Um Olhar Crônico Esportivo

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quarta-feira, abril 02, 2008

Ouvindo Eurico Miranda


Já passa um bocadinho de uma da manhã.

Acabei de assistir à entrevista, melhor dizendo, acabei de assistir às declarações do Sr. Eurico Miranda no Arena Sportv. O dia foi longo, começou muito cedo, mas não queria ir dormir sem ver ao programa que gravei e, claro, comentar aqui a respeito do mesmo.

Bom, lamento, mas não farei isso. Não por cansaço, que existe, mas porque, ao fim e ao cabo, é muito pouco o que posso extrair de suas declarações fora da briga Vasco x Flamengo e vice-versa, fora da briga Eurico Miranda x Márcio Braga e vice-versa.

Entretanto, como tenho 5 páginas de anotações e sinto-me no dever de ao menos tentar, vamos lá, em respeito, particularmente, aos leitores vascaínos desse Olhar Crônico Esportivo.

Da mesma forma que passei batido pelas declarações auto-elogiosas de Márcio Braga ao seu clube, farei o mesmo com Eurico Miranda. Ao contrário do outro programa, não houve um debate, uma exposição de propostas que sejam interessantes para o torcedor do Sport e do Internacional, do Corinthians e do Ipatinga. Temas como a função do Clube dos 13, o papel cada vez maior da TV, a própria Lei Pelé, entre outros, não foram discutidos ou receberam breves menções com o que EM pensa a respeito. Para que vocês tenham idéia, Cláudio Carsughi, a quem eu reputo como um comentarista brilhante de futebol – e que só gosta de falar do futebol dentro das quatro linhas – entrou mudo e, para não sair calado, fez uma pergunta a EM no último minuto do programa, já nos acréscimos. Marco Antonio Rodrigues, Mario Jorge Guimarães e Paulo César Vasconcellos, um senhor time de entrevistadores, saíram de campo com os uniformes limpos, não foram exigidos, praticamente não participaram do jogo.
Por força até da posição, Cleber Machado participou mais, mas não muito mais.

O que segue, portanto, trata-se de opiniões e frases emitidas pelo presidente do Clube de Regatas Vasco da Gama.

Currículo

EM está no Vasco há 41 anos, desde que foi nomeado Diretor de Cadastro. Está no Clube dos 13 há 22 anos, desde sua fundação. Está à frente do futebol do Vasco há 20 anos. Baseado nessa experiência, ele diz que dirigente de futebol tem que vivenciar o clube, não tem como delegar, e não se dirige futebol com diploma.

Futebol

No Brasil, cada um tem sua própria visão do futebol, todos entendem de futebol, mas os que realmente entendem são poucos.

O normal é um time que joga junto há muito tempo ganhar muito.

Quando ganha muito, mas com um time diferente a cada vez, é trabalho do técnico.

Não fosse a TV o futebol no Brasil estaria morto.

Em 2000 montou um super-time para vencer tudo, principalmente o Mundial. Como não ganhou, está pagando por isso até hoje, pois foi preciso apertar o cinto, economizar de todo lado para pagar os investimentos feitos na montagem da equipe.

O Vasco tem uma política salarial e paga de acordo com ela. Outros clubes, porém, e citou o Palmeiras e o Fluminense, tem seus jogadores recebendo 90% de seus ganhos diretamente dos patrocinadores.

Paixão pelo futebol

EM acredita que o clube-empresa não tem como dar certo no Brasil porque somos diferentes dos ingleses, por exemplo. Para ele, o torcedor inglês só quer que seu time ganhe, tudo se resume ao time. No Brasil, o torcedor tem orgulho do clube, do time, e a paixão é maior.

Sim, é meio confuso e não bate com a realidade. Europeus diversos têm verdadeiro fanatismo por seus clubes e dedicam muito mais tempo e recursos a eles do que os brasileiros.

Dívidas e aprendizado

O Brasil nada tem a aprender sobre futebol.

