Moedas de troca da Record
Depois de olhar com olhos compridos os excelentes índices de audiência da Globo com os Jogos de Pequim, a Record, extemporaneamente, anunciou que não repassará a nenhuma outra emissora de sinal aberto seus direitos de transmissão de Londres 2012. Isso foi dito ainda no sábado.
Nesse mesmo final de semana, a rede ligada à IURD comunicou que comprou, com exclusividade, os direitos de transmissão dos jogos Pan-Americanos de 2011, que serão realizados em Guadalajara. Segundo a emissora, a compra abrange todas as mídias eletrônicas, inclusive a transmissão via internet.
Se confirmada essa notícia, a Record terá aplicado dois golpes fortíssimos na Globo. Disso não tenho a menor dúvida.
Os dois eventos são grandes eventos com números mais que satisfatórios de audiência. Quando o Brasil passa a ter chance de medalha, esses números explodem, simplesmente. Além disso, dão muito prestígio às emissoras.
Temos, então, a Record ‘dona’ do Pan e Olimpíadas de um lado, e a Globo ‘dona’ do Brasileiro, Paulista, Carioca, Mineiro, Gaúcho, Libertadores, Sul Americana, Copa do Brasil e Brasileiro B, além das Copas do Mundo, do outro lado.
Por Londres
Segundo fontes da emissora, pagou outros 10 milhões pelo Pan.
(Não acredito nesse segundo número, por ser um valor muito baixo e por conter todas as mídias eletrônicas.)
Apesar do bom faturamento da Rede, alavancado poderosamente pela venda de horários ‘mortos’ para a IURD, são investimentos muito altos para a Record pagar integralmente. Ao mesmo tempo, os custos para uma transmissão de boa qualidade são imensos, apesar de Londres estar muito mais próxima e fácil que Pequim. Por outro lado, se isso facilita e barateia a logística, os custos locais estarão, como já estão, pela “hora da morte”. Não consigo imaginar, por exemplo, a Record enviando 45 pessoas para a Inglaterra só para cobrir com imagens próprias e tudo que as cerca, o vôlei de praia brasileiro. É a primeira vez que uma emissora brasileira faz tal coisa numa Olimpíada.
Para cobrir os dois eventos com exclusividade e um mínimo de qualidade, a rede teria de fazer um grande investimento em pessoal, mas não à última hora. Isso é como um time de futebol: precisa de entrosamento e encaixes, que só são obtidos com muitos treinos e boa direção. Na base disso tudo, tempo e dinheiro. Aí fica a questão: valerá a pena investir pesado em equipe para cobrir dois eventos e depois não ter o que fazer com o pessoal?
Nessa altura do campeonato, este Olhar Crônico Esportivo continua acreditando na mesma aposta lançada em 2007: a Record usará Londres 2012 e agora, também, Guadalajara 2011, como moeda de troca para conseguir entrar no mercado do futebol brasileiro e sul-americano.
Creio que, em 2010, ou mesmo em 2009, poderemos ter a rodada das quintas-feiras entregues ao sinal aberto da Record.
Essa é, a meu ver, a saída mais sensata e conveniente para as duas redes.
Todavia, na guerra surda e dura pela audiência o bom senso costuma ser a primeira vítima fatal.
O Olhar Crônico Esportivo agradece ao amigo Ronaldo Derly Rodrigues pelo ágil municiamento com as informações da Rede Record.
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Marcadores: Marketing e Dinheiro, TV
1 Comments:
At 6:23 PM, DERLY. said…
Emerson tinha tres perguntas para lhe fazer,mas uma voce já respondeu,que era sobre a criação pela RECORD de uma equipe esportiva que perderia
a razão de ser após o evento,no caso os jogos olimpicos de LONDRES,mas tenho outras duas e lá vai:
1) se a RECORD entrar na transmissão do BRÃO,como ficaria a situação da BAND,voce acha que ela continuaria.
2) como são definidos os jogos a se
rem transmitidos e por quem,por exemplo,ontem para o DF na GLOBO passou VITÓRIAXVASCO e na BAND BOTAFOGOXPALMEIRAS,o que nem sempre acontece
pois muitas vezes as duas mostram
o mesmo jogo,por isso a pergunta.
Agradeço a citação e foi um prazer
ajudar,quando ler algo interessante
lhe mandarei novamente,aquela maté
ria sobre o clube inglês administra
do por um brasileiro,via internet
achei muito boa,pena que era bem
sucinta,abraço.
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