A “Sul Americana” reage
Há muito tempo fala-se mal da Copa Nissan Sul Americana.
De minha parte já falei bem dela, em especial em sua edição de 2007, que contou com a participação de um time da MLS – Major League Soccer.
Mesmo o meu ‘falar bem’ era cheio de ressalvas, a principal delas a época de realização. Não faz sentido fazer a Sul Americana no segundo semestre apenas para agradar ao Boca Juniors e ao River Plate, equipes com presença a bem dizer cativa na competição e, pior, entrando já em sua segunda fase. Claro, é direito da AFA indicar quem bem entender e da forma que melhor entender, mas isso é um acinte às demais equipes. Por trás disso, a necessidade dos dois times fazerem dinheiro, qualquer dinheiro, a qualquer custo, principalmente, e a infantilóide disputa do Boca que quer ser o ‘maior vencedor de Copas’ do mundo. Infantil, sim, porque sabe todo amante da bola que há Copas e copas.
No Brasil, a Sul Americana castiga, quero dizer, premia o campeão brasileiro com participação – que é obrigatória – na mesma. É a velha lógica tupiniquim de sempre penalizar os melhores times com jogos e mais jogos, boa parte deles sem sentido ou utilidade. Realizada durante o segundo turno do Campeonato Brasileiro, quando as definições ganham força, seja em cima, seja embaixo, nossas equipes, acertadamente, privilegiam o Brasileiro. Ou porque almejam o título ou porque querem a Libertadores ou porque já estão na reta do desespero e querendo sair dela, pois ao seu final está o rebaixamento.
Aliado a esse fato, há o baixo retorno financeiro da Copinha. Segundo informações (que ainda pretendo confirmar), cada equipe recebe US$ 75,000.00 por jogo e mais a renda do mesmo. Renda que já vem descontada em 20% (CONMEBOL, CBF e federação estadual). Ao campeão cabe um prêmio de 1 milhão ou de meio milhão de dólares. Nada de extraordinário, mesmo que seja o valor maior, lembrando que o dólar, novamente em viés de baixa, caminha para 1,60 e daí para baixo, a depender do humor do eleitor americano.
Ontem, depois de vários jogos com reservas, e do campeão brasileiro ter mandado a campo um time com 7 garotos, 3 reservas e somente 1 titular, veio a primeira reação e, como não poderia deixar de ser, partindo de quem partiu, veio na forma de um golpe baixo, bem casuístico. A seguir, transcrevo nota da Painel, publicada na Folha de S.Paulo de hoje:
“Quem mandou?
Patrocinadores da Conmebol fazem lobby para que a confederação brinde o campeão da Copa Sul-Americana com vaga na Libertadores-2009. Retaliação aos clubes que desprezam a competição e usam times reservas, alguns eliminados já na fase nacional do torneio. A tese é que dar um prêmio extra ao vencedor não fere o regulamento do campeonato. Além disso, as regras da próxima Libertadores não estão definidas. Pressionada, a entidade dá sinais de irritação com os brasileiros, que protagonizam duelos de reservas.”
Agora, leitores deste Olhar Crônico Esportivo, façam um pequeno favor: onde lê-se ‘patrocinadores’, leiam Traffic.
Entenderam?
Pois é. O polvo estica seus tentáculos.
Bom final de semana para todos.
Este blogueiro atrasou sua viagem por culpa desse polvo – ops – dessa agência.
:o)
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