Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sábado, julho 21, 2007


No post Asco e Vergonha publicado no blog Um Olhar Crônico, o Rui postou um comentário dizendo que mandou um e-mail pra Força Aérea Brasileira protestando contra a condecoração desse povo da ANAC.

Puxa vida!

Pelo menos isso!

Tão logo acabei a leitura do comentário já estava procurando o site da FAB, onde o Rui achou o Fale Conosco.

O endereço para e-mail é esse:

drp@fab.mil.br

E, na mesma hora, mandei meu protesto pra Força Aérea.

Vai servir para alguma coisa?

Não sei, espero que sim.

Confesso que seria bom demais ver a FAB pedindo as medalhas de volta.

Os blogs Um Olhar Crônico e Um Olhar Crônico Esportivo manifestam seu total repúdio a essas condecorações.

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sexta-feira, julho 20, 2007

Mistérios do futebol


Esse é um esporte cheio de mistérios.

É, também, o esporte de todas as possibilidades.

O futebol aceita estatísticas, mas unicamente para detoná-las.

Aceita rankings diversos, pelo só prazer de botá-los de cabeça pra baixo.

Esporte interessante o futebol.

Nossa evolução como espécie consagrou o cérebro e as mãos, dotadas de características todas próprias – viva o polegar! – que permitem realizar o que o cérebro imagina.

O futebol se vale do cérebro.

Mas não se vale das mãos, exceto como complemento dos braços na tarefa de equilibrar o corpo. E, claro, na função de goleiro, algo tão distinto do futebol propriamente dito, que o atleta investido na função atua somente numa área pequena, com regulamentos próprios. Exceto aqueles que rompem com a mesmice e jogam igualmente bem com os pés, como Rogério Ceni. Mas aí já falamos de outra categoria de jogador.

O futebol vale-se dos pés, esses maravilhosos pés que, comparados às mãos fazem tão pouco e sobre os quais temos um controle meio restrito. Com certeza, é neles que reside a aversão do futebol ao previsível, ao lugar-comum, ao óbvio. Neles e na bola, claro. Mas tudo isso é assunto pra outra hora, por tão vasto que é.



Um mistério

Reunindo todas as teorias possíveis, acopladas a diferentes levantamentos estatísticos e cálculos matemáticos, o São Paulo tem um ataque portentoso para esse momento do futebol brasileiro. Nomes de peso e prestígio, sem a menor dúvida.

Aloísio, Borges, Dagoberto, Diego Tardelli, Leandro, Marcel, que recém-saiu para o Grêmio.

Naturalmente, todos podem ser contestados em um ou outro ponto, mas é inegável que se trata de um elenco muito acima da média de que dispõem os demais clubes que disputam o Campeonato Brasileiro da 1ª Divisão em 2007.

Apesar dos predicados todos, esse ataque não funciona. E quando isso começou a acontecer, com Borges, por exemplo, parou por contusão.

Explicações existem e as mais diversas, desde as prováveis até as muito criativas, tanto que passam a ser, simplesmente absurdas.

Nenhuma, porém, consegue explicar como tanta gente habilitada e acostumada a fazer gols, de repente não consegue mais marcar um sequer e por muitos jogos.

O conjunto do time é bom. A maioria vem jogando junto há um bom tempo, portanto, já existe um entrosamento mínimo. O clube é ótimo, os salários são bons e pagos religiosamente em dia, o treinado é bom, experiente e competente, o preparador físico e sua equipe são de primeira qualidade, assim como a área médica e fisioterápica.

Ou seja, as condições objetivas e algumas subjetivas estão dentro ou até acima da normalidade. Então, por que diabos a bola não entra nas metas adversárias? Com muitas até batendo nas traves, por capricho dos deuses dos estádios?

Ah...

Os deuses dos estádios...

Sim, talvez... Possivelmente.

Estou a ponto de jogar minha racionalidade no lixo e ater-me, unicamente, a essa hipótese. Parece-me, entre todas, a mais plausível.

A menos que se acredite nas diferentes teorias conspiratórias, uma mais maluca e improvável que a outra. A menos ruinzinha delas fala de desunião no elenco. Outra, sustenta isso e acrescenta um grupo determinado a derrubar o treinador. Há quem fale, também, em corpo mole, pura e simplesmente, por conta de insatisfações diversas e difusas.

Ainda fico com o humor – péssimo e sem graça – dos deuses dos estádios.

Ate porque, como bem sabiam nossos antepassados remotos e outros não muito, há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia.

É isso, ou deixar tudo no campo do mistério não resolvido.


À guisa de post scriptum...

A noite de anteontem no Morumbi foi particularmente gelada.

E chata.

E muito, muito triste, com a presença vívida em todos do acidente na véspera com o vôo 3054.

E a única coisa boa e decente daquela noite gelada foi o minuto de silêncio em homenagem às vítimas do acidente.


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terça-feira, julho 17, 2007

Mostrou o futebol como é que é...


