Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sexta-feira, novembro 17, 2006

Boatos, danças e possibilidades


O mercado está inundado de informações, contra-informações, meros boatos e simples devaneios, alguns oníricos, se bem que um devaneio já tenha lá o seu quê de onírico. É muita gente dançando, querendo dançar, tirando para dançar, sendo “dançado”, sendo tirado para dançar, uns aceitando outros não.

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E em meio às danças e contra-danças, é difícil, ou melhor, impossível, separar o joio do trigo, os alhos dos bugalhos, o real do imaginário. A arte de plantar notícia é hoje uma das mais avançadas lavouras tupiniquins, e fazemos isso tão bem ou melhor do que o fazemos com a soja, o milho e o algodão nas vastas lavouras do Centro-Oeste.

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Há dez grandes focos de notícias e possibilidades:

1 – Nilmar

2 – Dagoberto

3 – Turma do Figueirense

4 – Turma da MSI no Corinthians

5 – Turma da MSI na Inglaterra

6 – Turma do Goiás

7 – Turma do São Paulo

8 – A silenciosa investida japonesa

9 – A ruidosa investida milanista e realista

10 – A dança de treinadores & diversas

Olhando caso a caso...

1 – Nilmar: nesse momento há uma absoluta indefinição sobre seu futuro. A FIFA, finalmente, questionou formalmente o Corinthians sobre o não pagamento de sua transferência para o Lyon, e o clube tem, ainda, 9 ou 10 dias de prazo legal para responder. Antes que essa questão seja resolvida, é prematuro avançar qualquer previsão. Comentou-se que o Lyon queria o jogador de volta para o lugar de Fred, operado, mas como já adiantei na época isso é bobagem. Em tese, tudo correndo bem, Nilmar voltará a campo uns 45 dias antes de Fred, um tempo curto para justificar alto investimento. Além disso, todos esquecem que o rapaz fracassou em sua passagem pelo Lyon e nada indica que agora pudesse ser radicalmente diferente. Tem mais sentido a informação que ao Lyon interessa manter Nilmar num time brasileiro em disputa da Libertadores e em condições, reais, de disputar esse título, além de ter capacidade financeira para pagar o salário pretendido pelo jogador. Quantos clubes brasileiros atendem a esses requisitos? Um diretor do Lyon visitou os CTs do São Paulo e do Santos, levado por Marcelo Djian, representante oficial do clube no Brasil, que disse que o motivo da visita foi apenas conhecer os CTs, pois o Lyon pretende construir o seu. Pode ser...

2 – Dagoberto: ainda ontem um jornal curitibano deu como fechada sua negociação com o São Paulo, em troca de seis milhões de reais e mais as transferências de Thiago e Edcarlos. O fato de Thiago ter seus direitos em boa parte ligados a Juan Figer, não inviabiliza o negócio, pelo contrário. Quando Zé Roberto trocou o São Paulo pelo Santos, depois de tudo acertado, Figer sentiu-se em dívida com o clube onde tem ótimo trânsito desde 1970, quando trouxe Forlan e depois Pedro Rocha, e prometeu ao presidente empenhar-se pela negociação de Dagoberto. Mas o Santos também tem interesse em Dagoberto, talvez a maior provável estrela do futebol brasileiro em disponibilidade hoje. E o presidente do Santos já deu mostras de que topa fazer qualquer negócio para contratar quem deseja, principalmente se, com isso, atrapalhar o São Paulo. Nos últimos 24 meses os dois clubes disputaram ferrenhamente Tcheco, Rosan, Lenilson e Zé Roberto.

3 – Cícero, Soares, Schwenck, Carlos Alberto... Bons jogadores que apareceram com destaque em 2006. Carlos Alberto teria sido o primeiro a ter sua saída definida, para o São Paulo, mas a revelação de sua real idade trouxe um complicador inesperado. Sobre os outros três há muita gente de olho, em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e no exterior.

