Sobre planejamento e legalidade
Esse blog recebeu a confirmação que o Clube de Regatas do Flamengo efetivamente ficou sem patrocínio no mês de dezembro, como já havia antecipado. O contrato entre o clube e a Petrobrás terminou em 30 de novembro de 2007, uma data realmente um pouco estranha para o encerramento de um contrato de longo prazo. Desconheço a razão desse fato, mas não me parece que ela venha a ser importante para o que motiva esse post.
Somente em 12 de novembro o Flamengo procurou seu patrocinador e apresentou uma proposta de renovação. Ora, uma empresa do porte da Petrobrás, simplesmente uma das maiores do mundo, e ainda por cima de economia mista – o que significa controles tão rigorosos quanto os de empresas privadas, mas que normalmente passam por mais canais e têm trâmites mais demorados – não vai renovar um contrato da noite para o dia, principalmente quando esse contrato apresenta um valor maior que o anterior.
Qualquer executivo sabe que o correto é antecipar ao máximo qualquer negociação desse tipo, para que não haja o risco de ficar um período sem cobertura de patrocínio. Ainda mais quando o mês em que existe tal risco é o tenebroso, para empresas brasileiras, mês de dezembro. O mês do décimo-terceiro, o mês em que muita gente entra em férias, o mês em que o caixa da empresa tem que estar abarrotado, para que os bolsos dos funcionários, por sua vez, tenham o bastante para os panetones e presentes natalinos, além das férias para uma parte.
Claro que desconheço os meandros do CRF, detalhes da intimidade contábil e coisa e tal, mas, assim mesmo, o clube deveria ter planejado e iniciado as conversas para a renovação do patrocínio muito antes do que fez. Uma simples olhadela na folhinha mostraria o tenebroso dezembro descoberto.
Enfim, já era.
O novo contrato ainda não saiu do forno. Não sabemos qual sua data inicial – conseguirá o Flamengo retroagir o início para 1º de janeiro? Essa possibilidade, apesar da nota da Petrobrás, está em discussão. Da mesma forma se ele começa em fevereiro, caso janeiro seja letra morta. Outra possibilidade razoável é a data de 1º de março, mas essa já considero menos provável.
Estou curioso, igualmente, para saber até quando irá o novo contrato? Valerá por doze meses corridos ou vai terminar em 31 de dezembro de 2008? Ou, hipótese que é possível, mas nem um pouco inteligente, novamente em 30 de novembro?
É legal esse patrocínio?
Respondendo a blogueiros que questionam a legalidade desse contrato em vários fóruns e blogs, e até por e-mail.
Sim, é legal, a Petrobrás é uma empresa de economia mista, é bem verdade, mas é uma empresa que disputa mercados como outras, e patrocinar o Flamengo ou outra equipe é perfeitamente legal.
Pode-se discutir a conveniência de tal patrocínio, ou um patrocínio mais útil, social e esportivamente falando, que seria para os esportes olímpicos (exceto vôlei), sempre carentes de verbas e estrutura.
Pode-se pleitear que a Petrobrás faça como a Fiat e patrocine meia dúzia de equipes ou mais.
Mas não se pode atacar a legalidade e, por extensão, a moralidade desse contrato.
Sorte do Flamengo, que tem um patrocinador fiel, que o acompanha há muitos anos e esteve presente nas marés baixas. Isso tem um preço, tem um valor, e não é pequeno.
Sim, é legal, mas muitos torcedores de outros times não pensam assim e não acham nada legal.
:o)
Marcadores: Flamengo, Marketing e Dinheiro
2 Comments:
At 8:24 PM, Anônimo said…
Emerson,
Tens toda razão em criticar a forma e a intempestividade com que os dirigentes rubro-negros realizaram a negociação para renovação do patrocínio.
Desprovidos de qualquer pragmatismo, qualquer planejamento,ou até de um calendário mesmo, deixaram para negociar com a Petrobrás no apagar das luzes e o mês de dezembro foi pras cucuias. Coisa de amadores.
Sobre a legalidade do contrato questionada por torcedores de outros times: A coisa gira entre a inveja ou a ignorância de que a Petrobrás, tem todos os seus contratos e não só os de patrocínio, fiscalizados pelo TCU e analisados por firmas particulares de auditoria. Isso sem falar no espetacular retorno dado a empresa (já conversamos sobre no Jogo Aberto)com sua marca estampada no Manto Sagrado. Através de estudos feitos pela própria Petrobrás, estima-se que no contrato antigo, o retorno tenha sido de cerca de seis vezes o valor investido. Portanto, tanto os contribuintes brasileiros, como os acionistas da empresa, têm de parabenizar de maneira efusiva a Gerência de Patrocínios da Petrobrás. Isso sim é investir bem os recursos disponíveis para o marketing. O resto é conversa fiada.
Parabéns por mais um belo post. Uma opinião lúcida e isenta.
Abraço, Rod.
At 10:58 AM, Anônimo said…
A PETROBRAS é aquela estatal que patrocina o Flamengo e que nimguém contesta? Os políticos não contestam porque ficam com medo de peder o voto do torcedor do Flamengo? Eles, políticos, também não contestam a invasão das seitas no meio de cominicação, principalmente o meio rádio. Seria medo de perder votos dos "fiéis" dessas seitas?
Carlos Ferreira
http://carlosferreirajf.blogspot.com/
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