Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

<

sexta-feira, agosto 08, 2008

Mudando o enquadramento


Mesmo uma atriz de primeiro escalão, super-cuidada e cheia de cuidados com sua pele, não grava uma mísera cena em plano aberto sem um bom e competente trabalho de maquiagem, tampando buracos, escondendo imperfeições diversas. Se a gravação pede um close, então, aí o trabalho do maquiador é exigido ao máximo. Mesmo assim, vez ou outra alguma coisa escapa e o ‘pau’ come na emissora ou produtora. Acaba sobrando para o maquiador, claro, embora nem sempre seja ele o culpado.

Entretanto, ao assistir a um programa esportivo ou a uma transmissão esportiva ao vivo, enxergo coisas que, francamente, preferia não ver.

Como profissional de vídeo e televisão, uma das coisas que mais detesto nesses programas é a imagem em super-close de entrevistados. Algumas chegam a ser repulsivas, pois quando o infeliz abre a boca pode-se perceber o estado de cada um de seus dentes, como se cada telespectador fosse o dentista do entrevistado. Outros, principalmente jogadores jovens ou nadadoras ‘saradonas’, enchem a tela com suas acnes em detalhe. Muito lamentável, para dizer o mínimo, se bem que já disse o que penso um pouco antes.

E por que esse festival de horrores?

Por que esse enquadramento radical e que contradiz todas as regras de enquadramento profissional?

Simples: evitar a exposição das marcas que aparecem no boné do entrevistado, em sua camisa, na parede à frente da qual ele é postado pelo pessoal da assessoria de imprensa de seu clube.

Entendo os cuidados das emissoras com essa situação, entendo mesmo. A emissora, no caso a Globo, paga uma fortuna pelos direitos de transmissão, que são patrocinados por empresas que pagam um bom dinheiro. Daí, depois de tudo isso, aparece o logo de outra empresa numa transmissão... Como disse, entendo a postura da emissora, mas, assim mesmo, não gosto de sua prática. Por motivos estéticos, sem dúvida, mas também porque os patrocinadores das equipes também são responsáveis pelo grande espetáculo do futebol. Os patrocínios permitem, ou deveriam permitir, que os clubes mantenham bons elencos e, dessa forma, melhorem o espetáculo que a televisão compra e vende para seus anunciantes, e passa para os telespectadores. Enxergo isso como uma grande corrente, onde um ajuda o outro que ajuda um que ajuda outro...



Mudança no enquadramento

Dentro do pacote de negociações envolvendo os direitos de transmissão para 2009, os clubes, através da Comissão de TV do Clube dos 13, e a Globo e GLOBOSAT, chegaram a um bom acordo sobre esse ponto. As emissoras – Globo, Sportv e canais Premiére – abrirão o ângulo de enquadramento de suas câmeras, atendendo a uma reivindicação bem antiga.

Ouvido pela Máquina do Esporte, José Carlos Brunoro disse: “Acho que não vai, necessariamente, inflar nada. Você vende sempre que está incluso uma visibilidade 'x', então já estava previsto. É que não estava entregando muito bem. É uma correção de rumo. Mas é lógico que o retorno maior pode gerar um aumento no valor das negociações”.

Entretanto, conversando com um amigo que trabalha na área de mídia em uma grande agência de propaganda, ouvi dele a mesma expectativa que eu tinha, ou seja, que essa medida vai facilitar, vai ‘azeitar’ as negociações e, talvez, até infle um pouco o mercado. Não que o Brunoro esteja errado, longe disso, mas na opinião desse profissional e na minha, vai impactar o mercado, mesmo. Talvez pouco, talvez muito, não dá para saber, mas irá aumentar o interesse pelo mercado de patrocínio.

Nas negociações entre a Comissão e a Globo, a emissora conseguiu maiores e melhores facilidades para seus profissionais, veículos e equipamentos nos estádios, assunto que sempre gera um bocado de dores-de-cabeça, em especial em jogos mais importantes, quando aumenta o número de câmeras e de profissionais. No todo, um simples detalhe, mas importante para quem trabalha, pois influi diretamente na qualidade das transmissões.

Minha impressão é que essa medida, que acabou passando meio despercebida no burburinho dos últimos dias, é a mais importante conquista dos clubes, fora, é claro, o aumento nos valores negociados e a distribuição da receita do pay-per-view de acordo com as preferências clubísticas dos compradores.