4 – Turma corintiana da MSI: pode ir para o Flamengo numa verdadeira balaiada. Carlos Alberto, Sebá, Marcelo Mattos, Renato e Ramón desembarcariam em peso na Gávea, levando a panela e a farofa. Não será, ou seria, uma transferência, e sim um verdadeiro transplante múltiplo de órgãos, operação rara e delicada na medicina, geralmente resultando negativa por conta das infinitas possibilidades de rejeição. Sem falar que as drogas anti-rejeição usadas em larga escala, podem comprometer a existência de todo o organismo.

5 – Turma da MSI na Inglaterra: vale o texto acima, acrescido da marra & desejos de Carlitos, da chefia sem contestações de Mascherano e da impossibilidade de se entender o que fala, e até pensa, Carlitos.

6 – Turma do Goiás: se Jadilson já está mesmo negociado com o São Paulo – e parece que está – a turma limita-se a Souza, artilheiro do campeonato e por quem o Goiás deseja um cyborg inteiro: 6 milhões de dólares. Muito difícil.

7 – Turma do São Paulo: é um pessoal de saída para o exterior, não há risco de algum ficar por aqui, mesmo que Leão diga o contrário. Nessa lista, hoje, há duas certezas: Danilo e Fabão. Se vão para o Japão ou para a Europa não se sabe com certeza, mas vão. Mineiro é a bola da vez, e embora tenha saúde e fôlego de 22 ou 23, há o peso dos 31 anos para dificultar uma negociação de vulto. Ganha corpo a possibilidade de permanecer. Ilsinho: mais um motivo para boatos do que para fatos concretos. Uma coisa, porém, é certa: saindo, o São Paulo não ficará desfalcado, pois conta com Reasco e Maurinho (embora o retorno desse seja, ainda, uma incógnita).

8 – Os japoneses, como os mineiros, trabalham em silêncio. Mas trabalham.

E estão trabalhando. Tenebroso... Muito tenebroso.

9 – Italianos e espanhóis são latinos na acepção da palavra e não poucas vezes morrem por ela, ao falar demais. E como falam. Tanto falam que tanto podem comprar um time inteiro como ninguém.

10 – Cuca ficará no Botafogo. É o que se sabe. Mesmo Muricy é uma incógnita, pois dizem que silenciosos japoneses tramam para leva-lo para o país do sol nascente. Não custa lembrar que Muricy já treinou um time chinês, pelo qual foi campeão. O Oriente não lhe é estranho. É certo que o São Paulo deseja sua permanência, mas é mais certo ainda que o São Paulo não vai pagar-lhe nada parecido com o que ganham Luxemburgo e Leão. E o nome de Mano Meneses piscou forte nos letreiros.

Fluminense e Cruzeiro necessária e obrigatoriamente trocarão seus atuais treinadores. A mesma coisa, parece, será feita pelo Figueirense. E possivelmente pelo Internacional, pois, tudo indica, a família Braga retornará ao Velho Mundo.

Se Muricy for pro Japão e Abel pra Europa, o circo da Fórmula 1 será insignificante diante do circo do futebol brasileiro.

Quem viver, verá.

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quarta-feira, novembro 15, 2006

Dinheiro & TV

Em Madrid, Ramón Calderón, presidente do Real, comunicou que o clube fechou novo contrato para a venda de seus direitos de transmissão por televisão.

Calderón não revelou o grupo com o qual foi fechado o acordo, mas divulgou o valor: 800 milhões de euros por sete anos, de 2008 a 2014. Disse, também, exagerando um bocado, que é o “contrato mais importante na história do esporte mundial”. Nos próximos dias será divulgado o nome do santo milagreiro que vai desembolsar tanto dinheiro.

