Final, alegria e dor
O fim está chegando, finalmente.
Tanto demorou que vale redundar.
Já era tempo, vamos reconhecer.
Refiro-me, claro, ao Campeonato Brasileiro da Série A de 2007.
Domingo teremos a 38ª e última rodada, com dez jogos acontecendo no mesmo horário. Bonito, sem dúvida, mas desnecessário para todos. Pelo menos dois jogos – Náutico x Flamengo e Santos x Fluminense – poderiam ser realizados no sábado. Esses dois jogos interessam unicamente a Santos e Flamengo, pois um dos dois poderá ser vice-campeão, dependendo dos resultados. Mas, está bom assim, melhor seguir à risca que ficar mudando o que foi estabelecido com antecedência.
A grande questão, a grande pergunta, o grande mistério, tal e qual “quem matou Salomão Ayala” e “quem matou Odete Roitmann”, é quem vai cair para a Série B, a tenebrosa Segundona, que, sabemos hoje, de tenebrosa nada tem, só uma imagem distorcida.
Candidatos
Paraná
Corinthians
Goiás
Dois já foram, o América de Natal e o Juventude de Caxias, e agora faltam mais dois, que deverão sair desses três nomes. Parece que há uma remota chance para o Náutico, também, mas é tão remota que nem é considerada.
Com isso, o “chato e sem atrativo” campeonato por pontos corridos, com o campeão conhecido há dois meses e sacramentado há quatro rodadas ou algo assim, termina com estádios cheios e jogos interessantíssimos, sem nenhuma chatice, com o índice de tédio cravado no zero. A última rodada é emoção pura, com muito drama.
Ódios tolos e irracionais
Não conheço pessoalmente o Marcelo, que parece ser boa gente, médico, pai de dois garotos, corintianos como ele. Está triste o Marcelo, naturalmente, mais ainda porque seus filhos estão tristes e choraram ao ver a derrota do time do coração no Pacaembu, na noite dessa quarta-feira.
Hoje, à tristeza que ele já sentia juntou-se outro sentimento, a raiva, a indignação, dessa vez não com os dirigentes calhordas e canalhas que levaram o clube a essa situação, mas sim com torcedores de outros times e de outros estados da federação. Foram muitas as manifestações contra o clube, contra os dirigentes, contra o time e até contra os torcedores corintianos. Muitas delas passaram dos limites da rivalidade esportiva e denotaram sentimentos perigosos, mormente nesses tenebrosos dias em que vivemos, quando explosões de violência acontecem por motivos os mais fúteis, não só nessa periferia do globo, como também em seu centro.
Os motivos não são importantes, pois motivo nenhum justifica alguns ataques que eu mesmo presenciei. Velhas rixas e rivalidades regionais são transpostas para o futebol, numa mistura insana. Disputas políticas também, só aumentando o grau de insanidade. Sinceramente, o futebol não é para isso.
Futebol é uma diversão com resquícios de disputas, sem dúvida, mas deve ser encarado acima de tudo como entretenimento. É uma disputa esportiva, às vezes muito acirrada, e isso é compreensível, mas também com momentos de fair play. Para nós, torcedores, o melhor do futebol é simplesmente assistir, torcer, comentar e discutir, sem deixar que a discussão descambe para a briga, sem deixar que a torcida pelo time do coração transforme-se em ódio contra o outro time e contra os outros torcedores.
O futebol reproduz a vida, está carregado de símbolos, mas é diversão acima de tudo.
Vamos tentar deixá-lo assim, como algo que nos dá prazer, mesmo quando nos faz sofrer por uma derrota.
Que os filhos do Marcelo chorem de tristeza pela derrota, assim como eu já chorei, como todos choraram um dia ou muitos dias. É parte de nosso crescimento como seres humanos, é parte de nosso aprendizado sobre a vida e suas agruras. Mas que os filhos do Marcelo e de qualquer outro torcedor, corintiano ou não, jamais venham a chorar por medo da violência ou de dor por um ferimento ou coisa pior.
Porque o futebol não existe para isso.
Bom fim de semana a todos.
Se der, retomarei a série “Ouvindo Ferran Soriano” durante o final de semana.
Ah, quem eu acho que vai cair?
Sinceramente, nem desconfio. Os jogadores estarão com toneladas sobre os ombros, a pressão é terrível, tanto faz que seja o Corinthians ou o Paraná ou o Goiás. Os nervos estarão à flor da pele.
Mais: os jogadores dos outros times, depois de todo o falatório da semana, estarão se sentindo, também, com a obrigação de vencer e mostrar que são profissionais, principalmente os jogadores do Inter que enfrentará o Goiás.
Apesar da rivalidade histórica, torço pela permanência do Corinthians.
Torço por amigos e parentes, pessoas de quem gosto muito e prefiro não ver tão tristes.
Torço, também, pela manutenção do Majestoso, o clássico que agita a cidade a cada vez que se realiza.
Tudo será decidido domingo, dentro de campo.
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Marcadores: BR 2007, Palavra do Editor
1 Comments:
At 11:27 AM, Juan Carlos said…
Hola, Emerson.
De Penalty ha cambiado su dirección a http://www.depenalty.es
Te ruego que actualices el link.
Muchas gracias.
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