O Vasco não tem dívidas, pois dívida composta, negociada, ajustada, não é dívida. Bom, eu modestamente discordo, pois tem que ser paga do mesmo jeito.

Segundo ele disse, o clube estava em dia com suas obrigações fiscais e pagando o REFIS. Como a Timemania é mais vantajosa, mudou e transportou as dívidas para o novo acordo. Mas critica, em parte, a loteria, pensada e criada para o benefício de 3 ou 4 clubes com dívidas gigantescas.

Clube e Empresa

Para ele, clubes que são apenas um time, como o São Caetano e o Malucelli, tem mesmo que ser sociedades empresariais. Os grandes clubes, porém, que são muito mais que um time, não devem virar empresa. Para ele, os grandes clubes agregam torcedores pelo todo e não só pelo time.

Campeonato Carioca

Em sua opinião, é o melhor do Brasil. Considera o número de clubes ideal, e o campeonato é um sucesso financeiro. Apenas considerando a Taça Guanabara, em 2007 foram 317.000 torcedores e em 2008 foram 521.000. Apenas os números totais foram citados, sem a média de público por jogo. O resultado financeiro de todo o campeonato em 2007 foi de 11,7 milhões de reais, ao passo que em 2008 o valor já atinge 12,5 milhões, sem as finais da Taça Rio e do Campeonato. O aumento no preço dos ingressos não deve ser levado em consideração, pois mais de 90% dos ingressos são meias-entradas (mas que mesmo assim são mais caras que em 2007, além do número maior de jogos).

Ele reconhece o desequilíbrio técnico provocado pelos jogos apenas no Maracanã,
São Januário e Engenhão, mas ainda assim é a melhor fórmula para o Carioca.

Flamengo e São Paulo

Segundo Eurico, em 26 de outubro de 2007 o Flamengo pediu adiantados 4 milhões da cota de 2008 para pagar salários atrasados.

A cota de cada grande pelo Campeonato Carioca é de R$ 6.650.000,00.

Eurico Miranda diz que pensa no coletivo em sua atuação no Clube dos 13 e na FERJ, mas que o Flamengo e o São Paulo só pensam individualmente em todos os fóruns e reuniões a que comparecem.

Lei Pelé e o Passe

Famigerada, escraviza o jogador ao empresário, cortou os investimentos na base de inúmeros times e permitiu o tráfico de jogadores para a Europa.

Era o passe que segurava as finanças dos clubes.

Este é um apanhado de suas opiniões e um ou outro fato. Como eu disse, no mais tratou-se de história e pendengas rubronegras ou disputas Vasco x Flamengo.

Bom dia a todos.


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7 Comments:

  • At 8:05 AM, Blogger ROD said…

    Diferentemente da entrevista do Marcio, desta vez você praticamente se limitou a reproduzir as opiniões do entrevistado. Entendo perfeitamente. Também, vai debater o quê? Asneiras? Eu poderia fazer um comentário extenso aqui rebatendo várias, quase que todas as afirmações do Eurico sobre a situação política e principalmente financeira do Vasco da Gama. Mas assim como você, Emerson, prefiro não perder meu tempo. Deixa estar, meu caro. O dia que ele sair de lá, será aberta a caixa-preta vascaína, e todos nós poderemos conhecer o seu verdadeiro legado e essa tão decantada saúde financeira.

    Só uma coisa: Ficou impressionado que ele só fala em Flamengo? Ihhh Emerson...acho que você não deve ter visto muitas entrevistas da figura. Ele respira Flamengo...Só pensa em Flamengo...Ele já chegou a afirmar, que o Vasco existe e foi criado para enfrentar o Flamengo. Vê só...

    Tenho muita pena dos vascaínos de Bem, e são muitos.