Em São Paulo, ficou para amanhã a resposta da Globo à proposta apresentada pela Record para a compra dos direitos de transmissão do Campeonato Paulista a partir de 2008 (algumas vozes dizem que a proposta valeria já para 2007). Essa história veio à tona de forma estranha. Os clubes, à exceção do São Paulo, e a Federação, já tinham fechado verbalmente com a proposta da Globo, ignorando a proposta da Record. Para justificar tal decisão, disseram já haver um contrato assinado a respeito. Mentira. Ou engano. Uma coisa ou outra, não deixa de ser grave e estranho, principalmente se pensarmos que as pessoas que decidem sobre isso são adultos já entrados em anos, conhecimento e sabedoria, supostamente. E que, também supostamente, deveriam defender com unhas, dentes, pontapés, tapas e até palavras o direitos de seus clubes ganharem alguns caraminguás a mais, principalmente nesses tempos bicudos de parcas receitas e altas receitas. A resistência à assinatura com a Globo e a insistência em ouvir a proposta da Record partiram do São Paulo e de seu presidente, Juvenal Juvêncio, em mais um choque contra a Federação e, agora, também contra a Globo. É bom lembrar que o clube foi o único a não apoiar a reeleição de Ricardo Teixeira, na CBF, de quem cobra, sistematicamente, dívida já superior a 4 milhões de reais por conta de salários de jogadores convocados para defender seleções brasileiras. Para completar o quadro de enfrentamento, J Juvêncio pediu ao presidente da república que aproveite estádios já existentes, depois de reformas, para a Copa 2014, ao invés de simplesmente construir 12 novas praças esportivas por valores muitas vezes maiores que a simples reforma.

Para quem não acompanhou o caso: os clubes e a Federação já tinham concordado, por maioria, com a proposta de 40 milhões de reais feita pela Globo. A proposta da Record é de 70 milhões, por ano, para o período 2008 a 2010.

A apresentação dessa proposta pela Record indica, claramente, que o mercado está receptivo ao futebol e disposto a pagar por ele. O canal Sportv, de sinal fechado, fechou a venda de seu “pacotão” Futebol 2007: nada menos que seis cotas, no valor de 19 milhões cada uma, totalizando 114 milhões de reais.

Hummmmmmmmmmmmmmmm...

Tudo isso acontece com o que deveria ser o mais profissional dos esportes praticados no Brasil.

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segunda-feira, novembro 13, 2006

Comenta-se que...


Nilmar: Depois do suposto interesse e reunião com representantes da Vecchia Signora de Turim, o jornalista Chico Lang, corintiano histórico e folclórico, divulgou em seu site que é praticamente certa a permanência de Nilmar no Brasil, jogando a Libertadores 2007 pelo São Paulo, em esquema semelhante ao de Ricardo Oliveira. Segundo ele, Nilmar terminaria sua recuperação no REFFIS e, ao fim da competição sul-americana, na janela de verão, seria negociado com algum clube europeu. Para que tudo isso aconteça, todavia, é necessária a liberação de Nilmar pela FIFA e sua nova vinculação ao Lyon, que estaria fazendo a negociação com o São Paulo. Comenta-se que houve conversa com o Santos, também. Oficialmente, o diretor do Lyon veio ao Brasi para conhecer os CTs do São Paulo e do Santos.

A propósito, o Lyon não tem nada parecido com esses dois CTs.

Zé Roberto: na janela de inverno trocaria o Santos pelo Lyon. Embora ninguém tenha dito nada a respeito, penso aqui com meus botões que, caso isso aconteça, Marcelo Teixeira ficará é satisfeito e não triste.

Dagoberto: em 2007 será titular do Santos na Libertadores.

Dagoberto: em 2007 será titular do São Paulo na Libertadores.

Dagoberto: deve haver algo errado, pois, além da CBF e da CONMEBOL não permitirem que o mesmo atleta jogue por dois clubes, ainda mais simultaneamente, que eu saiba essa coisa clonagem ainda não evoluiu a esse ponto. No caso do São Paulo, dizem que o CAP receberia a cessão de Alex Dias, o empréstimo de Thiago por um ano e mais seis milhões de reais. Começa a ficar difícil separar o que é delírio do que é boato do que pode ser informação. Em todo caso... É o que se comenta.