Impactos imediatos

A curto prazo, vários clubes irão se beneficiar diretamente dessa medida. Por exemplo, o Vasco da Gama, que tem um contrato de patrocínio de camisa de valor muito baixo, bem menor do que representa seu potencial de mercado. Apesar de declarações iniciais da nova direção no sentido de manter o patrocínio MRV para 2009 e até 2010, eu, particularmente, não aposto um tostão furado nessa decisão, principalmente depois da demissão de Marcus Duarte da gerência de marketing do clube de São Januário. Não que essa nova postura da emissora vá garantir um patrocínio, não custa repetir, mas vai, sim, dar maior poder ao clube na busca por um novo patrocinador com um valor mais adequado ao que representa o clube.

Já para o São Paulo e Corinthians, que estão em plena temporada de negociações para novos valores ou mesmo novos patrocínios, o enquadramento maior será apenas um ponto a mais no aumento de visibilidade proporcionado pelos clubes, já bastante grande. Embora não tenha o mesmo valor para uma empresa como a Petrobrás, também o Flamengo vai usar isso como argumento na briga anual por mais dinheiro. Olhando à distância, creio, porém, que essa medida é mais interessante e passível de levar a uma melhora na remuneração, para empresas preocupadas com o consumidor de forma mais direta, como LG e Medial, enquanto o patrocínio Petrobrás ao Flamengo tem um caráter mais institucional que mercadológico. Claro, posso estar enganado, afinal, essa é a minha opinião como observador externo.


.

Marcadores: , ,

<

terça-feira, agosto 05, 2008

Rolando pelo mundo da bola...


... por aqui e além-mar



O preço da loucura

Costuma ser caro, o que é sabido desde tempos imemoriais.

Pagaram-no reis ambiciosos e nobres ambiciosos, que levaram países e cidades à miséria e à destruição.

Deixando a história de lado, até porque ninguém dá bola para ela e seus ensinamentos, vemos no futebol a perpetuação de loucuras, uma atrás da outra.

Vejam a nota publicada na coluna Painel, de hoje, na Folha de S.Paulo:

"Mar agitado

O facão que o Santos começou a passar nas remunerações mais altas pagas pelo clube deixou Marcelo Teixeira sob fogo cruzado de conselheiros dos dois lados e até de alguns dirigentes. A maioria quer explicações sobre a assinatura de contratos milionários, como o de Fabão (R$ 300 mil mensais) em tempos de crise. O que mais chama a atenção, porém, são altos valores de luvas e outras parcelas. A redução aceita por Cuevas foi nas luvas. Conselheiros querem saber se empresários ganharam comissões nesses negócios."

Diz tudo, não é mesmo?



Novos velhos fãs da Madonna

O pessoal que está cuidando da possível vinda de Madonna para o Brasil reservou o Morumbi para três shows da cantora entre 13 e 20 de dezembro.

A direção do São Paulo está esfregando as mãos de contentamento. Diretores que já eram, digamos, veteranos, quando Louise Veronica, mãe da Lourdes Maria, começou a cantar, são agora fãs de carteirinha da moçoila desde criancinhas.

Afinal, três shows em pleno dezembro, depois do encerramento do Brasileiro e muito antes do início da temporada 2009 é tudo que o pessoal pode pedir para fechar o ano em grande estilo e apresentar mais um balanço recorde em abril.

Além das três apresentações em São Paulo, está prevista uma no Maracanã, no mesmo período.



Roberto Dinamite no Arena Sportv

“O Vasco já antecipou tudo que podia até dezembro e temos compromissos a cumprir.”

Lula tanto falou numa ‘herança maldita’, nunca vista, nunca sentida, que ela até foi esquecida, já que inexistente. Mas agora dá para enxergar a verdadeira herança maldita: o legado de Eurico Miranda para os vascaínos, presididos agora por Roberto Dinamite.

É árdua, extremamente árdua a tarefa de Roberto à frente do Clube de Regatas Vasco da Gama. Eu, particularmente, acredito nele e creio que conseguirá reerguer o clube, mesmo precisando recorrer à prática dos adiantamentos de verbas do ano seguinte, como acaba de ser feito. Mais a respeito no último item desse post.

A propósito, amanhã, em São Januário, o Vasco vencerá o Coxa.

