Pit stop marketeiro
A origem do dinheiro do futebol
A Globo já colocou no mercado as cotas de patrocínio do Futebol 2009.
São cinco cotas principais e mais a abertura das rodadas. Cada uma das cotas tem o custo de 112 milhões de reais, totalizando 560 milhões de reais, mais o custo da abertura, ainda não divulgado, mas de valor bem inferior às cotas principais.
Esse é o dinheiro, descontados os impostos, que a Rede usa para pagar os direitos de transmissão de TV
Além desse direito, os patrocinadores têm outros, como a garantia da exclusividade no patrocínio do BR. Por esse motivo, como este blog informou em ainda em junho, não havia chance do Banco do Brasil patrocinar o BR por meio de naming rights, ou seja, dando seu nome ao campeonato, uma vez que conflitaria com o Itaú, problema que não afeta a Ipiranga, por exemplo, uma vez que nenhum dos cinco patrocinadores vende gasolina.
Há um limite para o crescimento dos valores dos direitos de transmissão, e esse limite é ditado pelo mercado, pelo valor que as empresas estão dispostas a pagar para atingir seus consumidores potenciais e reforçar suas marcas. Por isso mesmo, nunca acreditei nas declarações “em off” de executivos da Record dizendo que pagariam até 1 bilhão pelo futebol.
Sem chance, simplesmente.
Eletrobrás no Vasco
Há algum tempo corriam rumores sobre a entrada de uma estatal no Clube de Regatas Vasco da Gama, como patrocinadora do futebol. Agora, o presidente vascaíno, Roberto Dinamite, confirma os rumores e diz que as negociações com a Eletrobrás estão adiantadas e bem encaminhadas.
Bom, eis uma situação no mínimo curiosa.
A Eletrobrás não disputa mercados, seu produto tem consumo obrigatório e sem concorrência. Ela mesma nada vende, na medida em que são suas subsidiárias que produzem eletricidade e vendem-na para distribuidoras, que, por sua vez, levam-na para as casas e empresas. Nem mesmo essas empresas têm competidoras, uma vez que trabalham com áreas fechadas, onde são a única possibilidade de comprar energia elétrica.
Então, por que uma empresa como essa patrocinaria a camisa de um clube de futebol?
Já temos o exemplo da Petrobrás, que patrocina o Flamengo e é uma empresa estatal. Em seu caso ainda pode-se argumentar que ela disputa mercado de gasolina e lubrificantes com outras companhias.
Temos, também, a Liquigás, outra estatal, subsidiária da Petrobrás, que patrocina o Botafogo. Ela vende gás engarrafado para donas-de-casa e empresas. Tem, também, uma concorrência. Mas, e esse ‘mas’ nunca pode ser esquecido, precisamos lembrar que se trata de uma empresa estatal. Acho o caso da Eletrobrás mais grave ou, amenizando, muito mais incompreensível.
Os valores que foram divulgados são, também, elevados: 15 milhões de reais por ano, durante 5 anos. Se a cifra for verdadeira, será um excelente negócio para o Vasco, sem a menor dúvida.
Pela minha avaliação, o valor de mercado para o patrocínio vascaíno seria algo entre dez e doze milhões de reais. O valor de quinze parece-me, considerando exposição de mídia, elevado.
Também chama a atenção a propalada duração do contrato: 5 anos. Flamengo e Corinthians fecharam seus últimos contratos por apenas um ano, e o São Paulo está negociando seu novo patrocínio por três anos.
Fica aqui a lembrança que a administração anterior divulgou o valor do patrocínio da MRV como sendo 12 milhões anuais, quando, na verdade, era de somente 3,5 milhões. Esperamos todos que a nova gestão vascaína tenha mudado de fato, ao menos nesse ponto, o compromisso com a verdade.
Crash da economia pode afetar o Manchester United
O patrocinador de camisa do Manchester United é a AIG – American International Group – maior seguradora do mundo, e dona, entre outros negócios, da International Lease Finance Corporation, empresa de leasing que possui, entre outras coisas, mais de 900 Boeings e Airbus, arrendados para companhias aéreas de todo o planeta, inclusive aqui na Terra de Vera Cruz.