Carlos Alberto, Sebá, Rafael Moura e Marcelo Mattos podem aportar na Gávea em 2007, levados pela MSI para disputar a Libertadores. O Flamengo já conta com o goleiro Bruno, cuja permanência para a taça continental é tida como certa, e uma boa campanha do Flamengo valorizaria bastante esses jogadores, a tempo de permitir sua negociação com times europeus na janela de verão 2007, reduzindo, dessa forma, os pesados prejuízos da empresa no Corinthians. Na Gávea, a transação é vista com bons olhos. No Parque São Jorge, desde que não se mexa com Roger não deverá haver maiores obstáculos para as transferências.

Souza e Jadilson – nos anos 70 a Ponte Preta foi uma grande fornecedora de jogadores para o São Paulo: Valdir Peres, Oscar, Teodoro, Nelsinho, Chicão, entre outros. Esse papel parece ter passado para o Goiás. Corre solta em Goiânia a informação que Souza e Jadilson já estão fechados com o São Paulo para 2007. Não é impossível, mas tampouco parece provável.


Doravante, a tendência é aumentar o volume de comentários. E de disparates.

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Un gran vintage?


Quem gosta de vinho sabe que há certos anos em que tudo dá certo: chove a quantidade certa nas épocas certas; o sol aparece brilhante quando deve e quando as videiras precisam; o calor e o frio chegam nas horas corretas, nas intensidades certas; na terra, os teores de minerais diversos estão como se deve e a colheita se processa sem problemas, sem incidentes. Passados meses ou anos, o resultado aparece na forma de vinhos memoráveis, que fazem bem à alma, muito mais que ao simples paladar. São os anos de grandes safras, os gran vintage, que a gente lambe com a testa e saboreia com os olhos nas lojas de bebidas.

Voltando ao futebol nosso de cada dia, talvez não seja o caso de se chamar de um gran vintage, mas esse ano de 2006, sem dúvida, nos apresenta uma safra muito boa, que poderá ser chamada de excepcional daqui alguns anos...

Uma safra de goleiros.

Escrevendo sem pesquisar, só de memória, pudemos ver em ação:

- Diego Cavalieri, no Palmeiras; entrou no time na ausência de Marcos e Sérgio e jogou de forma magnífica, ao ponto de já ser chamado de “São Diego”; mais um grande produto da melhor escola de goleiros do Brasil, a Academia palestrina;

- Renan, do Internacional; substituiu Clemer, contundido, e nessa reta final do BR completou 8 jogos sem sofrer gols; um marco, sem dúvida;

- Felipe, do Santos, garoto de tudo, ainda, entrou numa fogueira terrível no lugar do tresloucado (às vezes) Fábio Costa, num momento em que o “azarado” Roger estava machucado e, mesmo garoto, tomou conta do gol praiano sem problemas; grande futuro à frente;

- Marcelo, do Corinthians: em meio à crise com a parceria, astros que abandonam o time, discussões públicas entre jogador e treinador, greve de silêncio com a imprensa, e mesmo com a desconfiança da direção e a chegada de dois goleiros para serem titulares e as promessas de novas contratações para a posição, continua jogando muito bem, aparando os erros de uma defesa que não se acerta, garantindo pontos preciosos para o time;

- Bruno, do Flamengo, emprestado pela parceira do Corinthians até o final desse ano; deixou o Corinthians em busca de espaço e encontrou-o no Flamengo; seguro, com boa reposição de bola e até batedor de faltas nos treinamentos.

Além desses teríamos, ainda, os novos goleiros do Grêmio e do Atlético Paranaense, Marcelo e Cleber, aparecendo muito bem. Nada menos que sete novos e jovens goleiros num universo de vinte clubes. Um número espantoso para uma posição onde a permanência é a tônica e a renovação se processa em ritmo mais lento que nas outras, assim como a saída do país para o exterior. E, por falar em exterior, não deixa de ser sintomática uma declaração do goleiro Gomes, da seleção brasileira e do Ájax, dizendo que Diego e Bruno já despertam atenção entre times europeus, onde já jogam, além dele, Helton, Julio César, Doni e Dida, todos em times de primeira linha.

Uma bela safra, sem dúvida.

Agora, como no caso dos grandes vinhos, é esperar para ver como será sua maturação. Mas tudo indica, desde já, que poderemos ter um ou dois memoráveis.

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