Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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quinta-feira, setembro 04, 2008

Rolando pelo mundo da bola...


... na UEFA e na Premier League



Pois é, mais um rolando, dessa vez quase que em cima do anterior.

Vamos lá.



Platini quer janela menor


Michel Platini, presidente da UEFA, e a quem este blog gosta

de chamar de ‘super-burocrata’, está incomodado com a duração das janelas de transferência, principalmente a janela de verão, que vai de 1º de julho a 31 de agosto – neste ano, estendida até 2 de setembro.


Segundo ele, isso chega a permitir que um mesmo jogador defenda dois clubes numa mesma competição, coisa que também me desagrada profundamente.


Para nós, brasileiros, habitantes de Pindorama e fornecedores em larga escala do pé-de-obra que abrilhanta as competições européias, das mais fracas à mais espetacular, esse motivo é irrelevante.

Entretanto, uma possível redução na janela seria altamente benéfica para o Campeonato Brasileiro, especialmente enquanto continuar válido esse atual calendário, desencontrado com o calendário europeu.


Em minha opinião, o melhor seria a existência de uma só janela de transferências durante o ano, em julho ou agosto, com 30, no máximo 45 dias de duração, e, naturalmente, com o calendário brasileiro adaptado a essa realidade, de forma a que nossa principal competição começasse depois e terminasse antes da janela de transferências.

Dessa forma, o ‘onze’ inicial do torneio seria o mesmo ‘onze’ final, salvo contusões.


Quem sabe...





Recorde na Premier League


Segundo levantamento da Deloitte, o valor das transferências efetuadas nessa janela de verão cresceu 6% sobre a do verão 2007, que foi superada em mais de 30 milhões de libras (37 M euros), atingindo um valor total de 530 milhões de libras (652 M euros).


Se tomarmos o ano de 2003 como base, esse total é nada menos que o dobro do que foi gasto naquela temporada.

Desse valor, cerca de 40% – 215 milhões de libras (265 M euros) – correspondeu a transações dentro da própria Liga, e 315 milhões de libras (387 M euros) foram gastos em transferências internacionais.


Aston Villa, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Sunderland e Tottenham Hotspur investiram, cada um, mais de 30 milhões de libras (37 M euros) em aquisições.


Segundo, Paul Rawnsley, diretor do Sports Business Group, da Deloitte, os números do verão passado e desse atual foram incrementados graças ao aporte do dinheiro das novas cotas de direitos de TV e à chegada de novos proprietários em diversos clubes, fazendo investimentos pesados em aquisições. Rawnsley disse também que esses valores excedem em muito os valores praticados em outras ligas européias. Comparando com as ligas da Itália e Espanha, os clubes ingleses gastaram quase o dobro em transferências.


Para o diretor da Deloitte, os contratos em vigor asseguram uma boa sustentação para os próximos anos, mesmo num cenário de mudanças econômicas e dificuldades diversas na economia. Para ele, isso tudo mostra que, se o futebol não é à prova de recessão, é, pelo menos, ‘recession-resistant’.




Times do Big 4 da Premier League gastaram menos


Depois dos dados da Deloitte, temos, agora, os levantamentos da KPMG, com algumas discrepâncias em valores em relação ao da auditora e consultora rival. Como essas diferenças são, basicamente, detalhes, selecionei o que é mais relevante, ou curioso, para nós.


Nessa janela de verão, os times do chamado Big 4 – Arsenal, Chelsea, Liverpool e Manchester United – gastaram apenas 101 milhões de libras (124 M de euros) contra 138 milhões (170 M de euros) na janela de verão de 2007.

Em contrapartida, os times fora desse grupo, principalmente Manchester City, Tottenham Hotspur e Aston Villa, aumentaram suas compras de 293 (360 M euros) para 367 milhões de libras (451 M de euros) milhões de libras.



Analisando esse quadro, Geoff Mesher, dirigente da KPMG, disse que a dinâmica da Premier League está mudando, com o aumento de clubes com grande poder de compra. Mesher disse, também, que as aquisições dos membros do Big 4 foram poucas mas mais seletivas. Ou seja, compras a dedo para cobrir deficiências, enquanto os demais compraram para montar plantéis.

Para ele, apesar dos valores envolvidos, não há sinais de problemas com crédito ou aumento exagerado de dívidas e, embora seja difícil prever com exatidão, ele não ficará surpreso se a janela de janeiro não arrebentar com o seu recorde de transferências.


