Pago pelos royalties
Desde o início esse Olhar Crônico Esportivo apostou na vinda de Adriano e deu destaque à importância que o jogador teria no complexo mercadológico: exposição, imagem e venda de camisas.
Antes mesmo de sua estréia, Adriano já se convertera no maior vendedor de camisas do São Paulo. Hoje, esse fato é confirmado por matéria da Folha de S.Paulo, da qual transcrevo alguns trechos:
“Sem taça, Adriano quase se banca com camisas
A 10 do atacante teve 44 mil unidades vendidas em seu período de São Paulo
Número representa 70,4% do que o clube gastou em salários do jogador, numa média de 280 exemplares vendidos diariamente
MÁRVIO DOS ANJOS
RICARDO VIEL
DA REPORTAGEM LOCAL
Na sala de troféus do Morumbi, o atacante Adriano não trouxe nenhum impacto para justificar seu investimento, mas o torcedor de fato "bancou" o jogador, como disse Juvenal Juvêncio
Se a sua passagem relâmpago no clube tricolor serviu apenas para reposicioná-lo profissionalmente no mercado da bola e nos critérios de Dunga, prejuízo não houve: só a venda de camisas diretamente relacionada a ele pagou 70,4% dos salários do centroavante.
Recuperado para o futebol em alto nível e convocado para quatro malfadados jogos da seleção de Dunga, o atacante, apelidado de "Imperador", "vendeu" cerca de 44 mil camisas tricolores número 10 até 31 de maio, segundo o clube.
Mesmo sendo a camisa 10 um símbolo de tremendo apelo junto aos torcedores, os números ainda são respeitáveis. Sozinho, o jogador, que retorna agora à Inter de Milão, representou um aumento de 30% nas vendas de material esportivo como um todo, conforme apurado pela reportagem.
Como o São Paulo recebe da Reebok 10% de royalties sobre cada camiseta vendida, no valor de R$ 160, o clube recebeu
No mesmo período, o goleiro Rogério, tradicional campeão de merchandising entre os são-paulinos, vendeu 26 mil, mesmo tendo a seu favor o lançamento de um modelo novo.
"Trata-se de um case de sucesso, tanto no âmbito esportivo quanto no marketing", afirma Júlio Casares, diretor de marketing do clube do Morumbi, ainda que desprezando o fato de Adriano não ter levantado qualquer taça no seu semestre são-paulino. Caiu com o São Paulo nas semifinais do Paulista, diante do Palmeiras, e nas quartas-de-final da Libertadores, diante do Fluminense.
Em salários do jogador nesses quase seis meses, o investimento foi de R$ 1 milhão. A Inter pagava a maior parte dos vencimentos, enquanto o São Paulo comportava o restante -
"A parceria foi positiva porque contribuímos na recuperação dele como atleta, e ele teve como recompensa a volta à seleção brasileira. E a Inter teve seu patrimônio protegido", afirma João Paulo de Jesus Lopes, diretor de futebol do São Paulo, entendendo que a benfeitoria foi boa para ambas as partes -caso único, já que outros dois também chegaram ao clube em condições parecidas.
...
Quaisquer que sejam as últimas palavras de Adriano no sábado, quando deve ser homenageado antes do jogo contra o Sport, ele sai com um débito bem menor. Faltaram só taças.”
Esses números ainda não são definitivos, pois muitos torcedores ainda estão comprando a “10 do Adriano” no correr desse mês de junho. Como seu contrato já foi rescindido, provavelmente a renda líquida com as camisas pagará esse custo integralmente.
Fora isso, a presença de Adriano aumentou muito a exposição do São Paulo e seus patrocinadores na Europa e reforçou a imagem do clube como organização séria, eficiente e confiável, junto aos grandes clubes europeus.
O marketing só é inimigo do futebol quando mal feito ou quando é feito pensando apenas no próprio marketing.
.Marcadores: Marketing e Dinheiro, São Paulo
7 Comments:
At 9:45 AM, Anônimo said…
Eu sou extremamente cético à esse papo de "a venda de camisa pagou o jogador". Todo mundo faz as contas considerando o valor absoluto e não o relativo. Pra fazer essa conta, tem que se levar em consideração o quanto de camisas foram vendidas a mais pelo fato do jogador ter sido contratado, e não o quanto se vendeu no total. E isso é algo dificil demais de se medir. Porque depende da fase em que o time se encontra, depende do fato de ter sido ou não lançado um novo modelo, e também a que se considerar que quem comprou agora talvez demore mais para comprar novamente no futuro. Enfim, é complicado fazer este tipo de calculo. Mas vá lá, vamos considerar então que o aumento na venda tenha sido de 30% como você diz no post. Nesse caso eu acho que a influência real de sua contratação tinha que ser baseada nesse número, e não no total de camisas 10 vendidas, porque muitos dos que compraram a 10 comprariam esta ou outra camisa de qualquer forma.
Gustavo Oliveira
At 11:27 AM, Emerson said…
Gustavo, quem fala sobre o aumento é a Folha, citando a Reebok e São Paulo.
Mas concordo em boa parte com suas colocações, na teoria.
Na prática, porém, nesse caso em particular, eu mesmo sou testemunha do impacto do nome Adriano sobre as vendas, pois muitos torcedores quiseram comprar a camisa por causa do Adriano, tanto em primeira compra como para quem já compra habitualmente.
