Numbers...
(Esse post fala, especificamente, sobre o São Paulo F.C. e seu desempenho no Brasileiro 2008.)
Gosto dessa série americana, que associa a matemática à investigação policial. Partindo de quem sempre foi uma nulidade em matemática – mas sou bom demais em aritmética, o que quer dizer alguma coisa, mas não sei bem o que – é até surpreendente esse gosto em assistir Numbers e seu herói meio nerd.
No futebol, os números que gosto são os das camisas dos jogadores – tenho particular predileção pelo 1, pelo 3, pelo 5, pelo 10 e pelo 9. Meu time, que como sabem todos é o São Paulo, está bem servido nesses números, exceto pelo 10, o mítico 10, o desejado e tão sonhado 10. Outros números que gosto no mundo da bola são os que indicam a quantidade de pontos ganhos. Mas, para surpresa de muitos que nasceram depois dos setenta, até o começo dessa década os campeonatos eram contabilizados pelos pontos perdidos e não pelos pontos ganhos. Perdia-se 1 ponto por empate e 2 por derrota.
A mudança para pontos ganhos e dar três e não mais dois pontos por vitória, foram importantes na implantação de uma nova filosofia, de um novo modo de enxergar o futebol.
Mas não é sobre esses números e essas histórias que quero falar hoje. Nesse post, como já alertei acima, falarei especificamente, a partir de agora, do São Paulo.
- 5º colocado no Brasileiro;
- 3º colocado em pontos ganhos;
- 1º ataque, com 46 gols (o Palmeiras tem o mesmo número, mas com maior quantidade de pênaltis; irrelevante, eu sei, mas, digamos que é uma licença “poética” do blogueiro);
- 1º em finalizações, com 362;
- 1º em assistências, com 35;
- 2º menos vazado, com 27 gols;
- 4º em roubadas de bola;
- 5º menos faltoso.
Belos números, sem a menor sombra de dúvida, exceto, é claro, o primeiro deles, que mostra o time em 5º lugar no campeonato.
Vou mostrar agora dois números que ajudam a entender os dois primeiros números da lista acima:
- 20º time em faltas sofridas;
- 3º time em passes errados.
Números podem dizer muito, pouco ou nada, o que, em boa parte, dependerá da forma como são interpretados. Para mim, esses dois últimos números demonstram, de maneira cabal, a falta de articuladores de jogadas e jogadores habilidosos que tem o São Paulo. Há um terceiro e um quarto número a acrescentar a essa relação: o São Paulo é, provavelmente, o time com o menor número de pênaltis a favor no campeonato: apenas dois. E Rogério Ceni marcou somente um gol em cobrança de falta nesse Brasileiro, número que tem sua origem no fato do time ser o que menos sofre faltas.
Com a perda de Souza e Leandro, o São Paulo perdeu dois jogadores que articulavam, criavam e, somente sassaricando ou levando perigo de fato à meta adversária, sofriam muitas faltas no ataque. Além disso, ambos são jogadores com bom passe e ótimas assistências, levando Aloísio e outros jogadores a também sofrerem faltas nas proximidades da área adversária. Sem os dois, o São Paulo ficou enfraquecido, tanto na frente como na criação. Não menos importante, ficou enfraquecido até mesmo na marcação, que começava na frente.
Ambos foram perdidos, paciência, faz parte, vida que segue, não era, mesmo, o caso de segurá-los, pois o custo seria muito alto, etc e tal.
O que não poderia acontecer, contudo, foi a ausência de reposição com jogadores que tivessem características semelhantes. Houve, é claro, a tentativa com Carlos Alberto, que foi válida, 100% válida, num jogador em quem eu acreditei também. Mas não deu certo, o que é inerente a qualquer contratação.
O jogador que substituiria Leandro com perfeição e ainda com ganho de qualidade, não foi contratado. Seu nome?
Dario Conca, pedido pelo treinador e cuja contratação foi tentada, não chegando a bom termo por problema salarial - o São Paulo não cobriu a oferta do Fluminense/Unimed.
Souza, em tese, como ala seria bem substituído por Joilson, o que nuca chegou a acontece, embora Joilson já tenha feito alguns bons jogos. Além disso, Souza sempre foi mais que ala, simplesmente.
Da mesma forma Breno não foi substituído como deveria, por um zagueiro com características semelhantes, que mantivesse o padrão de jogo da defesa e, com um pouquinho de sorte, a mesma qualidade. Veio Juninho, que fez um bom campeonato (tal como Joilson), mas bem diferente de Breno, forçando o treinador a fazer mudanças em toda a estrutura da defesa e do time.
Agora, com o final da temporada se aproximando, Muricy consegue dar um novo padrão de jogo à equipe, mas muito longe, em qualidade, do time de 2007 e do time de 2006.
Falta qualidade ao São Paulo quando ataca, falta criação no meio, falta qualidade no toque e condução da bola.
Faltas que acontecem porque faltam jogadores ao elenco que cubram essas deficiências. Aqui reside o grande mérito de Muricy: com todos os problemas já citados e muitos outros (perdas de jogadores, saída de outros, contusões, suspensões e convocações), ele conseguiu manter o São Paulo altamente competitivo, com plenas condições de conquistar o título nacional pela terceira vez consecutiva.
O bom cozinheiro faz bons pratos com os ingredientes que tem à mão.
Sem eles, não adianta sonhar ou projetar grandes cardápios.
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Marcadores: São Paulo
3 Comments:
At 1:25 PM, DERLY. said…
emerson os dois comentários do post abaixo são do blog do mauro cesar pereira,mas eu concordo plenamente
para mim ele é que foi perfeito,agora eu acho que o principal problema do tricolor nesse campeonato foi a grande quantidade de empates,no caso dez,num campeonato de pontos corridos empatar não é um resultado tão bom
cada empate teria que ser analisado
mas o são paulo mesmo assim está fa
zendo uma ótima campanha,imagine se
não tivesse empatado tanto,poderia
ser uns dos líderes pelo menos,abraço ronaldo.
At 9:40 PM, Unknown said…
Excelente coluna.
Bom ler textos com reconhecimento ao trabalho alheio.
abraço!
At 1:41 AM, minicritico said…
Excelente texto. Basicamente, concordamos em tudo.
Souza é um jogador que nunca foi devidamente reconhecido pela ingrata torcida são-paulina. Não vou nem citar sua importância no título da Libertadores de 2005; me limitarei a ressaltar o ótimo desempenho que o ala-meia teve nos anos de 2006 e 2007, chegando a atuar (muito bem, por sinal) como segundo volante, à época em que Mineiro servia à Seleção na Copa da Alemanha.
Sem ele e Leandro, o São Paulo perdeu sua força pelo flanco direito.
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