Ainda falando em Vasco, o gerente de marketing, Marcus Duarte, foi demitido pela nova direção. Embora parte da herança euriquiana, na visão deste blogueiro ele vinha fazendo um bom trabalho, fechando acordos com MRV, Habib’s e Coca-Cola.

De certa forma tal saída era esperada e mesmo inevitável, até porque mudou o diretor responsável pela área. Em termos operacionais, um novo executivo terá maior liberdade para tentar renegociar os atuais patrocínios.



Rolando na Gávea...


A Modernidade

O Flamengo assinou um contrato pioneiro no Brasil, com o Google, que colocou no Youtube um canal exclusivo para o Flamengo. Além de servir para mostrar vídeos feitos pela FlaTV, o canal também receberá, de forma inédita em relação aos contratos com alguns clubes europeus, vídeos produzidos pelos torcedores.

Não há perspectiva, ao menos imediata, de retorno financeiro, mas também não haverá gasto algum com a iniciativa, que tem tudo para se transformar numa grande ferramenta de comunicação interativa entre o clube e seus torcedores.


E o atraso

Sem maiores comentários, transcrevo a matéria do GloboEsporte.com:

“Torcedores invadem treino, protestam e atiram rojão nos jogadores do Fla

Atletas reagem e por pouco não ocorre pancadaria. Reunião a portas fechadas sela a 'paz'

Eduardo Peixoto Rio de Janeiro

Alguns torcedores do Flamengo trocaram a impaciência pela violência. Nesta terça-feira, cerca de trinta pessoas foram ao treino para protestar pelo mau momento da equipe no Brasileiro. Mas o manifesto, que parecia pacífico, acabou em vandalismo.


Aos gritos, a torcida pedia mais vontade ao time: “Para jogar no Flamengo, tem que ter disposição”. Os jogadores já participavam do rachão, quando os rubro-negros invadiram o local de treinamento, na Gávea, ofendendo os atletas e exigindo uma conversa com todo o grupo.

Em seguida, atiraram um rojão sobre o elenco. O lateral-direito Leo Moura quase foi atingido e chegou a cair no gramado. O jogadores interromperam a atividade imediatamente e reagiram. O volante Ibson xingou os agressores e foi contido por Jônatas.O lateral-esquerdo Juan, muito nervoso, saiu de campo e entrou no vestiário chutando a porta:

- Estão de sacanagem. Isso não existe - gritava.

Com o clima um pouco mais calmo, o zagueiro Fábio Luciano e o goleiro reserva Diego se reuniram com os torcedores para tentar acalmar a situação. Em seguida, alguns líderes de torcida e jogadores se reuniram para uma conversa na sala do departamento de futebol do Rubro-Negro.

Depois das cenas de conflito, a situação aparentemente foi contornada. De banho tomado, Ibson e Leo Moura foram conversar com o grupo de manifestantes. Fábio Luciano foi o único a dar entrevistas.

- Serve como aprendizado. Eles colocaram o sentimento e isso vai fortalecer ainda mais o grupo. A bomba foi um fato isolado - diz o capitão.

Segundo ele, a invasão poderia ter conseqüências graves se não houvesse a reunião depois.

- Se não houvesse a conversa poderia interferir no nosso trabalho. As imagens vão repercutir, mas está tudo certo - diz Fábio Luciano.

Do lado dos torcedores, o discurso também era de paz. Eles reafirmaram o desejo do título brasileiro e garantiram apoio irrestrito no jogo de sábado, contra o Atlético-PR, no Maracanã.

Na opinião deste Olhar Crônico Esportivo, conversar com invasores é dar-lhes importância e legitimidade. Clube e jogadores erraram.



Rolando no Clube dos 13...

O título desse mini-post deveria ser “rolando graças ao Clube dos 13”. O segundo turno do campeonato de 2008 ainda não começou, mas as retiradas por conta dos direitos a receber em 2009 já começaram, para felicidade de quem tinha salários e créditos diversos a receber do Corinthians, Palmeiras e Vasco da Gama.

O Vasco usou o adiantamento para acertar salários, que foram pagos nesse começo de semana. Os outros dois devem ter usado o dinheiro para a mesma finalidade.

Até então, e como sabiam os leitores deste Olhar Crônico Esportivo, os adiantamentos de direitos do ano seguinte só ocorriam no final do campeonato corrente. Mas, pelo jeito, a situação anda bem difícil para muita gente boa. Dá-se como certo que os três clubes citados que já receberam adiantamentos por conta de seus direitos 2009, representam apenas o começo da temporada de pedidos.

