Beckham e soccer... Um pouco mais
Comentários muito interessantes, tanto que preferi um novo post para, não digo responde-los, mas dar continuidade à conversa.
Até agora, pelo visto, Vitor, só eu gosto do jogador de futebol David Beckham.
Hehehehehehe
Ele, de fato, jogou muito no Manchester, e bate na bola como poucos. Mas, sem dúvida, seu carisma e imagem valem muito mais que sua técnica.
Nesse tempo em que vivemos eu não acredito que alguma coisa vá pra frente sem um forte apoio da mídia. Bom, isso é, de certa forma, uma obviedade. Mas a mídia precisa ser motivada, precisa ser “mexida e agitada” para adotar uma causa, um negócio, uma moda, uma onda. Creio que a contratação de DB visa esse objetivo.
Não adianta mexer e agitar se não tiver os elementos para serem agitados.
Ao fazer um bolo, fica fácil ver na batedeira o açúcar, o chocolate, a farinha, os ovos, a manteiga... Aí, basta ligar, ou manter ligada, e acrescentar as gotas de baunilha.
Quando pensamos numa sociedade grande, complexa, multicultural (oba! – consegui usar o termo da moda... estou realizado... hehehehehe) como é a americana (muito mais que a brasileira, apesar de muitos de nós acharmos o contrário), a receita e seus ingredientes ficam menos fáceis de serem vistos. Alguns deles, acredito, têm que ser “vistos” pelo feeling do empresário, do empreendedor, do agitador cultural, do artista. Será que o povo do Galaxy e da MLS está com o feeling apurado? Um investimento desse porte não é feito sem o apoio de levantamentos e pesquisas, sem um él ar pi (Long Range Plan) debatido exaustivamente, etc. Afinal, comprometer um quarto de bilhão de dólares é coisa pra burro, até mesmo na California.
Há anos e anos não vou pros Estados Unidos. Da última vez o presidente ainda era o Bill, embora más e desinformadas línguas atribuíssem a presidência a Mrs. Clinton (hoje está provado que não, o Bill era o Bill, mesmo). Tudo que penso da America é terceirizado ou intermediado por mídias diversas. Não é nada, não é nada, não é nada mesmo, ou seja, o meu feeling pode ser mais furado que a peneira velha do sítio que o Ismael ainda não jogou fora por estar com excesso de furos. Ou não, talvez meu sentimento de que agora a coisa vai pode ser correto.
Os números referentes aos povos hispânicos que vivem nos Estados Unidos impressionam. Tanto quanto os números do futebol feminino. Em filmes e séries de tevê já é normal e corriqueiro ver pais e mães acompanhando seus filhos e filhas aos jogos de soccer. Por sinal, num dos últimos E.R., série que tem Chicago como lar, o filho de um dos médicos criado por um casal moderno de duas mães joga futebol, digo, soccer. Os roteiristas americanos não inserem cenas em séries líderes de audiência (e faturamento) à toa. Se colocam o moleque jogando futebol é porque isso faz parte da realidade que os caras vivem. É um exemplo simplório, bem sei, mas é um entre muitos, como o que já citei no post anterior sobre o número de meninas e mulheres federadas.
Acho que se os caras conseguirem atrair, conseguirem fundir, o gosto e a familiaridade conseguidas pelo futebol feminino, com a presença de grandes massas de migrantes que têm no futebol um de seus símbolos e gostos culturais, a base estará pronta, mexida, agitada, fervilhante.
Só Beckham?
Pois é, só ele?
Acho que não. A tendência é a contratação de mais jogadores de nome, que sejam garantias de presença nas mídias e rostos conhecidos de parte do público, pelo menos. Nesse sentido, concordo que essa poderia ser uma oportunidade de ouro para jogadores como Ronaldo, que começam a enfrentar dificuldades no disputado mercado europeu. E esses jogadores não vão contracenar ao lado de jovens americanos apenas, o que, imagino eu daqui, inevitavelmente abrirá o mercado americano para atletas medianos, bons de bola e baratos pelos padrões da MLS.
Bom, coloquei o carro um pouco à frente dos bois, mas é isso, Henrique, acho que você vai assistir a futebol de boa qualidade não demora muito. Como bem disse o Mundy, os caras transformam tudo em show e nesse ponto eles são bons, seus shows, geralmente, são muito bons. E o sucesso nos Estados Unidos não será medido pelos mesmos números percentuais de amor ao futebol que vemos no Brasil ou na Espanha, Itália e Inglaterra, por exemplo, países que, se comparados aos States, são quase tão pobres quanto essa república tupiniquim, ou com populações que são menores que um quinto da população americana. Esse é um ponto forte, João Luiz, uma liga para o gosto de 30% dos americanos já será a mesma coisa, em termos de mercado, que uma fusão Espanha/Inglaterra. Os grandes ganhos de escala nos Estados Unidos são obtidos com números percentuais baixos em relação ao total da população.
Bom, é isso, por enquanto. Valeu, pessoal, bom fim de semana.
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