Qual cenário brotará do crash?
A Comissão Européia está prevendo um aumento no desemprego nos países europeus devido à queda no crescimento econômico que, agora, tende a se acelerar.
Já no início desse mês, antes da “2ª-feira negra” de Wall Street, a Comissão já alertara seus membros para uma recessão que estava prestes a atingir todo o bloco nos próximos meses. A mudança deverá acontecer no tamanho da recessão, que será bem maior do que se previa.
Os países europeus têm, hoje, 227 milhões de pessoas empregadas, e pouco mais de 16 milhões sem emprego, oficialmente.
O que já era preocupante pode se tornar extremamente sério, principalmente em países que já estão afetados pelo desemprego, como a Espanha, onde o índice é de 10,4%, chegando a assustadores 23% entre os jovens. Na Itália a situação não é muito diferente, e foi o ponto central da recente campanha eleitoral que reconduziu Berlusconi ao poder.
De maneira geral, além dos jovens, os imigrantes estão entre os mais atingidos pela recessão. Um aprofundamento nesses índices e o conseqüente crescimento nos números de pessoas sem ter o que fazer para ganhar a vida, irá aumentar significativamente as manifestações contra estrangeiros, contra negros, contra árabes, contra todos, enfim, que não sejam ‘iguais’.
Não será de espantar ou causar estranheza se as manifestações contra jogadores latino-americanos, árabes e africanos recrudescerem, apesar da vigilância da FIFA e da UEFA, que têm atuado com rigor nesses casos.
Há alguns dias postei sobre o risco do Manchester United perder o patrocínio da AIG, maior seguradora do mundo e no momento sob intervenção do governo americano (o nome é outro, mas o efeito é esse).
A curto prazo, cabe perguntar como ficarão os patrocinadores de grandes clubes, como Real Madrid e Milan, entre outros, que são patrocinados por empresas de jogos, os “cassinos on line”. Esses cassinos virtuais tiram a maior parte de seu faturamento das diferentes camadas das classes médias européias, do pessoal assalariado. Até que ponto manterão suas despesas com patrocínios:
Por outro lado, como falamos de seres humanos, até que ponto e de que forma uma recessão irá impactar o jogo e as esperanças a ele acopladas semanalmente?
Outra pergunta inquietante é o quanto essa crise e seus reflexos sobre o emprego, irão afetar o desempenho dos canais pagos de televisão, que não são baratos e cresceram muito nos últimos anos em que as economias, de maneira geral, tiveram desempenhos bastante positivos.
O faturamento dos clubes europeus é, no geral, bem dividido entre direitos de TV, licensing, marketing e receitas do matchday. Olhando o panorama a partir de hoje, pode-se prever problemas nessas quatro pernas do faturamento.
Duas já foram abordadas, restam o licensing e as receitas de jogo. Ora, produtos licenciados são mimos típicos de quem está com alguma folga de dinheiro, assim como a ida ao estádio para ver um jogo e consumir comes & bebes & mais umas lembrancinhas.
Inevitavelmente, também serão afetados.
Ainda é muito cedo para prognósticos precisos, como dizem os economistas, que mesmo tardiamente nunca soltam prognósticos precisos.
Não dá para saber a extensão dos danos e sua localização, o quanto vão se espalhar para além das fronteiras ianques e como cruzarão o Atlântico e o Pacífico.
Apesar disso, sim, é muito cedo ainda, talvez até para um post com este teor, mas, por que não?
Quem tem barba, que a ponha de molho.
Vai aqui uma outra pergunta: como isso irá afetar nosso futebol como um todo e, em particular, qual será o reflexo sobre a saída maciça de jogadores a cada temporada?
Lembrando que, por conta da débâcle, os preços de diversas commoditties e alguns produtos sensíveis, como o petróleo, já caíram e deverão cair ainda mais.
Trocando em miúdos, os novos Midas da Europa Oriental e Ásia Central verão parte de seus recursos evaporarem.
Tal como o presidente de certo país sul-americano, metido a comprar caças de última geração e financiar aventuras as mais diversas por ceca e Meca.
Qual será o cenário do Campeonato Brasileiro de 2009?
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Marcadores: Futebol europeu e resto do mundo, Marketing e Dinheiro
1 Comments:
At 2:45 PM, Unknown said…
Simples! Mais atletas vão voltar, ao mesmo tempo que menos sairão. As faixas salariais vão se elevar, pois melhores times irão ser montados, visto que o jogador volta de fora valorizado. Os grupos de investimento, para preservar seus investimentos, irão vender ainda mais cedo seus jogadores (que conseguirem mercado) em times de grande visibilidade, desmontando constantemente clubes que trabalham com esse sistema. A irregularidade vai ser ainda maior e só os times que trabalham com o modelo de contratos longos, base forte e multas altas, irão ser competitivos o ano todo.
Aí está a frase emblemática de Juvenal Juvêncio: "O clube que não formar, em 5 anos estará morto"
Os clubes ficarão com um déficit ainda maior todo o ano, pois não venderão ninguém... ou ao vender, o dinheiro irá todo para grupos.
Média de salários mais alta para conseguir ter um time para brigar pelas primeiras posições, e sem retorno financeiro na venda de jogadores? Quebra!
Só o São Paulo, Cruzeiro e mais uns 2 ou 3 irão competir no futuro... isso é quase fato, pois por bem ou por mal, os outros times vão ficar proporcionalmente muito menores. Seja reduzindo gastos que não pode ter, tornando o plantel mais fraco, ou insistindo nas dívidas e quebrando!
Abraço e leio seu blog constantemente!
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