Outros virão e bem rapidamente.


Na eleição...

... deu o que era previsto e foi antecipado: apesar da presença de Perrella, que retirou-se espertamente na última hora, Horcades levou a vice-presidência por 14 a 5.


.

Marcadores: , , , , , ,

<

domingo, agosto 03, 2008

Um olhar estrangeiro...


... sobre o Fluminense.

Na reta final da Libertadores 2008, lembro-me de ter comentado no Jogo Aberto que a opção total pela Copa LA feita pelo Fluminense era perigosa demais. Ainda antes, logo nos primeiros jogos, fiz o mesmo comentário, mas os torcedores do Tricolor carioca no blog do Lédio rebateram esse e outros comentários na mesma linha dizendo ser a coisa certa a fazer. Como muitas respostas eram extremamente agressivas, optei por não comentar mais a respeito, até porque o São Paulo acabou eliminado pelo Fluminense e muitos viam comentários do tipo como manifestações de despeito, dor-de-cotovelo, inveja e assemelhadas.

Talvez... Meus comentários, entretanto, foram inspirados pelas campanhas recentes do próprio São Paulo na Copa e, em particular, a de 2005.

A disputa da LA exige demais dos clubes e dos elencos. Tenho sempre presente na memória uma declaração do Muricy, dizendo que só quem está nos vestiários do São Paulo depois de cada jogo pela Libertadores consegue ver o estado físico em que os jogadores terminam a partida. Segundo ele, todo jogo da Libertadores é extremamente desgastante tanto no aspecto físico como no emocional.

Em 2005, terminado o jogo contra o CAP no Morumbi, título conquistado, fiquei vazio. Emocionalmente vazio, futebolisticamente vazio. Isso impressionou-me bastante, tanto que escrevi a respeito na época. A partir desse meu estado, que observei em outros torcedores são-paulinos, reforcei a crença que eu já tinha antes do jogo final: os titulares deveriam ser afastados do Brasileiro por pelo menos 15 dias. Mais que isso: deveriam ficar no mínimo dez dias afastados do futebol, em férias, período que talvez, e só talvez, fosse suficiente para recolocar a todos de volta na vida real, ou seja, jogos e mais jogos pelo Campeonato Brasileiro.

Eu acreditava que os jogadores também estavam esvaziados emocionalmente, sem condições, sem capacidade de concentração para a dura disputa do BR. De fato, o time jogou muito mal algumas partidas, freqüentou a última faixa da tabela por algumas rodadas e dali saiu a duras penas e a um custo emocional, novamente, bastante elevado. A salvação da lavoura foi a boa arrancada no início do campeonato, ao mesmo tempo que ainda disputava as primeiras fases da Libertadores. Sem ter sido brilhante, foi boa o bastante para dar ao time alguns pontos preciosos que tornaram menos difícil a saída da aterradora última faixa da tabela de classificação.

Ao criticar o empenho total do Flu na Libertadores, e ao ver o time derrapando com um ponto, dois pontos, na última posição da tabela, tinha em mente a situação vivida pelo Tricolor paulista apenas três temporadas antes.

Tinha em mente, também, a campanha do Palmeiras em 2002, quando o time dirigido por Roth despencou de uma cômoda posição para a zona do rebaixamento e de lá não mais saiu. O time era bom, nada espetacular, mas bom o bastante para que fosse aceito com naturalidade entre os 5 ou 8 primeiros colocados. As campanhas de times que sofreram o rebaixamento, como essa do Palmeiras e a do Corinthians, por exemplo, mostram os jogos na parte de baixa são mais difíceis, os erros são mais freqüentes, a falta de sorte vira uma rotina, ao contrário do que acontece com os líderes, para quem, às vezes, tudo parece dar certo. Tudo isso, evidentemente, é bastante subjetivo, mas o futebol é subjetivo. Nada mais idiota que o objetividade, e um famoso tricolor carioca de outros tempos escreveu magnificamente a respeito.

