Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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terça-feira, agosto 12, 2008

Santo Paulo, muito bem-vindo!

Noite de festa ontem, no Morumbi.

Para ser mais preciso, no Morumbi Concept Hall, onde, ao lado da megaloja da Reebok, foi inaugurado o Santo Paulo Bar.

Esse espaço do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, está localizado no anel térreo, até então meio jogado às moscas, sem prestígio, só lotando, de fato, nos grandes jogos pela Libertadores, principalmente. Dentro de um planejamento iniciado em 2005, ainda na gestão de Marcelo Portugal Gouvêa, esse anel pouco utilizado passou a ser valorizado, num processo que ainda não se encerrou. Como disse o Vice-Presidente de Marketing do São Paulo, na solenidade, virão, ainda, uma mega-livraria, com café e área de internet, seguidas por um cinema, tudo isso sem prejuízo dos planos para adequar o estádio às exigências da FIFA para 2014.



Chute inicial do Santo Paulo: Presidente Juvenal Juvêncio, Prefeito Gilberto Kassab e Paulo Pires, da GRSA


Durante os jogos, o Santo Paulo funcionará como mais uma área do estádio, como se fosse um camarote aberto ao público, com a cobrança de um ingresso específico, inclusive com transporte executivo a partir de um hotel no Brooklin, a poucos quilômetros de distância (esquema semelhante ao utilizado pelo Santander para seus convidados em jogos da Libertadores, conforme pode ser visto neste Olhar Crônico Esportivo no post de 16 de maio de 2008, “Torcedor VIP e o Marketing de Relacionamento”).

O Santo Paulo funcionará de quarta a domingo, independentemente da realização de jogos e tem 900 m² de área, com capacidade para até 350 pessoas. Um de seus melhores locais é o deck ao ar livre, tendo, ainda, uma sala de jogos e uma área vip ideal para encontros fechados. Toda a ambientação do bar é lúdica, inspirada no universo são-paulino, com projeto de branding da Parati Design com Branding e projeto arquitetônico da Studioino. As mesas do espaço interno têm o formato e os desenhos de um campo para futebol de botão. Os aficionados irão gostar, pois poderão jogar acompanhados pelos ‘comes e bebes’.

Há muitos outros cuidados cercando o novo espaço, como a contratação de um chef de alta qualidade e a criação de um cardápio capaz de atender aos gostos tanto de quem vai por petiscos e bate-papo ao lado dos amigos, como de quem vai com a família, inclusive crianças. No que me diz respeito, já estou salivando por antecipação pela degustação da “releitura” do sanduíche de pernil que é vendido nas barracas na frente do estádio. Mas já garanto: por melhor que seja a “releitura”, não abrirei mão e boca do meu sanduba de pernil nos jogos noturnos.

Outros pontos interessantes: a existência de um mini-estúdio, ideal para gravações, ou mesmo entradas ao vivo, de entrevistas com jogadores, técnicos, dirigentes, para emissoras de rádio e televisão, assim como para internet, que ganhará mais espaços entre as mídias tradicionais; e todos os ambientes, inclusive os banheiros, têm tevês de plasma, com transmissões de jogos, clips ou a transmissão ao vivo do jogo que estiver acontecendo no gramado. Quem precisar tirar “água do joelho” bem na altura dos 25’ do segundo tempo não perderá nada do que acontece em campo.

O investimento no Santo Paulo atingiu 1,9 milhão de reais e sua administração foi terceirizada para a GRSA, empresa da área alimentícia que fornece 1 milhão de refeições prontas por dia e, através do Santo Paulo faz sua entrada na área de alimentação em praças de esporte, que vai estender-se a outros estádios.

Com o Morumbi Concept Hall, o clube quer transformar de vez o Morumbi em um ponto de encontro e convivência para torcedores do São Paulo e de todos os outros clubes, além de um ponto de atração turística. São Paulo, para espanto de muitos, é o maior centro turístico do Brasil, na sua maior parte turismo de negócios. Um público, sem dúvida, atraente e de fácil motivação para conhecer o local, bastante próximo de uma grande quantidade de hotéis que têm, nessa modalidade de turismo, sua razão de ser.