Outro comparativo útil é o número de camisas do Rogério que foram vendidas no período.
Se fôssemos detalhar a ferro e fogo teríamos que chegar às minúcias contábeis, e não creio que seja o caso de se buscar tanta precisão.
Prefiro ficar com a praxe do mercado, mesmo não sendo 100% exata.
:o)
At 12:11 PM, Anônimo said…
É verdade Emerson, como eu disse é muito dificil medir o impacto real. Passa até pela conjuntura ecônomica que determina o poder aquisitivo, que pode variar de um momento para o outro. Mas um raciocinio também simplista mas um pouco mais real seria ver a média histórica de venda de camisas nessa época em outros anos e ver o quanto variou. Acho que faz mais sentido.
Lendo esse post me ocorreu que os clubes exploram muito pouco esse mercado. Para um torcedor mais fiel que já tinha sua camisa da LG/Rebook de outros anos, qual o incentivo pra ir lá pagar relativamente caro em uma camisa muito parecida só porque tem o nome Adriano às costas? Pouco acredito. Mas e se tivessem lançado aquela bela camisa preta que eu vi outro dia no blog do Marcelo, com o imperador como figura central de marketing, não e muito a venda? Eu acho que quando se traz um jogador desse nível tem que se aproveitar. Eventualmente até lançar uma edição especial de camisa "O imperador de São Paulo", ou algo do genêro. Isso sim seria capitalizar o recurso da venda de camisas de forma ativa, e não só vender a 10 mais do que as outras. O Corinthians por exemplo teve o avassalador efeito Tevez e não aproveitou como deveria.
Gustavo Oliveira
At 1:01 PM, Emerson said…
Novamente, volto a concordar em boa parte com suas colocações, e novavamente faço umas ressalvas.
:o)
Nós estamos começando.
Temos que dar tempo ao tempo e deixar o pessoal ir aprendendo, apanhando e aprendendo na prática.
Não dá, por exemplo, para usar a média de vendas em igual período em anos anteriores, porque o licensing tem crescido a taxas vertiginosas no SP. O efeito Adriano somou-se, possível e provavelmente, ao crescimento natural desse segmento.
Se o time prosseguisse na LA e conquistasse o título, teríamos uma verdadeira explosão de consumo. Mesmo sem isto, o consumo de produtos licenciados cresce muito.
O marketing do Corinthians tem trabalhos excelentes nos últimos meses, mas de repente jogaram muita responsabilidade sobre ele. Mesmo assim, os resultados são brilhantes, ainda mais se considerarmos o rebaixamento, um ponto muito negativo que foi, simplesmente, "esquecido".
At 1:18 PM, Anônimo said…
Seu blog esta de parabens Emerson, porque ele vai alem das 4 linhas, é um dos meus preferidos, gosto muito dessa area extra campo dos times, o interessante é você fazer sempre comparaçoes com outros clubes, pra nois torcedores termos uma ideia de como realmente nosso sp esta na frente dos outros.
queria ver como esta, e em que valores anda a renovaçao de patrocio do tricolor, e quem você acha que vai estampar a camisa do tricolor.
At 7:23 PM, Emerson said…
Obrigado, Juliano.
Quanto ao novo patrocínio do SP não há nada definido, ainda.
A LG está, ainda, dentro do prazo para exercer a preferência.
Comenta-se a respeito do interesse da Coca-Cola. Comentários fortes, com viés de V de verdadeiros, digamos.
Outros comentários apontam para Emirates e Samsung, mas nos dois casos, para mim, o viés, se não é F de falso, é P de meramente possível.
Vejo como tendo maior possibilidade a renovação com a LG mesmo.
O SP, pelas palavras do J Casares, parece estar batendo o pé num patamar de 25 milhões de reais, por sinal o mesmo valor que considerei como provável ainda em 2007. O pulo de 16 para 25 é grande, mas não duvido que a LG queira dá-lo.
Outra coisa interessante foi o acerto Flamengo/Olympikus, por 21 milhões de reais. Isso foi um efeito direto da renovação Reebok por 15 milhões. Agora o SP já olha cobiçosamente para esses 21 milhões rubro-negros. :o)
Será muito, muito interessante, se o Corinthians fechar com a Olympikus e a Nike ficar a ver navios. Nesse caso, seria bom a Reebok colocar as barbinhas de molho. Não seria de estranhar uma aproximação da Nike. Mas isso é mera conjetura, sem nada para se apoiar.
:o)
At 7:05 PM, Anônimo said…
Emerson,
Tenho a informação que, após o episódio em que o Adriano saiu do treino sem autorização e se cogitou a rescisão de contrato dele, a RBK simplesmente PAROU de fabricar as camisas de nº 10 com o seu nome nas costas.
As lojas (on-line ou não) que recebem camisas do SPFC para vendê-las - com exceção da RBK Concept Hall, localizada no estádio do Morumbi -, após esse tumulto com o Adriano, passaram a receber da RBK ou camisas 10 sem o nome do Adriano nas costas ou camisas sem nº, havendo a opção de pagar para escolher qual nº colocar nas costas ou deixá-la sem nenhum nº.
E aí? Podemos associar a venda dessas camisas 10 sem o nome do Adriano ao prestígio internacional do Imperador ou a compra de camisas 10 se deu simplesmente pela falta de outros números a disposição?
Grande abraço!
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