A perda do título para a LDU era uma possibilidade que jamais poderia ser ignorada por quem decide e comanda os destinos do clube. A história é pródiga em exemplos para que alguém deixe de pesar, criteriosamente, todos os contras de uma situação. Tudo bem que os torcedores pensem dessa forma, mas os profissionais em nenhuma hipótese podem dar-se a esse luxo. Esse foi, a meu ver, o maior pecado da direção do Fluminense, e uma frase proferida por seu treinador expressa à perfeição essa linha de pensamento e de conduta: “Vamos brincar no Brasileiro.”

Sou contrário ao uso de frases fora dos contextos em que foram formuladas, mas, nesse caso, essas já célebres palavras de Renato Gaúcho cobrem com bastante correção toda a situação, toda a linha de atuação tomada pelo clube. O time seria campeão, outra hipótese era impensável, e, uma vez Campeão Sul Americano, seria uma brincadeira de criança deixar as últimas posições da tabela e terminar com tranqüilidade o campeonato, usando-o mais para afinar a equipe para a disputa do Mundial, no Japão.

Diga-se, a bem da verdade, que a direção até tentou concentrar os jogadores no BR em certo momento, mas não conseguiu, o que levou o próprio time titular a ser derrotado em pelo menos um jogo do Brasileiro. Depois disso, vendo que o foco estava distante, foi mantida a opção de usar jogadores da reserva e dos times de base, preservando os titulares para a disputa mais importante. Naquela altura, não havia mais nada a fazer, os dados estavam lançados.

O intervalo entre a eliminação do Boca e o jogo em Quito foi outra fatalidade para a equipe. Não custa lembrar que esse intervalo já era conhecido desde antes do início da disputa, portanto não cabem críticas à sua existência. Num comentário da época, chamei-o de “férias”, tal como agora usando as aspas. Até fui contestado por um blogueiro, mas na verdade foi exatamente isso: um período de férias, em que os jogadores, depois de eliminarem de forma suada, brilhante, sofrida, disputada e outros adjetivos, os times “copeiros” e tidos como favoritos do São Paulo e do Boca, relaxaram, tanto física como, principalmente, mentalmente. O resultado foi a derrota em Quito, por um placar de respeito. O resto é história.

Ontem, ao chegar do sítio e ligar a TV, deparei com o jogo do Flu contra o Inter.

Jogo tinhoso, difícil, contra um time em ascensão, embora irregular. Meu palpite era por um empate, minha torcida era por uma vitória tricolor. Infelizmente, os colorados venceram e até com alguma facilidade, em especial no primeiro tempo. Nesse momento, ainda mais com os desfalques de dois jogadores negociados e dois convocados, começa a ficar ainda mais difícil encaixar três vitórias seguidas, capazes de dar um alento à equipe. Num campeonato por pontos corridos é muito raro um jogo deixar de valer alguma coisa. Nesse momento, os adversários mal colocados na tabela lutam com unhas e dentes para alcançarem uma posição cômoda. Os bem colocados precisam defender e melhorar suas posições, cada jogo é, em maior ou menor grau, uma verdadeira decisão.

Esse final de turno deixa dois jogos terríveis para o Fluminense: São Paulo em casa e Ipatinga fora. Na sequência, já no segundo turno, o Galo em casa e o Náutico em Recife. Por mais espantoso que possa parecer, creio que o jogo menos difícil para o time do Fluminense, por suas características, será contra o São Paulo, paradoxalmente o mais forte e melhor colocado desses adversários. O Ipatinga é osso duro, em especial na sua casa, e divide com o Fluminense as duas últimas posições da tabela. É o tal do jogo de “seis pontos”. O mesmo ocorrerá com o Galo, ferido, machucado, estremecido por derrotas terríveis, mas, que diabos, serão onze contra onze em campo. Depois, outra pedreira: o igualmente abalado Náutico, em pleno Aflitos, onde à inexistência de algo parecido com um gramado somar-se-á a luta desesperada dos donos da casa para escaparem, ou até saírem, da última faixa da tabela. Em tese, portanto, será justamente o São Paulo o único time que, provavelmente, deixará o Fluminense jogar e cujos jogadores não terão a lâmina cortante e fatal do rebaixamento em suas gargantas. Por outro lado, será o São Paulo, há poucas semanas eliminado da Libertadores por esse mesmo time, nesse mesmo estádio.

Ao fim e ao cabo, o que sobra desse longo texto?

A história de um erro.

Cometido pela direção e pela comissão técnica do clube.

Os seres humanos que se dedicaram e fizeram uma campanha magnífica na Libertadores sofrem, ainda, do vazio emocional criado pelo final da competição.