     
  • At 9:35 AM, Blogger DERLY. said…

    bom dia emerson,consegui assistir a
    um pedaço do programa e realmente foi
    decepcionante a participação dos en
    trevistadores,acabou virando um mono
    lógo,mas pelo menos eles deram o di
    reito de resposta as agressões do
    MB que é farinha do mesmo saco infelizmente e o kl666 também.

    um abraço ronaldo derly

     
  • At 1:21 PM, Anonymous Anônimo said…

    Oi Emerson.
    Fiquei impressionada com o silêncio dos blogueiros em relação a entrevista do Eurico.
    Acho que ele confunde a cabeça da pessoas,rrsrsrsr
    A verdade é que sem entrar no mérito de como ele faz uso dela, inteligência é que não lhe falta.
    Ele fala, fala e na maioria das vezes não diz nada.
    Mas até os outros somarem 2 + 2, já era...
    .
    A melhor de todas, na "minha opinião", foi quando ele (falando sobre coisas que acontecem no Brasil) disse mais ou menos assim:
    Aqui, se vende um produto (times, jogos, campeonatos) para a mídia e ela mesmo se encarrega de dizer: Não compre este produto pois ele é uma m*!
    .
    Ninguém levantou os olhos.

     
  • At 2:00 PM, Blogger Emerson said…

    Mas, Gigi, como alguém poderia rebater essa afirmação do Eurico sem tumultuar o programa?

    Essa frase, por sinal, é um elogio do Eurico à liberdade de comentário que têm os profissionais ligados à Globo.

    De fato, a Globo compra e transmite os jogos do Carioca, por exemplo, e esse campeonato, nesse ano, é alvo de críticas pesadas da maioria,para não dizer todos os profissionais da rede.

    No mais, eu esperava algo assim ou uma discussão improdutiva.

    Infelizmente, o tempo foi tomado em sua maior parte pela briga EM x MB.

     
  • At 2:28 PM, Anonymous Anônimo said…

    A grande verdade, Emerson e colegas, é que TODA VEZ que o Eurico vai a esses programas os entrevistadores parecem TRAVAR e ficar com o rabo entre as pernas, cheio de dengos na hora das perguntas, todas módicas e sem-graça.

    O mais impressionante é que quando não está presente, o nome do Eurico é DOCE na boca dos jornalistas e cronistas esportivos, muitas vezes sendo motivo de chacota e brincadeiras (até respeito isso, afinal de contas o EM dá margem à isso).

    Enfim, o futebol anda, Eurico está PARADO no tempo mas qualquer hora dessas ele fica na estação e o trem do futuro passa por ele, seja lá com quem de maquinista, para o bem da cententária e vitoriosa instituição Vasco da Gama.

    E eu quero e DESEJO estar vivo até lá, né?

    Augusto Barros

     
  • At 2:54 PM, Anonymous Anônimo said…

    Vai se rabater o quê com um sujeito que diz que o Campeonato Carioca em 2008 é um sucesso? A entrevista dele foi bem diferente da do Marcio Braga, que abordou temas mais gerais e não apenas sobre intereses específico do Flamengo. Nesse ponto eu tenho de concordar com o rod molina. O Eurico tem uma grande fixação pelo Flamengo. Acho que ele já foi um bom dirigente para o Vasco, mas, hoje, atrapalha muito o clube.

    Abraços,

    Luiz Eduardo.

     
  • At 3:47 PM, Blogger Emerson said…

    "o futebol anda, Eurico está PARADO no tempo"

    O amigo Augusto, vascaíno dos 4 costados e com quem, além do Cal, aprendi a conhecer mais coisas sobre o Clube de Regatas Vasco da Gama, escreveu essa frase que reproduzo acima.

    Assino embaixo.

    Quanto ao que escreveu o Luiz Eduardo, eu também acho que ele, hoje, mais atrapalha que ajuda o Vasco.
    Na minha visão do futebol, um presidente de clube não deve ficar mais que quatro anos no posto. Ainda estou pensando sobre os possíveis seis anos recém-aprovados pelo São Paulo. Tenho dúvidas.
    Uma coisa é certa: mais que isso é daninho, é péssimo, compromete o futuro do clube e, principalmente, a renovação de quadros.
    E como ninguém fica para semente, como diz minha família, novos dirigentes precisam assumir o comando periodicamente.

     

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