Na Copa de 58 ainda não tinha 4 anos. Tenho vagas recordações, nada aproveitável. Mas em 62 eu já tinha 7 anos, recém-chegado de vez a São Paulo, para morar com meus pais, deixando para trás a fazenda. Lembro das transmissões dos jogos, lembro dos balões, lembro do clima de felicidade e lembro, e melhor, tenho até hoje a trilha sonora daqueles dias na minha cabeça:

“A taça do mundo é nossa,

Com brasileiro, não há quem possa,

Eeeeeta, Esquadrão de Ouro,

É bom no samba, é bom no couro.

O brasileiro lá no estrangeiro,

Mostrou o futebol como é que é,

Ganhou a taça do mundo,

Sambando com a bola no pé!

Gooooooollllllllllllllllllllllllll!”

Sofri com o fracasso de 66, depois sofri com as indefinições e o vai-e-vem chato de Saldanha - que tentou barrar Pelé - e Zagallo - que não aceitava Pelé e Tostão e Rivelino juntos -, até definir o time que, aleluia, seguindo a velha vox populi reuniu Pelé, Tostão, Rivelino, Gerson, Jairzinho e veio a tornar-se o maior esquadrão da história do futebol, isso na opinião isenta de europeus e povos de outros continentes.

Em 74 voltou a soberba, a arrogância, e com ela o fracasso.

Em 78, depois de nova safra de indecisões, Cláudio Coutinho – com ele começou a era dos treinadores biônicos, crias da CBF do clã Havelange – ouviu a voz das ruas, a vox populi novamente, ampliada pela imprensa, e o Brasil foi com um belo time para a Argentina dirigida, comandada por um bando de assassinos, verdadeiros psicopatas, que criaram um clima de guerra para a Copa do Mundo. Uma falha da FIFA. Deu no que deu.

E, finalmente, veio 1982 e um novo time que era a digna sucessão dos esquadrões de 58, 62 e 70.

Os deuses dos estádios não quiseram que fôssemos campeões.

Assim é a vida, entramos para a história vencidos, mas com a dignidade e o reconhecimento que só os grandes vencedores têm.

E depois, bom, depois veio um deserto.

Mudou o Brasil, mudou o povo brasileiro, mudou a sociedade brasileira, assim como mudou o mundo.

Dignidade, honra, reconhecimento, generosidade, encantamento... Antigos e nobres conceitos tornaram-se apenas vocábulos de outros tempos, fora de moda, em desacordo com os dias que correm.

O próprio conceito de nobreza foi perdido. Um pouco do que resta dele, e da generosidade no campo esportivo, foi substituído pelo moderno fair play. E mesmo esse, apesar de moderno e tudo o mais, corre o risco de ser tomado como ultrapassado e brega. Como esse texto, com certeza, recheado de velharias do século passado.

Transformaram nosso futebol em apenas mais um departamento de vendas de uma grande corporação. Importa vencer a todo e qualquer custo e aumentar as vendas. O resto é irrelevante.

As massas, em sua maioria, hoje, nascidas e criadas nesse ambiente, gostam e querem mais. Um bom indicativo da mentalidade reinante é que, nos lugares mais desenvolvidos e em linha com os novos tempos, já não se vai ao estádio e sim à arena. Bom, arena para mim sempre foi o espaço no qual os cristãos eram jogados para serem devorados pelos leões e onde, depois do almoço felino, gladiadores enfrentavam-se até a morte, para gáudio da platéia ensandecida. Em toda a minha vida nunca pus meus pés numa arena, sempre em estádios e “campos”, pois era mais fácil e claro dizer que ia pro “campo” do que pro estádio.

Estou triste porque preciso desligar a trilha sonora que embalou toda minha vida.

Mas ganhamos!

Sim, ganhamos, e é isso que importa, né?

Porém... Não mais mostramos o futebol como é que é.

Estamos, simplesmente, iguais aos outros, somos mais um na multidão, perdemos nosso diferencial, estamos sufocando nossa magia, estamos tirando das pessoas o encantamento ao qual, afinal, temos direito como humanos que somos.

Será que estamos nos desumanizando?

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segunda-feira, julho 16, 2007

O que virá?


A Copa América acabou.

O Brasil é campeão.

A Argentina perdeu.

Dunga venceu sua primeira competição oficial.

A CBF está em festa, principalmente porque na tarde de hoje, Ricardo Teixeira foi reeleito pela enésima vez. Vai até 2012, mas com prorrogação até 2014, por causa da Copa aqui. Sim, é certo, embora não oficial, que a Copa será aqui.

Valha-nos Deus!

Naturalmente, torci pelo Brasil e gostei do jogo.

Mas foi um jogo meio, sei lá, meio não-brasileiro, se é que me entendem.

Quando Dunga confirmou Mineiro e Josué no meio, tive certeza que Messi e Riquelme pouco ou nada fariam.

Nada fizeram.

Mas fizemos faltas de mais e ataques de menos.

Os deuses dos estádios sorriram para nós e para a dedicação, entrega total e determinação da rapaziada que entrou em campo.

A seleção jogou contra a Argentina, contra Kaká e Ronaldinho, contra o Brasil que desconfiava dela. Como gostam de dizer alguns torcedores, jogou contra tudo e contra todos.

E venceu.

Tudo isso é passado. Apavora-me, agora, o futuro.

Dunga campeão e Ricardo Teixeira reeleito uma vez mais.

O futuro...

O futuro...

O futuro...

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