Um Olhar Crônico Esportivo

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segunda-feira, setembro 15, 2008

Patrocínios, patrocinadores e consumidores - Parte I





Semana passada o Lance estampou o belo número ’90 milhões’ em sua capa da edição paulista, associando-o ao novo contrato de patrocínio do São Paulo para o triênio 2009/2011. Uma chamada interessante, sem dúvida, mas que, tirando o número escandaloso válido por três anos, ou seja, 30 milhões/ano, nada de novo foi dito na matéria. Pelo menos para quem acompanha este Olhar Crônico Esportivo desde o ano passado.


Naturalmente, a força dos ’90 milhões’ chamou a atenção de muita gente, despertou curiosidade, dúvidas, inveja, descrença e outros sentimentos igualmente humanos. Luiz Paulo Rosemberg, vice-presidente de marketing do Corinthians, correu a dizer que não acreditava nesse valor e que o São Paulo não conseguiria patrocínio maior que o corintiano, pois, segundo ele, o que conta é audiência e nesse ponto o
Tricolor perde para Flamengo e Corinthians.


Entretanto, não foi o que se viu em 2007, quando o IVF – Índice de Visualização de Futebol – de São Paulo e Corinthians foram semelhantes, isso com uma forte reação corintiana motivada pela reta final do Brasileiro, quando o time tentava desesperadamente escapar ao rebaixamento e sua audiência aumentou entre não-corintianos, torcedores ou, mais provavelmente, secadores. Convém lembrar que 2007 foi um péssimo ano para o São Paulo, que saiu da Copa Libertadores ainda na fase de oitavas-de-final.


Há mais fatores que pesam num patrocínio e Rosemberg sabe disso (da mesma forma que sabe que o tamanho da torcida corintiana está muito longe dos propalados 33 milhões de torcedores, como também estão longe da realidade os supostos 35 milhões de flamenguistas; falta povo para tantos torcedores, mas o que vale é repetir esses números como mantras), mas, sabendo ou não, não irá deixar de dar suas alfinetadas no rival.


Por enquanto, ao menos oficialmente, nada há de novo no front do Morumbi. Comenta-se que a LG não renovará, depois do desgaste de 2007. Os nomes ventilados são:


- Emirates – apesar das declarações de seu presidente há alguns meses, não está descartada essa possibilidade, mesmo porque os vôos São Paulo/Dubai vão bem, obrigado, e a direção da Emirates conversa com a Infraero e governo paulista sobre a possibilidade de fazer essa rota com os A-380, nesse caso usando o Aeroporto de Viracopos, em Campinas;


- FAENSA – cuja tradução é Coca-Cola, já tendo desenvolvido uma boa parceria na instalação do Santo Paulo Bar, recentemente;


- Samsung – nome ventilado desde antes do rompimento do acordo com o Corinthians;


- Panasonic – outra gigante eletroeletrônica asiática, sem presença marcante na mídia nesse momento; um patrocínio como esse seria uma poderosa alavanca para voltar a crescer no mercado brasileiro; talvez não por coincidência, os monitores de LCD instalados no Santo Paulo Bar são todos Panasonic.


Julio Casares, agora vice-presidente, tem falado grosso sobre o patrocínio e cheguei a ficar espantado com suas declarações falando em 30 ou 32 milhões como valor para o patrocínio da camisa do time. Mais que o dinheiro, o São Paulo está interessado num parceiro que desenvolva e participe de projetos em conjunto.



A visão do torcedor



Como não poderia deixar de ser, o jornal foi às ruas e perguntou ao torcedor o que ele achava disso tudo e o que o clube deveria fazer com o dinheiro. Pergunta meio pueril e respostas óbvias: o jornal ignorou a realidade de custos do clube na formulação da pergunta, e o torcedor disparou aquilo que ele mais quer: contratar jogadores bons, de renome, que entrem e solucionem e dêem títulos ao clube.


Não é assim tão simples.


Mesmo que o clube feche patrocínio nessa ordem de grandeza, o que, associado às novas verbas de TV para 2009 gerará um excelente fluxo de caixa, o custo do futebol do São Paulo já é bastante alto e, com toda certeza, o presidente Juvenal Juvêncio não vai abrir a mão e os cofres para salários fora do padrão do clube. Talvez até flexibilize um pouco, o bastante para não perder, uma vez mais, jogadores do nível e do custo de um Conca, por exemplo.


Pelo levantamento deste blog, analisando os balanços do clube, a folha salarial do futebol em 2007 cresceu muito em termos de participação sobre o total de receitas operacionais, chegando ao número de 70% ou próximo disso. O elenco do São Paulo é caro e sua manutenção em 2008 – mesmo com as saídas de Souza, Leandro, Adriano, Aloísio e Alex Silva – também terá um custo bastante elevado. Um bom jogador, titular da equipe, com passagem por seleção brasileira, custa entre um e meio e dois milhões de reais por ano. E são vários jogadores nessa categoria, tendo, ainda, os membros da Comissão Técnica, que igualmente não saem barato, além do REFFIS e dos custos do futebol de base.


Ao mesmo tempo, prosseguem os investimentos no Estádio do Morumbi, embora este já consiga gerar um excelente superávit, que, nesse exercício poderá bater em dez milhões de reais. Um número espantoso, totalmente divorciado da realidade brasileira, mas ainda assim minúsculo para as necessidades de adaptação do estádio às exigências da FIFA para sediar jogos da Copa do Mundo.


Uma coisa é certa: haverá dinheiro.


Mas como ele será utilizado só Juvenal Juvêncio e seus diretores mais próximos sabem.



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2 Comments:

  • At 2:42 AM, Anonymous Anônimo said…

    Passaba a saludar por aqui... Futebol brasilero!!

    Te passo meu link www.elinfiernoesencantador.blogspot.com

     
  • At 8:54 AM, Blogger Fábio José Paulo (FAJOPA) said…

    Fala Emerson,

    Será que existe alguma possibilidade de um acordo com a Emirates incluir o projeto de modernização do Morumbi??? Na Inglaterra o estádio do Arsenal se chama Emirates Stadium. Vai saber se não existe o interesse de um Emirates Stadium no futebol pentacampeão.

    Todos os patrocinadores seriam opções bem interessantes.

     

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