Outros dados interessantes do KPMG Football Transfer Barometer for the Summer 2008 Transfer Window:


- Os times do Big Four Premiership pagam, em média, 10,1 milhões de libras (12,4 milhões de euros) por transferência, contra um valor médio de apenas 4,8 milhões de libras (5,9 M euros) pago pelos clubes fora do Big 4; parte da justificativa para isto é a participação desses clubes na Champion’s League, o que requer maiores investimentos;


- Os clubes do Big 4 pagam um ‘premium price’ por atacantes em comparação às outras posições; vejam o quadro:



Posição

Valor Libras/Euros

Goleiro

2,4 / 3,0

Defensores

4,5 / 5,5

Meio-Campistas

4,4 / 5,4

Atacantes

10,0 / 12,3



- De maneira geral, os clubes da Premier League dão preferência a atletas na faixa de 25 a 28 anos de idade, que têm, justamente, o maior preço médio de aquisição: 6,8 milhões de libras (8,4 M euros). Para comparar, atletas na faixa de 29 a 31 anos de idade, têm um valor médio de transferência de apenas 3,4 milhões de libras (4,2 M euros), ou seja, exatamente a metade.



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quarta-feira, setembro 03, 2008

Santos renova com a Umbro




O Santos fechou contrato com a Umbro, que vai patrocinar a equipe e fornecer seus uniformes pelos próximos três anos. O clube também receberá royalties pela venda de camisas e outros produtos e a Umbro montará uma loja oficial do clube em São Paulo. O valor-base do contrato é de 11 milhões de reais por ano, segundo revelou ontem o jornalista Ricardo Perrone, na coluna Painel (FSP).


Esse valor é importante, principalmente como sinalizador para as negociações e renegociações em curso no mercado, como a do Palmeiras, cujo processo de escolha está na reta final e chegou a atrasar o processo santista, pela coincidência de datas. Pela lógica mercadológica, o valor a ser fechado pelo Palmeiras deverá girar entre doze e quatorze milhões de reais, também como valores de base do contrato.


Chamo de valores de base porque, na verdade, os valores reais desses contratos não são revelados, e a movimentação financeira propriamente dita pode ficar abaixo ou acima do que é revelado, mesmo porque esses valores incluem o fornecimento de equipamentos para os clubes patrocinados.



Repercussões e desdobramentos


Como este Olhar Crônico Esportivo adiantou há algum tempo, esses novos valores anunciados levarão o mercado a um novo patamar em 2009. Embora nada tenha sido dito, eu imagino que a direção do São Paulo está se movimentando para negociar um novo acordo com a Reebok.

Fica claro, nesse momento, que as conversas Corinthians/Nike também foram ou serão afetadas por esse acordo (ver a respeito os posts de 1º e 15 de julho). Aliás, sobre esse ponto e a despeito da política de transparência adotada por Andrés Sanches, não duvido que o novo acordo já não tenha sido assinado.

Os indícios que apontam nessa direção são, principalmente, a relativa tranqüilidade em que vive hoje a direção alvinegra. Possivelmente em função de acertos com a Globo/Clube dos 13 para antecipação de direitos de TV de 2009 e, também, as ‘luvas’ de onze milhões de reais que o clube teria solicitado e a Nike teria concordado em fornecer, ou o oposto, hipótese que creio ser mais verdadeira: a Nike teria oferecido essa quantia para levar o clube a renovar de vez o contrato (ver posts já citados).


Teríamos, então, e sempre a partir das informações divulgadas e aceitas pelo mercado, um quadro em que, em 2009, o Corinthians receberia 16,5 milhões da Nike, o São Paulo 15 milhões da Reebok, o Santos 11 milhões da Umbro. Como disse acima, imagino o Palmeiras recebendo algo entre doze e quatorze milhões, o Flamengo tentando encerrar seu ciclo com a Nike para mudar para a Olympikus e seu patrocínio de 21 milhões de reais. A esse respeito, por sinal, executivo ligado ao mercado disse a esse blogueiro que esse número está um tanto quanto inflado.



Conversando com José Carlos Peres


Esse texto anterior já estava pronto quando conversei com o José Carlos Peres, que responde pela sede paulistana do Santos. Excelente conversa, com um dirigente que, na minha visão de observador externo, vem fazendo excelente trabalho pelo seu clube aqui na Capital e Grande São Paulo.


Começamos falando sobre o patrocínio renovado, que àquela altura ainda não era oficial, pois faltava a aprovação do Conselho do clube, reunido na noite dessa terça-feira.

Peres, que conduziu as negociações com as empresas de material esportivo, estava muito satisfeito com o novo contrato, que disse representar um verdadeiro marco, não só para o Santos, como também para o próprio mercado. Como é comum nessa área, ele não pôde revelar os valores envolvidos, tampouco confirmar ou desmentir o que foi anunciado por Ricardo Perrone. Mas, aparentemente, se não for esse valor divulgado, tampouco está muito distante disso.


A importância dessa renovação para as duas entidades pode ser avaliada melhor pelo fato da Umbro já patrocinar o Santos há nove anos, entrando agora no décimo. Um tempo realmente muito longo, creio que sem similar no mercado, como destacou José Carlos. Essa renovação, de acordo com ele, insere-se num trabalho que o clube vem fazendo de fortalecimento da marca Santos em todo o Brasil e em outros países.


Além de pontos como a duração de três anos do novo contrato, o pagamento de luvas para o clube e a fixação de um valor mínimo de receita, Peres destacou outros pontos muito importantes nesse novo contrato:


- montagem de uma loja temática em Santos e outra em São Paulo, atendendo o mercado da Capital, ABC e demais municípios da Região Metropolitana;


- pagamento de royalties para o clube;


- crescimento e diversidade no número de produtos oferecidos aos torcedores, que poderão ter um leque de até 80 a 85 produtos para escolha, cobrindo os públicos masculino e feminino, além das mais diversas faixas etárias; Peres considera esse ponto importante, e citou, como exemplo, o fato do São Paulo dispor hoje de quase cem diferentes produtos para escolher;


- a Umbro vai criar um caminhão-temático, que será deslocado para cidades em que o time for jogar, permitindo aos torcedores santistas dessas praças o acesso aos produtos oficiais do clube num momento considerado ideal; corroborando essa avaliação, segundo informações que este blogueiro ouviu no Morumbi, o caminhão temático do São Paulo trouxe excelentes resultados em termos de vendas;


- por último, mas não menos importante, o dirigente santista destacou que os valores dos prêmios por conquistas do clube foram melhorados.


Com a saída de Dagoberto dos Santos, que assumiu a secretaria-executiva do Clube dos 13, o clube reorganizou sua área de negócios e traçou um planejamento visando, como foi dito, o fortalecimento da marca, além, é claro, de aumentar as receitas de marketing. A renovação com a Umbro já é fruto desse trabalho.


No exterior, o Santos acompanha e cuida com carinho de escolas de futebol com o nome e filosofia santista. A maior delas, e que vem trazendo muito entusiasmo, é a do Cairo, que já conta com 600 alunos em diferentes idades. O Santos participa da administração e tem participação de 40% nos direitos econômicos de jogadores revelados e formados nessa escola.

Há um programa para que os jovens com maior potencial venham aprimorar seu futebol em Santos, e nesse caso a parte santista nos direitos econômicos desses atletas passaria para 60%.

Diante do sucesso da escola no Cairo, outra está para começar em Alexandria, também no Egito, e mais uma unidade na nova coqueluche do futebol mundial, Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.


Saindo das areias e do calor do Oriente Médio, na gelada e arborizada Toronto há outra escola em operação, também com excelentes resultados.


Um parênteses: Toronto é a sede do clube canadense que já disputa a MLS – Major League Soccer – ao lado de outras 13 equipes dos Estados Unidos, número que crescerá na próxima temporada com a chegada do Seattle (ver post a respeito) e também de outra equipe canadense, de Montreal. Um clube de Ottawa, capital do país, tem enviado seus garotos regularmente para treinar em São Paulo nos últimos anos, e tem intenções de fazer isso de forma permanente, visando formar jogadores para atuar no futebol canadense.

É o soccer ganhando espaços.


Voltando à conversa com o José Carlos Peres, há negociações para levar as escolas santistas para o Japão e Coréia do Sul.

O Santos não é pioneiro nessas áreas, pois ao chegar nesses países deparam com a presença de clubes italianos e espanhóis, principalmente: Milan, Real Madrid, os mesmos de sempre.


No Cairo, a Umbro que já atua com força em Dubai, trabalha em conjunto com o Santos, fornecendo os uniformes a preço de custo e aproveitando para outras ações de inclusão social.


Uma das próximas metas dessa área de negócios, agora, é negociar o patrocínio das mangas das camisas , no momento ocupadas pela Tintas Universo e cujo contrato vence em dezembro próximo. O patrocínio da Semp Toshiba tem contrato em vigor até dezembro de 2009 e José Carlos Peres está bastante otimista com o desenvolvimento dessa área, que oferece grandes possibilidades para crescimento.


Para surpresa deste blogueiro, inclusive, ele falou de um informal “G4”, que foi a reunião do pessoal de marketing do Santos, Corinthians, Palmeiras e São Paulo, com a finalidade de discutirem e até negociarem em conjunto algumas ações de marketing, em especial na área de licensing, onde o adversário não é o outro clube e sim o comércio ilegal.


Independentemente da situação vivida hoje pelo clube dentro de campo, fora dele o Santos F.C. tem se mexido muito bem e, ao contrário do time, pode-se dizer que está em excelente posição na tabela do jogo de marketing.


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terça-feira, setembro 02, 2008

Rolando pelo mundo da bola...


... e do marketing



Robinho ajuda o Santos


Não é bem uma ajuda, mas os 4,5 milhões de reais, correspondentes aos 4,5% que o Santos terá direito como clube formador do atleta, pela transferência do Real Madrid para o Manchester City, chegarão em excelente hora para a administração Marcelo Teixeira.


Que, com toda certeza, está sorrindo de orelha a orelha, com o novo patrocínio Umbro (assunto coberto em post específico logo mais), que, ao que tudo indica, será aprovado pelo Conselho na noite dessa terça-feira, e mais essa gostosa injeção de dinheiro vivo para as contas do clube.


Teria ficado ainda melhor, na opinião deste blogueiro, se o clube tivesse aceitado a proposta de dois milhões de dólares por Fabiano Eller, feita pelo Al Jazira.


Segurar jogador que quer sair é bobagem.


Se esse jogador chama-se Fabiano Eller, é impossível.


Como ele ficou, vamos ver como irá se comportar.




Mais Medial no Corinthians


Agora nas mangas da camisa corintiana.


Foi uma decepção dupla para Andrés Sanches: a primeira, ao descobrir que não poderia negociar as mangas da camisa corintiana, graças a um contrato pessimamente redigido, que dá exclusividade à empresa médica em toda a camisa. Segundo, porque se a Medial negociasse o espaço com outra empresa, como foi aventado, o clube ainda tiraria uma ‘casquinha’, além de ter poder de veto.


Agora, porém, o sonho acabou: a Medial colocará nas mangas o nome de um laboratório que faz parte de seu grupo, e continuará pagando ao clube os mesmos 16,5 milhões de reais por ano.


Eis um típico caso de “pequeno detalhe, grande prejuízo”.




Morumbi: mais camarotes que torcedores... ou

Modernidade & Mesmice



Pelo andar da carruagem atual, a menos que o time deslanche e consiga disputar o título brasileiro nas rodadas finais, o São Paulo fechará o balanço de 2008 com o Estádio Cícero Pompeu de Toledo gerando mais dinheiro nos camarotes e cadeiras cativas do que com ingressos pagos por seus torcedores. E com um detalhe: camarotes e cativas poderão estar vazios e mesmo assim o clube arrecadará.


Em 2007 a receita do São Paulo com os camarotes e cadeiras cativas chegou a 7,1 milhões de reais. Para 2008 a previsão é de ultrapassar a marca de 9 milhões, com um crescimento de pelo menos 30%, que deverá crescer ainda mais em 2009, pois o clube está preparando novos camarotes para colocar no mercado.


Aqui um parênteses: conversando com executivo da área de marketing de um dos patrocinadores gigantes do futebol há poucos meses, ele queixou-se da dureza que era negociar com Juvenal Juvêncio, mas que assim mesmo sua empresa já estava com camarote reservado para o ano de 2009, porque era importante para suas ações de marketing ter um espaço como esse no Morumbi.


O que impressiona nessa marca é que a bilheteria propriamente dita, com muita sorte chegará perto desse valor de 9 milhões de reais. A boa campanha do São Paulo na Libertadores (considerada péssima pela torcida) e a de fato péssima campanha no Brasileiro, proporcionaram, até o momento, 5,8 milhões de reais de receita bruta em 29 jogos como mandante. Se mantida a atual média de arrecadação, o ano fechará com menos de oito milhões em bilheteria, um resultado extremamente baixo. A única possibilidade da bilheteria empatar, ou mesmo ultrapassar a receita com camarotes e cativas é se o time crescer na competição e conseguir entrar na disputa pelo título na reta final do campeonato.


Esse resultado mostra um dos pontos fracos do São Paulo, que é a baixa presença média de público em seus jogos como mandante, situação que se inverte quando o time joga como visitante. Tirando poucos clubes, como Flamengo, e Grêmio e Palmeiras nessa temporada, os demais, de maneira geral, também padecem do mesmo mal, qual seja, a baixa presença de público nos estádios.


Com a confirmação do segundo show da Madonna, o estádio dará uma Bela engordada no balanço de 2008, principalmente na rubrica “Estádio”.


Tudo muito bonito, mas...


Continuará faltando gente no estádio.


Fonte: texto baseado em excelente matéria do diário Lance, edição SP, de 30 de agosto.




UEFA preocupada com as dívidas e transferências de jovens


Segundo o britânico The Guardian, Platini, o super-burocrata, anda preocupado com a situação em que encontram clubes europeus de leste a oeste, norte a sul. Para conhecer a real situação dos clubes, em especial no que diz respeito ao endividamento de cada um, a UEFA irá conduzir uma ampla investigação sobre suas finanças.


Esse assunto, por sinal, vem ganhando maior destaque na Espanha e em outros países, além da Inglaterra.



Platini também está preocupado com o volume de transferências de jogadores com menos de 18 anos de idade e, comenta-se, a UEFA irá propor uma legislação proibindo as transferências abaixo dessa idade, visando com isso eliminar com os riscos de tráfico e exploração desses jovens.


Duas medidas simpáticas, sem dúvida.


Mas...


Terá ele forças suficientes para implementá-las?


Afinal, dizem que um determinado lugar está abarrotado de gente bem-intencionada.


Fonte: Newsletter da SportBusiness.



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2008 não encaixou


(Aviso aos navegantes: esse é um post sobre o São Paulo F.C.)



2008, o ano que não encaixou



2008, para minha mais profunda infelicidade, é um ano em que nada vem dando certo.

Disse no início desse ano e repeti mais de uma vez que, em minha opinião, o título desse ano, o mais importante, o maior de todos, seria a conquista do TRI-Campeonato legítimo. Em seu nome, não me incomodava nem um pouco de ficar sem o título da Copa Libertadores.

Ao analisar a campanha do time até este momento, seja pelo meu desconhecimento do que é o futebol, seja pela minha visão do que seja administração, vejo que uma idéia que me incomoda há tempo e que expus nesse e em outros espaços, é a cada dia mais verdadeira - e já adianto: não se trata do 'facilitário' ilusório de trocar o treinador: a direção do São Paulo F.C. precisa rever sua política de contratações.


Sobre o ‘facilitário’: estamos acostumados a enxergar no trabalho do treinador a causa maior ou até única de todos os males que afligem uma equipe. É a mesma coisa que confundir a dor de dente com o problema real. Quando isso acontece, tudo que se faz é tomar mais e mais analgésicos para diminuir ou eliminar a dor, que, tão logo termina o efeito do medicamento, retorna com força total. A única e real saída para o fim da dor é através da eliminação de sua causa, ou seja, atacando o real problema, que é uma cárie ou um canal alterado.


Em muitos clubes, mas sobretudo no São Paulo, principalmente no São Paulo, e acima de tudo nesse presente momento, Muricy Ramalho não é causa, não é problema, não é o foco infeccioso a ser eliminado. A péssima temporada da equipe (embora uma quartas-de-final não possa ser considerada péssima) tem sua causa nas opções de contratação feitas pela diretoria. Tem sua razão de ser na política de contratações dessa direção, à frente do clube desde 2002, com absoluto sucesso, inegavelmente, nos mais diversos aspectos: esportivo, financeiro, estrutural, mercadológico. Por onde quer que se olhe, o trabalho da direção do São Paulo, primeiro com Marcelo Portugal Gouvêa e agora com Juvenal Juvêncio, é um grande sucesso.

No plano esportivo, porém, a linha de trabalho que permitiu ao clube manter-se à frente dos demais no decorrer desses anos, parece ter-se esgotado. Precisa ser revisada com urgência. Novos parâmetros precisam ser adotados, com o inevitável acompanhamento de uma maior dose de risco.


No jogo do último domingo, 31 de agosto, contra o Santos, o São Paulo foi um time patético, simplesmente. Ressentiu-se terrivelmente da ausência de Hugo, como vem sentindo a ausência de Souza durante toda a temporada. Faltou ao time um organizador, um condutor, um jogador capacitado a receber a bola no meio, segurá-la o bastante para olhar e pensar e distribuí-la. Ao mesmo tempo, no Maracanã e em Curitiba, pelo menos dois jogadores indicados pelo treinador jogavam muito: Conca e Diego Souza. Ambos estiveram próximos do São Paulo, ambos não vieram porque a direção não mudou sua política de contratações.


Trazer Conca implicaria num salário elevado, considerado perigoso e de alto risco pelo clube, principalmente por afetar, potencialmente, a relação dos demais jogadores com o clube.


Trazer Diego Souza implicaria num dispêndio elevado de dinheiro, embora com perspectivas mais do que razoáveis de retorno futuro.


Além desses dois citados, outros jogadores abriram conversações com o São Paulo, sem sucesso. Souza, além de meia, tornou-se excelente ala, eleito o melhor de 2006, outra posição carente. Joilson, o melhor de 2007, simplesmente não vingou. Como disse Muricy, ele sentiu o peso do São Paulo, não da camisa ou do clube, mas sim das expectativas transformadas em certezas, seguidas por uma cobrança fortíssima por resultados imediatos. Na esquerda o elenco não tem um lateral ou ala que jogue tão bem como jogou Junior em 2005 e também em 2006, embora já menos.


Cobram Muricy pelo lançamento de jogadores da base, chegando-se ao cúmulo de dizer que ele não gosta de trabalhar com jovens vindos das bases dos clubes em que trabalha, esquecendo-se esses críticos, ou desconhecendo, o número de excelentes jogadores que ele lançou e sustentou nos times principais, como Daniel Carvalho, Nilmar, Breno, para não alongar a lista, que tem, também, Denílson, o atacante. Ora, se ele não lança é porque não acredita que tenha chegado a hora das jovens promessas entrarem no time.


Outra coisa que muitos ignoram ou confortavelmente esquecem para não estragar as críticas, é que o São Paulo funciona em forma parecida à de um colegiado. Existe uma Comissão Técnica que discute, analisa e propõe desde as contratações até o aproveitamento de jogadores, tudo isso em conjunto com a direção. A palavra final, naturalmente, é do treinador, mas quando ele a profere está embasado pelo trabalho e visão de vários outros profissionais.


Poderia prosseguir nessa lenga-lenga por mais tempo, mas não é necessário, creio que transmiti minha idéia básica: antes de culpar ao treinador, voltem seus olhos para a direção, não no sentido da crítica como é feita a Muricy Ramalho – exagerada, ofensiva, dramática e radical – mas, sim, no sentido de críticas construtivas, apontando caminhos alternativos para serem analisados, quiçá praticados. Não podemos perder de vista que o histórico dessa direção é vencedor no mais alto grau.


O São Paulo hoje tem cacife, tem condições para, sem auxílio de parceiros e ‘parceiros’, trazer jogadores com um certo risco, é bem verdade, mas plenamente capacitados a somarem e recolocarem o time no rumo de novos títulos. Cabe à direção repensar sua política de trabalho e passar a entregar a Muricy Ramalho um mínimo de jogadores que dêem equilíbrio e qualidade ao time.


2008 foi o ano do desencaixe e dos não-encaixes. Um ano perdido, lamentavelmente. Nessa reta final de campeonato, até mesmo a simples classificação para a Copa Libertadores 2009 parece ameaçada. O que mais dói ao torcedor são-paulino e, creio, ao seu treinador, é ver o sucesso de equipes com jogadores que ele mesmo pediu ou indicou, ou com jogadores similares. Todos dando boas condições aos seus clubes de se tornarem vencedores, além de, em alguns casos, jogar bonito.


2008 não encaixou.


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