Ontem, como presente para os convidados e uma amostra de como será o Santo Paulo durante um jogo, as equipes Sub 16 e Sub 15 do São Paulo, disputaram um jogo bem animado, que terminou com o placar de 2x1 para os meninos Sub 16.

Creio que foi a primeira vez que jogaram no Morumbi.

Para muitos deles, a primeira de muitas vezes. Assim como espero que ontem tenha sido somente a minha primeira em muitas e muitas visitas ao Santo Paulo Bar, mais que nunca bem-vindo.

O goleiro Sub 15 defende pênalti cobrado pelo goleiro Sub 16

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segunda-feira, agosto 11, 2008

Moedas de troca da Record



Depois de olhar com olhos compridos os excelentes índices de audiência da Globo com os Jogos de Pequim, a Record, extemporaneamente, anunciou que não repassará a nenhuma outra emissora de sinal aberto seus direitos de transmissão de Londres 2012. Isso foi dito ainda no sábado.

Nesse mesmo final de semana, a rede ligada à IURD comunicou que comprou, com exclusividade, os direitos de transmissão dos jogos Pan-Americanos de 2011, que serão realizados em Guadalajara. Segundo a emissora, a compra abrange todas as mídias eletrônicas, inclusive a transmissão via internet.

Se confirmada essa notícia, a Record terá aplicado dois golpes fortíssimos na Globo. Disso não tenho a menor dúvida.

Os dois eventos são grandes eventos com números mais que satisfatórios de audiência. Quando o Brasil passa a ter chance de medalha, esses números explodem, simplesmente. Além disso, dão muito prestígio às emissoras.

Temos, então, a Record ‘dona’ do Pan e Olimpíadas de um lado, e a Globo ‘dona’ do Brasileiro, Paulista, Carioca, Mineiro, Gaúcho, Libertadores, Sul Americana, Copa do Brasil e Brasileiro B, além das Copas do Mundo, do outro lado.

Por Londres 2012 a Record pagou, à época do contrato, 60 milhões de dólares.

Segundo fontes da emissora, pagou outros 10 milhões pelo Pan.

(Não acredito nesse segundo número, por ser um valor muito baixo e por conter todas as mídias eletrônicas.)

Apesar do bom faturamento da Rede, alavancado poderosamente pela venda de horários ‘mortos’ para a IURD, são investimentos muito altos para a Record pagar integralmente. Ao mesmo tempo, os custos para uma transmissão de boa qualidade são imensos, apesar de Londres estar muito mais próxima e fácil que Pequim. Por outro lado, se isso facilita e barateia a logística, os custos locais estarão, como já estão, pela “hora da morte”. Não consigo imaginar, por exemplo, a Record enviando 45 pessoas para a Inglaterra só para cobrir com imagens próprias e tudo que as cerca, o vôlei de praia brasileiro. É a primeira vez que uma emissora brasileira faz tal coisa numa Olimpíada.

Para cobrir os dois eventos com exclusividade e um mínimo de qualidade, a rede teria de fazer um grande investimento em pessoal, mas não à última hora. Isso é como um time de futebol: precisa de entrosamento e encaixes, que só são obtidos com muitos treinos e boa direção. Na base disso tudo, tempo e dinheiro. Aí fica a questão: valerá a pena investir pesado em equipe para cobrir dois eventos e depois não ter o que fazer com o pessoal?

Nessa altura do campeonato, este Olhar Crônico Esportivo continua acreditando na mesma aposta lançada em 2007: a Record usará Londres 2012 e agora, também, Guadalajara 2011, como moeda de troca para conseguir entrar no mercado do futebol brasileiro e sul-americano.

Creio que, em 2010, ou mesmo em 2009, poderemos ter a rodada das quintas-feiras entregues ao sinal aberto da Record.

Essa é, a meu ver, a saída mais sensata e conveniente para as duas redes.

Todavia, na guerra surda e dura pela audiência o bom senso costuma ser a primeira vítima fatal.

O Olhar Crônico Esportivo agradece ao amigo Ronaldo Derly Rodrigues pelo ágil municiamento com as informações da Rede Record.


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