Até hoje a AIG esteve no olho do furacão (citação incorreta, uma vez que o olho do furacão é zona de calmaria, mas, vale a versão), prestes a quebrar e arrastar sabe-se lá quanto da economia global
Nessa história toda, o patrocínio ao MU, tido como o maior do mundo, custando a bagatela de 20,7 milhões de euros, ou 28,5 milhões de dólares (ao explosivo câmbio de hoje, com a moeda americana fechando a 1,87) ou, ainda, meros 53,4 milhões de reais, passou a ficar bastante ameaçado, apesar de pronunciamentos em contrário de seus diretores.
Pura bobagem esse tipo de pronunciamento.
Num momento como esse, quando a vida da empresa está em risco e todo mundo e mais um monte de gente está rezando por um empréstimo salvador (falava-se que o governo de Nova York, e não ficou claro se seria a cidade ou o estado, faria um empréstimo de 20 bilhões para ajudar a companhia a manter-se viva), responder a alguma questão de um diretor de um clube de futebol europeu não é nem a última preocupação, simplesmente é algo que não existe, é um conjunto vazio.
Nesse momento, as bolsas asiáticas já reagiram favoravelmente ao empréstimo para a seguradora gigante e há alguma esperança de retorno a algum tipo de normalidade. Independentemente disso, o time de Sir Alex Ferguson pode perder seu patrocínio milionário que, pensando bem, nem é assim tão gigantesco, afinal, equivale a pouco mais de três “Medial” para o Corinthians,
Isso me deixa com uma dúvida: o Manchester está recebendo pouco ou o nosso mercado é meio maluco?
Afinal, se sair o novo patrocínio de 30 milhões do São Paulo, desde que o câmbio volte aos seus trilhos da semana passada, ele equivalerá a mais de meio Manchester.
Em tempo: para quem estranhou tanto desassossego com uma seguradora, a questão é que o grosso dos valores segurados pela AIG são apólices de instituições financeiras, que seguram-se contra perdas como essas que vêm ocorrendo no mercado.
Apenas nos últimos três meses a AIG registrou quase 20 bilhões de dólares em pagamentos absolutamente não previstos.
Essa crise, tenho certeza, terá reflexos em nossa área esportiva, mas ainda é muito cedo para falar alguma coisa mais.
Post scriptum
Infelizmente, mesmo com essas medidas e outras mais, tomadas por bancos centrais europeus e asiáticos, as bolsas não sustentaram um primeiro momento de animação e continuaram em queda.
Má notícia para todos, seja na Ásia, Europa ou nas três Américas.
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Marcadores: Marketing e Dinheiro, TV, Vasco
2 Comments:
At 10:21 AM, ROD said…
Emerson,
Más notícias para todos, sem dúvidas, muito embora eu esteja com uma curiosidade quase que sado-masoquista de ver como se sairão os "gênios", economistas do PT, ao se defrontarem com a primeira grande crise na economia mundial.
Até agora, os "gênios" vinham surfando numa calmaria jamais vista na economia deste mundo hoje globalizado, e com uma moeda estável e relativamente forte, fruto da "herança maldita", mas parece que o caldo, agora, vai engrossar.
Aguardemos os próximos capítulos
um abraço, e pra não perder o hábito:
FORA LULLA!!!
At 10:32 PM, Unknown said…
VC É MALUCO? Q PESQUISA VC SEGUIU PRA AFIRMAR Q O VALOR ANUAL DE PATROCINIO DO VASCO É APENAS 10 MILHOES? TIMES MENORES Q O VASCO RECEBEM MAIS E NINGUEM FALA NADA. E DA PETROBRAS GENTE COMO VC ACHA NORMAL, MAIS DE 15 ANOS DE PAIIIITROCINIO, É UMA VERGONHA! TENHO NOJO DA PETROBRAS E DO BRASIL, ONDE COISAS COMO ESSAS ACONTECEM POR CAUSA DE GENTE COMO VC.
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