessoalmente os temas fundamentais para a defesa de seus interesses. O Porta-Voz tem a responsabilidade de falar em nome do G4 e envidar os esforços necessários ao bom andamento dos trabalhos.


4- Reuniões poderão ser organizadas antes da Cimeira para discutir os temas de interesse comum e preparar a agenda da própria Cimeira. Nestas reuniões os Presidentes poderão se fazer representar pelos seus assessores técnicos. As reuniões preparatórias têm o propósito de promover um diálogo permanente e manter o foco dos trabalhos do grupo. Os membros se corresponderão durante o ano inteiro sobre os temas de seu interesse.


5- O presente texto foi aprovado pela unanimidade dos membros do G4, reunidos em São Paulo no dia 11 de setembro de 2008.



Botafogo

Corinthians

Flamengo

São Paulo



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