Entrega... Ética... E uma discussão vazia
Dia 2 de dezembro, domingão, Palmeiras e Cruzeiro disputam a última vaga para a Libertadores 2008. O Cruzeiro pega o América de Natal, há muito já rebaixado,
O jogo do Parque Antártica, casa do Palmeiras, tem mais um tempero: o Galo é dirigido por ninguém menos que Emerson Leão. Contestado, criticado, pouco admirado, pouco elogiado, embora muitos reconheçam nele um grande treinador. Leão é cria do Palmeiras, onde começou como goleiro no distante ano de 1969. Ali consagrou-se não só como goleiro, mas também como dono de “coxas” muito apreciadas e elogiadas pelo público feminino da época. Como treinador, teve uma passagem recente pelo próprio Palmeiras, onde, com certeza, além de inimigos tem muitos amigos.
Bom, a eliminação do Cruzeiro, pode-se dizer, são favas contadas.
Como sabem todos, o Cruzeiro vem fazendo excelente campanha na Libertadores 2008. Sim, o time venceu o fraco América. Sim, o Galo venceu – e convenceu – o Palmeiras em sua própria casa por um sonoro 1x3.
Dia 6 de abril de 2008, domingão. Às 16:00 horas em ponto, como sonha a Federação Paulista, dez árbitros apitarão o começo de dez jogos e vinte times estarão disputando alguma coisa ou cumprindo tabela.
Em Bauru, o renovado Corinthians de Mano Meneses enfrentará o Noroeste, o Norusca, time “encardido” em qualquer campo e muito mais em sua própria casa. Para entrar no G4 e disputar as semi-finais e talvez a final do Paulista 08, o time da Rua São Jorge, 77 precisa vencer o Norusca a qualquer custo. O empate não serve, só a vitória. Mas, não apenas isso: precisa que, na Vila Belmiro, o Peixe derrote a Macaca ou, ao menos, consiga um empate. Eis que surge um grande problema: no Campeonato Paulista o Santos já não tem chance alguma, está fora do G4. Ao mesmo tempo o time vai bem na Libertadores e tem um jogo decisivo, fundamental para sua classificação para a próxima fase, em Guadalajara, contra o poderoso Chivas.
Ir para Guadalajara, cidade mexicana importante, deveria ser fácil, mas não é. Não para quem sai do Brasil, pelo menos. Se a viagem é em vôo comercial e não fretado, é complicada. Dependendo da urgência, muitas vezes é necessário ir para Miami e de lá para a Cidade do México, para nova conexão para Guadalajara. Horas e horas de vôos e aeroportos. Se o clube tem tempo, a delegação pega um vôo direto para a Cidade do México e de lá uma conexão para Guadalajara. Mas um time que joga na tarde de domingo e viaja em seguida, tem que ir via Miami.
Sem mais chances no Paulista o Santos optou por mandar o time titular no sábado para o México. No domingo, uma equipe formada por reservas enfrentará a Ponte Preta.
Essa decisão foi o sinal verde para deflagrar a chiadeira contra a decisão do Santos.
“Estão entregando o jogo!” – foi uma das frases menos ofensivas ouvidas de torcedores. Há quem diga que o Santos tem obrigação de vencer em nome de uma ética, digamos, curiosa. Quer dizer que ao fim de um torneio com 19 jogos, um adversário tem obrigação de ganhar um jogo para classificar outra equipe?
Ora, mas que coisa mais estranha.
Estamos falando de uma competição e nela cada um joga o melhor possível para si próprio e não para outros. Ética é entrar em campo e jogar com seriedade e respeito, usando para isso jogadores regularmente inscritos para a disputa da mesma. Fora isso é conversa fiada e o Santos está não no seu direito, mas com a obrigação de fazer o máximo possível para vencer o Chivas e classificar-se sem sustos para a próxima fase da competição continental.
Independentemente disso tudo, há quatro considerações importantes.
Primeira: o time titular da Ponte Preta jogará mais pressionado que o normal por enfrentar um time reserva do adversário, não importa o seu nome. Time titular, na filosofia de botequim, tem obrigação de vencer time reserva.
Segunda: os reservas do Santos entrarão em campo motivadíssimos para mostrar serviço, cada um querendo mostrar que deveria estar no México saboreando uma pimentinha (e um salário mais gordo na conta bancária).
Terceiro: se os titulares fossem mantidos no Brasil e entrassem em campo contra a Ponte Preta, tendo um jogo fundamental na quarta-feira pela competição mais importante do ano, antecedido por viagem desgastante, alguém em sã consciência acredita que eles dedicar-se-iam ao jogo com a mesma gana, a mesma garra, a mesma entrega de outras partidas?
Na minha opinião, essas três considerações deixam claro que o melhor negócio para o Corinthians e o pior para a Ponte, é justamente enfrentar o time reserva do Santos.
Ah, sim, a quarta consideração...
Lembra do começo desse texto?
A vitória não esperada do Atlético sobre o Palmeiras?
Ah, certo, lembrou.
Então, lembre-se quem estava no banco do Galo.
É o mesmo cara que estará no banco do Santos.
Porque ele não foi para o México com seus titulares.
Ele ficou para dirigir os reservas.
Sei não, temo pela Ponte.
O Corinthians que faça sua parte diante do Norusca, porque, em Santos...
A menos que a Ponte Preta se supere, os reservas do Santos vão fazer bonito.
E, por mim, fim dessa discussão tola sobre entregar, caráter, ética e não sei que mais.
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Marcadores: BR e Futebol Tupiniquim, Clube Atlético Mineiro, Corinthians, Cruzeiro, Estadual, Palmeiras, Santos
1 Comments:
At 7:44 PM, DERLY. said…
acompanho o relator,acho que o timão
está procurando um bode expiatório
pela possivel eliminação,o santos
tem que se cuidar na libertas mesmo.
ronaldo derly
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