Aves de arribação no mundo da bola
Elas deixam o frio nórdico e voam para o sul em busca do sol, na maioria dos casos. Há, também, outras que deixam o gelo das ilhas e terras meridionais e batem asas no rumo norte, rumo ao Equador e ao sol. Esquentam-se, alimentam-se, recuperam-se e, abastecidas e revigoradas, depois de algum tempo levantam vôo no rumo do Setentrião ou do Sul, seguindo a Estrela Polar ou o Cruzeiro do Sul.
São as aves de arribação ou migratórias.
Algumas delas baixaram no São Paulo F.C. nesse verão que já vai distante. Agora, às portas do inverno e com o frio dando o ar de sua graça, estão batendo suas asas em busca dos antigos pousios.
Podemos chamar a isso, também, de experiências de verão, que agora vão chegando ao final.
Adriano e São Paulo rescindiram o contrato. Foi bom enquanto durou, muito bom, e o que é melhor: bom para ambas as partes.
Hoje, Fábio Santos e São Paulo rescindiram o contrato. Foi bom, também, mas poderia ter sido muito melhor.
Carlos Alberto já tinha ido há mais tempo, deixando para trás a imagem de bom moço, o que ele é, mesmo, porém com alguns problemas, que não permitiram que ele acertasse no clube. Torço por ele e para que seja feliz.
Continuo gostando dele.
Adriano, Fábio Santos e Carlos Alberto... Três aves que já sabíamos que por aqui ficariam muito pouco tempo. A exceção era justamente a que mais cedo bateu asas e partiu: Carlos Alberto.
Muitos, a maioria, dizem que Juvenal Juvêncio errou, que o planejamento do São Paulo foi furado, que a vinda desses jogadores foi tão somente uma jogada de empresários para valorizá-los (tese, por sinal, em total desacordo com a realidade).
Desconcordo.
Adriano foi uma aposta alta e de grande impacto. Parte importantíssima de seu sucesso como jogador do Tricolor não apareceu aos olhos da maioria da torcida, mas apareceu, e muito, para os olhos dos executivos da LG e da Reebok: a exposição de mídia do São Paulo no exterior, sobretudo na Europa, teve uma grande alavancagem com Adriano no time. Isso tem um valor muito grande e que vai além da mera exposição das marcas do clube e seus patrocinadores, pois reflete muito positivamente no excelente conceito que o clube já tem entre os clubes europeus.
Fabio Santos e Carlos Alberto não vingaram. Fábio deu uma dor-de-cabeça disciplinar, mas nada que envolvesse o elenco ou a direção. Foi punido, perdoado, reintegrado e o Sol continuou sua órbita normal. Com Carlos Alberto foi mais sério, mas também nada que comprometesse o elenco. A diretoria não falou sobre o assunto, tampouco o jogador. Digamos que entre mortos e feridos salvaram-se todos.
Faz parte, como dizia o filósofo das noites na telinha.
Em termos financeiros, nenhum dos atletas trouxe prejuízo ou grande despesa ao clube, inclusive e principalmente O Imperador, cuja presença teve bom impacto sobre as vendas de camisas, por exemplo.
A rigor, ninguém pode dizer racionalmente, que uma contratação vá dar certo ou errado antes que o jogador esteja ambientado no clube. Toda e qualquer contratação é sempre um contrato de risco. Muitos são os fatores que podem contribuir para que um jogador acerte ou não
Por exemplo, o Palmeiras acertou com a contratação do controvertido Leo Lima e também, embora um pouco menos, com Denilson. Pode até ser que o caldo agora desande, mas o que os dois jogaram já justificou os riscos.
Muitas vezes, uma contratação tida como certa por todos: dirigentes, treinador, torcida, imprensa, outros jogadores, não dá certo por uma série de fatores. Outras vezes dá certo, mas depois de muito tempo e muita paciência por parte do clube. No primeiro caso, tivemos o exemplo já clássico de Ricardinho. Mais recentemente, foi a vez de Jadilson. No segundo caso, pode-se citar de bate-pronto três ícones da história Tricolor: Dario Pereira, Careca e Raí.
Nos últimos dias, dois jogadores que vinham sendo fortemente criticados, Hugo e Joilson, têm jogado muito bem, a ponto de aparecerem em diferentes “seleções da rodada” de órgãos da imprensa. Diria Muricy Ramalho que isso é fruto de tempo e trabalho e concordo com ele.
A pressa em criticar pode estragar ou impedir que um bom jogador mostre seu potencial. Esse é o caso do atacante Herrera, argentino contratado pelo Corinthians e que passou a ser impiedosamente perseguido pela torcida, devidamente repercutida pela imprensa, com a alcunha de “quase gol”. Hoje, conquistado o vice-campeonato da Copa do Brasil, já não dá para pensar no time corintiano sem ele no comando do ataque. A mesma coisa, em proporção ainda um pouco menor, ocorreu com o uruguaio Acosta, outra prova que o açodamento e o exagero nas críticas são, na quase totalidade dos casos, um grande erro.
De volta às nossas aves de arribação.
Por um simples e singelo minuto, o São Paulo ficou fora da semifinal da Copa Libertadores. Se a conjunção subordinativa condicional “se” tivesse jogado e aquele minuto final do jogo do Maracanã contra o Fluminense não tivesse existido ou se a bola tivesse tomado outro rumo, os holofotes estariam centrados em Adriano ainda, ou pelo menos teriam ficado sobre ele até os embates contra o Boca. E a história dessa ave de arribação seria contada de maneira diferente por todos. Mas, o “se” não entra em campo, só a realidade pura e simples do placar.
Bons vôos de volta a todas as aves que aqui arribaram.
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Marcadores: Corinthians, Crônicas, Negociações e Transações;, Palmeiras, São Paulo
2 Comments:
At 6:07 PM, Anônimo said…
concordo, em genero numero e grau, afinal todas as partes sairam contentes, com excessao do carlos alberto.
At 9:10 PM, Odair Porcolino said…
Emerson.
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Sempre achei e continuo achando que o SPFC não acertou nas contratações em 2008, com execessaõ do Adriano, que voltará pra Inter.
Ainda tenho dúvidas sobre o Joilson e o Juninho.
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Mas também, porque haveria o SP de acertar 100% de suas contratrações?
Outros clubes também erram neste aspecto.
Porque o SP deveria acertar sempre?
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O importante é que o elenco so SP continua muito bom.
Bom, até quando só Deus e a Europa sabem.
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Um abraço, nobre tricolor.
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