Vazio agravado ao extremo pela perda do título. Vazio que não foi previsto com seriedade e prevenido.

Não enxergo culpa nos jogadores. Sim, são eles que entram em campo e correm atrás da bola, mas suas ações são ditadas, orientadas, definidas em boa parte pelo que fazem direção e comissão técnica. O erro já aconteceu e, como sempre, a realidade está aí, presente e assustadora. Ontem, ao contrário das lotações estupendas e das festas maravilhosas, vimos um Maracanã com poucos torcedores, a maioria (ao menos aparentemente), cobrando, vaiando e xingando os heróis absolutos de há poucas semanas.

É difícil, bem sei, mas esse é o momento do torcedor do Fluminense apoiar de fato e com paixão, os jogadores e até mesmo seu treinador. Essa é, a meu ver, a única forma de preencher rapidamente o buraco criado pela derrota, o vazio emocional que mina as forças e a confiança de cada jogador. Se com apoio já será difícil, sem ele será muito mais, quase impossível, impedir que uma tragédia, tão absurda quanto injusta, aconteça.

Só lembrando que no futebol não há justiça ou injustiça, só resultados.


.

Marcadores: , ,

<

Besteirol professoral

Palavras do Professor Tite, na entrevista coletiva logo depois de terminado o jogo contra o Fluminense, na noite desse sábado, 2 de agosto:

“Nilmar é importante como jogador terminal.”

Nilmar é terminal?

Oh, my God!

Pobre rapaz...

Tão jovem, cheio de vida e já terminal...

Que tristeza...

Bom, naturalmente é nada disso.

Natural e felizmente, claro.

Mas o “professor” Tite não poderia ter sido um pouco menos infeliz em suas palavras?

Tite gosta de falar de forma empolada e abestalhada.

Emerson Leão faz a mesma coisa (dizem algumas más línguas que outro Emerson, esse Gonçalves que ora dedilha essas abobrinhas, faz a mesma coisa; bom, maledicência pura, é óbvio...).

Lazaroni foi professor e tantos parâmetros galgou que atingiu os píncaros da insignificância. Tite segue no bom caminho por ele aberto.

Ouvir entrevistas dessas figuras é bom para obter material para fazer humor. Leão é um pouco diferente, pois ao lado da fala rebuscada (e cheia de erros) solta declarações bombásticas. Os outros... São “bonzinhos” e certinhos demais para falarem algo interessante ou diferente.

No que me diz respeito, terminal deveria ser esse tipo de profissional.

E de declarações.

Em tempo: creio que o “professor” Tite quis dizer que Nilmar é importante por ser um artilheiro nato e dos bons, tanto que foi o autor dos dois gols que garantiram a vitória do Internacional sobre o Fluminense por 2x1.

.

Marcadores: ,

<

Pequim 2008 - Censura e tirania nos Jogos Olímpicos




Uma grande e querida amiga está na China, trabalhando no apoio a uma das equipes brasileiras. Aguardávamos ansiosos por suas fotos e comentários sobre os bastidores, o dia-a-dia não acompanhado pela grande mídia, principalmente no caso do esporte ao qual ela é ligada.

Depois da “semana sabática” no Sítio das Macaúbas, ligo animado e ansioso meu computador e, claro, lá está o primeiro e-mail dela.

:o)

Mando uma coletânea de fotos para vocês terem uma idéia. Peço que não re-encaminhem este e-mail a nenhuma outra pessoa, lembrando que estou proibida pelo regulamento olímpico de fazer qualquer coisa que se assemelhe a atividade jornalística, cobertura, relatório, etc, dos Jogos, e que isto se aplica a texto, áudio e imagens. Ou seja, apenas e-mail para contatos pessoais. Especialmente, não coloquem, por enquanto, em grupos ... ou em seus blogs.

:o(

É isso.

Entenderam, agora, o porquê do post anterior?

Tudo que posso dizer é que o COI e a República Popular da China merecem-se um ao outro.

No que me diz respeito, os Jogos Olímpicos de Pequim estão marcados pela censura, pela falta de liberdade, pela repressão, pelo Tibet aprisionado, manietado e submetido ao jugo da tirania chinesa.

Nada de novo sob o Sol.

.

Marcadores: ,

<

Notícias de Pequim 2008

.
.
.
.
.
.
.
.


.

Marcadores: