Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sexta-feira, setembro 28, 2007

Copa Santander Libertadores


Agora é oficial.

Ontem, em Assunção, na sede da CONMEBOL – Confederação Sul Americana de Futebol –, com toda a pompa e circunstância merecida, foi assinado o convênio que une o grupo financeiro espanhol Santander à Confederação e à Copa Libertadores de América, que a partir da edição de 2008 e até 2012, passará a chamar-se

COPA SANTANDER LIBERTADORES

Esse contrato representa uma mudança importante e confirma a importância cada vez maior da Copa no cenário do futebol mundial.

Para o Santander, ela será o principal canal de comunicação com o público latino-americano, como está colocado no post “Uma nova Libertadores de América”, de 11 de setembro:

“A partir de 2008, a Copa Santander Libertadores de América será a maior e mais importante ação de comunicação institucional e de marketing do maior banco latino-americano.”

O valor do patrocínio é de 7 milhões de euros por ano, equivalente a 10 milhões de dólares, ou pouco mais de 18 milhões de reais.

Além desse patrocínio, Um Olhar Crônico Esportivo já adianta que a CONMEBOL terá outros dois: VISA e MOVISTAR. A primeira todo mundo conhece, já a segunda é o braço para telefonia móvel da Telefónica, com operações na maioria dos países latino-americanos.

Fechando o grosso das receitas da Copa Santander Libertadores, a Confederação terá os contratos com as emissoras de televisão. Isso significa uma competição a cada ano mais atraente para os clubes, reforçando a disputa pelas vagas brasileiras, que serão cinco em 2008 – uma pela Copa do Brasil e quatro pelo Campeonato Brasileiro. A sexta vaga de 2006 e 2007 foi fruto da conquista dos títulos de 2005 e 2006 por São Paulo e Internacional. Como ficaram automaticamente classificados para a edição seguinte, o Brasil “ganhou” uma sexta vaga, cujo indicado teve que disputar a pré-classificação.

A Copa Santander Libertadores será disputada por 38 times de onze diferentes países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, desde os pré-classificatórios em fevereiro até a final, em julho (provavelmente).

No post já citado “Uma Nova Libertadores de América”, especulei a respeito de sua ampliação com a participação dos times da Major League Soccer – MLS, que reúne treze equipes americanas e uma canadense. O que se pode chamar de teste para essa chegada, está em curso no momento: a participação do DC United, o time da capital federal, Washington, na Copa Nissan Sudamericana. Desnecessário dizer que torço pelo United desde criancinha. Pena que tenha empatado em casa o jogo contra o Pachuca, campeão da última edição da Sudamericana. A tendência é que os mexicanos vençam o jogo da volta com certa facilidade, mas, como no futebol tudo é possível...

A consolidação do campeonato por pontos corridos não está criando uma suposta elite de clubes brasileiros, mas está privilegiando as equipes que têm um mínimo de planejamento, boa administração e estrutura. Uma rápida olhada nos maiores pontuadores no período 2003/2007, mostra que São Paulo, Santos, Cruzeiro, Internacional e Grêmio, tem esses requisitos em comum, uns mais, outros menos, e, como é comum no esporte, aparecendo melhor num ano e não tão bem em outro. Mas são, todos eles, equipes e clubes consistentes e que enxergam na Libertadores muito mais que uma competição esportiva ou uma boa fonte de renda para cobrir déficits.

Em algum momento futuro precisaremos modificar o calendário. Alongar um pouco mais a duração das duas Copas continentais e torná-las simultâneas. Com essas medidas, teremos um futebol mais atraente e emocionante, levando ainda mais torcedores aos estádios.

Bem-vinda, Copa Santander Libertadores.

Bienvenida, Copa Santander Libertadores.

Welcome Santander Libertadores Cup.


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Brasil Feminino e São Paulo x Boca


A outra seleção

A seleção feminina fez história ontem, na China, ao vencer a poderosa seleção americana por sonoros 4 gols a zero.

Vitória brilhante, jogo maravilhoso, com direito a um dos mais belos gols que já presenciei em minha vida, o quarto do Brasil e segundo de Marta, uma jogadora que foge a qualquer definição possível.

Marta é simplesmente um gênio da bola. Ou gênia?

Futebol é mais que 22 em campo

O técnico brasileiro, Jorge Barcellos, disse que futebol não se ganha fora de campo, referindo-se às declarações de seu colega americano, Greg Ryan, que acusou as brasileiras de abusarem das faltas no jogo amistoso contra as americanas, em junho.

Concordo, futebol ganha-se dentro de campo. Mas pode ser perdido fora de campo, como ele mesmo deixa nas entrelinhas, ao dizer que usou essas declarações de Ryan na preleção para suas jogadoras, motivando-as ainda mais para o jogo.

O blog Goal, do New York Times, postou excelente artigo a esse respeito, escrito pelo Jeff Klein. O jornalista destaca o desconhecimento do papel dessas declarações do Ryan pela imprensa americana, e mostra que elas foram importantes para a equipe brasileira. Entre seus destaques, selecionei essa frase dita pelo Ryan:

“The last time we played Brazil, they didn’t even try to play football — they just kicked us from behind.”

E, para fechar, essa do Barcellos:

“I always say that football games are not won outside of the field,” he said. “They had talked excessively, and this was very good for our team. It gave a still greater motivation for the players. We had tactical, physical, emotional will. And when you have this, you can conquer anything.”

A primeira foi dita antes do jogo. A segunda, depois do jogo.

Os americanos estão aprendendo.

Futebol é muito mais que um jogo.

Sejam bem-vindos à escola.

São Paulo x Boca Juniors

Um jogo histórico.

Poderia escrever laudas e laudas, e pretendia fazê-lo, mas, sinceramente, perdi o pique. O post anterior explica minha perda de pique.

Para o São Paulo, verdade seja dita, foi mais que um jogo. Valeu como uma disputa de título de uma Copa Libertadores. Bom, nem tanto, mas chegou perto. Há muitos anos e decisões, o Boca vem eliminando times brasileiros ou ganhando títulos no Brasil, em pleno Morumbi, como nas decisões contra Palmeiras e Santos, pela Libertadores, e contra o próprio São Paulo, pela Recopa do ano passado. Como disseram Muricy e vários jogadores, o Boca estava “entalado”.

A vontade recíproca talvez não fosse tão forte, mas tampouco era fraca. Uma coisa é mais que certa: o Boca só entra em campo para ganhar. E vencer o São Paulo e seguir adiante na Sudamericana era fundamental para os planos boquistas de superar o Milan na disputa pelo título de maior vencedor de torneios internacionais. Os dois times estão empatados com 17 títulos cada um (o São Paulo tem 11, mas um dia alcançará os dois) e vão decidir o Mundial, com toda certeza, em dezembro. Portanto, a conquista da Sul Americana deixaria o Boca em vantagem e, em caso de derrota no Mundial, manteria a igualdade. Portanto, havia, sim, muita vontade de vencer por parte do Boca.

Venceu o São Paulo.
Venceu porque defendeu-se melhor, muito melhor que o Boca. Apesar de um aparente domínio boquista, Rogério Ceni, a rigor, fez uma defesa difícil e nada mais. A zaga tricolor é realmente impressionante!
Do outro lado, Caranta interveio mais no jogo e as reais situações de perigo foram criadas em maior número pelo São Paulo.

O jogo foi tenso, muito disputado, sem faltas duras, perigosas, mas com um entrevero na área tricolor, que levou Palermo a meter a mão na cara do zagueiro Breno, recebendo o revide já num amontoado de jogadores. Carlos Chandia, o árbitro chileno, esperou os ânimos acalmarem e deu cartão amarelo para os dois jogadores.
A princípio achei errado, pensei que o mais correto fosse a expulsão, mas ele estava certo: o jogo continuou tenso e disputado, mas sem maiores problemas, apesar de uma cotovelada de Aloísio num dos zagueiros do Boca. Conhecendo Aloísio, tenho certeza que foi um revide, embora as câmeras não tenham captado o primeiro (e suposto, na minha opinião, ato).

O amigo blogueiro Jacaré Argentino reclamou de suposto toque de mão de Aloísio no momento de dominar a bola para marcar o gol da vitória. Sinceramente, não vi tal ato. Ninguém mais viu, diga-se de passagem. Tive até o cuidado de conferir a cobertura do jogo no Olé e no Clarin e nada foi dito, sinal inequívoco de que nada foi visto.
Logo, não existiu.

Uma grande vitória no que é, hoje, o maior clássico sul-americano.

Afinal, estavam em campo nada menos que 9 títulos da Libertadores (seis do Boca e três do São Paulo) e 6 títulos mundiais (três para cada um).

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Declaração sobre a seleção



(Ou o que chamam de seleção.)

Estou chocado.

Sem nenhuma razão, mas estou tolamente chocado.

Acreditava que agora, na hora da verdade, começando a Copa 2010, o trainee Dunga faria o óbvio e convocaria Rogério Ceni para goleiro titular da Seleção Brasileira.

Humpf, qual o que!

Jacaré convocou? Nem ele.

(Esse jacaré nada tem a ver com o Hermano Jacaré Argentino; refiro-me ao jacaré macunaímico.)

Portanto, começamos a Copa 2010 com 20 convocados jogando na Europa e 2 jogando no Brasil. Esse fato, somado à ausência de Rogério Ceni, tira-me toda e qualquer boa vontade ou desejo de acompanhar esse time.

Portanto, esse blog comunica à sua meia-dúzia de três ou quatro leitores que não fará comentários sobre jogos desse time.
Tampouco torcerá a favor, mas também não torcerá contra.
Simplesmente, ignorará.

O foco do Um Olhar Crônico Esportivo é e continuará sendo o futebol brasileiro, latino-americano e americano, o marketing no futebol, alguma coisa do futebol mundial e um pouco, pero no mucho, o São Paulo F.C.


Como o gosto pela ironia desse editor não vai tão longe, assim como sua tolice em acreditar no que não deve, ele deixa a Seleção tupiniquim para quem tem estômago para suportá-la e à sua dona.


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quarta-feira, setembro 26, 2007

Bravo! Bravíssimo!

(Esse texto foi escrito originalmente para o site do Wanderley Nogueira, depois do jogo São Paulo x Figueirense.)



Bravo! Bravo!

Assim termina mais uma grande apresentação de uma orquestra.

Sob a regência de um maestro, de cujo trabalho só enxergamos a batuta indo e vindo, subindo e baixando, seguindo motivos desconhecidos de quem não conhece música e que tentamos imitar ao volante do carro, algumas dezenas de profissionais trabalharam em perfeita sintonia. Cada instrumento na tonalidade e altura corretas, entrando no momento certo, saindo de cena com perfeição para a entrada do próximo. Cordas, metais, percussão, vozes, em algumas obras, tudo funciona como, digamos, um relógio suíço. Tudo se encaixa, o trabalho de cada um se encaixa com o todo. Parece até que tocam por música. Encaixou mesmo.

Opa! Essa palavra não me é estranha: encaixou.

Ah, não é mesmo. É a famosa palavra-mágica, o “abre-te Sésamo” atrás do qual correm todos os professores, digo, treinadores de futebol.

“O time encaixou...”

“A marcação encaixou...”

São palavras associadas aos vencedores, satisfeitos, felizes da vida, mesmo que tentem ocultar a felicidade por trás de uma máscara de mau-humor ou de insatisfação permanente. Pura mise-em-scène. Quando o time encaixa, o time todo, treinador incluso, é só sorrisos e felicidade.

Tal e qual o torcedor. Tal e qual o torcedor são-paulino nesses últimos jogos do Brasileiro. O time está encaixado.

A marcação, exercida com vigor e rigor, começa no campo do adversário, praticamente em sua própria área.

De vez em quando, cada vez menos, a bola chega ao último reduto tricolor, Rogério Ceni. E dali raramente passa. Até agora, em vinte e sete jogos, apenas 8 vezes a bola beijou as redes. Sete delas antes do time encaixar a marcação, primeira etapa do encaixe total.

O São Paulo encaixou. O jogo flui, cada um sabe onde encontrar o outro, a marcação não esmorece, o ritmo e a condução da bola parecem obra de um setor único, sem diferença entre defesa, meio e ataque, mesmo porque jogadores de um vivem no setor do outro. Não há barreiras, há deslocamentos e ocupação de espaços.

Bonito de se ver.

Muricy pode ganhar uma batuta de presente.

Seu time está jogando por música.

Bravo, maestro!

Bravíssimo!


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terça-feira, setembro 25, 2007

2005, o ano que não acabou


Zuenir Ventura escreveu belíssimo livro com esse título, mas com o ano correto: 1968. Um ano marcante, sem dúvida, e decisivo para fazer do século XX tudo que ele foi. Sobre ele, tudo que se escrever ainda será pouco. Então, nem vou tentar, mesmo porque estou me apropriando desse título por obra e desgraça de um outro ano, mesmo assim somente no plano esportivo. Menos ainda, somente no mundo do futebol.

Para os brasileiros amantes do futebol, 2005 foi um ano marcado por duas siglas: MSI e STJD, e um nome: Edilson. Curiosamente, todos desaguaram na mesma vala comum da ilegalidade, por motivos diferentes. A história MSI/Corinthians já é muito conhecida em seus aspectos aparentes e agora começa a ser melhor conhecida em seus subterrâneos.

Comecemos pela MSI: desde sua chegada ao Brasil essa empresa foi cercada por mistérios e acusações. Seus sócios eram misteriosos, mas dizia-se que um deles era um russo bilionário (em dólares). Falava-se que tantos dólares investidos em futebol num país periférico só poderiam ter como meta a lavagem de dinheiro. Vemos, agora de forma oficial, que boa parte das acusações eram verdadeiras.

Edílson Pereira de Carvalho, juiz FIFA, participou de esquema de fraude em jogos de futebol, destinados a alavancar ganhos de apostadores nos resultados das partidas. Durante 6 meses, o Ministério Público paulista monitorou conversas telefônicas dos envolvidos comprovando as acusações. No decorrer de quase cinco mil horas de gravações, nada apareceu que ligasse um clube, em especial o Corinthians/MSI, a tentativas de manipulações de resultados, que ficaram restritas às ações de apostadores e seus cúmplices na arbitragem.

STJD... Esse órgão, pressionado pela opinião pública exigente de justiça imediata, tomou uma decisão teratológica em termos jurídicos, basicamente por inspiração e ação direta de seu presidente, Luiz Zveiter: anulou 11 jogos do Campeonato sob suspeita de terem seus resultados influenciados pela ação de Edílson P. de Carvalho. Não havia provas ou evidências que amparassem tal decisão, que era apenas uma, e a mais radical, das decisões possíveis. Era, também, a menos perfeita juridicamente. Ou, na verdade, totalmente imperfeita, uma teratologia jurídica, no entender de muitos especialistas da área. Ainda no final daquele ano, depois de todo o imbróglio, descobriu-se que Luiz Zveiter atuava no STJD de forma ilegal, pois, desembargador da justiça federal no Rio de Janeiro, estava impedido, por lei, de atuar em órgão como o STJD.

A cereja desse bolo amargo e ao mesmo tempo carregado de sal e pimenta, foi um lance grotesco protagonizado pelo então goleiro corintiano, hoje no Santos, Fábio Costa, que cortou de forma violenta, imprudente e até desnecessária, uma penetração do meia Tinga no jogo contra o Internacional. Essa ação, claramente faltosa e, portanto, penalidade máxima, não foi assinalada por um velho conhecido dos gramados, o Sr. Marcio Resende de Freitas, coincidentemente finalizando sua carreira de apitador naquele ano.

Ufa! Que ano sinistro.

Esses fantasmas de 2005 tomam conta desse 2007. Teimoso, 2005 não quer terminar e descansar em paz. Ou não deixam que isso aconteça.

Ainda no decorrer daquele fatídico ano, o Ministério Público paulista já tinha investigado e chegado à conclusão que a atuação da MSI no Brasil era fraudulenta e passível, no mínimo, de novas e mais aprofundadas investigações. Curiosamente, a ação do MP de São Paulo foi abortada e o assunto ficou em banho-maria em outros órgãos e esferas. Importantes autoridades “republicanas” foram acionadas visando a presença e atuação no Brasil do bilionário Boris Berezovski, tido e havido como o homem dos dólares por trás da fachada do anglo-iraniano Kia Joorabchian.

Acontecimentos outros, como o misterioso assassinato de um ex-espião soviético em Londres, elemento ligado a Berezovski e em linha de choque com o presidente russo Vladmir Putin, levaram a pouco operante ABIN a sugerir à Presidência da República que a presença do Sr. Berezovski no Brasil seria mais uma dor de cabeça que uma solução. (Aproveito para esclarecer que esse parágrafo é fruto de minhas próprias deduções. Mas não o considero fantasioso, pelo contrário. Isso é o que provavelmente ocorreu.)

Chegamos, dessa forma, ao momento atual, com a Polícia Federal trazendo a público a velha investigação, agora acrescida por novas conversas telefônicas. Aliás, como esse povo fala ao telefone! As falcatruas financeiras envolvendo todos os nomes ligados à MSI e ao Corinthians, inclusive jogadores (alguns, talvez não todos), estão claras e provadas em sua maior parte. O que não está provado está fortemente indiciado. Tal como no caso Edílson, nada há nas conversas que indique a manipulação de resultados de jogos por dirigentes do MSI/Corinthians.

Mas, eis que de repente uma conversa telefônica do então presidente corintiano, Alberto Dualib, com a eminência parda da MSI, Renato Duprat, desperta o clamor popular. Nela, de forma tola e irresponsável para um dirigente, Dualib fala pejorativamente de seu próprio time, dizendo que foi campeão “roubado”, graças à ação do STJD que tirou 14 pontos (errado, isso não existiu), senão o Internacional teria sido o campeão de fato e de direito. Foi além, dando a entender que o Corinthians foi campeão graças à atuação (não citada de forma explícita) de Marcio R de Freitas.

Ora, o que há de concreto ou revelador em tal conversa? Nada, exceto a tolice, irresponsabilidade e pouca inteligência do dirigente corintiano, que falou como mero torcedor, reproduzindo, com raiva, o tititi de torcedores sem apoio em fato algum comprovado.

A revelação de tal conversa pela Tv Record na noite de domingo, foi o que bastou para nova onda de protestos e exigências de cassação do título de 2005 e sua outorga ao Internacional, bem como o rebaixamento do Corinthians para a segunda ou até terceira divisão. Isso, por sinal, já vinha sendo pedido, também, por conta das revelações oficiais das falcatruas financeiras. Todavia, a legislação esportiva brasileira não prevê tal crime e, portanto, não há como enquadrar o clube e condená-lo. Quanto às acusações de manipulações de resultados, apesar de todas as investigações tanto na ponta “Edílson”, como na ponta “MSI/Corinthians”, nada apareceu, nada foi constatado, nada foi descoberto. O próprio tom da conversa entre Dualib e Duprat dá conta da inexistência de tal ação. Basta ler ou ouvir a conversação e isso fica evidente, pois Dualib refere-se à ação do tribunal e à arbitragem do jogo contra o Inter como coisas de fora, acontecimentos fortuitos que só permitiram, ou facilitaram, a conquista do título.

A opinião pública, claramente influenciada por paixões clubísticas e pela ojeriza e desconfiança brasileiras em relação às autoridades, fez seu próprio julgamento e, mesmo sem provas, apenas baseada no “achômetro” e em aparências, julgou e condenou o Campeonato Brasileiro de 2005.

Isso ainda vai longe.

2005 ainda não terminou.

O editor desse blog considera que o Corinthians foi o Campeão Brasileiro de 2005.

Considera, também, que 2005 terminou, esportivamente falando, no dia 4 de dezembro de 2005 para os times brasileiros.

Exceto para o São Paulo, que duas semanas depois conquistou o título de Campeão Mundial, em Yokohama, derrotando o Liverpool por 1x0.


Enfim, para esse blog, 2005 acabou.

Descanse em paz.


Post Scriptum:

Para maiores informações, recomendo o blog do Rizek e o do Juca, ambos com posts muito esclarecedores, principalmente o do Rizek.

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domingo, setembro 23, 2007

Paroquianos, uni-vos!


Calma, não se assustem os que não são muito ligados em religião ou professam outros credos que não o católico.

Por favor, avisem Sua Santidade que isto não é um chamamento às comunidades eclesiais de base, tampouco.

Nesse texto, vou falar sobre o mesmo de sempre: futebol.

Em suas recentes intervenções no Sportv e também em seu blog, o Paulo César Vasconcellos, ou simplesmente PC, doravante, para economizar calorias desse escriba, abordou esses recentes confrontos Argentina x Brasil sob um ângulo muito interessante: o da oportunidade de nossos times jogarem contra escolas diferentes de futebol, saindo da mesmice em que se transformou o nosso futebol (Blog do PCVasconcellos – clique e leia o texto, vale a pena).

A partir de algum tenebroso momento anos atrás, nossos grandes times pararam de viajar para fora de Latino América. A mexicana Monterrey foi o mais distante destino de um time tupiniquim. (Exceção feita a São Paulo e Internacional que foram para o Japão, mas isso é outra história.) O calendário não permite viagens. Se os convites aparecem, e eles sempre aparecem, a confederação ou a federação da paróquia proíbe. Somente os juvenis e juniores de nossos grandes times viajam pelo mundo. O destino dos “times de cima” é o quintal de casa. E olhe lá.

Em dezembro nossos jogadores entram em férias. Se alguém vencer a Libertadores, danou-se. Sim, porque a rapaziada volta a pegar no batente lá pelos dias 3, 4 ou 5 de janeiro, e já no dia 10 ou 11, ou até no dia 8, já tem jogo válido, jogo oficial, jogo de campeonato que tem que ser jogado: o Estadual. Sem pré-temporada, sem preparação física adequada, sem tempo para treinar e começar a montar novas formações, nossos times são jogados às arenas da vida, tendo que correr atrás de 3 pontos quando deveriam estar fazendo exames médicos, isso sim.

Os estaduais terminam num domingo. E no sábado seguinte tem início o Campeonato Brasileiro. Sem falar na Copa do Brasil e, claro, na Copa Libertadores, jogada simultaneamente com os estaduais, arrebentando com os times que têm viagens para o México, Colômbia, Venezuela ou Peru. Quando o Brasileiro termina, no dia seguinte começam as férias. E o ciclo recomeça e se realimenta. Para ajudar mais um pouco, em agosto abre-se e fecha-se a janela de verão para contratações dos clubes europeus. De repente, o time dorme completo e encaixado e acorda dilapidado e desencaixado.

Ano após ano tudo isso se repete. Pela televisão, vemos Barcelona, Real Madrid, Manchester, Milan, e outros mais, em disputas de amistosos de verão, quase sempre com presenças ilustres da Argentina. Vemo-los, também, pelas telinhas. Isso é tudo que vemos desses times. Mas fartamo-nos todos de ver grandes clássicos regionais, além dos grandes jogos contra os Xiriricas da Serra do norte, sul, leste, oeste.

A gente vê com os zóio e lambe com a testa.

Sem dúvida é muito bom jogar contra outras escolas, outros jeitos de tocar la pelota. Não há evolução sem intercâmbio de genes, produtos, idéias, mercadorias diversas.

Tudo que resta às nossas grandes equipes é jogar os estaduais sem tugir nem mugir.

Muito triste. Para quebrar esse encantamento, só com união dos envolvidos e peitar a CBF.


Paroquianos de todas as cores e credos, uni-vos!

Delenda est CBF!



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